Apartamento 316

By yoonie001

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[breve hiatus] "Há algo dentro do apartamento 316 que desperta meu lado curioso. Aquele homem bonito, encolhi... More

𝙿𝚛𝚘𝚕𝚘𝚐𝚞𝚎
𝙾𝚗𝚎
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𝚃𝚑𝚛𝚎𝚎
𝙵𝚘𝚞𝚛
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𝚂𝚒𝚡
𝚂𝚎𝚟𝚎𝚗
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𝙽𝚒𝚗𝚎
𝚃𝚎𝚗
𝚃𝚠𝚎𝚕𝚟𝚎
𝚃𝚑𝚒𝚛𝚝𝚎𝚎𝚗
𝙵𝚘𝚞𝚛𝚝𝚎𝚎𝚗
𝙵𝚒𝚏𝚝𝚎𝚎𝚗
𝚂𝚒𝚡𝚝𝚎𝚎𝚗
𝚂𝚎𝚟𝚎𝚗𝚝𝚎𝚎𝚗
𝙴𝚒𝚐𝚑𝚝𝚎𝚎𝚗
𝙽𝚒𝚗𝚎𝚝𝚎𝚎𝚗
𝚃𝚠𝚎𝚗𝚝𝚢
𝚃𝚠𝚎𝚗𝚝𝚢 𝙾𝚗𝚎

𝙴𝚕𝚎𝚟𝚎𝚗

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By yoonie001

Jungkook

Dias após o jantar à luz das velas — chegava a parecer até um jantar romântico — devido à falta de energia, voltei a sugerir a Taehyung que fosse ao 316 buscar alguns de seus pertences já que ele, praticamente, começava a morar em meu apartamento. Sinceramente, eu nem estava me dando conta; no início, era apenas para ele ficar em meu apartamento por alguns dias, para recuperar de todo o susto da última agressão, mas acabei por me habituar à sua companhia e, agora, não pretendia abrir mão dela. Não é como se eu realmente me importasse. Tinha que admitir, o sofá não era muito confortável, mas ter ciência de que logo ele melhoraria me deixava relaxado. Além do mais, eu acabava por passar as noites junto de si, acariciando suas madeixas enquanto escutava um suspiro baixo escapar pelos seus belos e doces lábios, indicando que o mesmo estava extremamente cansado.

Quando o homem aceitou visitar sua antiga moradia — o que me espantou, afinal, eu estava esperando que o mesmo recusasse minha proposta —, acabei por o acompanhar e percebi que, assim que entramos no 316, seu corpo ficou rígido e em alerta enquanto observava todos os cantos possíveis. Todo ele tremia, o medo o consumia, como se um monstro terrível fosse surgiu em algum sítio daquele apartamento a qualquer momento. Não o julgava, afinal, sabe-se lá quais foram as horríveis coisas que tinham se passado com o de cabelos negros atrás dessas paredes e por quanto tempo duraram. Mas o que mais me custou foi ver lágrimas se formarem no canto dos seus olhos bonitos, e acho que essa foi a máxima para eu decidir ir atrás de uma terapeuta.

Sim, eu compreendo que Taehyung pode se sentir assustado em se abrir com uma pessoa completamente estranha e entendo as razões para esse seu medo. Mas eu não aguentava mais o ver assim, todos os dias ele sofria com as lembranças dolorosas do tempo que passou naquele apartamento, e também não me agrada o conceito de manter essa ideia sua de ser inseguro e dependente o tempo inteiro. Eu parecia estar cuidando de uma criança — sendo que ele era mais velho — e não estou reclamando, sei que se deve por causa do trauma, mas ele precisa de ajuda para melhorar. E, querendo ou não, ele teria de ter ajuda profissional, já que não sou um médico ou algo do tipo e sei que Taehyung estava tanto com problemas físicos como psicológicos.

Demorei algum tempo — algum é exagerar, eu demorei dias — até achar uma boa clínica e uma terapeuta com boas indicações, já que nenhum de meus amigos necessitou de qualquer tipo de cuidados psicológicos e, como é lógico, isso não se trata de, simplesmente, fazer uma consulta. Quer dizer, Hoseok havia ido a uma terapia de casal, a pedido de Wheein, e ambos acabaram discutindo com a moça. Todavia, no fim, quem recebeu a terapia foi a própria médica, e seria uma história engraçada, mas, penso que agora não é momento.

