Negócio Fechado

By _Nix81

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[Reta Final | Em Revisão] Não estava nos planos de Henrique repetir o último ano do ensino médio, mas, quando... More

Em Breve
Notas Iniciais
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezessete: Parte I
Capítulo Dezessete: Parte II
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois: Parte I
Capítulo Trinta e Dois: Parte II
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Capítulo Trinta e Seis
Capítulo Trinta e Sete
Capítulo Trinta e Oito
Capítulo Trinta e Nove

Capítulo Dezesseis

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By _Nix81

Eu não acredito que o Sérgio está traindo a Helena.

Henrique rolou em sua cama enquanto segurava seu telefone próximo ao ouvido e puxou seu cobertor para mais perto de si, tentando se aquecer.

— Tio, o senhor não deveria ficar surpreso com as coisas que o seu irmão é capaz de fazer. Aliás, como foi que vocês dois saíram do mesmo útero mesmo?

Acredite, às vezes, eu também me faço essa mesma pergunta — respondeu divertido recebendo uma risada fraca de Henrique em resposta. — Agora o mais importante: como você está lidando com tudo isso? Eu posso contar para a sua mãe, se achar que é muito para você.

— Não! — exclamou levantando-se de supetão. — Minha mãe não pode ficar sabendo de nada agora — Henrique caminhou até a porta de seu quarto, a abriu e examinou o corredor silencioso de sua casa, certificando-se de que seus pais ainda não haviam chegado do jantar com o governador.

Ele sabia que estava reproduzindo o mesmo discurso de seu pai. Mas também não podia negar, que de certa forma, Sérgio tinha razão. Sua mãe não podia descobrir a traição do marido justo no momento em que dava sinais de melhora.

Henrique não queria ser responsável por arruinar a primeira e provavelmente única chance de sua mãe voltar a ser como era antes. Dionísio soltou um suspiro pesado, enquanto o garoto voltava para a sua cama.

Tudo bem, filho. Eu entendo completamente esse seu lado protetor em relação a Helena. Mas você sabe, que cedo ou tarde, ela precisa saber a verdade.

Ele sabia disso. Só estava querendo adiar esse acontecimento o máximo de tempo possível.

— Seu tio me parece ser uma boa pessoa — concluiu Ayla após escutar o relato de Henrique sobre a conversa que ele havia tido com o presidente da vinícola.

— Ele é sim — respondeu com um sorriso no rosto enquanto empurrava sua bicicleta pelas ruas do Tártaro. — Às vezes, eu queria que ele fosse o meu pai — completou em um tom de voz mais baixo, como se, de certa forma, estivesse confessando um grande segredo.

Ayla o fitou por alguns segundos encontrando vergonha e até um pouco de culpa em seu rosto.

— Parece que pra você, dizer isso é uma coisa terrível — constatou o incentivando a falar mais sobre o assunto. Henrique, no entanto, ficou em silêncio e olhou para frente. — Tá tudo bem, muita gente não é feliz com a família que tem.

Ayla não costumava ser a pessoa a aconselhar os outros sobre seus problemas e dilemas interiores, tampouco era adepta às conversas profundas sobre sentimentos e todas as outras coisas que vinham inclusas no pacote.

Mas algo havia mudado. Algo que a fez despertar dentro de si essa necessidade incontrolável de sempre ver bem as pessoas que gostava. Ela era cabeça dura o suficiente para não admitir que essa mudança havia acontecido por causa de Henrique e que, infelizmente, ele fazia parte desse grupo.

Em contrapartida, o garoto, alheio aos seus pensamentos, apertou com força o guidão de sua bicicleta e olhou para o chão, um pouco incerto sobre como continuar aquela conversa.

— Sei lá... parece que eu tô reclamando de barriga cheia, sabe? Eu tenho os meus pais, tenho uma boa casa e a minha família é praticamente milionária. O que mais eu poderia querer?

Amor?

Henrique a encarou surpreso, e Ayla sentiu-se na obrigação de desviar o olhar para qualquer outra coisa que não fossem seus olhos. Ela olhou para a lua crescente daquela noite, tentando não demonstrar o quanto estava se sentindo boba por ter mencionado aquele tópico.

