LIKE A STORM | DEGUSTAÇÃO

By autoraalexia

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Raiden Calloway era como uma tempestade, daquelas que chegam e arrebatam tudo, só deixando caos e confusão no... More

notas da autora
personagens
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dedicatória
prólogo
1 | quebrando regras
3 | uma bela desconhecida
4 | socar a sua cara
5 | essa merda dói
6 | um grande caos
7 | mais um dia de detenção
8 | noite de fogueira
agradecimentos

2 | patética como eles

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By autoraalexia

RAIDEN

QUANDO ACORDEI NA MANHÃ SEGUINTE James já não estava mais ao meu lado, e agradeci por não precisar expulsá-lo antes que Nathan acordasse também. Finalmente ele tinha aprendido a ser esperto, diferente das outras vezes em que precisei distrair meu irmão do lado de fora do quarto para que ele não visse o amigo correndo pelo jardim.

Me arrastei para fora da cama com dificuldade quando ouvi alguns barulhos através da porta, indicando que Nate estava acordado. Minha cabeça doía e o sono acumulado pesava as minhas pálpebras, implorando para serem fechadas outra vez. Após vestir a primeira roupa que encontrei e o par de coturnos de sempre, saí do quarto e ouvi a voz de Nathan vindo da cozinha.

— A casa não é sua pra você dormir no sofá quando bem entende, cara — ele dizia.

— Ah, qual é, NC! Eu trouxe a sua irmã, que você simplesmente esqueceu que existia, estava cansado e resolvi dormir por aqui mesmo, não enche, vai. — A voz de James irrompeu pelo cômodo também. Bela mentira a dele.

— Eu não esqueci que ela existe, achei que ela voltaria com os amigos — Nathan se defendeu.

Entrei na cozinha, interrompendo a discussão dos dois e notando a presença de Chad Michaels, outro amigo deles que também estava lá.

— Vocês não têm casa, não? — Encarei os dois forasteiros.

— Eu e o NC temos uns assuntos pra resolver, pestinha — Chad respondeu.

— Que tipo de assunto precisa ser resolvido antes das oito da manhã? — Arqueei uma sobrancelha e me sentei na cadeira restante.

Peguei um cigarro no bolso da jaqueta e quando estava pronta para acendê-lo Nathan o puxou dos meus lábios. Franzi o cenho para ele, irritada e confusa com seu ato.

— Coisas da oficina — meu irmão respondeu, indiferente com o que acabara de fazer, e colocou o cigarro em um cinzeiro sobre o parapeito da janela. Na sua frente havia um prato vazio e uma xícara de café. — Tem panqueca pra você. — Apontou para o prato no centro da mesa.

— O que foi isso? — Apontei para o cigarro, me referindo a ele tê-lo tomado de mim.

— São oito da manhã, Raiden. Já te disse pra não fumar tão cedo.

— Ele não tá errado — Michaels interveio. — Isso vai te causar um problemão se continuar assim.

Revirei os olhos para a sua fala e ele se levantou, rindo e depositando um beijo em minha bochecha antes de sair da cozinha. Eles tinham uma mania insuportável de cuidar excessivamente de mim. Era irritante.

— Acordei mais cedo e consertei o seu carro, vê se não estraga de novo — Nate me arremessou a chave do veículo. — Vou lá pra trás com o Chad — completou, saindo da cozinha também. — Vai pra casa, Ryder! — Sua voz soou de longe, e o garoto sentado ao meu lado na mesa riu nasalado.

Era extremamente vantajoso ter um irmão mecânico quando o seu carro era uma lata velha que vivia estragando. Eu não precisava me esforçar para consertá-lo e Nate nunca se importou em fazer isso para mim.

— Você dá muita sorte pro azar — falei, colocando um pedaço de panqueca na boca.

James riu mais uma vez e se levantou.

— Ele nunca vai desconfiar, a gente se odeia.

— Isso não é uma mentira. — Forcei um sorriso.

Após terminar de comer fui para o banheiro escovar os dentes e de lá ouvi a porta da sala bater, indicando que Ryder estava indo embora. Alguns minutos depois eu saí também, indo em direção ao inferno escolar.

