Negócio Fechado

By _Nix81

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[Reta Final | Em Revisão] Não estava nos planos de Henrique repetir o último ano do ensino médio, mas, quando... More

Em Breve
Notas Iniciais
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete: Parte I
Capítulo Dezessete: Parte II
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois: Parte I
Capítulo Trinta e Dois: Parte II
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Capítulo Trinta e Seis
Capítulo Trinta e Sete
Capítulo Trinta e Oito
Capítulo Trinta e Nove

Capítulo Treze

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By _Nix81

Por que demorou tanto pra ligar? Tava com saudade.

Ayla abriu um pequeno sorriso ao escutar a voz meiga e levemente irritada de sua irmã através do telefone em sua mão. Ela analisou a rua pouco conhecida em que se encontrava e olhou para a grande porta da escola à sua frente.

Percebendo que ela ainda estava fechada e certa de que ainda demoraria uns bons minutos até o sinal tocar, retirou a mochila de suas costas e se sentou em um largo banco de concreto que havia no meio de uma pequena praça ali.

— Desculpa, eu também tô morrendo de saudades de você, anjinho — respondeu com uma voz calma, mas que ao mesmo tempo deixava transparecer toda a carência que estava sentindo em relação a ela. As duas eram bastante próximas e havia sido difícil para a garota deixar a irmã e seus pais para ir morar em Vinberurbo — Mas me conta, como estão as coisas por aí?

A tia da escola mandou a gente fazer um desenho da coisa que a gente mais ama nesse mundo! E eu desenhei você, a mamãe e o papai — os olhos de Ayla brilharam com a fala da garotinha e ela se sentiu uma verdadeira boba ao perceber que eles haviam se enchido de lágrimas.

Talvez fosse porque estava na época do "mar vermelho" e geralmente ela se tornava bem emocional nesse período, mas não conseguia evitar que seu coração se transbordasse de alegria com aquele ato tão pequeno, mas ao mesmo tempo tão importante para ela.

Droga, realmente estava sentindo falta de sua família.

O Zeca desenhou a Cida e eu disse que isso era errado, porque ele não pode amar ela mais que todo mundo — Ayla soltou uma pequena risada. — Mas ele falou que ela é a coisa mais importante da vida dele.

A garota de cabelos negros meneou a cabeça ao se lembrar do melhor amigo de Sofia e de sua inseparável galinha. Crianças de seis anos podiam ser bem apegadas aos seus animais de estimação.

— A vida é assim. Você não pode questionar o amor das pessoas. Se faz bem pra elas, apenas aceite.

Sofia concordou, mas ainda relutante, disse que iria ter uma séria conversa com o garoto sobre o verdadeiro significado daquele sentimento. Elas conversaram por mais alguns minutos sobre a escola e os novos desenhos animados que a garotinha havia começado a assistir. 

Aquilo havia sido suficiente para matar um pouco da saudade que Ayla estava sentindo.

Tinha Babi e Santi junto consigo e Deus sabia o quanto ela era grata por eles, mas a sensação de chegar todo dia em casa depois do trabalho e não ter ninguém a esperando era simplesmente aterrorizante.

Sofia, é a sua irmã? — a funcionária do cinema pulou de susto ao escutar a voz forte de sua mãe ressoar do outro da linha. — Deixa eu falar com ela.

Tá bom — disse a garotinha com uma voz desanimada e Ayla podia jurar que ela estava fazendo um biquinho de frustração pela interrupção da mais velha. — Tchau, Ayla. Eu te amo muito, não esquece de ligar mais rápido da próxima vez, tá bom?

— Ok — Respondeu risonha. — Também te amo, maninha. Tchau.

Quando terminou a despedida e escutou os passos da menor se afastando, suspirou feliz olhando para o céu daquela tarde, que surpreendentemente deixava o sol mostrar um pouco de seus raios. Conversar com Sofia sempre a animava.

Na verdade, conversar com a sua família sempre a animava.

Esqueceu que tem família, foi, garota?

Ayla fechou os olhos ao escutar a voz alta e irritada de sua mãe. Afastou o telefone de sua orelha temendo pela sua audição e respirou fundo antes de voltar a aproximá-lo de seu rosto.

— Mãe...

Nada de "mãe". Você passou uma semana inteira sem nos ligar. Eu e seu pai estávamos prestes a ir à delegacia te declarar como desaparecida.

A garota revirou os olhos com o drama da mulher.

