Apartamento 316

By yoonie001

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[breve hiatus] "Há algo dentro do apartamento 316 que desperta meu lado curioso. Aquele homem bonito, encolhi... More

𝙿𝚛𝚘𝚕𝚘𝚐𝚞𝚎
𝙾𝚗𝚎
𝚃𝚠𝚘
𝚃𝚑𝚛𝚎𝚎
𝙵𝚘𝚞𝚛
𝙵𝚒𝚟𝚎
𝚂𝚒𝚡
𝚂𝚎𝚟𝚎𝚗
𝙴𝚒𝚐𝚑𝚝
𝙽𝚒𝚗𝚎
𝚃𝚎𝚗
𝙴𝚕𝚎𝚟𝚎𝚗
𝚃𝚠𝚎𝚕𝚟𝚎
𝚃𝚑𝚒𝚛𝚝𝚎𝚎𝚗
𝙵𝚘𝚞𝚛𝚝𝚎𝚎𝚗
𝙵𝚒𝚏𝚝𝚎𝚎𝚗
𝚂𝚒𝚡𝚝𝚎𝚎𝚗
𝚂𝚎𝚟𝚎𝚗𝚝𝚎𝚎𝚗
𝙴𝚒𝚐𝚑𝚝𝚎𝚎𝚗
𝙽𝚒𝚗𝚎𝚝𝚎𝚎𝚗
𝚃𝚠𝚎𝚗𝚝𝚢 𝙾𝚗𝚎

𝚃𝚠𝚎𝚗𝚝𝚢

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By yoonie001

Taehyung

Carinho, tão necessário. Seja um abraço, um beijo, ou até mesmo palavras solidárias, nos sentimos queridos e com importância — talvez seja este o segredo do bem-estar de qualquer ser vivo. Um cafuné nos fios de cabelo, dedos entrelaçados, olhares cruzados; coisas simples que, em qualquer momento sufocante, aparentavam ser mais do que suficientes para nos acalmar e sossegar. Nada mais importava, a não ser a pele calorosa daquele que nos preza em transmitir aconchego através das suas mãos.

Jungkook era assim.

Quente como o sol, suave como uma pena. A sua pele era macia e suas ações delicadas, os olhos uma imensidão do vasto negro e, junto dos brilhinhos, os transformavam em um universo. A sensação de ser acolhido em seus braços era semelhante a caramelo, doce e cálido, assim como o seu beijo, tão sutil quanto seda, tão caloroso quanto um dia de temperaturas altas. Jeon fazia parte da lista de coisas raras, que tinha de tomar cuidado, como tapetes felpudos, para não perder.

Apenas com seu sorriso, mostrando os dentes alinhados e os olhos desaparecendo por segundos, era capaz de afastar qualquer pressentimento ruim. E era lindo a maneira em que ele escolhia palavras certas e ações de um jeito tão cuidadoso, como se olhasse em dobro os lados da rua. A felicidade minha era poder vê-lo após horas afastados, e ser recebido com seus lábios cor-de-rosa, juntamente de suas indagações de como eu estava, como havia sido meu dia e quais planejamentos eu tinha para a nossa noite juntos.

Jungkook era como uma manhã de domingo, um horário próximo às cinco e meia, onde o sol ainda está por nascer em meio ao céu, a hora em que acordamos sem querer e nos remexemos em preguiça na cama, puxando mais os lençóis e travesseiros para nosso conforto, até cairmos no sono mais uma vez e nos aventurarmos em sonhos.

Ele era tão bom que me fazia questionar minha própria suficiência, o que eu esquecia com facilidade assim que me transferia as tão simples palavras com sua voz suave, tranquilizando todas minhas preocupações. Nesses momentos, tudo o que eu queria era beijá-lo, ser envolto em seus braços e suspirar a cada vez que ele sussurrava as mais caridosas letras em meu ouvido.

Jungkook me trazia a maior paz e conforto pela qual eu poderia desejar. Chegava a ser estranho ser tratado desta maneira, afinal, amor e carinho eram coisas pelas quais eu me indagava todos os dias quando teria chance de degustar mais uma vez. Agora, eu tinha o que mais ansiava de volta. Jeon tinha o costume de dizer que eu nunca deveria pensar que não era digno de receber um abraço ou um beijo e que iria, de alguma maneira, me mostrar o quanto eu era merecedor disso.

Ele era o que estava a me faltar por anos, seja os momentos carinhosos, as noites harmoniosas ou as vezes em que ele apenas se senta e escuta todas as minhas preocupações. Quando me beija de surpresa, ou aguarda o meu tempo para dizer o que tanto me afligia, Jeon dizia que aquilo era o mínimo e que preparava mais a mim, sendo que, um simples carinho em meus fios, significava uma imensidão.

Aquilo era paz.

Eu me sentia mais feliz, quiçá, tocando a verdadeira felicidade pela primeira vez após anos. Por todo esse tempo, determinado a melhorar e ter o que sempre prezei, as coisas se aparentavam mais simples. Meu passado, mesmo que não seja tão distante assim, não definia a minha pessoa, mas sim o que viria a acontecer a seguir e a maneira como eu conseguiria lidar com as coisas.

