Apartamento 316

By yoonie001

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[breve hiatus] "Há algo dentro do apartamento 316 que desperta meu lado curioso. Aquele homem bonito, encolhi... More

𝙿𝚛𝚘𝚕𝚘𝚐𝚞𝚎
𝙾𝚗𝚎
𝚃𝚠𝚘
𝚃𝚑𝚛𝚎𝚎
𝙵𝚘𝚞𝚛
𝙵𝚒𝚟𝚎
𝚂𝚒𝚡
𝚂𝚎𝚟𝚎𝚗
𝙴𝚒𝚐𝚑𝚝
𝙽𝚒𝚗𝚎
𝚃𝚎𝚗
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𝚂𝚒𝚡𝚝𝚎𝚎𝚗
𝚂𝚎𝚟𝚎𝚗𝚝𝚎𝚎𝚗
𝙴𝚒𝚐𝚑𝚝𝚎𝚎𝚗
𝚃𝚠𝚎𝚗𝚝𝚢
𝚃𝚠𝚎𝚗𝚝𝚢 𝙾𝚗𝚎

𝙽𝚒𝚗𝚎𝚝𝚎𝚎𝚗

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By yoonie001

Jungkook

Depois da notícia sobre a volta de Yesung, eu e Taehyung andávamos bastante inquietos. Não conseguia parar de pensar na possibilidade do ex-namorado de Taehyung bater em nossa porta, perseguir o mais velho, lhe tentando fazer mal, ou mesmo se instalar, novamente, no apartamento 316 — apesar de ainda ter uma ordem de afastamento do de cabelos negros.

Já Taehyung, estava nervoso a um ponto extremo, preferia ficar em casa durante o dia e havia noites em que ele não dormia direito; por consequente, eu parecia um zombie durante meu dia de trabalho, quase adormecendo em cima da mesa e sobrevivendo à base de café forte, recheado de açúcar. Porém, sempre tentava o acalmar, lhe mandando mensagens frequentes e perguntando como ele se encontrava, recebendo a resposta em questão de minutos.

Demorou algum tempo — quase duas semanas, na verdade — para que eu, finalmente, tomasse uma atitude calculada e que o permitisse estar mais seguro e descansado. Agora, Taehyung possuía dois seguranças, que sempre andavam com ele e o seguiam para todo o lado — quer fosse para o mercado ou para o seu local de trabalho. Podia ser um pouco extremo, mas eu não poderia permitir que algo de mal acontecesse com o outro apenas porque não tomamos as medidas de segurança necessárias, afinal, eu não sabia como a mente de Yesung funcionava e o que ele planeava contra Taehyung ou, quem sabe, contra mim.

Tinham se passado três semanas desde que Yesung havia sido solto e, nesse momento, eu me encontrava em meu escritório. Analisava uma papelada deixada por Jackson no dia anterior quando meu celular tocou, o nome "Taehy" brilhando no ecrã iluminado, e não demorei muito a atender, poderia ser algo de urgente. — Oi, Jungkookie! — a voz animada do meu companheiro de casa ressoou pela chamada e eu sorri, felizmente, parecia que não era nada de grave.

— Oi, meu bem, como você está? — questionei, minhas orbes passavam pelos papéis que descansavam em cima de minha secretária, atoalhada por arquivos e documentos sobre processos de empresas e particulares. Taehyung estava a caminho do estúdio, Yugeum avisou que tinha uma novidade para o mesmo e que queria a transmitir pessoalmente, para além de acertar alguns pormenores acerca da agenda do de cabelos negros.

Bem. Não estou interrompendo você, pois não? — eu podia sentir seu tom de voz preocupado, sem necessidade, claro.

— Não, claro que não, eu estou disponível agora. Pode me ligar quando quiser, tudo bem? — o esclareci, era bom que ele me ligasse de vez em quando, para não parecer que eu estava sempre o controlando. — Já está no vagão? — questionei, apesar de ser pouco provável, uma voz feminina robótica soava no fim da ligação, enunciando os destinos disponíveis.

Não, estou esperando que o trem chegue. — assenti, mesmo que ele não conseguisse ver. Escrevi uma pequena nota na folha que iria entregar a Jackson e o outro soltou um suspiro, me chamando novamente à atenção. — Jungkook, eu realmente tenho que ter esses... brutamontes me seguindo para todo o lado? — Taehyung questionou, claramente incomodado, ele ainda não se havia acostumado com a presença de seus seguranças. Apesar de todo o desconforto, eu sei que ele estava com medo e em pânico de rever o ex-namorado e, por esse motivo, isso apenas era por precaução. — Eu nem posso ir no banheiro que eles insistem em me seguir. — dessa vez, ele falou mais baixo, o que me fez querer rir.