Estava tão desesperado por uma solução rápida que até mesmo cogitei em ir perguntar para meus pais visto que, quando era mais jovem, eles resolveram me levar a um terapeuta para tratar de algo relacionado ao estresse elevado. No entanto, desisti assim que lembrei que talvez o médico já estivesse numa idade mais avançada e eu gostaria que fosse uma pessoa jovem, para além de que teria de ser uma mulher, para que Taehyung se sentisse verdadeiramente acolhido e não intimidado.

Ainda com as buscas de uma boa clínica, meu trabalho e cuidar de Taehyung, pelo qual eu me declarei responsável — já que nunca o vi falar de seus progenitores —, percebi que ainda existia um emaranhado de fios esquisitos, todos eles se enrolando e desenrolando dentro da minha cabeça, que eu não conseguia distinguir claramente, e que tinham apenas uma denominação: sentimentos. Após aquele beijo, por mais simples e inocente que fosse, eu ainda tinha as minhas dúvidas sobre o que realmente quero sobre Taehyung. O que eu quero dizer é que eu, realmente, sinto a necessidade de protegê-lo e respeitá-lo, mas há algo mais. Eu necessito de mais e gostaria de ir além.

Entretanto, não vou confundir nem a minha nem a sua mente, que já ambas devem estar um puro caos, pelo menos a minha. Com isso, ainda trocávamos alguns selares singelos quando eu chegava a casa ou quando me aconchegava ao seu lado nas noites em que ele estava sensível, nada muito além. Não quero rotular seja lá o que estamos tendo, afinal, Taehyung ainda se sente preso a Yesung e eu preciso ter certeza de que isso seja completamente mudado antes de nos relacionarmos de forma efetiva. Gostaria que ele fosse independente, um homem seguro de si e, por isso, assim que retornei do trabalho, já com o número da clínica, me apressei ao seu encontro para poder lhe contar sobre a novidade, tendo o coração se despedaçando ao vê-lo encolhido na cama, aos prantos.

Já era normal o encontrar a chorar, afinal, sabe-se lá o que se passa na sua cabeça enquanto eu não estou e ele fica sozinho, ter em mente que ele poderia passar o dia em lágrimas fazia um aperto incomum atingir o meu peito. Aquela necessidade de fazê-lo se sentir bem voltava como um tsunami me alcançava de forma dolorosa. De repente, após dias convivendo com Taehyung e cuidando de si, me vi tendo minha felicidade sendo compartilhada. Se ele estava triste, eu estava triste; se ele estava feliz, eu estava feliz.

Hoje, estávamos indo ao primeiro encontro seu com a terapeuta, o que me demorou imenso para convencê-lo. Ainda me lembro de toda a conversa — quase discussão — que havíamos tido no jantar da noite anterior.

— Taehyung, eu estava pensando aqui, e... — eu pousei meus talheres junto ao prato, sentindo seu olhar curioso sobre mim. Não sabia como começar aquela conversa, eu sabia muito bem sua opinião acerca das visitas a uma terapeuta e tinha a plena noção que essa conversa não seria nada fácil.

— Sim? — seus olhinhos brilharam, o homem fez o mesmo gesto que eu depois de levar uma garfada de comida à boca. Uma das coisas positivas era que, a seguir da ida à nutricionista, o mesmo estava se esforçando para cumprir o plano e se curar fisicamente. Seu corpo já estava melhor, eu conseguia perceber mudanças e seus ossos já não estavam tão salientes como antes, e isso me animava porque sentia que ele estava fazendo progressos e se esforçando para ficar melhor.

— Eu consegui o contacto de uma terapeuta para você. — eu pude ver que seu olhos ficaram tristes no momento em que eu acabei minha frase e ele teve dificuldades para engolir o pedaço que tinha em sua boca, ficando cabisbaixo em segundos. — Eu sei que é difícil, Taehyung, eu não estou afirmando o contrário. Apenas acho...

— O que você acha? Que por eu estar a viver em sua casa você pode me obrigar a fazer as coisas como Yesung fazia? — seu tom começou alto e foi diminuindo aos poucos, até chegar a um fio de voz. — Você não pode fazer isso comigo...