Como um chão firme de cimento, eu conseguia pisar sem cair, as coisas estavam organizadas em uma linha reta que eu tinha de seguir, pessoas novas e bondosas em minha vida, dispostas a me ajudar e conceder seu carinho a mim. Isso era bom, isso era um dos motivos pelo qual ainda prossigo o caminho dessa estrada, sem vontade alguma de olhar no retrovisor e rever as dores anteriores.

Portanto, uma das grandes razões para continuar com tudo isso, é a vida dos sonhos que planejei no auge de minha adolescência, e estava tudo ali, bem na pontinha dos meus dedos, ao meu alcance. Porém, com os grandes sonhos vem o medo da queda, e o meu maior medo era deixar escorregar meus desejos por entre meus dígitos.

Mesmo que tudo estivesse em seu devido lugar, como livros em uma estante perfeitamente organizados e categorizados, era claro que, em algum momento, teria alguém que os tiraria e bagunçaria. Acabaria por misturar as ordens, os temas, tamanhos e cores, deixando para trás uma confusão.

Par mim, abandonar Yesung era seguir em frente, por fim, ir embora e me reconhecer mais uma vez. Finalmente, podia impor minhas palavras e pensamentos, encarando o mundo como o ser humano que sou e aproveitando todas as sensações prazerosas que eu tinha. O direito de degustar da vida era surreal, como se eu estivesse por fim saindo de uma tempestade. No entanto, e como todos, ainda precisava de um guarda-chuva, uma proteção, caso a chuva voltasse. 

E aquela maldita carta foi a chuva torrencial.

A semana que se seguiu ao recibo do papel, que julguei ser uma maldição, foi completamente tensa. O clima estava pesado e o ar cada vez mais rarefeito, como se eu tivesse escalado a maior montanha do mundo sem oxigênio nenhum. Aquele piso de cimento se desmanchando aos poucos e poucos, deixando o chão similar a uma areia movediça. Me senti como se tivesse voltado para os primeiros dias, onde, a qualquer instante, sentia que Yesung poderia aparecer magicamente dentro do quarto — um medo totalmente irracional e descabido, claro.

E a todo o momento, eu me tentava lembrar de minhas palavras, de que não o deixaria se intrometer mais em minha vida. Mas ele estava lá, revirando todas as estantes com livros, os jogando, amassando e rasgando as páginas delicadas e tão bem cuidadas. E, cada vez, ficava mais difícil distinguir as palavras de que eu seria forte e nada aconteceria.

Até onde sei, viagens no tempo ainda não foram cientificamente possíveis, portanto, todo o nervosismo e preocupação de Jungkook, o qual evitava demonstrar qualquer expressão relacionada a raiva, ou que fosse supostamente capaz de me assustar, me fez lembrar dos primeiros dias. Quando lhe fui pedir o sal, ou quando me deu o moletom, até mesmo em seu open house, que havia sido meses atrás.

Aquilo me entristeceu.

Jeon era cauteloso, às vezes fazia as coisas sem pensar, porém, sabia muito bem como pegar no colo e cuidar — era isso o que havia feito comigo até certo ponto. Sei que, quando abriu a ridícula carta, sua mente já devia ter criado oito possibilidades diferentes em que Yesung pudesse aparecer para estragar tudo de vez, até porque ele fez questão de se sentar comigo no sofá e me indagar como eu me sentia sobre toda aquela situação, visto que eu preferi me manter calado a semana toda.

Sequer com Lisa consegui me abrir, a qual eu já preferia chamar de amiga do que terapeuta. Na minha cabeça, fazia mais sentido evitar mencionar o ocorrido e esperar que as coisas se assentassem novamente em um simples piscar de olhos. Não queria pensar — porém, já pensava — no facto de que Yesung poderia ter planos na sua mente perturbada. Ele poderia estar me seguindo — ou, pior, talvez seguindo até Jungkook, pelas ruas, ou observando a varanda do 315. Meu receio era que ele estivesse armado, bêbado, sendo capaz de sumir junto comigo ou até magoar Jungkook. Eu sabia que ele era doente, mas até onde ele conseguiria ir?

Normalmente, essas ideias me invadiam quando o céu estava mais negro que a própria cor, onde nem as estrelas eram capazes de brilhar em tanta escuridão. Os pequenos sons me assustavam, fosse uma única moto passando pela rua deserta, ou passos de pessoas pelo corredor. Meu cérebro automaticamente relembrava dos passos pesados de Yesung, minha consciência repescando do fundo de meus pensamentos a maneira em como ele batia a porta logo que entrava ou saía de casa, e envia sinais para que meu corpo se atentasse. Novamente, noites mal dormidas por conta deste infeliz, noites em que eu me permitia chorar com medo, tendo os braços de Jungkook me acolhendo de maneira cautelosa e sutil, aguardando que eu me acalmasse.

O que significava, inevitavelmente, que Jungkook também não estava dormindo.