— Continua — disse Henrique fazendo-a focar o olhar nele mais uma vez.

— O quê?

— Fala mais sobre o amor — pediu suavemente. — Eu não sabia que você gostava de falar sobre isso.

Ela não gostava.

A verdade é que Ayla odiava quando as conversas, aparentemente leves e sem nenhum propósito, beiravam a algo mais sério e profundo.  Não gostava de falar sobre essas coisas, porque de certa forma, ela sempre acabava revelando um pouco de si, como um meio de justificar suas opiniões.

Ela odiava ter que se justificar, assim como odiava falar sobre si mesma.

Ayla odiava muitas coisas, mesmo sabendo que não era recomendável semear aquele sentimento dentro de si.

— Bom, eu vivo dizendo pra Babi que detesto esses romances água com açúcar que ela tanto gosta, porque eles sempre giram em torno da premissa de que se você tem o amor, você tem tudo.

— E não é isso?

— Por um bom tempo, eu achei que esse sentimento não era algo essencial, que dava pra viver sem ele — riu baixinho. — Mas desde que eu me mudei pra Vinberurbo e percebi a falta que a minha família faz, eu tive a confirmação de que ele é sim importante. Muito importante.

Henrique balançou a cabeça lentamente, ainda um pouco cético sobre o fato de que Ayla havia falado todas aquelas palavras por livre e espontânea vontade.

— Então, não adianta de nada seus pais estarem vivos e você possuir todo o dinheiro do mundo, se no final das contas, você não se sente amado.

Henrique abriu um pequeno sorriso.

Ele adorava quando Ayla fazia aquilo. Adorava quando ela deixava de lado sua pose de garota séria para se dedicar inteiramente a tarefa de animá-lo. Fazia parecer que ela estava se "sacrificando" por ele. Que estava atropelando seu jeito de ser apenas para fazê-lo se sentir bem.

Ele aproveitou a deixa por ela estar distraída olhando para o outro lado da rua e permitiu-se analisá-la por alguns minutos. Ela usava seu costumeiro rabo de cavalo no topo da cabeça, seus óculos perfeitamente posicionados em frente ao rosto e ainda vestia o uniforme do cinema. Henrique não se importava com o fato dela raramente usar maquiagem ou de quase nunca colocar um vestido.

Ela era bonita. Mesmo que estivesse toda descabelada e usando trapos, ele ainda diria que ela era a garota mais linda do mundo.

É, ele realmente estava ferrado.

Tanta garota para se apaixonar e tinha que justo pela que queria apenas sua amizade?

Que merda.

Mas ela também não facilitava muito. O que custava lhe dar uns beijinhos? Sua boca não iria cair por causa disso.

— No que você tava pensando?

Henrique engasgou-se e arregalou os olhos ao ser pego em flagrante. Quer dizer, não exatamente em flagrante. Ayla não era capaz de ler pensamentos.

Ou era?

— É... Eu tava, eu tava... — divagou sem saber ao certo o que dizer e, tentando pensar em alguma desculpa convincente, baixou a cabeça, adotando uma expressão séria em seu rosto. — Eu tava refletindo sobre as coisas que você acabou de falar — disse pensativo e suspirou. — Ah, o amor.

Ayla revirou os olhos para a tentativa fracassada do garoto de mentir para ela.

Amador.

Mesmo sabendo que ele não havia falado a verdade, ela optou por não insistir em saber o que havia roubado sua atenção. Não deveria ser nada demais.

— Acho que todo mundo é merecedor desse sentimento — continuou retomando a conversa. — Até mesmo um burguês como você.

Henrique sorriu de lado.

— É impressionante como você sempre arranja um jeito de estragar os momentos legais que a gente tem.

— Eu não disse nenhuma mentira, você é mesmo um burguês.

— Um burguês gostoso.

Ayla arfou incrédula.

— Por favor, um minuto de silêncio. Sua vergonha na cara acabou de morrer.

Henrique soltou uma gargalhada em alto e bom som, e esta foi ligeiramente acompanhada por uma risada de Ayla, em um tom mais contido e discreto. Mas ainda assim, eles estavam rindo juntos. E saber disso, de alguma forma, trazia uma sensação completamente nova, mas ao mesmo tempo muito boa ao coração do garoto.

