Apartamento 316

Por yoonie001

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[breve hiatus] "Há algo dentro do apartamento 316 que desperta meu lado curioso. Aquele homem bonito, encolhi... Mais

𝙿𝚛𝚘𝚕𝚘𝚐𝚞𝚎
𝙾𝚗𝚎
𝚃𝚠𝚘
𝚃𝚑𝚛𝚎𝚎
𝙵𝚘𝚞𝚛
𝙵𝚒𝚟𝚎
𝚂𝚒𝚡
𝚂𝚎𝚟𝚎𝚗
𝙴𝚒𝚐𝚑𝚝
𝚃𝚎𝚗
𝙴𝚕𝚎𝚟𝚎𝚗
𝚃𝚠𝚎𝚕𝚟𝚎
𝚃𝚑𝚒𝚛𝚝𝚎𝚎𝚗
𝙵𝚘𝚞𝚛𝚝𝚎𝚎𝚗
𝙵𝚒𝚏𝚝𝚎𝚎𝚗
𝚂𝚒𝚡𝚝𝚎𝚎𝚗
𝚂𝚎𝚟𝚎𝚗𝚝𝚎𝚎𝚗
𝙴𝚒𝚐𝚑𝚝𝚎𝚎𝚗
𝙽𝚒𝚗𝚎𝚝𝚎𝚎𝚗
𝚃𝚠𝚎𝚗𝚝𝚢
𝚃𝚠𝚎𝚗𝚝𝚢 𝙾𝚗𝚎

𝙽𝚒𝚗𝚎

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Por yoonie001

Jeongguk

Os primeiros dias de Taehyung em minha casa foram... bastantes complicados, assim se diga. O, de agora, cabelos negros — cor que, por acaso, lhe assentava perfeitamente — ainda se notava abatido e foram diversas as vezes que eu adormecia antes de o escutar chorando no cômodo que, de momento, era dele, visto que eu estava dormindo no sofá. Eu simplesmente acabava acordando a meio da noite e escutava o ruído baixo vindo do quarto, suspirando de tristeza pelo ser delicado com quem convivia estar passando por tanto sofrimento.

Quando isso acontecia, eu me levantava e arrastava meu corpo sonolento até ao cômodo, batendo à porta, e o rapaz terminava por me conceder a passagem. Normalmente, o questionava se queria que me deitasse com ele ou se preferia que eu lhe trouxesse um copo e um comprimido para dormir, mas ele sempre negava a segunda opção, ficando-se pela primeira. Acabei por presumir que, provavelmente, o mesmo não conseguiria dormir se negasse minha companhia. Eu me enfiava em baixo das cobertas, meu corpo pedindo por algum descanso e o obtendo quando finalmente ouvia a sua respiração tranquila e pesada. Era como se eu tivesse acabado de ter tido um bebê — não no mau sentido, eu estava amando a sua companhia — e ele necessitasse de minha atenção a todo o momento.

Apesar de eu dizer ao mais velho que podia ficar o tempo que quisesse em minha casa — o que ele aceitou de bom grado —, eu também expus a ideia do mesmo ir até ao seu apartamento buscar algumas roupas e objetos pessoais que necessitasse. Não preciso de dizer que ele negou veemente, não me dizendo o porquê — ainda que eu não carecesse da confirmação de que ele estava amedrontado de algo terrível acontecer e das suas memórias ainda estarem frescas —, mesmo eu insistindo que ficaria à porta vigiando.

Já para além de não falar em alguns acontecimentos estranhos quando eu falava na eventualidade do mesmo sair comigo para fazer pequenas compras, ir até ao salão ou simplesmente dar um passeio no parque mais próximo. O seu comportamento podia ser classificado como assustado quando eu falava na chance do mesmo por um pé fora de casa, e eu compreendia. Afinal, Taehyung devia temer que Yesung fosse solto sem o nosso conhecimento — o que jamais aconteceria, eu havia falado com Yoongi para me avisar caso alguma coisa fosse alterada em relação à prisão do namorado violento e ele me garantiu que eu teria informações em primeira mão acerca de todo o processo.