Talvez fosse seu sexto sentido me olhar. Eu me lembro do open house, de quando ele olhou fixamente para meus lábios já cuidados, ou mesmo quando me olhou quando eu me juntei a meu namorado — talvez ele pensasse que eu não sabia, mas eu sempre fui bastante atento. Ele me olhava o tempo todo, fosse em ações simples, ou grandiosas, seus grandes e brilhantes olhos estavam sempre me acompanhando, suponho que apenas se certificando se estava tudo bem e, quando eu não tinha o peso de suas pupilas, eu que acabava por olhá-lo, vendo a maneira divertida em que ele mantinha a certeza se suas mãos ainda estavam presas em seus braços. Era engraçado, nossos olhos estavam sempre no outro.

Jungkook acabou por ficar mais hesitante sobre se eu deveria ou não sair sozinho nas ruas, sempre perguntando se eu gostaria de uma companhia — além dos seguranças aos quais eu nem tinha vontade de perguntar quanto é três vezes nove. Claramente, ele próprio queria se certificar se estava tudo certo ao meu redor, mas, se continha, provavelmente pensando que seria invasivo demais.

Eu não me importava muito de Jeon sair junto de mim — cá entre nós, ele é bem distraído ao seu redor, eu poderia estar comentando em relação à formação de nuvens e Jungkook iria facilmente se entreter no assunto por cinco minutos, até se interessar por outra coisa que passasse a sua frente e me mostrasse, logo perguntando novamente o que eu dizia. Ele era adorável, eu adorava sua personalidade e o seu jeito de ser.

Todas as vezes em que estávamos juntos eram recheadas de ternura e alegria, porém, pude sentir um afastamento vindo de seu lado. Jungkook parecia se conter mais, apenas aguardando ações ou falas minhas, talvez, não querendo me pressionar a nada ou com medo de me desbloquear uma lembrança ruim. As conversas se tornaram curtas, mas isso não impedia nossos corpos de se comunicarem. Jeon estava me abraçando na maior parte do tempo e, por hora, apenas encostava as epidermes para transpassar sua presença, fosse um beijo singelo em minhas bochechas, ou sua cabeça deitada em minhas pernas. 

Suas ações meigas e delicadas querendo dizer que estava tudo bem e que, qualquer que fosse o péssimo pensamento que minha mente imaginava, ele não iria se realizar. Era até engraçado ver ele tentando me transmitir calma, sendo que eu sabia que até ele próprio estava prestes a entrar em convulsão.

Foi em uma noite de nosso quotidiano que obtive mais provas do quão bom ele conseguia ser e de quão à vontade ele me colocava. Havia sido poucos dias depois da carta ser enviado, e ambos preparávamos a nossa parte do jantar: enquanto que Jungkook se ocupava de fritar o arroz, eu estava encarregado de cortar os legumes em rodelas.

Minha mente não se encontrava ligada ao planeta Terra, meus movimentos eram mecanizados, a lâmina da faca ia direto a tábua causando um estalo e justamente pela minha cabeça estar cheia e bagunçada. Eu estava tão focado em imaginar o que Yesung poderia fazer ao invés de ver se estava cortando reto, e não demorou muito para eu sentir o peito doer de tantas possibilidades criadas. As primeiras lágrimas começaram a escorrer de meus olhos, estas em que levavam todo o medo e preocupação dos últimos dias.

A verdade é que eu sentia que tinha voltado à estaca zero. As lembranças mais ruins, que estavam guardadas no fundo de gavetas empoeiradas em minha memória, me atacaram de uma só vez, fria e rapidamente, sem aviso prévio. Jungkook não tardou a notar — visto que o suave barulho da faca colidindo com a tábua havia cessado — e, em um movimento brusco e preocupado, tentou se aproximar de mim, o que fez meu corpo imediatamente recuar, sem controle nem de meus próprios pensamentos. Eu pedia para que ele ficasse longe, as inseguranças de minha cabeça insistindo por um momento sozinho, onde eu pudesse diferenciar as ideias cruéis da realidade.

— Solte ao menos a faca, está tremendo e pode se cortar. — foi tudo o que ele disse antes de me dar uma última olhada e se afastar da cozinha em passos duvidosos.

Logo que abandonei a lâmina, minhas mãos avançaram em direção meus fios de cabelo e as lágrimas escorriam sem intervalos, caindo diretamente em cima da tábua e dos legumes. Aquilo doía e não importava a quantidade de ar que eu puxasse em meus pulmões, não aparentava ser o suficiente. Eu me sentia sufocado, como se tivesse a presença de Yesung bem ali, as minhas costas.

Jeon não demorou muito a retornar e caminhou de maneira lenta e silenciosa até mim, tanto que eu sequer tinha notado a sua presença. Foi quase um susto quando o senti tocar com delicadeza o meu ombro, o que me fez esconder o rosto entre meus dedos, afinal, eu sentia vergonha. Vergonha de estar chorando como um condenado, mais uma vez, visto que eu queria me mostrar forte para ele e mostrar que sim, aquilo não em afetava mais — o que ambos sabíamos que era mentira.

Não era possível que, quando as coisas começavam a melhorar, tudo tinha que desmoronar como uma casa de cartas. Eu me havia convencido de que tudo era passageiro, que Yesung não havia realmente voltado, mas, talvez, ter depositado tanta esperança nessa mentira foi o que me quebrou de vez.

