04:50 a.m.
Acordo com ele colocando todas as
minhas coisas – ou o que conseguia
- dentro de uma grande mala. Eu
não sabia exatamente o que estava
acontecendo ou como ele conseguiu
entrar aqui, mas consigo sentir seu
nervosismo e sua raiva só pelos
movimentos apressados. Seu olhar se volta a mim e ele para o que está fazendo por cinco segundos, apenas para me olhar e dizer "Da tempo
de você trocar de roupa", novamente
jogando minhas coisas dentro da mala
ele sai do quarto por alguns minutos
e logo volta com as algemas que eu o
presenteei no dia dos namorados.
- Isso vai ficar de recordação... se você
quiser usar com Heitor, o que eu duvido que irá acontecer, sua decepção será enorme que não vai nem molhar sua calcinha – Ele dizia rindo.
- 0 que está acontecendo? – Pergunto
ainda assustada com tudo isso.
- Quero dizer que ele não lhe fará gozar como todas as vezes que eu fiz.. você continua a mesma inocente e fraca de sempre.
- Do que você está falando? Por que está tirando minhas coisas do lugar?
- Você irá voltar para onde nunca
deveria ter saído! – Ele fala olhando
em meus olhos - Agora desça, eles estão esperando lá embaixo.
- Eles quem? Para onde vou voltar? Que merda é essa?
- Pare de fazer perguntas, Gabrielly!
Vamos porra, desça!
Ainda assustada, desço as escadas
esfregando meus olhos, e o que vejo é
realmente apavorante.
- Viemos lhe buscar, querida! – Heitor
diz abrindo seus braços para mim,
junto de minha mãe.
Sonho off ~
Acordo com alguém batendo
freneticamente na porta do meu
quarto, eu sei que é ele, pelo ritmo e
pela força das batidas.
- Ei, Any... eu sei que está acordada...
- Me levanto e caminho até a porta,
não com a intensão de abri-la, mas sim com a intensão de escuta-lo – Quero que saiba que eu te amo demais, você é muito importante pra mim, sabe disso... Não precisa abrir agora, ou me responder, mas por favor, leia isso... - Vejo uma carta sendo passado por debaixo da porta – É importante. Ouço seus passos se distanciando, imediatamente pego o papel envelopado e me sento novamente na cama.
Sua letra não é uma das melhores, mas consigo ler sem fazer muito esforço.
"Eu poderia esperar anteciosamente
Você abrir essa porta, mas sou muito ansioso pra isso, eu poderia também arrombar essa merda e te forçar a me escuta , mas seria uma péssima ideia, então eu estou escrevendo. Não sei exatamente o que falar,eu não quero só pedir miseras desculpas ou dizer que eu te amo , eu quero lhe dar explicações, sei que você as merece, eu irei responder todas as suas perguntas,
E sem mentir em nada,
não quero esconder nada de você, irei ser transparente, eu prometo.
Eu te amo. Josh. Xx"
Após ler, deixo a folha em cima da
cama e caminho em direção a porta, e
sem abri-la, o chamo.
- JOSH – Grito alto para que ele me
ouça de onde estiver, logo ouço passos
apressados no corredor e vejo sua
sombra se aproximando por baixo da
porta.
- Oi.. estou aqui – Ele fala um pouco
ofegante.
- Podemos conversar? – Falo me
sentando e encostando minhas costas
na porta.
- Claro – Sinto uma pressão vindo do
outro lado da porta, e presumo que ele também se sentou – Você leu?
- Sim... – O respondo fechando meus
olhos – Você precisa fazer caligrafia.
- Eu estava com sono e bêbado, me dê
um desconto... - Ele confessa.
- Tudo bem.
- Acho que você deve ter perguntas não é?
- Sim... algumas... – Confesso um pouco desanimada.
- Pode faze-las, temos o dia todo.
-Eu quero saber por que você não
v
oltou... só isso...
- Depois daquele episódio, eu voltei
para casa com meu pai, e antes de
chegarmos ele recebeu uma ligação..
ele mal conseguia dirigir e seus olhos
pareciam uma torneira, eu implorava
'pra ele me dizer o que tinha acontecido mas ele só dizia que não poderia falar e que era 'pra eu ficar no carro quando chegássemos...– Ele para de falar por um minuto – Quando chegamos eu obviamente não o obedeci e o que vi quando abri a porta foi uma cena que nenhum filho deseja ver... minha mãe estava morta, com dois tiros na cabeça, a casa estava toda revirada e em nas
suas mãos tinha uma foto minha, a foto que ela tirou antes de eu sair de casa, dizendo que eu estava muito bonito com o casaco que ela tinha me dado no natal...