O silêncio reinou em todo o apartamento, eu não conseguia me pronunciar devido às suas palavras, tão frias e cruas. Ele achava que eu era como Yesung? Que eu o iria obrigar a fazer isso apenas porque eu queria, e não por ser algo de que ele precisasse?

— Taehyung... eu... eu não... — tentei balbuciar, mas ele não permitiu. O mesmo se levantou rapidamente e foi em direção ao cômodo, fechando a porta e ficando lá dentro. Meu corpo estava em uma batalha entre ir atrás dele ou lhe dar algum tempo, e optei pela segunda.

Eu não consegui acabar de jantar, havia ficado sem fome em questão de minutos. Arrumei toda a loiça e lavei a usada, guardando tudo o que não comemos. Me dirigi até ao banheiro, me preparando para ir dormir e, passado uma hora de nossa conversa, eu decidi bater à porta do quarto. No entanto, não sabia se ele me deixaria entrar.

— Tae? Posso entrar, anjinho? — eu não consegui ouvir nenhuma resposta vinda de si, por isso, entrei e a cena me assustou. Taehyung estava andando de um lado para o outro, sua face estava lavada em lágrimas e ele transportava roupa sua para a mala sob meu olhar. Eu caminhei até si, seu corpo estava tremendo e ele se amedrontou com minha aproximação, dando um passo para trás. — Taehyung, eu não vou machucar você, calma, por favor.

— Mas eu... eu não queria, Jungkook, eu juro. Me desculpa, eu não quis dizer aquilo. — as palavras eram atropeladas por sua respiração desgovernada. — Eu...

— Tae, respira, por favor. Se acalma. — eu o alcancei com cautela, envolvendo seu corpo trêmulo em meus braços, enquanto afagava suas costas carinhosamente. — Não tem que pedir desculpa, eu percebo que você não se sinta à vontade, mas o que você ia fazer com a mala?

— Eu... ia embora. Pensei que depois disso... depois do que disse, você quisesse que eu fosse embora. — sua voz estava embargada e eu comecei a distribuir selares, começando em seus fios negros e acabando com um selinho suave em seus lábios, sua respiração acalmou instantaneamente com minhas ações.

— Eu não quero que você saia do meu lado, nunca. Eu só... — suspiro, seus olhos molhados voltando a me fitar. — com essa nossa conversa, eu percebi que você precisa da terapia. E eu não quero te forçar a nada, eu juro. Apenas acho que você precisa, eu quero que você fique bem e que seja um homem mais forte. Só isso, Tae.

Ele suspirou, talvez tivesse aceitado, visto que acabou por assentir positivamente. Eu o levei em direção da cama e, ambos debaixo das cobertas quentes, adormecemos imediatamente.

A clínica era realmente bonita. As paredes em um tom violeta davam um ar tranquilizante à mesma, as portas eram de um cinza claro e a conjugação das cores transmitia um sentimento de paz nunca sentido por mim e Taehyung, que estava do meu lado, observava as molduras com os diplomas em nome de Lalisa Manoban, a terapeuta.

Pelo que Hoseok me havia contado, a morena era extremamente calma, a sua voz era serena e, assim como todo o seu local de trabalho, propagava um sentimento de serenidade que ele adorara — assim como Wheein que, na altura da terapia, estava no primeiro trimestre da gravidez.

Quando o paciente anterior que a médica ainda atendia saiu do consultório, seu rosto parecia livre e descontraído, o que me deu esperanças de que o mesmo poderia acontecer com Taehyung. Logo uma mulher alta e esguia mostrou o seu corpo, saindo da sala com uma prancheta amarela em suas mãos e correndo os olhos por ela, antes de olhar para nós.

— Vamos entrar, Taehyung? — a moça deve ter presumido que um de nós era o Taehyung — visto que apenas nós permanecíamos no corredor —, e o de cabelos negros me olhou em expectativa, como se me pedisse para entrar consigo. Ele não demorou a se agarrar a mim, como se dissesse que não entrava sem mim. — Vocês vão fazer terapia de casal?

Minhas bochechas coraram, assim como as de Taehyung. — Não, não. É só ele. Pode entrar, Tae.