Jungkook me estendeu o moletom vermelho que havia me dado meses atrás, subindo o carinho de meus ombros aos fios de cabelo, e uma onda carinhosa me preencheu assim que eu agarrei o tecido, o apertando em meus braços. Eu costumava dormir com ele e cheiro no tecido era familiar, o odor do amaciante de rosas mesclado com o perfume de ambos me trazia calma e foi o estopim quando avancei em direção o mais novo, me auto acolhendo em seus braços abertos.

Seu abraço era seguro, o calor de sua pele era reconfortante e me envolvia em uma bolha de proteção da qual, algumas vezes, eu desejava nunca sair. Ele ficou calado por uns segundos, talvez hesitante se deveria ou não me dirigir algumas palavras, mas logo o fez, segurando minhas costas enquanto prosseguia a massagem de seus dígitos em meu couro cabeludo.

— Você pode tirar um tempo para si no quarto e descansar, quer? — perguntou, em meio aos soluços que eu soltava. A sua voz era leve e lenta, dessa maneira ele me transmitia a sensação de relaxamento, e soltei um suspiro em meio do seu contacto doce.

Afirmei com a cabeça perante sua pergunta, era incapaz de formular uma frase completa naquele momento, minha mente muito ocupada para de fato conseguir transmitir um sentimento em concreto através de palavras. Não movi um músculo sequer, meu corpo estava tenso e enfraquecido pelo choro, comportamento percebido pelo outro.

Jungkook compreendeu e me levou até quarto, em passos bagunçados e cuidadosos visto que continuávamos abraçados, logo nos deitando a cama e me colocou sobre seu peito, sob o olhar atento de Yeontan. O cachorrinho estava esperando que nós acabássemos o jantar para ele também ser servido de sua ração, porém, seus planos foram revirados devido a minha crise, e ele acabou nos seguindo até ao cômodo.

Jungkook aproveitou e o puxou juntamente connosco, o deixando aos nossos pés, onde o mesmo se colocou sobre suas patas e se sentou, nos olhando curiosamente, talvez se perguntando quando o iríamos alimentar. Já eu, conseguia escutar os batimentos cardíacos de meu namorado, junto de seus pulmões indo para cima e para baixo, e foi focado nesses movimentos torácicos e que me permiti, verdadeiramente, relaxar. Meu choro por fim cessou, apenas tendo como resquício dele os olhos molhados e seus rastros por minhas bochechas.

Antes de que eu pudesse abrir a boca para me pronunciar sobre o que havia acabado de acontecer, Jungkook se esticou para alcançar o meu celular e, atentamente observando suas ações, ele posicionou o indicador do botão de ligar e o dedão no de volume, pressionando por um tempo até a tela piscar com três teclas radiantes, incluindo em uma delas, a de emergência.

— Antes de você falar, só quero dizer que, se acontecer alguma coisa, e que eu duvido muito — ele iniciou, me mostrando a função do aparelho, insinuando arrastar o grande círculo vermelho para a direita. —, faça isto. Irá de imediato ter uma ligação com a polícia e, em seguida, eu receberei uma mensagem de que você está em perigo, até mesmo sua localização atual.

Assenti perante sua explicação e Jungkook abandonou o celular no criado-mudo ao lado da cama. Logo pude sentir as patinhas geladas de Yeontan começarem a, pelo menos, tentar subir em cima de nossos corpos, falhando miseravelmente. O cachorrinho andou até nós pelo colchão e deixou seu nariz tocar minhas bochechas, antes de passar sua língua áspera por elas, causando risadas fracas tanto em mim quanto no mais novo.

— Já está apegado, se preocupou com você. — o escutei dizer, se referindo ao animal, o qual me fez erguer e pegá-lo no colo, senão, encheria o meu rosto de sua saliva. Me posicionei melhor entre as pernas de Jeon, este que preferiu manter suas mãos afastadas de meu corpo e, enquanto eu acariciava o pelo de Yeontan, ele prosseguiu — Cachorros costumam reagir rápido quando os donos choram.

— Ele está preocupado se encheremos sua barriga, isso sim. — rebati, tentando manter o bichinho animado em meus braços, até que ele achou uma posição confortável e, por fim, se manteu ali, seus olhos esbugalhados olhando cada cantinho que lhe fosse permitido.

Sempre havia sido uma vontade minha de ter um cachorrinho, desde pequeno. Apenas não o tive quando menor porque minha mãe não tinha tempo para cuidar, e ela sabia que, naquela época, eu era desastrado demais para tomar conta de outro ser vivo. Meu pai adoeceu logo após eu ter dito sobre a ideia e, embora ele tenha falado em pensar sobre o assunto, nunca teve tempo para, de facto, me dar o animalzinho. Nem mesmo com Yesung pude dar continuidade a este desejo, e todos já sabemos o porquê. Agora, eu tinha o tão sonhado Pomerânia em meus braços, a bolinha de pelos carinhosa e bagunceira. Brincadeiras à parte, eu sempre quis ter um cachorro pois sabia que eles possuem um forte apego aos seus donos.