— Sim, anjo. Não se esqueça que é para sua própria segurança, eu não quero que nada aconteça com você, não quero que esteja em perigo e que ele tenha sequer uma oportunidade para magoar você. — depois de saber que Yesung o seguiu até no mercado, no dia anterior a nosso jantar, meu sangue ferveu, e eu apenas estava esperando uma boa altura para o apanhar em flagrante e o mandar de novo para o lugar onde ele merecia estar — não sem antes apanhar uns valentes socos e, talvez, partir alguma coisa.

Eu sei, eu sei, e entendo isso tudo. — ele suspirou, audivelmente casado de tudo isso. — Só que... eu não gosto disso, as pessoas à minha volta não param de me olhar e cochichar, sabe? — fiz uma careta, realmente, as pessoas não sabiam manter a boca fechada.

— É, talvez seja boa altura para arranjar um carro a você, não acha?

Ah, não, nem pense, Jeon Jeongguk! — o de cabelos escuros reclamou, sem me deixar argumentar. — Você não vai me dar mais nada, me ouviu? Já bem basta o celular. — sim, eu havia lhe oferecido um celular de última geração, afinal, o dele já estava danificado e eu não queria que ele falhasse em meio a uma emergência. Nem queria imaginar a hipótese dele precisar de algo ou necessitar de me avisar da presença de Yesung e eu não conseguir saber disso devido a um lapso do dispositivo móvel.

— Tudo bem, tudo bem. Mas daqui a diante, podemos ir revezando a utilização do meu carro, okay? Realmente não te quero por em exposição, e não há qualquer problema em eu ir de metrô algumas vezes... assim, minimizamos o perigo para você. Desde que não espatife meu carro, sim? — questionei, com um sorriso em meu rosto, sabia que ele conduzia bem, mas não perderia uma oportunidade de o provocar.

Yah, Jungkook, você sabe que eu conduzo de forma maravilhosa! — poderia observar, claramente, sua expressão nesse momento, tinha quase a certeza que ele carregava um biquinho em seus lábios, eu conhecia meu garoto o suficientemente bem para isso. — Mas tudo bem em relação à sua proposta... enfim, vou entrar no vagão agora. Bom trabalho, lindo.

— Obrigado, depois me manda uma mensagem para eu saber que chegou bem, okay? E eu quero saber o que Yugeum te quis dizer, deve ser algo bom para ter que ser pessoalmente. — refleti, recebendo uma gargalhada baixa da parte dele.

Sim, esperemos que sim. Até logo, Jungkook.

— Até, Tae.

🥀

Não faltava muito tempo para o aniversário de Taehyung, apenas menos de uma semana. O de cabelos negros não me informou se pretendia ou não realizar algum tipo de comemoração, então, eu próprio tomei iniciativa e decidi fazer uma pequena festa surpresa, aproveitando o que ele me havia falado sobre juntar meus amigos com Jimin, Minju e a pequena Jungwha.

No entanto, não conseguiria preparar tudo em tão pouco tempo e sozinho, portanto, necessitaria da ajuda de alguém. E quem poderia ser perfeito para isso senão o melhor amigo do moreno? Então, aproveitando enquanto dirigia até casa, liguei para o homem pelo sistema Bluetooth do automóvel, esperando que o mesmo atendesse e os "bips" se encerrassem.

Jungkook? — não tive que esperar muito para ter minha chamada atendida pelo outro homem, a sua voz ressoou pelo carro e o seu tom exibia confusão, talvez pelo meu telefonema repentino. — Está tudo bem? Se passa algo com Taehyung? — a sua preocupação com o moreno era bonita, com certeza, a relação deles era como nenhuma outra e eu tinha pena do facto do afastamento deles por tanto tempo.

— Olá, Jimin! Não, não se preocupe, Taehyung está bem. — assegurei, não queria que o futuro pai tivesse um pequeno ataque cardíaco por nada. No entanto, suspirei, decidi contar o que se passava, afinal, de uma maneira ou outra, Jimin ficaria a saber que o ex-namorado de Taehyung havia sido solto. — Bem, tenho uma notícia menos boa.

O que aconteceu? — o seu tom de voz ficou um pouco mais grave, se percebia que o mesmo estava meio ansioso para que eu contasse o que tinha a dizer. Ele deve ter estranhado a demora, porque se questionou outra vez. — Jeon? — engoli em seco e, puxando o ar com força enquanto observava os carros andando em um ritmo lento, tomei coragem para o avisar do ocorrido.

— Yesung foi solto.

