Negócio Fechado

By _Nix81

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[Reta Final | Em Revisão] Não estava nos planos de Henrique repetir o último ano do ensino médio, mas, quando... More

Em Breve
Notas Iniciais
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete: Parte I
Capítulo Dezessete: Parte II
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois: Parte I
Capítulo Trinta e Dois: Parte II
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Capítulo Trinta e Seis
Capítulo Trinta e Sete
Capítulo Trinta e Oito
Capítulo Trinta e Nove

Capítulo Doze

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By _Nix81

O eco da voz de Ayla chamando pelo seu nome era tudo que Henrique conseguia escutar. Por um momento, o garoto sentiu como se estivesse em um filme, onde de repente, todas as coisas ficavam em câmera lenta e ele não sabia o que poderia acontecer em seguida.

Para Ayla, haviam-se passado apenas alguns minutos desde o momento em que viu Sérgio saindo do carro e Fátima andando apressada em sua direção. No entanto, para Henrique, aquele momento havia se eternizado em sua mente de uma forma tão forte que jamais poderia esquecê-lo.

— Henrique — a garota arriscou mais uma vez, o chamando baixinho. — A gente precisa ir embora.

Parecendo sair de um transe, ele piscou seus olhos azuis, ainda vidrados no prefeito e na gerente, e balançou a cabeça em negação.

— Henrique...

— Não, Ayla! — exclamou em um sussurro. Seu rosto estava vermelho e apesar de não conseguir enxergá-lo, podia senti-lo ardendo como fogo. Não sabia se aquela vermelhidão era resultado da raiva que estava sentindo ou do choro que ameaçava irromper pela sua boca. — Eu vou lá.

Ele esgueirou-se pelo mato sorrateiramente, pronto para confrontar o casal de amantes, que já entravam para dentro de casa.

— Não — Ayla o puxou pelo braço, o obrigando a se agachar mais uma vez. — Você não pode fazer isso.

— Tá me dizendo que eu não posso tirar satisfação com o cara que tá traindo minha mãe? — Ayla baixou o olhar sem saber ao certo o que dizer e Henrique passou a mão pelo rosto, tentando manter-se calmo.

Suas mãos tremiam como nunca e seus olhos jcomeçavam a arder, anunciando lágrimas que há muito tempo não ousavam dar as caras.

Vendo o desespero do garoto e temendo que ele saísse correndo em direção a casa de Fátima, Ayla fez a coisa mais racional que conseguiu pensar naquele momento.

O abraçou.

Inicialmente, Henrique se assustou com aquela ação tão incomum vinda da garota, mas o aroma doce de seu perfume logo o fez ceder e ele se afundou em seus braços. Eles ficaram naquela posição por um bom tempo, até Henrique perceber que seu coração já não batia tão forte quanto antes.

Quando finalmente se separam, Sérgio e Fátima já haviam entrado para dentro de casa e Ayla suspirou aliviada. Ela mirou o rosto do garoto e levou sua mão em direção a ele, limpando uma lágrima solitária que havia escorrido por ali. Ao perceber que havia chorado em frente a uma garota, Henrique se virou, tentando não mostrar o quanto estava envergonhado.

Ayla sorriu e por pelo menos dois segundos, encontrou fofura naquele ato de Henrique.

— Não vou dizer que eu sei o que você tá sentindo, porque nunca aconteceu nada parecido comigo — ela levantou-se e o ajudou a fazer o mesmo. — Mas eu sei que na maioria das vezes não tomamos boas decisões de cabeça quente. Entrar lá agora, só vai te machucar ainda mais.

Henrique não podia dizer que estava surpreso com a descoberta da traição. Seu pai fazia e falava tantas besteiras, que estranho seria se ele não estivesse fazendo aquilo.

— Eu vou pra casa e vou conversar com ele — afirmou com um tom de voz forte e saiu andando para longe, sem esperar uma resposta de Ayla, que se apressou em chegar ao seu lado.

Henrique ficou em silêncio enquanto caminhava pelas ruas da cidade e mantinha o olhar para frente, evitando encará-la. Ayla apertou o casaco jeans contra seu corpo, procurando acabar com o frio que estava sentindo e lançando uma olhadela em sua direção.