— Tae, preciso lhe perguntar algo. — Jungkook iniciou olhando a mim e Yeontan, e eu assenti brevemente, parando os pensamentos em relação ao bichinho e tomando uma posição mais atenta as palavras do mais novo, que não tardou em prosseguir — Você se sente confortável? Com tudo isso?

Inclinei o meu rosto, este que obteve uma expressão confusa e olhei aos arredores, observando todo o quarto. Havia algumas baguncinhas aqui e ali, roupas minhas e de Jungkook amontadas em uma cadeira próxima a porta, que eram da semana para lavar. Pertences pessoais espalhados pela cômoda e, em um dos cantinhos, Yeontan já se ocupava, com suas coisinhas que comprávamos de pouco em pouco — sua caminha vermelha e poucos brinquedos, incluindo um dos chinelos de Jeon, os quais ele já fez questão de morder e tomá-los para si nos primeiros dias. Eu já conseguia dizer que aquilo era tudo nosso, nossa bagunça, nosso quarto, nosso apartamento...

Eram novos momentos bons para se guardar com carinho, nas gavetas limpas e bem decoradas de minha memória.

— Claro que me sinto, por que não me sentiria? — respondi com outra pergunta e ele acabou por suspirar, me entregando um sorriso triste e negando com a cabeça, como se estivesse desistindo de falar. Seu rosto tomou uma expressão deprimida e eu cutuquei o seu peito, insistindo para que prosseguisse o raciocínio. — Jungkook, agora você diz.

Ele balançou a cabeça em negação outra vez, mordendo o lábio e desviando seu olhar do meu. Yeontan decidiu deixar de pular em meu colo e avançar em direção ao rosto do mais jovem, o cheirando antes de deixar lambidas por sua face, o que me fez sorrir mínimo pela expressão angustiada do outro homem.

— Ele também está preocupado com você. — falei o vendo afastar o cachorrinho, o segurando em suas mãos enquanto o animal remexia as patinhas, prezando ir ao chão. Assim foi feito, logo que descansado no colchão, Yeontan decidiu fugir de nós, saltando da cama e causando barulhinhos enquanto se apressava aos seus brinquedos. Ambos ficamos um tempo observando o animal se divertir com uma bolinha, antes de eu retornar a atenção ao mais novo. — Assim como eu, pode ir falando.

— Esse momento era seu, não meu. — ele disse com um riso fraco, por fim aproximando seus dígitos de minhas coxas, as fazendo um carinho singelo. — Você esteve muito quieto esses dias, quero que me diga o que se passa.

— Você me fez a pergunta e não explicou direito. — rebati, erguendo uma sobrancelha e cruzando os braços, o fazendo abrir uma expressão indignada. — Pois trate de dizer.

— Taehyung...

— Jungkook.

Ele respirou fundo e desviou o olhar cinco vezes antes de retornar as grandes e escuras orbes a mim. Ergueu seu corpo, se sentando na cama, o que me fez se acomodar melhor a sua frente. Jungkook aparentava estar mais hesitante que o normal, como se o que fosse dizer era uma receita super secreta de um hambúrguer — tipo naqueles desenhos dos anos dois mil —, ou apenas estava receoso de minha reação. A cada segundo que passava, fosse ele me olhando ou encarando os próprios dedos, eu sentia a aflição em meu corpo aumentar. Era algo tão péssimo assim?

— Lisa me disse que você havia parado de se abrir com ela e tratou de desviar as conversas. — por fim, ele começou, o nome da moça já me fazendo engolir em seco, porque eu sabia que qualquer coisa que ocorresse de errado lá dentro ela iria dizer a Jungkook, apenas para se certificar se realmente havia algo, ou se era apenas um pensamento dela. — Quis que eu te perguntasse se não estava mais confortável em fazer a terapia, se ela havia lhe causado algo ruim, mas... eu sei que não. Eu sei que o problema está aqui. — ele prosseguiu com um suspiro pesado, apontando para mim e depois para si, querendo indicar que era entre nós, o que me fez franzir o cenho em confusão. — Então, Taehyung, caso você ache que essa relação está...

— Não. Não ouse terminar. — o interrompi, acabando por avançar minhas mãos em direção aos seus lábios e ele arregalou os olhos, talvez surpreso demais, o que fez retirar meu palmo de sua boca, respirando profundamente. Tirando um tempo para pensar perante o peso de seu olhar, logo prosseguindo — Claro que não, Jungkook, não há nada de errado aqui. O que te faz pensar isso? — o olhei de maneira sugestiva e ele se aparentou mais perdido que eu, abriu a boca para responder, portanto continuei. — Sabemos que o problema é outro alguém, mas não quero falar dele.

O mais novo apenas assentiu e me encarou por alguns segundos, talvez fosse involuntário o bico que se formou em seus lábios e isso eu pude confirmar assim que vi as lágrimas se formarem nos cantos de seus olhos. Minha expressão se entristeceu logo que percebi ele morder os lábios diversas vezes e a primeira gota descer por sua face, mas não consegui ver muito, já que ele rapidamente apoiou o rosto em uma de suas mãos.