O quê? — dessa vez, a voz do loiro subiu dois tons, ficando um pouco mais esganiçada do que o costume. Isso não era novidade, quando ele tinha ido lá em casa, eu me lembro que o homem havia feito a mesma coisa. Porém, apesar disso, o mesmo exalou alto, bufando em impaciência — e em raiva, com certeza. — Merda, como essa porra aconteceu?

— Nem nós sabemos... — mais uma vez suspirei, coçando minha têmpora ao mesmo tempo em que segurava o volante com força, apenas com uma mão. — Eu estava em um jantar com o Taehy e recebi um telefonema de um colega meu, policial, a avisar que ele havia saído. E o filha da puta andou perseguindo o Taehyung, apesar de ainda ter a ordem de afastamento!

Desgraçado! — Jimin praguejou, no entanto, não o censuraria. Eu não conhecia Yesung há tanto tempo e já sentia uma onda de ódio invadir meu corpo cada vez que o seu nome era pronunciado,  fará o loiro, que sabia de todos os episódios de violência física ou psicológica. — Eu o odeio, não sei como Taehyung conseguiu o manter durante tanto tempo. — desabafou, e eu neguei com a cabeça, veemente, parando em um sinal vermelho.

— Também eu, Jimin, também eu... mas, enfim, mas vamos tentar esquecer isso por um bocadinho. Como você está? — questionei, me animando. — Sua família, como vai? — me lembrei de que Minju já deveria estar perto de completar seis meses de gestação, a pequena piratinha devia estar em pulgas, afinal, faltava pouco para conhecer o irmãozinho.

Estamos bem, tudo tranquilo por aqui, Jeon. Nunca cheguei a agradecer a você por causa do projeto, mas obrigado, já estava há imenso tempo para lhe ligar e sempre me esquecia. Enfim, o negócio com a sua empresa foi bastante rápido, com certeza voltaremos a falar e eu recomendarei a amigos meus.

— Muito obrigado, de verdade, mas, na realidade, não foi essa a razão pela qual eu lhe telefonei.

Não? — neguei, mesmo que ele não conseguisse ver e, quando o sinal se tornou verde, eu avancei em meio do trânsito congestionado. — Então, pelo que foi? Não me diga que foi para me contar a infeliz novidade?

— Não. A verdade é que o aniversário do Taehyung está chegando e eu queria fazer algo para ele, sabe? — inquiri, recebendo um "sim" interessado do loiro. — Ele tem estado bem estressado com tudo isso, inclusive, contratei seguranças para ele se sentir mais seguro, mas tenho a certeza que uma festa faria bem a ele para aliviar a cabeça e descontrair um pouco.

Claro, eu também pensei em realizar algo pequeno, e se assim é, tenho a certeza que ele vai gostar de algo para espairecer. — sorri, ele parecia bem animado com minha sugestão. — O que você tem em mente?

— Bem, eu gostaria que vocês os quatro viessem aqui a casa, o Taehyung já disse que está com imensas saudades vossas, assim como alguns amigos meus, que ele já conheceu e também gosta. Minha ideia era uma festa surpresa, mas o que você acha? Será que é demais? — mordi meus lábios, em nervosismo, queria fazer algo que ele gostasse, todavia, sem exagerar.

Bem, Taehyung nunca teve uma festa surpresa... porém, sempre foi algo que ele desejou. — tudo bem, era uma boa notícia, agora, faltava saber se ele me ajudaria ou não. — É uma ótima ideia, mas como pretende fazer isso?

— Com sua ajuda, obviamente. — disse, em um tom divertido, com a esperança que o outro realmente me ajudasse. — Quer dizer, se me quiser dar uma mãozinha, claro.

Ainda conversamos mais um pouco, acertando os pormenores para o tão esperado dia, e não tardou para que eu chegasse a casa. Como previa, o de cabelos negros já se encontrava na residência, mais concretamente, na zona da cozinha. Um assobio entoado alto saía do cômodo e ele pareceu não se apercebeu de minha entrada, visto que, entrando na cozinha, vi que o mesmo fitava a geladeira, demorando-se a retirar alguns ingredientes do seu interior.

Quando ele, finalmente, olhou em minha direção, meu corpo encostado no batente da porta foi algo novo para si, dado que da sua garganta saiu um gritinho alto, sinal que havia se assustado. Eu esbocei um sorriso sapeca, como se a sua desgraça fosse divertida para mim e, pousando os alimentos no balcão, cruzou os braços, uma expressão de falsa irritação presente em seu belo rosto. — Você acha engraçado me assustar ao ponto de quase me matar, Jeon Jeongguk?