Estacionei a velha caminhonete em uma vaga no fundo do estacionamento dos alunos e, ao olhar para o relógio, notei que estava 15 minutos adiantada. Encarei o prédio alto e antigo de três andares à minha frente, me perguntando se era cedo demais para começar a matar aula, e tirei um cigarro de dentro da mochila. Agora poderia fumar em paz sem ninguém para me dar lição de moral. Coloquei-o entre os lábios e acendi, tragando fundo.

Encostei a cabeça no banco e permaneci fumando enquanto aguardava os minutos passarem e observava os alunos que chegavam. Calouros e veteranos, grupos diversos espalhados pelo pátio, alguns ansiosos pelo seu primeiro ano, outros ansiosos pelo último. Às vezes eu gostaria de ser patética como eles, só para saber se me encaixaria melhor naquele lugar.

A não ser pelo meu grupo de amigos, eu não me dava bem com mais ninguém dentro dos muitos metros quadrados da escola, e não via a hora dar o fora daquela merda. Eu ainda não tinha planos concretos a respeito de faculdade e essas besteiras, mas talvez tentasse uma bolsa para alguma universidade bem longe de Clarksville – o que na verdade seria impossível se eu não desse um jeito de melhorar minhas notas.

Uma batida no vidro do passageiro dispersou meus pensamentos. Olhei na direção do barulho, pronta para xingar o engraçadinho tirando uma com a minha cara, mas vi Miranda e Chace sorrindo para mim. Ela fez um gesto para eu sair e me inclinei sobre o banco para abaixar o vidro.

— Já vai começar o ano letivo faltando aula? — A garota de cabelo platinado riu nasalado. — Vamos, já tá na hora.

Encarei o relógio do carro e percebi que já eram oito da manhã. Aqueles quinze minutos pareceram segundos.

Merda! — reclamei.

Respirei fundo e peguei minha mochila antes de descer do carro. Após trancar a caminhonete, dei mais um trago no cigarro enquanto me aproximava dos dois. Miranda o pegou da minha mão e tragou também, andando comigo em direção a porta de entrada.

— Bom dia, Raid. — Chace me lançou um sorriso animado e passou o braço pelo meu ombro, sua outra mão segurava a alça da mochila.

Chace Ecklund, ao contrário de mim, adorava a escola. Talvez pelo fato de que todos lá o adoravam de volta, é claro. Ele sempre foi o centro das atenções por onde passava, era super comunicativo e legal com todo mundo desde criança, o que o levou ao time de futebol e, consequentemente, à popularidade.

No primeiro ano, mesmo com toda a minha relutância em tê-lo por perto, nós acabamos virando amigos após ele rir de uma piada depreciativa que fiz durante a aula de Literatura. Ecklund nunca foi de desistir fácil de nada na vida dele, e uma vez que você dá liberdade, ele nunca mais te deixa em paz. Eu sempre me perguntava como podia ter amigos tão diferentes de mim.

Chace não tirou o braço dos meus ombros quando adentramos o corredor central da Crawford e, mesmo sendo comum andarmos juntos daquela forma, a atitude fez com que alguns dos seus amigos e admiradores olhassem estranho para a cena, provavelmente se perguntando o que ele tanto fazia comigo.

Aqueles olhares curiosos me faziam questionar o porquê de não terem se acostumado com aquilo ainda. Sim, o super popular capitão do time de futebol era melhor amigo da garota problemática, praticamente órfã. Qual era a porra do problema, afinal?

Nós cinco tínhamos aula de História Americana juntos nas segundas-feiras e, na sala de aula, encontramos Seth e Brooke nos esperando.

Como de praxe, assisti as primeiras aulas do dia sem prestar muita atenção no conteúdo das matérias e logo estava no refeitório, sentada à mesa junto com eles, que conversavam animadamente sobre as matérias daquele último semestre.