— Porra, não sabe o quanto de medo eu tenho. — ele dizia, tentando conter seu choro e eu o observei apreensivo, guiando uma de minhas mãos aos seus fio de cabelo, esperando que aquilo o ajudasse a se calmar, como se transmitisse uma mensagem de que estava tudo bem. — Eu tenho medo de assustar você, de te prejudicar, de acontecer algo e eu não estar lá, como naquela vez... — Jeon pausou, soltando um soluço alto, aquela era a primeira vez em que o via chorar, e eu não sabia como reagir, apenas contorcer o rosto pela dor que invadia o meu peito ao vê-lo daquela maneira. — Eu me sinto tão culpado, Taehyung. Tão culpado. E eu morro de medo de errar com você ou de simplesmente te perder em um piscar de olhos.

Yeontan provavelmente escutou as lágrimas altas do mais novo e não demorou a se apressar até nós, suas patinhas barulhentas o denunciando, junto de seus olhos esbugalhados, mirando Jungkook com curiosidade. Ele se pôs de pé e latiu para subir ao colchão e assim foi feito: peguei a pequena bolinha de pelos, que não tardou a se auto aconchegar entre as pernas do mais novo que, delicadamente, acariciou o bichinho, atrás de suas orelhas, respirando fundo e tentando cessar seu choro.

— Se tentarmos e fazermos dar certo, nada de errado irá acontecer connosco, Kook. — iniciei, observando a adorável cena dos longos dedos do outro sobre a pelugem marrom e preta, enquanto ele obtinha seu rosto em tons cor-de-rosa pelo choro recente e os cílios molhados, suspirando cortado. Ele me encarou brevemente, e eu lhe dei um sorriso confiante. — Se fosse uma pessoa ruim, acha mesmo que eu estaria com você? — Jungkook acabou por erguer uma sobrancelha, talvez um pouco indignado com minha fala, que não fazia jus a acontecimentos passados. — Agora é diferente, eu sei o que é amor de verdade.

— E o que seria amor de verdade, Taehyung? — Jungkook indagou, rindo fraco enquanto coçou os olhos com a mão livre, os secando das lágrimas.

— É... colocar como uma prioridade, zelar, conceder carinho, ceder sua felicidade nos piores momentos... — comecei, pensativo e olhando para os próprios dedos, sorrindo envergonhado, tendo lembranças de nossos momentos em conjunto. — Companheirismo, aceitar que erramos e admirar as virtudes... é você. — por fim ditei, guiando meus olhos aos do outro, que possuía o tão conhecido brilhos em suas pupilas, ele suspirou aliviado, seus lábios também se abrindo em seu tão belo sorriso, e eu prossegui em um sussurro divertido. — Eu amo você, e Yeontan também te ama.

Intercalando seu olhar entre mim e o cachorrinho, puxei o rosto do mais novo em direção o meu, unindo nossos lábios em um ósculo sutil, porém com o gosto salgado do restante de nossas lágrimas. E eu concluí que era aquilo, aquela sensação cheia, presente em meu peito, a qual ardia e queimava, de uma maneira boa, que eu não sentia há muito tempo. E não iria perdê-la agora, nem mesmo que as gotas de chuva se tornassem ácidas; nada, nem ninguém, iria me fazer desistir de ter alguém tão bom e leve como Jungkook era, não iria me soltar da calma e paz que ele me trazia. Não iria abandonar o meu cinco e meia da manhã.

Porque aquilo era tudo o que eu mais precisava, além de oxigênio para sobreviver.

🥀

A gravação de minha entrevista para o programa tinha sido ótima. A apresentadora, uma mulher de cabelos loiros e corpo esbelto, havia sido bastante respeitadora, me questionando acerca de aspetos sobre o futuro de minha carreira e nunca se embrenhando em meus assuntos pessoais — o que, levando em conta tudo o que se passava, era de agradecer.

Jungkook não pôde vir, porém, marcou sua presença com um ramo de flores no meu camarim, que me fora entregue por um dos staffs do programa. Quando havia me deixado, mais cedo, me desejou boa sorte para a entrevista, ao que eu lhe correspondi com um selar demorado e apaixonado. Acabada a entrevista, não demorou até que uma mensagem da sua parte chegasse, avisando que estava a caminho do estúdio para me apanhar e irmos para casa, descansar.

Sorri e acabei por me sentar em um banco, que se encontrava à frente de um espelho decorado com luzes ao seu contorno. Levei a ponta de meu dedo até ao aplicativo de fotografias, abrindo a pasta com o nome "my home" e percorrendo as fotos com o meu olhar. Haviam algumas fotografias de Jungkook, outras de Yeontan e, as minhas favoritas, de Jungkook com Yeontan.

No entanto, de entre todas, a minha predileta era uma que eu havia tirado enquanto o mais novo dormia, em uma manhã morna de início de outono. Era domingo e Jeongguk havia aproveitado para dormir mais algum tempo, ao que foi minha iniciativa preparar o café da manhã para ambos — afinal, não podia deixar tudo em suas costas. Ao entrar de novo no cômodo onde ele dormia, a fim de o chamar, o encontrei de olhos fechados, com a pequena bola de pelo aos seus pés, e logo retirei meu celular para registar aquele momento tão simples, mas, ao mesmo tempo, tão precioso e doce.