Seu rosto estava rígido e inexpressivo, e mesmo que Ayla o conhecesse há tão pouco tempo, já havia conseguido decorar todas as suas expressões. Não eram poucas, mas ela gostava da sensação de sempre saber o que ele estava sentindo apenas com um único olhar.

Ao observar feições tão cabisbaixas e estranhas ao rosto do garoto, ela teve certeza que odiava com todas as suas forças a ideia de um Henrique triste.

— Eu sinto muito — certamente era a coisa mais óbvia de se dizer a uma pessoa que acabou de ver o pai beijando outra mulher. Ayla podia ser boa em muitas coisas, mas quando se tratava de consolar alguém, era um verdadeiro fracasso.

Henrique a encarou por alguns segundos e lhe lançou um sorriso fechado, que infelizmente não chegou aos seus olhos.

— Eu também.

Ao chegar em frente a sua casa, Ayla puxou o celular de seu bolso e tomou um susto ao perceber que já se passava da meia-noite. A rua estreita e unicamente iluminada pelo céu estrelado daquela noite, estava silenciosa e aparentemente inabitável. Mas Ayla sabia que os integrantes da gangue de Fox estavam camuflados em meio aqueles becos escuros.

Ela encaixou a chave na fechadura e girou a maçaneta, abrindo a porta de forma apressada. Não via a hora de poder chegar em seu quarto e deitar a cabeça no travesseiro de sua cama.

No entanto, o ruído de uma moto estacionando ao seu lado, a fez parar abruptamente.

Ela fechou a porta e virou-se para frente dando de cara com um garoto de cabelos negros e lábios rosados a fitando com um sorriso.

Ayla sorriu de volta.

— Você tá sem capacete — disse descendo os pequenos degraus que haviam em frente à sua casa. O rapaz usava um casaco por cima de seu uniforme, uma calça preta e seus inseparáveis coturnos.

— Desculpa, devo ter esquecido no Kaos — ela balançou a cabeça, compreensiva. — Você tava até agora no cinema?

— Não — riu baixinho. — Eu tava... com a Babi.

— Claro — bateu com a mão na testa. — Hoje ela tá de folga — afirmou como se fosse óbvio e desceu da moto. Os dois caminharam até a pequena calçada em frente a casa de Ayla.

— Pelo que eu conheço do "Santi pegador", essa não é exatamente a hora de você voltar pra casa — brincou enquanto sentava ao seu lado.

Ele deu de ombros.

— A semana no Kaos foi muita cheia, não tô com energia pra transar.

Ayla balançou a cabeça, decepcionada com o termo que o garoto acabara de usar, e apoiou o rosto nos joelhos, soltando um longo suspiro.

Santi franziu o cenho e também baixou a cabeça, tentando ficar da mesma altura que a garota.

— O que foi?

— Nada.

— Tem certeza?

Ela o encarou agradecida. A maioria das pessoas perguntava se estava tudo bem simplesmente por educação. Não queriam de fato saber a resposta.

Mas Santi e Babi eram diferentes. Eles eram seus únicos e melhores amigos em Vinberurbo. Ayla conseguia enganar até seus pais, dizendo que não estava passando por nenhum problema e que sua vida estava às mil maravilhas, mas mentir sobre seus sentimentos para os dois era praticamente impossível.

— Só tô preocupada com um colega do trabalho.

"Só estava preocupada com Henrique", foi o que quis dizer, mas as palavras ficaram entaladas em sua garganta.

Henrique depositou sua xícara cheia de café sobre a enorme mesa recheada de comida. Mesmo sendo um legítimo preguiçoso, havia acordado cedo àquele domingo, determinado em fazer a coisa certa.

O garoto levantou o olhar ao escutar passos de alguém descendo as escadas e adotou uma postura ereta ao ver seu pai caminhando em sua direção.

— Bom dia — o cumprimentou puxando uma cadeira e alisou seu terno. O homem sequer havia levantado a cabeça para cumprimentá-lo, em vez disso, mantinha os olhos azuis focados em seu telefone. Henrique soltou a torrada que estava comendo dentro do prato de vidro à sua frente e o encarou sem emitir nenhuma palavra. — Cadê sua mãe?

— Ela foi no supermercado.