Ela vinha para comprovar algo bastante óbvio: que ele era um legítimo, genuíno e autêntico trouxa.

Estava parecendo a droga de um Romeu pensando em todas aquelas coisas melosas e profundas sobre Ayla. Precisava reativar o seu "modo bad boy" o mais rápido possível se não quisesse perder todo o respeito que havia conquistado.

— Chegamos — disse Ayla parando em frente a sua casa. Ela levou uma mecha de cabelo para trás de sua orelha e piscou rapidamente procurando parecer o mais grata possível. — Obrigada por ter me acompanhado.

— Ah, não foi nada — respondeu dando de ombros. — Eu só queria ter certeza que você ia ficar a salvo dos ladrões, assassinos e tudo mais.

— Você me manter a salvo? Esqueceu que fui que impediu que aqueles caras te esfaqueassem até a morte?

— Isso só aconteceu porque eu não tava preparado — colocou a mão na cintura e estufou os peitos tentando parecer mais forte.

— É mesmo?

— Claro que sim. Olha só, se alguém do Tártaro aparecesse aqui, agora, nesse exato momento — frisou —, as coisas seriam bem diferentes.

Ayla balançou a cabeça ainda um pouco descrente sobre a afirmação do garoto e começou a procurar dentro de sua mochila o molho de chaves. Enquanto isso, Henrique continuava de pé, parado e segurando sua bicicleta. Esperando que a garota entrasse para dentro de casa, para que só assim, ele pudesse ir embora para a sua.

Então é você o famoso filho do prefeito?

Henrique paralisou em seu lugar ao escutar aquela voz tão grossa atrás de si e Ayla sorriu presunçosa quando viu medo estampado no rosto do garoto.

Lentamente, ele virou seu corpo de lado, visualizando por alguns segundos o homem forte e mal-encarado que o fitava divertido. Em um acesso de desespero, Henrique largou sua bicicleta no chão e levantou os braços para cima.

— Ah, meu Deus, eu não tenho mais nenhum minuto de paz nessa cidade — praguejou. — Eu juro que eu não fiz nada, tá bom? Apenas sou um cara de bom coração, que gentilmente se ofereceu pra acompanhar essa linda garota indefesa até em casa.

Ayla passou a mão pelo rosto e suspirou cansada, enquanto o homem alto e de cabelos castanhos, soltou uma risada, fazendo com que Henrique baixasse seus braços e o encarasse confuso.

— Você não vai me matar?

— Se é isso que você quer, eu posso dar um jeito — disse puxando algo de dentro de seu casaco, mas rapidamente Henrique o impediu de continuar aquela ação.

— Não! Tá bom assim, morte não — entrepôs e levantou sua bicicleta do chão. Ele a examinou, tentando descobrir se não havia quebrado alguma coisa.

— Ayla, não sabia que você tinha amizade com as pessoas do Leste — o homem direcionou seu olhar para a garota parada em frente a porta de sua casa e a viu soltar um pigarro um pouco nervosa.

— O Henrique trabalha comigo, Fox.

Fox?

Espera. Fox não era o líder da tal gangue que Ayla havia falado? Não era um criminoso e um potencial suspeito de ter roubado o cinema?

Henrique não estava entendendo mais nada.

— Ah, claro — disse o homem compreensivo. Ele passou a mão direita sobre seus cabelos e lançou um olhar de ternura em direção a garota. — E você tá bem?

— Tô sim, não se preocupa — respondeu calma massageando os braços.

— Que bom — sorriu fracamente e Henrique fez uma careta para aquilo. Por que os dois pareciam tão íntimos? — Então eu vou indo. Só vim pra ver como você tava.

Ayla acenou em resposta e junto com Henrique observou o homem caminhar para longe deles. De costas, ele parecia ainda mais intimidador. A julgar pelo seu rosto com poucas rugas e pela barba rala que o cobria, Henrique não seria capaz de lhe dar mais do que quarenta anos. Quando enfim sua silhueta desapareceu na escuridão da noite, o garoto virou-se para Ayla, a fitando com um olhar desconfiado.