Continuei explorando o arquivo e, estava tão entretido em o fazer, que apenas ouvi o barulho da porta a bater e, em seguida, o trinco se fechar. Meus olhos se desviaram da tela, para contestar o porquê de algum staff trancar a porta, porém, quando vi o reflexo de Yesung no espelho, o sangue pareceu abandonar minhas veias. Meu corpo retesou, e era como se um aviso de perigo pairasse sobre meus pensamentos.

— Olá, amor. — aquela voz, áspera e fria, invadiu meus ouvidos e minhas células se exaltaram instantaneamente. Seria isso realidade ou uma visão? — Sentiu saudades minhas?

— Como você conseguiu entrar aqui?! — o questionei, sendo incapaz de lhe responder. As minhas mãos tremiam, apenas a sua figura, a poucos metros de mim, me enviava más energias, e eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser pedir ajuda. Então, discretamente, eu fiz como Jungkook me disse e arrastei a opção de "Emergência" para a direita, ligando diretamente para a polícia, e deixei o telemóvel em seu lugar, de modo a não dar nas vistas e não chamar sua atenção. — Os seguranças, eles...

— Sabe, não foi difícil passar por eles, afinal, nem sequer sabiam quem eu era. — ele falava dos seguranças da empresa, eu não tinha trazido os meus comigo, visto que ninguém tinha conhecimento de nada acerca de minha antiga relação tão conturbada — e queria que as coisas continuassem assim. Nunca esperava que ele pudesse me seguir até aqui, porém, me arrependo amargamente de não ter tomado mais atenção. Ele esboçava uma expressão que não se assemelhava a um sorriso, mas, se fosse classificada como tal, poderia ser definida como macabra, e logo questionou. — Você não falou às pessoas sobre seu apaixonado?

Eu sentia vontade de gritar a plenos pulmões, de dizer que eu amava Jungkook e que nunca mais amaria Yesung de novo. Sentia vontade de dizer que sentia aversão dele, que sua presença me causava ânsias e que queria que ele se afastasse de mim de vez, que se esquecesse de minha existência. Todavia, eu também sabia que isso não adiantaria de nada, apenas o enfureceria mais, por isso, me mantive calado e suspirei.

— Você engordou... andou comendo demais, Taehyung? — seu olhar subiu e desceu por minha figura, comentando, maldoso. E lá estava ele, de novo, me transmitindo seus pensamentos desnecessários sobre minha aparência. Eu não queria acreditar em suas palavras novamente, mas possuía total consciência que ele ainda tinha influência sobre mim e meus conceitos. — Não se preocupe, quando voltarmos para casa, vai perder isso tudo em um instantinho.

Meu corpo tremeu e minha visão girou, só de pensar na possibilidade de voltar a morar com ele. Se a partilhar o mesmo ar me custava a respirar, que dirá comer na mesma mesa ou, pior, dormir na mesma cama? Contive minhas lágrimas, tentando demonstrar estabilidade em minha voz. — Eu estou morando com o Jungkook agora, Yesung.

Pude perceber que ele apertou seus pulsos, porém, não se exaltou. — E você acha que Jungkook te vai aturar durante muito tempo? — ele se aproximava, lentamente, não realizava movimentos demasiados bruscos, deslizando até mim como uma serpente traiçoeira e peçonhenta, sua voz macia soava demasiado convincente aos meus ouvidos. — Ele vai cansar de você. Um dia, ele vai acordar, olhar para você e perceber que não é o suficiente para ele. Ele vai te jogar fora e você vai ficar sozinho de novo.

Minha mente insistia em dizer que ele estava errado, que suas palavras não eram verdadeiras. Quantas vezes o mais novo já me provara que tudo aquilo era apenas fruto dos esquemas daquele maníaco? — Não, você está mentindo! Ele me ama verdadeiramente. — minha garganta começava a querer fechar, meus olhos molhados denunciavam o choro que ameaçava vir e, a qualquer momento, eu podia me desfazer em lágrimas e perder a pose de homem forte que estava a tentar manter.

— Oh, amor, você acha que isso é, realmente, verdade? — o termo "amor" ficava nojento vindo de sua parte, mas eu não tinha como contestar, suas palavras se infiltravam em meu cérebro e faziam pressão para que eu cedesse a seus encantos. — Você sabe que mais ninguém vai te amar como eu amo, certo? Você nunca vai ser o suficiente para ele, ele vai achar alguém melhor e te largar como se nada fosse. Mas eu... eu posso ficar com você, eu nunca te largaria. E Jungkook... ele vai ter o que merece, ninguém te tira de mim e fica impune.

Eu sabia que tudo o que ele dizia que faria não era apenas uma ameaça. Se ele fez o que fez comigo, uma pessoa que ele "ama", não sei o que fará com Jungkook. Podia sentir minha cabeça girar, em um misto de medo, raiva e dor, contudo, dessa vez, ele não levaria a melhor. Eu não o deixaria magoar mais ninguém, especialmente o mais novo, que tinha me curado e dado vida novamente.

Por isso, arranjei forças onde não tinha, teria que pensar em um plano rapidamente e, evitando o mirar, minhas orbes percorreram todo o cômodo onde nos encontrávamos através do espelho, tentando encontrar algo que me pudesse salvar desta situação. Mas minha solução estava bem do meu lado, eu só precisava que ele se aproximasse mais de mim e criar uma distração.