— Hum — murmurou e soltou uma pequena risada parecendo se divertir com o conteúdo do celular. Henrique respirou fundo e fechou o punho direito com força, sentindo suas unhas fincarem na pele da palma de sua mão.

— Tá achando graça das mensagens da sua amante?

Sérgio parou de rir na mesma hora e lançou um olhar confuso e ao mesmo tempo receoso em direção ao garoto.

— O que você disse?

— Você pode ser muitas coisas, mas surdo não é uma delas.

Sérgio arqueou as sobrancelhas, soltando o telefone contra a madeira da mesa e provocando um grande barulho que ressou por todo lugar.

— Escuta aqui-

— Escuta aqui você — Henrique levantou-se de supetão surpreendendo o prefeito. — Não adianta vir pra cima de mim com explicações fajutas. Eu sei que você tá tendo um caso com a gerente do cinema.

— Cala a boca — sussurrou o homem arregalando os olhos e olhando de um lado para o outro, receoso de que sua esposa pudesse estar por perto.

— Fica tranquilo, minha mãe vai demorar pra voltar — ironizou voltando a se sentar.

— Olha, eu não tenho nada sério com a Fátima — iniciou com uma voz calma, o que fez o garoto abrir um sorriso carregado de indignação. Então agora ele queria ser gentil? — Eu mereço me divertir um pouco, não acha? Cuido da Helena há mais de 20 anos. Quando seu avô morreu e ela entrou nessa maldita depressão, fui eu que fiquei do lado dela. 

Henrique arfou.

— Ah, entendi. Quer dizer que apoiar sua esposa quando ela mais precisa de você te dá o direito de sair por aí e fazer a por.ra que quiser?

— Olha a boca, moleque. Eu ainda sou seu pai!

— Você é um idiota, é isso que você é. Um babaca que não se importa com ninguém, além de si mesmo — Henrique sentiu suas veias saltarem para fora de seu rosto, ao mesmo tempo em que seu peito subia e descia em um ritmo acelerado, exalando toda a raiva que estava sentindo. — Eu vou contar tudo pra ela.

Sérgio, em um ímpeto de fúria, puxou o garoto pela gola de sua camisa.

— Eu devia te dar uma surra por falar assim comigo — ameaçou e levantou a mão em sua direção, fazendo Henrique fechar os olhos. Imediatamente o homem soltou uma risada ao ver o desespero do garoto e o largou de qualquer jeito — Mas eu não vou fazer isso. E você não vai contar nada para a sua mãe.

— O quê?

— Como você acha que ela vai reagir? — ficou de pé e caminhou até chegar ao seu lado.

— Se você acha que-

— Sua mãe tem depressão, toma remédio todo dia e tem uma crise nervosa pelo menos duas vezes por semana — era extremamente assustador para Henrique escutar seu pai falar todas aquelas coisas com tanta naturalidade. Ele exibia um grande sorriso no rosto, parecendo se divertir ao listar os problemas da esposa. — Uma traição é a cereja no bolo que falta para destruir ela de vez.

Henrique negou, em uma tentativa de bloquear sua voz. Não podia dar ouvidos a ele. Ele não iria fazer sua cabeça.

Mas não estava contando com a intromissão de sua consciência; tão fraca e que infelizmente fazia parte de quem ele era. Lhe dando um choque de realidade, ela o fez lembrar de algo muito importante: a recuperação de sua mãe estava sendo lenta e dolorosa.

Era realmente difícil para a mulher conseguir se manter firme, principalmente após as discussões que tinha com o marido. Quase havia dado fim à sua vida quando descobriu que o pai falecera.

O que aquela notícia poderia lhe causar?

— Se a Helena ficar sabendo da traição ela vai desmoronar.

Ela ia desmoronar.

— Imagina o quanto ela vai sofrer.

Ela ia sofrer.

— Você não quer ser o responsável por acabar com a pouca felicidade da sua mãe, quer?

Não. Henrique não queria que sua mãe ficasse triste.

***
Obrigada por ter lido até e por ainda estar acompanhando essa história hahaha. Se tiver gostado do capítulo, deixa o seu voto ❤️.

Foi difícil escrever esse capítulo e confesso que estou um pouco insegura sobre ele ter ficado bom ou não. A história até agora estava bem leve e foi complicado mostrar um Henrique mais sério.

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