— Parece que você é muito amiga desse tal de Fox.

A garota abriu a boca sem conseguir emitir nenhuma palavra. Voltou a vasculhar sua mochila em busca do molho de chaves e ficou aliviada quando rapidamente o encontrou.

— Ayla-

— Tenha uma boa noite — despediu-se e abriu a porta fechando-a na mesma rapidez.

Henrique ainda ficou alguns minutos parado em frente a sua casa, esperando que ela voltasse e lhe esclarecesse tudo, mas aquilo não aconteceu.

O som abafado do sinal da escola ressoou pelo banheiro feminino, fazendo Ayla acelerar a lavagem de suas mãos. Ela fechou a torneira e encarou seu reflexo no grande espelho retangular fixado na parede, ao mesmo tempo em que observava as outras alunas saírem apressadas pela porta.

O banheiro estava vazio, pelo menos era o que ela achava até escutar o barulho de uma das cabines sendo aberta, surpreendentemente revelando uma Maria com o rosto um pouco vermelho e a maquiagem levemente borrada.

A garota fez uma expressão de antipatia ao perceber que Ayla estava ali, mas mesmo assim caminhou em direção a uma das pias, parando ao seu lado. Ela depositou sua mochila sobre a bancada de mármore e observou de soslaio a funcionária do cinema ajeitar seu uniforme.

— É melhor você ir pra sala se não quiser levar uma advertência por chegar atrasada.

— O mesmo pra você — replicou Ayla pegando algumas toalhas de papel.

Maria sorriu.

— Você realmente quer se comparar a mim? Eu sou filha do dono da Vinícola Montenegro, enquanto você é só uma bolsista. Sabe que não pode cometer nenhum deslize.

— Ah, Maria, sempre tão agradável. Sua simpatia me comove — exclamou Ayla acabando de enxugar suas mãos e jogar o papel usado dentro da lixeira.

— Idiota — resmungou baixinho.

Maria retirou uma pequena bolsa de dentro de sua mochila, pegou alguns produtos e começou a passá-los pelo rosto. Ayla não pôde deixar de notar as olheiras evidentes debaixo de seus olhos.

— Você tava chorando? — questionou sem pensar.

Por que estava fazendo aquilo? Não se importava com ela.

Maria respirou fundo, ao que parecia, tentando se acalmar e continuou com o olhar fixo no espelho, sem se dar o trabalho de virar-se para Ayla enquanto a respondia.

— Não, eu não tava. E mesmo que eu tivesse, você não tem nada a ver com isso. Nós não somos amigas. Eu te odeio.

Ayla colocou a mão em cima de seu peito, tentando parecer chocada.

— Você não sabe o quanto é bom ser digna do seu ódio.

Na verdade, Ayla não sabia exatamente o motivo de Maria detestá-la tanto. Quer dizer, era bem óbvio que a garota odiava o fato dela ter as melhores notas da escola e de sempre ser elogiada pelos professores.

Mas também não era como se Ayla não fizesse por merecer. Quando não estava trabalhando ou investigando o roubo do cinema com Henrique, mergulhava de cabeça em seus estudos, sempre buscando se adiantar nas matérias. Não conseguia aquilo atoa.

— Olha, eu não tô com a mínima vontade de ter que lidar com você a essa hora da manhã. Então, por que não sai daqui?

— Tá bom — Ayla apertou a alça de sua mochila. — Eu também não tô afim de olhar pra sua cara — finalizou e caminhou para fora do banheiro, deixando para trás uma Maria completamente furiosa.

Garota maluca.

***
Oi, muito obrigada por ter lido até aqui ❤️. Se tiver gostado do capítulo, não esquece de deixar seu voto, ajuda demais no crescimento da obra aqui na plataforma.

Feliz dia dos namorados! (Mesmo que você não tenha namorado (a), eu também não tenho, então...) Eu não ia atualizar a história hoje, mais aí eu lembrei dessa data e que esse capítulo é cheio de momentos do Henrique sendo trouxa pela a Ayla, então eu pensei: por que não?

Bom, é isso, mais uma vez, muito obrigada por ter lido até aqui. Até mais.

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