Me levantei da cadeira, porém, sem me afastar do objeto pesado que descansava sobre mesa em frente ao espelho. — Tudo bem, eu vou com você. — eu sentia meu todo em tremor, não conseguia olhar para ele sem deixar de reviver tudo aquilo que ele me fizera passar. No entanto, eu teria que ser forte, por mim e por Jeongguk. — Mas apenas se me prometer que não fará mal ao Jungkook.

Ele se aproximou de mim, suas mãos pareciam formigar para tocar minha pele, visto que elas logo se encaixaram em meus ombros e os apertaram, apenas um toque leve. — Você, realmente, acha que está em posição de fazer exigências aqui, Taehyung? — o aperto foi se intensificando, ainda em um nível médio, enquanto ele levava sua boca até meu lóbulo e sussurrava em meu ouvido. — Você não manda aqui, entendeu?

Antes que ele pudesse me magoar mais, passos foram ouvidos no corredor e, logo a seguir, a voz de meu namorado foi ouvida. Ele havia chegado! — Taehyung, você está aí? — Jungkook bateu à porta, incessantemente, eu conseguia perceber que ele estava nervoso. Yesung retirou sua atenção de mim, fitando o local de onde vinha o som com uma expressão de raiva assustadora. Bingo! Ali estava a distração de que eu precisava!

— Ele está! Pode ir embora, agora, ele está com quem dever... — não o deixei pronunciar mais nenhuma palavra, visto que minha mão alcançou a jarra transparente de vidro grosso e, com toda a força que tinha naquele momento, o atingi com o objeto na cabeça, vendo o corpo cair desacordado no chão.

Foi um alívio quando suas mãos se descolaram de minha pele, não me orgulho do que fiz, mas era o que precisava de ser feito. As flores que Jungkook me oferecera, assim como a água dentro do vidro, se encontravam no chão, e o colapso de Yesung, juntamente com o partir da jarra, provocou um ruído alto, o que pareceu atormentar ainda mais o moreno.

— Taehyung! — ele gritou, mas parecia que estava sufocando. O rapaz girava o manípulo da porta, a tentando abrir, em vão, ao mesmo tempo que eu fitava o corpo do outro. — Tae! — logo o líquido carmesim com um cheiro ferroso começava a marcar a carpete bege do camarim, o que me fez entrar em pânico. Eu o havia matado?!

Meu corpo tremia, não conseguia me mover enquanto via o sangue vertendo do ferimento de sua cabeça e ouvia as palmas pesadas de Jungkook bater na porta. Não sei quando tempo passei fixado naquela cena, mas fui acordado de minha paranoia quando as batidas pararam e ouvi o choro do moreno, alto, do lado de fora do cômodo, arranjando forças para, finalmente, sair do lugar. Meus pés me encaminharam até à porta, destrancando a mesma e a abrindo, sendo que a única coisa que consegui sentir foi o corpo de Jungkook se chocando contra o meu, me abraçando, como se eu estivesse fugindo.

— T-Taehyung... você e-está bem! — os soluços do mais novo eram sôfregos, sua voz, por mais embargada que fosse, era tudo o que eu necessitava de ouvir naquele momento. Abracei seu pescoço, podendo sentir seus braços rodearem minha cintura, e me permiti chorar junto com ele. — E-Eu pensei... pensei que te tivesse perdido!

O barulho das sirenes da polícia começava a ser ouvido, cada vez mais perto, afinal, eles devem ter gravado toda a conversa e, se não o fizeram, Jungkook os deve ter avisado da situação. Ambos estávamos em nosso mundo, na nossa bolha, eu sentia o coração apressado retumbar contra seu peito enquanto ele me apertava mais contra si. Após alguns minutos de completo silêncio, ele me olhou e questionou.

— Como você está? — podia ver os rastros das lágrimas em seu rosto branco, totalmente perdido e estressado. — Ele te tocou? Te machucou? — assenti para ambas as suas perguntas, sentindo seus braços se deslaçarem de minha cintura e ele se afastar minimamente. Ele limpou a água salgada, que insistia em escorrer por meu rosto, afastando alguns fios de cabelo de meus olhos antes de dizer. — Eu vou dar cabo dele. Ele não vai sair daqui vivo, Tae.

— Não! — antes que ele se afastasse, eu o puxei novamente contra mim, o impedindo de sair do meu lado. Engoli em seco, tentando formular uma frase. — Eu... — sentia minha voz morrer aos poucos, o choro ainda não permitia que minha voz estivesse clara. Porém, quando vi os policiais fardados, se encaminhando para nossa direção, eu olhei no fundo dos olhos de meu namorado e confessei. — Eu acho que ele está morto.

🥀

E o que vocês acham desse final? Yesung teve, finalmente, o que merece?
Perdoem o nosso sumiço, mas nós não desistimos da fanfic kkk
Cada comentário, cada voto e visualização nos motiva a continuar, e queria agradecer pelas 17k de visualizações, 2k de votos e de comentários
Usem a #Apto316TK no twitter, nos vemos lá

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