Sorri com sua feição emburrada, me encaminhei até si e rodeei a sua cintura com meus braços musculosos, meu peito descansou em suas costas e acabei pousando minha cabeça perto de sua nuca. Fechei os olhos, o sentindo descontrair após o pequeno susto e inspirando a fragrância do seu perfume cítrico. — Me desculpe, não sabia que o gatinho era assustadiço. — provoquei, esboçando outro sorriso quando o senti se tentar movimentar para me estapear — presumi eu.

— Yah, para de dizer isso, Jungkook! — o cheiro da comida já inundava a cozinha, se infiltrando em minhas narinas e as abençoando com o aroma gostoso. Ao fim destes quase três meses, com muita dedicação e paciência, eu ensinara ao outro a cozinhar, visto que ele queria imenso aprender e me surpreender com pratos incríveis sempre que eu chegava a casa do trabalho, exausto. Não é como se eu deixasse todo esse trabalho para si, afinal, haviam alguns dias em que eu gostava de fazer isso por si e o presentear, por todo o esforço que ele estava fazendo; não podia ser mais que evidente que éramos uma equipa. — E me larga, eu tenho que acabar de fazer o jantar!

Taehyung tinha se tornado um homem forte e decidido durante todo esse tempo, sem desistir do caminho longo que tinha que percorrer. Seguia todas as recomendações da nutricionista; não faltava a uma consulta da terapeuta — de quem ele havia ficado amigo; trabalhava com esforço no estúdio; e, ainda, aprendia coisas novas, como a cozinha, ou aperfeiçoava suas capacidades, como tocar piano maravilhosamente.

Não irei mentir e dizer que tudo era um mar de rosas, porque não, existiam muitos espinhos que picavam, feriam e o faziam sangrar. Sim, haviam momentos em que ele se ia abaixo, no final das contas, ele também era humano. Mas não se deixava ficar caído e se reerguia, talvez com duas vezes a força que tinha antes, sempre me impressionando e chocando com o tamanho da sua coragem e determinação.

Nada me conseguiria abalar no momento, nem mesmo a consciência de que Yesung estava solto. Eu tinha Taehyung, literalmente, em meus braços, e eu não planeava o perder ou deixar fugir. — Então, o que Yugeum tinha para te falar? — questionei, curioso. Ele me olhou, suas orbes brilhando em felicidade e um sorriso estampado em seu rosto me transmitiam a certeza que era algo ótimo.

— Me... me convidaram para uma entrevista acerca do álbum. — meus olhos se esbugalharam e o abracei, com força, demonstrando como eu também compartilhava de sua felicidade, sendo retribuído logo a seguir.

— Taehyung, parabéns! Isso é incrível! — ele assentiu, o seu sorriso quadrado junto com algumas gargalhadas aparecendo enquanto eu distribuía leves selares por todo o seu rosto. Quando eu terminei, ele voltou a virar suas costas para mim, no entanto, meus braços continuavam em sua cintura.  — E você já tem data para essa tal entrevista?

— Não sei, ele disse que depois me diria a data. — o de fios negros concentrou sua atenção na panela, mexendo o conteúdo com uma colher de pau e, a puxando para fora, soprou o líquido, que fervia. Desenvencilhou-se de meu aperto e se virou para mim, empurrando o objeto em minha direção. — Ei, prova isso aqui.

— Não está envenenado? — perguntei, divertido, recebendo um olhar mortal dele. Encarei a colher, falsamente incerto, e me inclinei até ela, com uma feição de como se não tivesse alternativa — tudo em tom de provocação, como é óbvio. Eu tinha total confiança em seus dotes recentemente aprimorados e, mal o líquido tocou minhas papilas gustativas, eu senti que havia encontrado o paraíso. Lambi os lábios, o olhando, surpreso, ao qual ele respondeu com um sorriso convencido. — Está ótimo, Tae! Onde você encontrou essa receita?

— Eu apenas fiz uma pequena pesquisa na internet de uma receita nova, aí acabei encontrando essa. — a colher já estava, novamente, no tacho, o homem nem me deu a oportunidade de voltar a repetir a dose. — Tenho a certeza que você vai gostar! — ele se afastou, indo buscar algo a mais na dispensaria e, aproveitando que ele estava ocupado, eu iria provar novamente o que ele havia cozinhado. Porém, a sua voz abafada se fez presente, o que me fez soltar uma gargalhada baixinha. — Eu estou a ver você, lindo!

🥀

Dia 30 havia chegado, se materializando em uma bela manhã de início de outono, os passarinhos cantavam alegres e os raios solares percorriam seu caminho, culminando em nossos rostos. Abri os olhos devagar, sentindo o calor do corpo de Taehyung perto do meu tronco — ele havia dormido abraçado a mim, depois de adormecer no sofá da sala enquanto um filme bobo passava, e eu o trouxe, deixando ele se aninhar em mim.