E o que mais me irritava é que tudo isso tinha acontecido porque ninguém havia tido a coragem de intervir na maldita relação dos dois, toda a gente ignorava as constantes discussões e agressões que aconteciam e isso me deixava nervoso e puto. Se um casal tem problemas tão graves ou pior que Taehyung e Yesung, deve-se intervir sim, e quem diz que não está errado! Muito menos se deve ignorar os sinais de abuso quando os envolvidos o demonstram. Porque as pessoas pensam que, por não ser a sua relação, não tem que ver com elas? E eu me pergunto se, eu não tivesse me mudado, será que isto teria tido um final diferente? Mais trágico?

Hoje era o sétimo dia que Taehyung permanecia em minha habitação e, depois de jantarmos — Taehyung mal tocou na comida, me preocupando —, assistimos um pouco de TV até o mesmo confessar que se sentia ensonado. Eu lhe desejei uma boa noite e beijei os seus cabelos antes do mesmo desaparecer dentro do cômodo, me fazendo lamentar por toda essa situação e ansiar que tudo ficasse melhor em um estalar de dedos. No entanto, constatei que isso estaria longe quando, ainda antes de desligar tudo e me deitar, ouvi seus soluços baixos.

Mais uma vez, apaguei todas as luzes e me dirigi para o quarto, levando meu punho até à porta de madeira e a socando levemente, ouvindo um "Entre" fraco. Repeti o processo de me deitar debaixo da colcha, à sua frente, levando minha mão até à sua cintura e o puxando para perto de mim. Enquanto o olhava e abraçava o seu torso, afaguei os seus cabelos, esperando que o mesmo adormecesse como costumava fazer.

— Jungkook? — passados alguns minutos de completo silêncio, ele se pronunciou, o seu tom era calmo e baixo, talvez estivesse com medo de me acordar, mesmo que eu ainda não estivesse dormindo. — Está acordado?

— Sim, meu anjo. Você está bem? — eu perguntei e meus olhos se abriram, o encarando. Minha voz sonolenta despertou e meu coração começou a bombear o sangue duas vezes mais rápido com a mínima possibilidade do mesmo se sentir desconfortável. — Precisa de alguma coisa?

— Eu só... — ele ainda mantinha os olhos fechados, talvez tentando ganhar forças para dizer o que sentia. Eu senti sua respiração ficar mais descompassada, entendi que o mesmo estava a ponto de quebrar no choro. Sua voz embargada não o possibilitava de expressar o que queria, penso que estava a tentar não derramar qualquer lágrima. — Eu...

— Hey, calma, eu estou aqui com você, não precisa ficar exaltado, está bom? — devido à fraca — mas suficiente — iluminação do cômodo, eu pude ver seus olhinhos se apertando e ele tomar fôlego. Fiz pequenas festas em seu cabelo negro, tentando lhe passar confiança e dizendo que eu estava ali para o ouvir. — Me diz, o que você está sentindo?

— Eu e-estou com m-medo. — percebi que sua voz estava frágil e trêmula e o abracei ainda mais forte, sua cabeça descansava no meu peito e eu senti meu coração apertar conforme as palavras saíam da sua boca. — Se Yesung... se ele voltar, ele me vai matar. Ele vai matar você!

— Não, ele não vai! Eu não vou deixar ele fazer isso. — eu falava com confiança, mas realmente não saberia o que fazer se aquele homem corpulento aparecesse em minha frente, armado e pronto para tirar minha vida. De qualquer das maneiras, Yoongi me avisaria se ele fosse solto, portanto, não me preocupei. — Ele nunca mais vai tocar em você, Taehyung, eu te prometo! Nunca mais...

— Se ele matar você, eu morro, Jungkook. Eu simplesmente morreria se soubesse que você se machucou por minha causa. — depois disso, ele me abraçou apertado, se desmanchando em lágrimas, seu peito sacudindo de forma descomedida em meus braços, enquanto eu fiquei estático com suas palavras. Eu nunca havia percebido que significava tanto para o homem à minha frente.