— Eu estava pensando em me inscrever pras aulas de mecânica. Seria bem legal pro currículo — Miranda contou, me lançando um sorriso em seguida. — E talvez o gostoso do seu irmão até me dê umas aulas extras na cama dele. — Ela bateu o cotovelo no meu, agitando as sobrancelhas.

Brooke, Chace e Seth deram risada e eu revirei os olhos, encarando a garota.

— Que nojo! Você precisa superar essa sua fixação com o Nathan, Miranda. — Fiz uma careta antes de morder uma batata frita do meu prato.

Minha melhor amiga, assim como metade das garotas da cidade, sonhava com o dia em que Nathan daria uma chance à elas, mas ele estava, na maior parte do tempo, ocupado demais com a oficina e com os amigos.

Nathan era considerado o bad boy da cidade. As dezenas de tatuagens, os cabelos pretos, os olhos azuis exatamente iguais aos meus e a cara de poucos amigos, também igual a minha, mexia com os hormônios das garotas e faziam os garotos o venerarem e temerem, tudo na mesma intensidade. Além disso, Nate sempre teve uma predisposição enorme para se meter em confusão e, pelo que eu estava acostumada a ouvir, eu tinha puxado muito a ele nesse quesito também.

— Não consigo evitar! — ela se defendeu, erguendo as mãos.

— Bom, boa sorte com isso, então — debochei. — Você sabe muito bem que o Nathan prefere consertar carros a sair com garotas. Ele só pensa em motores, pneus e óleo — finalizei num tom divertido.

— Eu deixaria ele passar óleo pelo meu corpo — Brooke comentou, fazendo Miranda e eu gargalharmos.

— Ei! — Miranda a repreendeu. — Não vem roubar meu homem, piranha.

— Ah, não comecem vocês duas — Seth finalmente se pronunciou, enquanto Chace estava ocupado demais ignorando totalmente o assunto.

— Tá com ciúmes, Montgomery? — Miranda o provocou.

Em resposta ele mostrou o dedo do meio para ela e, logo depois, cutucou Chace para que os dois voltassem a falar sobre futebol.

As meninas retomaram o assunto das aulas e eu voltei a comer o meu almoço.

Quando saímos do refeitório no fim do intervalo, Chace, Brooke e Seth foram para suas aulas e Miranda me acompanhou.

— Já que você não quer se inscrever em mecânica comigo, que tal participar da turma de cinema? Você conhece dezenas de filmes e adora falar sobre eles, acho que o professor ia gostar de te ter no grupo — ela sugeriu, passando o braço pelo meu e esperando que eu me animasse com a ideia.

— Sei lá, Miranda. Pra quê participar de algum grupo?

— É bom para o currículo, Raid. Se você acabar decidindo se inscrever em alguma universidade eles vão olhar isso. Vai, não seja ranzinza, você gosta de cinema, não vai ser como uma obrigação.

Tá boooom — Revirei os olhos. — Vou passar lá hoje e ver se me inscrevo — concordei mesmo sem ânimo.

Eu realmente adorava cinema e assistia vários filmes quando estava à toa, e também gostava de escrever, mas não fazia questão alguma de me ingressar em alguma turma relacionada, já tinha aulas o suficiente na grade e não estava afim de mais uma. De qualquer forma, devido a insistência de Miranda, achei que talvez valesse a pena dar uma conferida. Se eu não gostasse da aula, daria o fora e não voltaria mais.

Meu último tempo do dia era livre, então aproveitei para ir até a sala de cinema. A turma era pequena, composta por doze alunos, e eles me encararam como se eu fosse o próprio demônio do exorcista invadindo o ambiente.

Após fazer a inscrição para as aulas que aconteceriam, coincidentemente, todas as segundas naquele mesmo horário, acabei ficando por lá para assistir à Introdução à História do Audiovisual.

Surpreendentemente, à medida que o professor começou a explorar os princípios do cinema e dos avanços tecnológicos, eu comecei a ficar cada vez mais interessada.

Nesse dia aprendi um pouco sobre os pioneiros docinema e suas obras famosas. O entusiasmo do professor era contagiante e, pelaprimeira vez, percebi como o audiovisual moldou a sociedade ao longo dos tempos.

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