Sorri ao perceber que o mais velho ainda dormia, a respiração pesada e serena transmitiam calma e a visão de seus olhos fechados e lábios entreabertos abençoaria qualquer pessoas que entrasse pela porta adentro. Aproveitei o seu estado de tranquilidade e me desenvencilhei de seu aperto, recebendo um resmungo baixo e adormecido, e me dirigi até à cozinha, preparando um café da manhã elaborado para lhe levar até à cama.

Quando cheguei ao cômodo, abrindo a porta com o pé — visto que minhas mãos carregavam uma bandeja com várias coisas —, o homem já estava sentado na cama. A camisola do pijama azul escuro subida um pouco, mostrando um pedaço do seu abdómen pouco definido, sua carinha inchada do sono era adoravelmente fofa e o mesmo coçava os olhos, sinal de que ainda estava meio molinho. Não demorei para chamar à sua atenção, no entanto, o que captou seu olhar foi o objeto em minhas mãos. — O que é isso?

— Isso... — pousei a bandeja em cima da colcha branca, suas orbes fitando cada alimento presente ali. O podia sentir a salivar e isso poderia ser o paraíso visto que, em tempos anteriores, se ele via comida, ele preferia trocar de cômodo. — é seu café de amanhã de dia de aniversário. — sorri quando ele me olhou, surpreendido. — Inclusive, parabéns, meu amor.

Ele sorriu e se inclinou em minha direção, plantando um selinho demorado em meus lábios, me deixando com olhos fechados e esperando pela continuação quando ele se separou de mim, que não aconteceu. — Não fique mal habituado, foi só porque você teve muito trabalho preparando isto. E digo já, se isso é café da manhã de aniversário... não me importaria de fazer anos todos os dias.

— Mesmo que fizesse um ano a cada dia? — interroguei, era uma questão boba, mas consegui arrancar mais um sorriso seu, acompanhado de várias gargalhadas, o que já valia a pena. Talvez fosse mesmo boa ideia fazer isso, a sua expressão de surpresa quando eu pousei o objeto na cama me disse que seria engraçado — e, em final de semana, sempre teríamos mais um bocadinho na cama, para nós.

— Você sempre faz as questões mais sem sentido, certo? — perguntou, levando um morango à boca e o trincando, emitindo um som em satisfação quando o doce do fruto invadiu seu paladar. — Hum, você tem que provar isso, Jungkookie! São muito gostosos! — eu assenti e, ao invés de pegar em um com uma das mãos, abri minha boca, sinal para que ele me desse como uma criança. Todavia, ele o fez, e eu trinquei a fruta, aproveitando seu sabor realmente delicioso. — Yah, você parece um bebê!

O olhei, com uma sobrancelha levantada. Contudo, eu rapidamente troquei minha expressão por uma maliciosa e, afastando a bandeja para o lado, o puxei contra meu peito, ouvindo um gemidinho surpreendido do mesmo e não demorando para deixar nossos corpos deitados no colchão macio, lhe lançando uma feição sugestiva. — Vamos ver quem é o bebê aqui, sim?

🥀

Mais tarde, quando deixei Taehyung na terapeuta, "corri" até casa, onde Minju, Jungwha e Jimin — que carregava uma caixa com um bolo enorme — me esperavam. Nas minhas mãos, segurava também uma pequena caixa, o presente de Taehyung, que eu havia recolhido antes de vir. Pedi desculpas aos presentes pelo tempo que tinham estado ali e permiti a sua entrada em minha casa, logo Minju se sentou e descansou seu corpo cansado, aos seus pés a pequena piratinha já brincava com suas bonequinhas.

Ao contrário da sua mulher, eu e Jimin começamos a trabalhar na decoração da casa, colocando alguns lírios de várias cores espalhados em alguns cantos da casa e guarnecendo a mesa da sala com comida deliciosa, bebida e, bem no meio, o bolo do rapaz. Eu estava nervoso, não sabia se Taehyung iria gostar da surpresa ou não e mordia meus lábios, devido a minha agitação. Jimin, reparando nesse factor, tocou meu ombro e exclamou. — Jungkook, se acalma! Ele vai adorar, acredite em mim.

Não demorou para que os convidados começassem a chegar — sendo eles Jin e Namjoon, Hoseok e Wheein e Yoongi e Dahyun, junto com seus dois maravilhosos filhos. Eu dei as boas vindas a toda a gente, avisando que iria sair de novo para ir buscar Taehyung, mas que enviaria uma mensagem quando estivéssemos entrando no prédio para que todos se preparassem. Quando cheguei à porta de Lalisa, o mais velho veio até ao carro com um sorriso gigante, os seus olhos quase formavam um risco.