Afaguei seus cabelos novamente, esperando que o mesmo se acalmasse. Quando Taehyung parou de chorar, levantei a sua face e levei meu polegar até à mesma, limpando todos os vestígios de água salgada que pudesse estar ali. Ele abriu os seus olhos, os mesmos estavam marejados e brilhantes. Era incrível como até chorando, Taehyung era bonito. Acariciei sua face delicadamente, ambos nos olhávamos curiosos com o próximo movimento ou palavra alheia.

— Você não vai morrer, Tae. Eu não vou deixar isso acontecer, Yesung só o verá em sonhos. Porque eu juro que, se depender de mim, ele nunca mais vai ver você enquanto for vivo.— eu me inclinei em sua direção, beijando a pontinha do seu nariz que estava vermelha devido ao seu choro e seguindo para suas bochechas, meus lábios raspando na pele húmida devido à água derramada por si. Ele me olhou espantado, seus olhos esbugalhados como da primeira vez que nos vimos e eu voltei a abraçá-lo, deixando minha mão repousar sobre as suas costas, sentindo seu corpo relaxar. — Agora vamos dormir, você deve estar cansado.

Eu descansei minha cabeça na almofada macia e, por sua vez, Taehyung pousou a sua no meu peito. E, em alguns minutos, eu adormeci, com a pessoa mais preciosa do meu mundo ao meu lado, ouvindo a sua respiração serena e tranquila.

🥀

— Bom dia, Tae. — me alegrei ao ver o mais velho sair do quarto, com sua carinha inchada e esfregando seus olhinhos de sono. Mais uma vez ele estava lindo, até mesmo quando parecia um bebê, acabando de acordar, e me questionei como Yesung não foi capaz de lhe dar valor enquanto o teve. Chacoalhei a minha cabeça, me livrando dos pensamentos que continham esse monstro e me lembrando que havia me levantado cedo só para garantir que comprava algo de que ele gostava, afinal, ele não havia vindo a comer quase nada e eu almejava o agradar. — Espero que tenha dormido bem. Eu acabei de vir da padaria e trouxe algo gostoso para comermos, venha sentar-se aqui.

— Eu... eu não ten...

— Nah nah, não venha com a desculpa que não tem fome. Tem que comer nem que seja só um pouquinho, ou vai ficar sem forças. Vamos, se sente aqui. — eu falei divertidamente, apontando para uma cadeira. No entanto, meu tom de felicidade sumiu quando ele me olhou, cabisbaixo, arrastando o seu corpo e se sentando no sítio que eu indicara.

— Desculpe.

— Hey, está tudo bem, não precisa de me pedir desculpa, está bom? — eu fui até a si e levei meu indicador até ao seu queixo, que fiz questão de levantar e fazê-lo me olhar. Tentei transmitir confiança com meu olhar, antes de beijar sua testa e, após o meu gesto, ele corou e acenou, continuando cabisbaixo. Eu suspirei, eu teria que ser mais cuidadoso com a escolha de palavras, sabendo que ele ainda estava sensível e, para além disso, era bastante submisso a qualquer ordem alheia. — Me desculpa a mim, eu que fui parvo, mas saiba que só estava brincando. É só que você realmente precisa comer, ontem não comeu quase nada...

— Sim, eu vou comer. — ele acabou por dar um sorriso fraco, se servindo de um pedaço de comida. Eu também não me demorei a sentar, me servindo também, deixando a pairar no ar um silêncio confortável.

O seu comportamento errático me fez pensar durante todo o trajeto para a padaria, eu refleti em todas as possibilidades à minha disposição e no que poderia fazer por Taehyung e três ideias chaves acabaram por surgir: marcar uma consulta em uma nutricionista, idas constantes a um psicólogo e, quando o homem estiver melhor, voltar ao trabalho. Eu não sabia muito mais sobre ele, mas tenho a certeza que havia mais aspetos da sua vida que ele teria que melhorar. Contudo, penso que aqueles eram os principais.

— Então, Taehyung... — eu comecei, minha voz doce e calma preenchia o ar e eu tentei escolher de forma sábia as palavras que iria pronunciar. — estava pensando, e achei que gostasse de melhorar um pouquinho sua vida, sabe?