— Eu tô bem, tá? Inteirinha e sem nenhum arranhão. Só tava muito atarefada com as coisas da escola, do cinema e... — "uma investigação que eu tô fazendo com o filho do prefeito pra ganhar dinheiro e não ser despejada de casa". — E o meu amadurecimento como mulher.

Não havia sido tão ruim, vai. Era melhor do que contar para a sua mãe que estava com os aluguéis atrasados e correndo um sério risco de ficar sem casa para morar.

Eu vou fingir que acreditei nessa sua desculpa esfarrapada, porque daqui a pouco preciso sair para vender bolo e não posso perder tempo brigando com você.

Ayla arqueou as sobrancelhas.

— Espera, vender bolo? Mas hoje é segunda.

Um silêncio se fez presente na linha e a garota pôde escutar um suspiro entrecortado da mulher.

— Mãe...

Seu pai não está conseguido arranjar trabalho, ok? Só estou tentando ajudar.

Ayla respirou fundo, praguejando mentalmente.

— Tá muito difícil?

Filha, não precisa se preocupar com isso. A coisa mais importante para você são os seus estudos. E está tudo bem, não é? Você tem uma casa e um bom emprego.

Ayla apertou o telefone com força em sua mão e prendeu a respiração tentando não demonstrar o quanto estava afetada.

Não, não estava tudo bem.

Naquele momento, ela sentiu uma enorme vontade de chorar. Estava com tanto medo e só queria poder conversar com sua mãe sobre aquilo.

Mas não podia estressá-la ainda mais com os seus problemas, por isso mordeu os lábios, engoliu o choro e abriu um grande sorriso mesmo que a mais velha não pudessse vê-lo.

— Claro. Aqui tá tudo ótimo, com isso você não precisa se preocupar.

A garota conseguiu escutá-la suspirar aliviada.

Que bom, pelo menos uma coisa para me deixar feliz. Mas agora me conta: você está se alimentando bem? Dormindo na hora certa? Parou de tomar tanto café, certo?

Ayla passou a mão pelo rosto, indecisa sobre ser sincera ou não.

— Eu tô me alimentando bem.

Henrique precisou esfregar os olhos para ter certeza que estava mesmo vendo Ayla sentada na pracinha em frente à sua escola.

Ele rapidamente finalizou a conversa que estava tendo com um dos garotos de sua classe e apressou o passo para chegar até ela. Ainda sentada no banco de concreto, Ayla mantinha o queixo apoiado sobre sua mão direita, cantarolando baixinho alguma música que o garoto não conseguiu identificar.

— Você por aqui? — ao escutar a voz de Henrique, Ayla congelou em seu lugar e arregalou os olhos. Lentamente, ela virou o corpo de lado e deu de cara com seu colega de trabalho, que apesar de confuso, possuía um sorriso presunçoso no rosto. — Bem, isso é uma coisa nova de se ver.

Ela ficou calada por alguns segundos sem saber ao certo o que falar. Colocou o celular dentro do bolso e levantou-se, ficando de frente para ele.

— Henrique — cumprimentou meio sem jeito e coçando a nuca. Henrique sorriu para o seu gesto envergonhado. — Acredita em coincidências? Eu tava voltando da escola e acabei passando em frente à sua.

Acredito — exclamou tentando parecer convincente. — Não é nada estranho você morar em Vinberurbo há mais de um ano e nunca ter passado em frente à minha escola. Também é super aceitável o fato de você tá voltando por aqui sendo que o caminho da sua casa não é esse.

Ela abriu a boca em um "o".

— Eu... conheço um atalho — respondeu depois de um tempo e Henrique soltou uma risada. Ele apertou as alças da mochila em suas costas e olhou para algo atrás da garota.

— Quer comer um pastel? — Ayla franziu o cenho e virou-se, fixando o olhar em uma pequena barraca que estava a alguns metros de distância dos dois. — A gente tem um tempo até o cinema abrir.

— Claro — pegou sua mochila que estava em cima do banco e o acompanhou em direção ao homem que vendia coxinhas e pastéis para alguns alunos.

Pela primeira vez desde que conheceu Henrique, Ayla não sabia como agir em sua presença. Claro, poderia ser a pessoa carrancuda de sempre e lhe dar respostas atravessadas, mas ela não era tão insensível ao ponto de tratá-lo mal tendo conhecimento do que estava acontecendo.