Percebendo a hesitação do mais velho, ela se expressou. — Vou lhes dar uns momentos. Quando estiver preparado, Taehyung, pode entrar. — eu assenti e ela voltou a desaparecer dentro do cómodo, nos deixando a sós.

— Eu não posso ir com você, Taehyung. Vai ter que entrar sozinho. Para além disso, eu combinei um café com Jin e Hoseok.

— Não, Jungkook! E-Eu não consigo entrar sozinho!

Eu o puxei novamente até mim, segurando o seu queixo e olhando em seus olhos. — Eu sei que você consegue, Tae. Você é muito forte e só estar aqui, já é a prova disso. Eu acredito em você. — plantei um selinho breve em sua bochecha, o sentindo tremer, e o soltei. — Eu vou indo, tudo bem? Quando acabar, me liga que eu estou aqui em cinco minutos. — ele assentiu positivamente e, antes de ir embora, tive o cuidado de o ver a entrar no consultório com medo de que o mesmo fugisse com medo.

🥀

O café onde combinamos de nos encontrar era bem perto do consultório da média, afinal, não queria fazer Taehyung esperar. Quando cheguei ao local onde ficámos de estar, percebi que os corpos de meus dois amigos já estavam ocupando uma mesa. Todavia, havia uma terceira pessoas presente.

— Olá, boa tarde! — saudei, me sentando ao lado de Hoseok, encarando Yoongi à minha frente e Jin ao seu lado. Todos estavam alegres e em suas roupas diárias, exceto por Yoongi, que devia estar fazendo uma pausa em seu turno, visto que ainda usava seu uniforme de policial.

— Olá! Pensávamos que você não vinha mais, se atrasou dez minutos. Não é costume seu... — Hoseok desabafou, enquanto levantava a mão para chamar o empregado que vagueava entre as mesas. Eu mordi meu lábio inferior, me perguntando se valeria a pena falar sobre a relação que eu mantinha com o homem de cabelos negros.

— Eu... tive de deixar uma pessoa em um lugar. — acabei por dizer, antes que o rapaz chegasse e fossem pedidos quatro cafés. Não queria aprofundar muito o assunto, afinal, nós não estávamos tendo nada, não havia razão para alarmismos. — Nada de muito grave.

— Uma pessoa em algum lugar? — Jin questionou, obtendo minha atenção. — Você está muito misterioso, pirralho, nos conta o que se está passando!

— Foi o seu vizinho, o do 316? — Yoongi indagou, todos os olhos voltados para ele. Ótimo, me havia esquecido de que Yoongi me tinha visto com ele quando Taehyung fora visitar Yesung. — Como ele se chamava? Taeyeon? Taeyang?

— Taehyung. — eu respondi seco, eu já havia falado com Yoongi sobre o assunto e sobre o rapaz e ele acabava esquecendo sempre o nome dele. — E sim, foi ele.

— Espera, foi por isso que você me questionou se eu conhecia uma terapeuta? Você o levou a uma terapeuta? — Hoseok me olhou, impressionado. Sinceramente, não percebi sua reação, ele vivera no prédio e sabia do que se passava dentro do 316.

— Ele também ligou para vocês sobre isso? — Jin perguntou, apontando o indicador para os outros dois, que assentiram positivamente com suas cabeças. — Caramba, você realmente devia estar desesperado por encontrar uma médica dessa área... Mas porque foi você a levá-lo? Ele não podia ter ido a pé?

— Eu só... estava dando uma carona a Taehyung, eu já vinha para aqui e já, porque não trazer o rapaz? — nossos cafés foram pousados à nossa frente, e eu me apressei a alcançar o saquinho de açúcar que repousava no prato da chávena. Enquanto isso, pude ouvir a voz áspera de Yoongi novamente.

— Assim como também só deu uma carona para ele quando ele foi visitar o ex namorado à prisão? E como também o acolheu em seus braços quando ele saiu aos prantos da sala de visitas? — eu lhe lancei um olhar feio por revelar o que acontecera com Taehyung no edifício penitenciário.

— Espera, espera, espera! O namorado de Taehyung foi para a prisão? O Yesung?

— Eu sabia que se passava algo. Eles sempre discutiram quando eu lá morava. — o de cabelos vermelhos virou a chávena de café, minha face se contorcendo em dor visto que o café ainda estava quente e ele deveria ter queimado a garganta. — Mas como isso aconteceu?