- 0 mesmo casaco que você me deu
naquela noite? – O interrompo ficando me levantando.
- Sim... esse mesmo...
Rapidamente vou até minha cama e
retiro debaixo dela uma grande caixa
das recordações boas que eu trouxe
do orfanato, e de dentro dela retiro o
casaco... um lindo casaco vermelho com renas nas mangas, ele não perdeu a cor e nem está rasgado, e finalmente vou ter a chance de entrega-lo ao dono.
-E o que aconteceu depois? – Falo me
sentando novamente do outro lado da
porta.
- Depois meu pai fez quinhentas
ligações e disse que estávamos em
perigo, nós nos mudamos para Austin,
no Texas, e eu fiz meus estágios lá,
meu pai levou sua "indústria" também, e nós vivíamos disso... até o dia que a polícia descobriu tudo, ele tentou fugir, e morreu com um tiro na cabeça também...
- Meu Deus, Josh...
- Não quero que fique com pena... já
passou... – Ele fala com firmeza – Depois eu vivi mais dois anos lá e voltei. voltei para lhe buscar, e cá estamos...
- Como me achou? – pergunto curiosa.
- A Sra. Hera era amiga da família,
então foi fácil...
- Ela é um monstro! – Falo relembrando de como ela me tratava no orfanato.
- Eu sei disso... sabe, Any, eu me
arrependo até hoje por não ter voltado antes... eu faria de tudo para voltar no tempo e fazer com que nossos caminhos se cruzassem de forma diferente, eu poderia ter evitado seu sofrimento no orfanato, naquela casa, com Heitor... eu
só peço que me perdoe... eu não cumpri minha promessa naquela noite, mas quero fazer o possível para retomar tudo e não lhe deixar ir embora. Sei que escondi tudo de você, mas não foi minha intenção terminarmos assim, eu não quero que você me deixe, mas se isso for melhor para você.... eu só quero que seja feliz.
- Não fale assim... por favor... foi muito difícil para mim tudo isso, ele estava me perseguindo pelas ruas e agora está aqui, entre a gente... eu só não sei o que fazer agora, meu sentimento por você nunca mudou e nunca irá mudar, pelo contrário, ele só cresce. Confesso que eu ainda sou aquela garotinha indefesa de doze anos, e você ainda consegue ser o
mesmo de antes, mesmo sem eu ter lhe reconhecido por todos esses meses...
- Você me perdoa? - Ele pergunta.
- Claro que sim. – Falo me levantando
e vestindo o casaco que estava em
minhas mãos – Eu nunca lhe deixaria
- E por fim, acabo abrindo a porta
e vê-lo quase cair para trás – Você é
muito importante 'pra mim, e eu não
me perdoaria nunca por algum dia ir
embora.
- Espera.. esse é...
- Sim, é o mesmo casaco, sem rasgos,
sem remendos e sem manchas...
- Eu te amo... – Ele fala olhando em
meus olhos.
- Eu também te amo – Falo o abraçando.
O sentimento de amor enche meu
coração novamente, e o culpado é ele,
sempre foi. Meu coração transborda
todinho quando o vejo sorrir, quando
o vejo fazendo suas palhaçadas, ou
quando vejo ele tocar violão escondido porque tem vergonha.
A verdade é que eu nunca o deixaria,
por nada nesse mundo, e é muito bom
saber que isso é recíproco e que ele
me ama na mesma intensidade, é uma
sensação única saber que ele estará ali para mim em todas situações, e eu com certeza estarei por ele.
- Já são quase sete horas, está com
fome? – Ele fala desfazendo o abraço.
- Sim...
-E quer comer o que?
- Seus deliciosos sanduíches!
1
- Então tudo bem.. vamos lá – Vamos
até a cozinha de mãos dadas e trocando beijos – Tenho uma proposta para lhe fazer!
- Então, faça – Falo curiosa.
- Você aceita me acompanhar no quarto dos desejos essa noite?
- Aceito! – Falo empolgada.
- Hmm... resposta errada, baby... – Ele
fala me puxando pela cintura.
- Eu aceito... Daddy!
Está tudo perfeito,mas é como dizem: O que é bom, dura pouco.
Aproveitem enquanto está tudo bem.