— Não preciso de perguntar como correu a sessão, você parece bem feliz. — eu exclamei, depois de deixar um selar em seus lábios carnudos e começar nosso caminho para casa. Batucava meus dedos no volante, visivelmente inquieto, coisa que não passou despercebida para o outro.

— Sim, muito bem... mas você parece nervoso. Está tudo bem? — conseguia perceber, pelo canto do olho, Taehyung me fitando com atenção, procurando por algum sinal de que algo estava errado. Porém, eu não podia deixar passar essa impressão, portanto, desviei a conversa para um outro tópico.

— Estou ótimo, aliás, estava pensando, você gostaria de ir jantar fora hoje? É seu aniversário, penso que não queria cozinhar hoje. — sugeri, sem margem para aprofundar nosso anterior assunto. O homem ainda me olhava, desconfiado, no entanto, sua expressão relaxou e ele voltou a sorrir.

— Claro, porque não? Podemos ir de novo aquele restaurante, não terminámos a sobremesa da última vez. — assenti, sorrindo também, deixando um clima extremamente confortável, enquanto uma música baixa tocava e o mais velho contava sua conversa com a terapeuta — parece que eles discutiram um pouco da vida da outra depois do final da sessão de Taehyung.

Chegados, finalmente, à porta do apartamento, engoli em seco. Eu já havia mandado a mensagem que todos esperavam e o local se encontrava em silêncio, nada era ouvido da parte de fora. Antes que pudesse abrir a porta, eu segurei nas mãos alheias, obtendo as orbes castanhas em mim, numa questão silenciosa do que estava fazendo. Levei uma das minhas palmas até ao seu rosto, depositando um carinho em sua pele dourada, enquanto ele inclinava sua cabeça para que ficasse deitada em minha mão. Então, em um sussurro, eu proferi. — Eu te amo, Taehyungie.

Com as pálpebras fechadas ele esboçou um belo sorriso, me respondendo no mesmo tom. — Eu também te amo, Jungkook. Muito. — sorri e encostei nossos lábios, em um selar carinhoso, entrelaçando nossas mãos junto de nosso corpo. Não demoramos, afinal, todos estavam à nossa espera e, mal pusemos os pés dentro de casa e ligámos a luz, um coro foi ouvido.

— SURPRESA!

Taehyung arregalou seus olhos, colocando a mão no peito, provavelmente, havia se assustado. ele observava cada rosto presente e se virou para mim, que também sorria para si. — Gostou?

— Isso é... uma festa?

— Bem, sim. Eu não sabia se você queria fazer uma ou não, então, resolvi fazer uma surpresa. Pensei que fosse bom para você esquecer um pouco do que está acontecendo, sabe?

Ele retribuiu o sorriso e, logo depois de se recuperar do susto e me agradecer, foi puxado para um abraço junto com o melhor amigo e, sucessivamente, os presentes desejaram feliz aniversário, o abraçando também. Taehyung deambulava por todo o apartamento, agradecendo a presença de cada um. Ele parecia feliz, sorrindo para lá e para cá, cumprimentando cada pessoa presente e rindo para as crianças, que tentavam dizer algumas palavras que fizessem nexo — em vão, no entanto.

Algum tempo depois, quando todos estavam distraídos entre si, as três crianças brincando entre si e os adultos engajando em conversas distintas, era a hora certa para agir e mostrar a Taehyung que, para além da festa, havia ainda outra surpresa à sua espera: meu presente. Pedi com licença a Jin e Hoseok, pousando o meu copo de bebida na mesa larga, e me encaminhei até ao outro, que também bebia um pouco do líquido alcóolico ligeiramente adocicado.

— Peço desculpa interromper essa conversa, mas, amor, você poderia me acompanhar até à cozinha? — questionei ao moreno, que se encontrava entretido em uma conversa com ambas as grávidas. Ele assentiu, pedindo com licença e, depois de imitar minha ação de pousar o copo em algum lugar, entrelaçou sua mão à minha, enquanto deixávamos a sala de estar recheada de convidados para trás.

Chegados ao cômodo, me aproximei do balcão enquanto o ouvia me perguntar. — Está tudo bem, lindo?

— Sim, sim, tudo ótimo. Só queria lhe dar meu presente e, bem, na sala não é o lugar ideal. — me baixei e puxei a caixa, que tremia, com alguns pequenos furos, escondida por detrás do balcão da cozinha. A mesma fora colocada ali há alguns minutos e, sob o seu olhar curioso, a segurei em meus braços. Quando o mesmo lhe pegou, seus olhos se esbugalharam e ele me olhou, desacreditado.