O rapaz, que naquele momento mastigava um pedaço de pão com toda a vontade que tinha — eu sabia que era nula, mas tinha de ser —, me olhou, curioso. — O que você quer dizer com isso?

— Eu pensei muito no assunto, e acabei chegando à conclusão que, para além da minha ajuda, você precisa da ajuda de profissionais. — sua face se contorceu, ele não achou grande ideia e eu já estava à espera disso, mas continuei expondo minha ideia. — Que tal ir a um nutricionista? Ou a um psicólogo? — agora, seu olhar ostentava pânico, e eu suspirei. — É que você não consegue se abrir comigo, e eu não sei mais o que fazer para ajudar você, de verdade...

— Não, por favor! Eu me abro com você, mas não me obrigue a ir um psicólogo, por favor! — ele implorou, quase que pude ver as lágrimas brotarem em seus olhos bonitos e atraentes. Meu coração doeu, eu sinceramente não suportava a ideia de ele estar magoado ou de alguém dizer algo que provocasse um sentimento de tristeza no homem à minha frente.

— Taehyung, não se preocupe! Eu nunca o vou forçar a nada que não quiser, okay? — eu me levantei, indo até ao seu encontro e o puxando para um abraço aconchegante. Acabei descobrindo que necessitava de contacto com Taehyung, o seu cheiro e a sua presença me acalmavam, assim como penso que a minha também fazia o mesmo consigo. — Tenho uma ideia... que tal começarmos aos poucos, ah?

Eu afastei os seus fios negros dos olhos, esses que agora estavam postos em mim. Estávamos tão próximos que eu conseguia sentir sua respiração embater contra minha face, o cheiro do seu champô de cereja invadindo minhas narinas e me deixando inebriado. Sua voz trêmula voltou a emergir, e eu adorava a ouvir de tão perto. — Como?

— Humm... primeiro começávamos com as consultas de nutrição e, depois, se se sentir confortável, iremos a um psicológo, que tal? — seu olhar não foi dos melhores, e eu tive uma ideia ainda melhor. — Okay, que tal então uma psicóloga? Soa melhor para você?

Ele mordeu os lábios, provavelmente considerando minha segunda proposta, e eu levei meu polegar até aos mesmos, impedindo que ele se machucasse a si mesmo. No entanto, depois de o fazer parar com o movimento cortante, continuei passando a ponta de meu dedo por sua pele, o fazendo erguer seus olhos até ao meu rosto e me encarar surpreso, como se perguntasse o que estava fazendo. No início, eu apenas queria que ele parasse com aquela mania que acabava por danificar os seus lábios, mas acabei por me hipnotizar pelos seus lábios tão bem desenhados e cheiinhos. Meu olhar se revezava entre seus olhos e sua boca demasiado convidativa, até que me apercebi do que fazia.

— Hum... não temos de falar sobre isso agora. — eu chacoalhei minha cabeça, finalizando nosso contacto e arranjando uma desculpa para meus atos estranhos. Seus globos oculares continuavam arregalados, será que eu o tinha assustado? — Você... quer ir ver um filme, ou uma série? Eu posso fazer pipoca para nós, seria bom, não?

Ainda sem dizer qualquer palavra, ele assentiu silenciosamente, se levantando e se dirigindo até ao sofá confortável que se encontrava no meio da sala iluminada, me fazendo negar com a cabeça. Que porra eu tinha em meu pensamento para sequer cogitar beijar Taehyung? Ainda para mais, sabendo que ele estava tão fragilizado com os últimos acontecimentos.

Fui também em direção à sala, me sentando na mobília a uma distância que fosse confortável para Taehyung porque, para mim, se ele estivesse bem agarradinho a meu corpo, eu estava super confortável. E, como se lesse os meus pensamentos, ele se aproximou devagar e, depois de eu pegar o controle remoto, ele encostou sua cabeça em meu ombro e me abraçou, me fazendo sorrir e meu braço automaticamente trilhou um caminho atrás de suas costas, o puxando mais contra mim como se o acto pudesse fazer com que nos fundíssemos. — Então, o que você quer assistir?

🥀
Ahhh foi quase beijo, como está o vosso coração?
Capítulo pequenino, mas nós prometemos que compensamos no próximo

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