— Na realidade, foi Jungkook que nos ligou. Ele disse que estava ouvindo berros e pedidos de socorro e, como estávamos nas iminências do prédio, chegámos em muito pouco tempo e conseguimos salvar o rapaz das mãos daquele... monstro. — Yoongi explicou, nem sequer me dando tempo de eu mesmo expor a história.

— É, ele realmente é um monstro. — eu concordei, soprando meu café com intenção que o mesmo esfriasse.

— Mas onde ele está agora? Ele continua a viver no apartamento em frente? — Hoseok interrogou, não percebi se a pergunta foi para mim ou para o homem de cabelos negros à minha frente, mas eu acabei respondendo, não poderia esconder nada de meus amigos. Afinal de contas, quando eles me visitassem, eles veriam um corpo estranho deambulando pelo apartamento.

— Ele está vivendo comigo. — ditei, esperando as perguntas que se seguiriam e as feições de surpresa que eu sabia que meus companheiros não conseguiriam conter. E eu estava certo, como sempre.

— Como assim ele está vivendo consigo?! — Hoseok disparou, seu tom de voz uns tons acima do devido, uma vez que várias pessoas das mesas próximas voltaram seus olhares para nós. Eu o repreendi com o olhar e ele voltou a perguntar, agora em um tom mais baixo. — Como isso aconteceu?

Eu suspirei, odiava ter que contar toda a história. — Foi o que o Yoongi Hyung disse. Na noite em que eu voltei da viagem de Tóquio, eu ouvi os dois discutindo. Se eu soubesse o que tinha acontecido durante aquelas duas semanas... eu não tinha ido. Eu disse a Taehyung que, se alguma vez precisasse de mim, que gritasse meu nome e eu estaria lá, pronto para bater em Yesung e o afastar de Taehyung. Mas, em uma dessas noites, eu não estava lá, e ele apanhou feio do Yesung por me ter chamado. Ainda bem que Yoongi estava perto no dia em o salvamos, caso contrário, podia ter acontecido outra coisa, uma muito pior. — eles me olhavam bastante atentos à história. — Enfim, chega dessa história, é a vida dele e eu não quero contar nada que ele não permita.

— Caramba, ele te fisgou bem. — Jin comentou, bebendo finalmente o seu café, e eu senti minhas bochechas aquecerem.

— Eu... não gosto de Taehyung dessa maneira.

— Ah, qual é. Quando nós fomos a sua casa, se notava perfeitamente como vocês se olhavam. Eu nem quero saber como Yesung ficou depois dos vossos olhares, se é que ele reparou.

— Eu acho que vocês precisam de tomar seus remédios, sério! — eu respondi um pouco transtornado, tanto a Jin como a Hoseok, enquanto Yoongi nos olhava confuso. Ele não tinha ido ao open house porque, nesse dia, estava fazendo um turno duplo.

— O que aconteceu na casa do Jeon?

— Ah, Yoongi, Yoongi, nem queira saber o que perdeu! — o de cabelos vermelhos riu, pronto para contar a história. — Nós conhecemos o Taehyung nessa festa, ele estava bem acanhado até se soltar e o namorado estar longe. Mas quando Yesung foi jogar um jogo de cartas bobo, ele e aqui o nosso menino de ouro — Hoseok me abraçou por cima dos ombros e eu resmunguei baixinho. — estavam se olhando e eu pensei que eles se fossem beijar ou algo do tipo. Estavam tão concentrados um em outro, adorava que você tivesse visto.

— Podemos falar de outra coisa? Como está Wheein?

— Ela está bem, obrigada por perguntar. Ele tem andado mal disposta esses dias, estamos pedindo que seja um bebêzinho responsável por isso. — ele sorriu, seus dentes perfeitamente alinhados e brancos dando o ar da sua graça. — E o estagiário, Jin? Como vai?

— Nem me fale nele, Hoseok. Finalmente descobri o seu nome, Kim Namjoon. E olha, pior que isso, só sendo ele filho do nosso chefe!

— O quê? Você gosta de um estagiário e, ainda por cima, filho do seu chefe? Está ferrado mesmo! — eu o provoquei, obtendo um suspiro cansado do mesmo.