— Dois pastéis, por favor — o garoto pediu para o senhor atrás da barraca, e ele foi rápido em atendê-lo, entregando os pastéis dentro de um saco de papel. Ayla balançou a cabeça em negação quando viu Henrique puxar a carteira de seu bolso e pegar uma cédula de lá, suficiente para pagar pelos dois.

— Você não precisa pagar por mim.

— Robozinha, é só um pastel. Deixa de ser tão orgulhosa.

Ela suspirou e acabou por ceder, deixando que o garoto entregasse o dinheiro para o vendedor. Depois de serem atendidos, eles começaram a caminhar para longe da escola. Enquanto esperava a garota acabar de comer, Henrique chutava algumas pedrinhas que encontrava pelo chão.

Quando enfim engoliu o último pedaço do salgado, Ayla se limpou, jogando o guardanapo usado dentro de uma lata de lixo que havia logo ali, apenas para começar a encará-lo sem muita discrição.

— Pode perguntar.

— O quê?

— Eu sei que você quer perguntar. Vai, mata a sua curiosidade de vez.

Ayla desviou o olhar e soltou um pigarro, tentando encontrar coragem dentro de si para fazer a pergunta que a estava corroendo por dentro. Em um dilema, luxou o ar com força, sutilmente observando o rosto de Henrique.

Ele era tão bonito.

Não precisava estar apaixonada para notar o óbvio. Ele facilmente poderia ser um modelo de capa de revista ou um galã de Hollywood com milhares de fãs.

Seus olhos azuis eram provavelmente o que mais lhe chamava atenção em todo o seu corpo. Eram tão distintos, que a faziam esquecer de todo o resto.

Ela podia detestá-lo e ao mesmo tempo gostar de todos os seus detalhes, certo?

— Como foi com o seu pai? — o fitou corajosa, finalmente fazendo a pergunta de um milhão de dólares.

Henrique abriu um pequeno sorriso, que de felicidade não tinha nada, e colocou as mãos dentro dos bolsos, um pouco pensativo. Vendo aquilo, Ayla imediatamente deduziu que a conversa entre os dois não devia ter sido boa e ajustou os óculos em seu rosto, incerta sobre como continuar aquele diálogo.

Insistir na pergunta ou mudar de assunto?

Deixá-lo ainda mais triste ou tentar distrai-lo?

— Meu pai não me ama.

Ela saiu de seu dilema interior ao escutar sua confissão. Henrique mantinha o olhos fixos no chão e Ayla tocou em seu braço o fazendo parar de andar.

Ela pegou em sua mão, o puxando para algum lugar. Henrique estava confuso, mas a seguiu mesmo assim. Quando chegatam em frente a um pequeno campo de areia, onde algumas crianças brincavam, os dois encostaram o corpo no alambrado que tinha ali. Ayla não sabia exatamente o que dizer e não queria piorar ainda mais a situação falando algo errado, então optou por ficar em silêncio. Às vezes as pessoas só precisavam de alguém que simplesmente as escutassem.

— Eu não vou contar pra minha mãe — ele disse depois de alguns minutos. — Não até eu encontrar o jeito certo de fazer isso.

— Tudo bem.

— Eu não quero que ela fique mal, mesmo sabendo que isso é inevitável. — a olhou de soslaio e viu que ela estava inteiramente concentrada nele. Que parecia se importar de verdade com o que ele estava falando e com o que estava querendo transmitir com suas palavras. — Eu só quero diminuir o sofrimento dela o máximo possível. Eu sei que parece idiota, mas-

— Não é idiota — contestou em uma expressão cordial. — É admirável. Você tá colocando a saúde mental da sua mãe acima de tudo, coisa que seu pai nem se importou em fazer.

Henrique acenou em agradecimento e soltou um suspiro sentindo seu peito um pouco menos pesado. Havia sido torturante ficar na mesma mesa que o seu pai e sua mãe na noite passada. Sabendo da traição do homem e não podendo contar nada.

— Valeu. Eu gosto dessa pessoa gentil que você se torna quando eu não tô bem.

Ayla cerrou os olhos.

— Quer dizer que normalmente eu não sou gentil?

— Quer mesmo que eu te responda?

Ela meneou a cabeça, meio ofendida, e Henrique arfou surpreso quando a viu se afastar, caminhando para longe. O garoto adiantou-se e saiu correndo em sua direção.

— Espera, Robozinha. Você é a pessoa mais gentil que eu conheço.

***
Oi, obrigada por ter lido até aqui ❤️. Se tiver gostado do capítulo, deixa o votinho, ajuda bastante no crescimento da obra.

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