— Jungkook, o que você fez?! — a sua voz se encontrava ansiosa e, em poucos segundos, um pequeno ser felpudo se encontrava no colo do mais velho, que se havia sentado no chão para abrir a caixinha. — Não acredito nisso! Você me deu um cachorrinho?!

O seu sorriso quadrado foi exposto, o que me sorrir também. Era um pequeno cão, preto e bronzeado — já para não mencionar extremamente peludo — e, apesar de ser de raça, o mesmo estava para adoção. — Na verdade, ele foi adotado. Ele foi deixado na rua há um mês e, quando eu fui ao centro de acolhimento e pousei meus olhos nele, eu sabia que você o iria adorar.

— Ele é um amorzinho, olha para isso! — o animal, já devidamente cuidado e vacinado, ora saltava no colo do agora dono ora se sentava, as patinhas repousando nas coxas de Taehyung lhe davam apoio para o mesmo lamber a face do outro. Era uma cena adorável e engraçada, as bochechas do moreno estavam avermelhadas e em seu rosto descansava um sorriso, gargalhadas baixas saíam de seus lábios bonitos e bem desenhados. Ele não demorou e segurou o animal em um de seus braços, se erguendo e se aproximando de mim, pousando o outro em meu pescoço e acariciando minha face. — Obrigada, eu adorei. — o seu tom era baixo e grave, apesar de sermos os únicos no local que conseguiríamos ouvir. Ele se inclinou em minha direção e, sussurrando ao meu ouvido, proferiu. — E... eu aceito, Jungkook.

Minha face se tornou em um perfeito ponto de interrogação. Aceitava o quê? Óbvio que iria aceitar o presente, afinal, era um prenda, e não é como se eu o pudesse devolver o ser que se encontrava em seus braços, se remexendo para tentar colocar as patinhas no chão. — Sim, eu já estava contando com isso, é um presente e...

— Não é isso, Jungkookie.

— Então? — talvez eu estivesse fazendo figura de palhaço, mas eu não estava entendendo o que ele pretendia dizer com "Eu aceito".

— Eu aceito ser seu namorado. — okay, dessa eu não estava à espera. Meus olhos se arregalaram quando ele enunciou tais palavras, meu corpo retesou no lugar e eu senti a garganta seca. Seria tudo um sonho? Ele realmente estava aceitando meu pedido? Taehyung continuou sorrindo para mim, como se compreendesse meu estado, e seus afagos em minha bochecha não pararam um segundo. — Amor? Está tudo bem?

Como se acordasse, pisquei os olhos e fitei suas orbes, transbordando carinho. Não lhe respondi, verbalmente, mas também não perdi tempo. Meu braço foi até à sua cintura e o puxei até mim, alisando suas costas e levando meu nariz até seu pescoço, aspirando o odor do seu perfume masculino. Sem tempo a perder, selei nossos lábios num beijo delicado, sentindo o cachorro cessar seus movimentos inquietos e se aquietar. Taehyung poderia considerar isso uma resposta.

Nossas línguas se chocavam, se enroscando e mesclando nossas salivas agraciadas com o sabor da bebida. Minha mão foi até ao seu rosto, o acariciando, enquanto que sua palma se enroscou em meus fios levemente azulados, exigindo que nos aproximássemos ainda mais. Mordi seu lábio inferior e cedi a sua ordem, tendo cuidado com o bichinho em seu braço, acabando por descer minha mão até perto de suas nádegas e, quem entrasse na cozinha nesse momento, poderia ter uma amostra grátis de um ósculo bem atrevido.

— Meus olhos não aguentam tanta melação... parem, por favor. Até o cachorro está olhando para vocês. — voltamos à realidade e nos separamos velozmente quando a voz fina de Jimin foi ouvida por toda a cozinha. Eu e Taehyung corámos ao constarmos que, realmente, o animal nos olhava, e ele acabou por esconder seu rosto no vão do meu pescoço, enquanto minha mão ainda o segurava contra mim. — Pelos vistos, Jungkook escolheu bem seu presente... o meu você já sabe qual é, certo, Tae? — Jimin questionou, confidente, ao qual o de cabelos negros o olhou, confuso. — Não se lembra do que você queria fazer quando mais novo?

— Ah, sim... você vai comigo? — seu sorriso era travesso, os olhos brilhando, talvez em expectativa.

— Claro, também quero fazer um. Mas não conte a Minju, ela não precisa de saber até me ver com ele. — Jimin lhe piscou o olho e os dois se desmancharam em risadas, sob meu olhar confuso e perdido. Não estava entendendo nada sobre a conversa e, antes que conseguisse perguntar, Namjoon me chamou à atenção, batendo na porta da cozinha.