— Eu não gosto dele! Apenas... o acho bonitinho.

— Hum, sei. E você, Yoongi, como vai sua vida amorosa? — eu me inclinei na mesa, segurando meu queixo com minha mão e esperando que ele falasse. Seu suspiro foi como uma resposta, apesar de ele falar mesmo assim.

— Eu e Dahyun estamos tendo alguns problemas. Ela queria se dedicar mais ao trabalho, mas nós não temos ninguém que possa tomar conta da Jisoo e do Mark, então fica um pouco difícil. — ele sorriu triste, realmente, eu me lembro de quando o Min conheceu a rapariga. Ela era baixinha e bastante difícil, tanto que levou dois anos para que ela se deixasse levar pelos encantos de meu amigo e ambos começassem a namorar. No entanto, o pedido de casamento foi bem rápido, assim como a vinda dos dois filhos.

— Sinceramente, eu acho normal discussões acontecerem em um casamento, falando por mim. — Hoseok deu seu ponto de vista, tendo a total atenção de Yoongi. — Penso que ambos deveriam conversar calmamente e tentar arranjar uma babá para as crianças. Não há ninguém do prédio em quem vocês confiem para isso?

— Teríamos que discutir isso, mas acho que sim. — Yoongi sorriu, acabando com o seu café e olhando para o relógio. — Bem, eu tenho que ir, mas adorei conversar com vocês. Nos vemos depois. — todos nos despedimos e, depois do de cabelos escuros pousar o dinheiro na mesa, vimos o mesmo sair porta a fora, entrando em seu carro e partindo.

Meu celular também começou a tocar, o nome "Taehyung" piscando na tela me fez atendê-lo o mais rapidamente possível.

— Olá, Taehyung. Você já terminou?

Sim, estou esperando você. — ele parecia feliz, sua voz denotava que o mesmo estava calmo. — Vai demorar?

— Não, não. Em cinco ou dez minutos estou aí. — lhe garanti, as facetas debochadas de meus amigos me garantiam que eles iriam comentar minha ligação. — Até já.

Até.

A ligação foi encerrada e eles sorriram. — Vai buscar seu... companheiro de casa? — Hoseok tentou conter uma gargalhada, sua face abrigava um sorriso que teimava em escapar.

— Eu vou indo. — me levantei, pousando o montante destinado a pagar o café sobre a mesa e ignorando a sua pergunta. — Temos que fazer isso mais vezes.

— Sim, concordo. E da próxima vez você tem que trazer o Taehyung. — Jin voltou a me atormentar, seu objetivo era que eu cedesse e lhes contasse o que se passava em minha casa, entre mim e o de cabelos negros. Hoje não, Jin. Hoje não.

— Adeus, Hyung's.

🥀

Taehyung estava, visivelmente, mais animado. Ele me contara como fora a consulta e que realmente havia gostado da médica e de conversar com ela — apesar de não me dar pormenores de seu diálogo —, e foi impossível um sorriso não se formar em meu rosto. O facto de ele começar bem logo no dia da sua primeira consulta me fazia acreditar que Taehyung poderia realmente melhorar.

— Taehyung, eu não gostaria de ir já para casa... quer ir tomar um sorvete ao parque? — eu tentava  perceber as suas reações pelo canto do olho e, ao mesmo tempo, prestar atenção à estrada. E quando ele demorou a responder, eu estava pronto para retirar o convite. — Bem, talvez sejam demasiadas experiências novas em...

— Eu quero. — a sua resposta foi rápida, o que acabou por me surpreender e, enquanto esperávamos em frente a um semáforo vermelho, eu o olhei.

— Você quer mesmo? — ele assentiu, seus olhos me fitando e lançando um sorriso pequeno em minha direção. — Sabe que não precisa de aceitar apenas porque eu disse, certo?

— Eu sei, mas eu quero, Jungkook. — eu assenti e, quando a luz ficou verde, dirigi o automóvel até ao parque mais próximo. Taehyung parecia maravilhado com a beleza extrema de todo o lugar, cheio de flores coloridas e famílias que passeavam felizes.

Avistamos um pequeno carrinho de gelados e não demoramos a chegar ao nosso destino. Uma moça de cabelos longos permanecia lá dentro e, chegando perto, ela nos cumprimentou com um sorriso simpático. — Boa tarde, o que desejam?

— Eu quero um gelado de café, e você, Taehyung? De café também?

— Eca, não. Eu odeio café. — ele disse, o que me fez sorrir por o mesmo ser capaz de escolher por si, e acabou por optar pelo mais básico. — Eu queria de morango, por favor.

A mulher sorriu novamente, não demorando para preparar os nossos pedidos. Eu paguei os dois sorvetes e nos sentamos em um banquinho de madeira escura, aproveitando o ambiente de felicidade que nos rodeava.

— Taehyung, posso fazer uma pergunta a você? — eu o olhei, escolhendo minhas palavras de forma a que o mesmo não ficasse abatido, enquanto ele comia o sorvete cor de rosa. O mesmo assentiu, seus olhos postos em mim me sobrecarregaram. — Você planeja, algum dia, construir uma família?

Ele ficou surpreso, mas, contrariamente ao que eu pensava, ele não demorou a responder. — Sim, eu adoraria. Mas eu preciso encontrar a pessoa certa primeira. — ele continuava com os seus olhos em mim e eu tremi, esquecendo o assunto e deixando um silêncio confortável preencher o ar à nossa volta.

Quando fomos para o prédio, nossa felicidade era notória. Talvez os vizinhos estranhassem o barulho, visto que chegamos a casa rindo e dando gargalhadas altas. Durante todos os lances de escadas que subimos, sua mão estava colada à minha, meu peito se encheu de felicidade e se aqueceu por seu ato considerado simples para alguns — mas, que, para mim, era demasiado grandioso para parecer verdadeiro. Será que eu estaria em um sonho?

— Obrigado por hoje. — depois de entrarmos em casa, ele me abraçou espontaneamente, eu podia sentir seu coração bater forte contra seu peito e o puxei para perto de mim, envolvendo sua cintura de forma apertada.

— De nada, meu anjo. Sempre que quiser fazer algo diferente, me diga. Eu adoro ver você feliz. — ele olhou para todo meu rosto, seus olhinhos brilhantes percorrendo cada pedacinho de minha face e parando em meus lábios. Ele engoliu em seco quando uma das mãos tocou sua pele.

— Jungkook... — meu nome saindo de seus lábios podia ser considerado a oitava maravilha do mundo, ainda para mais quando o mesmo suspirava e fechava suas pálpebras enquanto meus dedos percorriam sua pele perfeita e bronzeada.

— Sim, Tae? — eu senti seu corpo tremer, eu só estava esperando que ele me dissesse algo para eu avançar em seus lábios, afinal, não queria parecer um maníaco pelo homem à minha frente e muito menos pretendia respeitar seu espaço. — O que você deseja?

— Eu... — tive de conter o impulso de apertar sua cintura, tendo medo de o magoar e que ele se afastasse bruscamente. Sua voz estava fraca, eu sabia que ele não conseguiria proferir uma frase coerente. — Você...

Eu não aguentei esperar que o mesmo acabasse a sua sentença e juntei nossos lábios de forma suave, ouvindo o mesmo suspirar durante o nosso toque íntimo. Eu nunca me iria cansar de provar seus lábios, qualquer que fosse a ocasião. Todavia, me surpreendi quando o mesmo me cedeu passagem, talvez estivesse pronto para mais contacto; não pensei muito nisso, apenas me deixei levar pelo momento e o beijei ainda com mais vontade.

Minha língua se chocou com a sua e Taehyung não lutou por muita dominância, talvez ele gostasse de ser submisso no que dizia respeito a mim, o que me deixava ainda mais arrepiado em relação ao tema "Taehyung". Eu estava adorando todo nosso contacto, mas meu medo de que ele se sentisse pressionado acerca de algo me fez me afastar de si, acabando o beijo com um selar delicado e beijando toda a sua face enquanto o mesmo ainda mantinha os olhos fechados e sorria abobado. — Eu adoro te ter em meus braços, Taehy.

Ele suspirou, mais uma vez na noite, e abriu os olhos, me fitando e me puxando mais contra si. — Eu adoro estar em seus braços, Jungkookie.

Assim, eu consegui perceber que não, eu não estava em um sonho. E, se estivesse, não pretendia que ninguém me acordasse.

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