— Jungkook, pode vir aqui, por favor? — o azulado me interceptou e, movido pela curiosidade, me dirigi até si. Saímos do cômodo até à porta do apartamento, que se encontrava aberta. — Parece que alguém deixou isso aqui. — meus olhos caíram no tapete felpudo da da entrada, observando um pequeno pacote em cima deste. Desconfiado, coloquei minha cabeça para fora do apartamento, verificando ambos os corredores, mas não avistei qualquer sinal de alguma presença, então, encolhi os ombros e peguei no pacote.

— O que se passa? — Taehyung, que veio atrás de mim sem a companhia de Jimin, se colocou rapidamente a meu lado. Logo seus olhos caíram na pequena embalagem de cartão em minhas mãos, a observando com curiosidade. — O que é, lindo? — eu também não sabia o que era e, apesar de tudo, não parecia ter nada de errado com ela. No entanto, mesmo que se tratasse de algo inofensivo, preferia ser eu a abrir.

— Não sei, Tae, mas vou descobrir. — pousei a embalagem nanica em cima da mesa, os convidados pareciam não perceber nossa movimentação — com exceção e Namjoon, que continuava a nosso lado enquanto Jin dialogava com Jimin e a sua mulher sobre a gravidez da mesma. Com a ajuda de uma faca pontiaguda, não demorei para abrir o pacote, encontrando uma flor e um pedaço de papel azul decorado. — Uma flor?!

Teria tudo para ser um presente encantador, porém, a flor estava ressequida, a sua bonita cor laranja já desbotava e as folhas secas. Era quase como se estivesse morta.

— Isso é um... presente? — o de fios negros questionou, mas eu estava demasiado absorto no que aquilo continha.

— Traz um cartão também... — levei minhas mãos até ao bilhete índigo, o analisando e percebi, em letras bem desenhadas, a mensagem "Para Taehyung, meu eterno amor". — Que merda é essa? — exclamei, furioso, sem perceber que, ao meu lado, Taehyung também reparou nas palavras e seu corpo acabou por retesar.

"Querido Taehyung,

Por mais que sua imprudência tenha sido de fato frustrante, quero deixar claro que tudo que eu fazia era apenas para o seu bem. Para o bem de nós dois e de nossa relação.
Mesmo que você já tenha seguido com sua vida, não pense que se livrou de mim. Você ainda me pertence, Taehyung e, independentemente para onde você vá, eu estarei lá.
Prometeu que me amaria a vida toda, ainda me ama, amor?
É realmente uma pena que tenha acabado desta forma, saiba que minhas intenções nunca foram te machucar, mas não tenho culpa, já que você chamava por outro homem, e não por mim. Falando nele, essas mentiras que ele te diz são tão bonitas assim?
Não se preocupe, amor, eu irei te buscar e te fazer meu novamente, como sempre foi e nunca deixará de ser.
"

Não era preciso ser um gênio nem necessitávamos de uma assinatura para perceber de quem vinha aquele bilhete desdenhoso. Depois de eu ler o discurso carregado de fúria contida, o papel foi retirado de minhas mãos por Taehyung que, pelos vistos, estava me chamando há alguns minutos.

— Taehyung, não... — eu tentei que ele não lesse tais palavras, porém, o homem levantou seu dedo indicador, pedindo, silenciosamente, que eu não me pronunciasse. Me aquietei, sentindo meu interior se revoltar ao relembrar os vocábulos dirigidos ao mais velho. Os convidados pareciam ainda não ter se apercebido de nada — Namjoon já se havia afastado, entretanto —, e eu agradeci por isso quando vi as mãos do de cabelos negros tremelicarem e seus olhos se umedecerem.

Dei um passo em sua direção, porém, ele recuou um também, suspirando fundo e coçando suas têmporas. Em alguns segundos, a carta foi dobrada e posta dentro da embalagem, onde estava anteriormente, enquanto eu via o mais velho esboçar o sorriso mais falso que eu já vira em seu rosto. Ele me abraçou e eu pude sentir seu coração bater contra sua caixa torácica, seu batimento cardíaco veloz quando ele disse, perto de meu ouvido. — Não diga nada, Jungkook, depois resolvemos isso. Não dê nas vistas, por favor.

Eu senti que ele não estava bem, obviamente, mas concordei com ele e, em segundos, ambos sorríamos e nos misturávamos entre todos, no entanto, com o coração mais pesado e preocupado que antes.

🥀

esse final bem tenso, certo? o que vocês acham que vai acontecer?

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Ca e Íris

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