Giostra - Máfia Siciliana (CO...

By edith_v4rgas

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Diabo. Foi assim que Ettore Bertinelli passou a ser chamado por aqueles que tinham suas vidas em uma balança... More

Nota das autoras
Cast
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12 parte 1
12 parte 2
13
14
15
16
Bônus
17
18
19
20
21
22
23
Bônus
24
25
26 parte 2
27 parte 1
27 parte 2
28
29
30
Bônus
31
32
33
34
35
Bônus
36
37
38
39
40 parte 1
Bônus
40 parte 2
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50 - ÚLTIMO CAPÍTULO
Epílogo
Agradecimentos
EXTRA

26 parte 1

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By edith_v4rgas

Primeiro vem à bênção de tudo o que você sonhou.

Ettore estava vivendo para aquilo, receber a bênção de ter um império em suas mãos.

A bênção por tomar o lugar que desde tudo que viu passou a sonhar.

A forma de não sofrer mais, de não precisar seguir as regras, mas sim de escrever as regras.

Era em vão tentar controlar seus batimentos que estavam acelerados. Era um sentimento único, nada se comparava com aquele momento.

Era uma conquista única.

Mesmo que se deva a uma hierarquia, montada há anos, na família Bertinelli. Mostrava que em meio a tantos obstáculos Ettore tinha sido vitorioso.

Mesmo que o mais certo seja dizer que foi um sobrevivente em meio a disputadas por poder e por influência.

A cada pessoa que matou por estar exatamente onde estava.

No início não foi fácil, mas depois com o passar do tempo, nada nunca foi tão fácil.

Antes outro do que ele, estava apenas cuidado e mantendo o que sempre foi seu.

Quando seus pensamentos estavam sempre focados naquele dia, era tão simples quanto respirar, fazer tudo que fosse necessário.

Mesmo que isso o levasse a pagar altos preços, altos sacrifícios, que precisasse passar pela peneira. Um árduo trabalho.

O príncipe que se tornava o rei.

Na posição que estava, com um filho a caminho e traidores a espreita era o melhor que poderia acontecer.

Teria poder o suficiente para fazer com que todos os traidores fossem descobertos e sofressem as punições por seus crimes.

Não teria que acatar ordens de seu pai, nem abaixar a cabeça para ninguém.

Quando sua palavra for a única ouvida dentro da famiglia nenhum crime ficará impune.

Aqueles que não respeitam as regras da casa, que não a defendem com a sua vida, com vida pagarão.

Aquele era o legado por qual Ettore Bertinelli lutaria para deixar.

Haveria uma reforma na Giostra, tudo mudaria. O respeito e o temor voltariam a ser como antes e crimes contra as regras não seriam permitidos como estavam sendo.

O legado que outros deixaram estavam morrendo porque Leonel não estava mais sendo o bom líder que costumava a ser.

― Está na hora, signore. ― Um soldado qualquer entrou no quarto, chamando a sua atenção.

Ele sinalizou positivo com a cabeça e deixou que o soldado saísse do quarto.

Para sua cerimônia a roupa que trajava era um terno escuro, preto, um tom tempestuoso que não permitia brechas para sentimentos, tirando o desconforto com a sua esposa.

― Imaturo e irresponsável. ― Lorenzo entrou no quarto a base de gritos. ― Como tem a coragem de se tornar Don quando minha, a sua esposa, a responsável por você assumir tal posição, não está aqui para ver?

Meu sogro. ― Foi debochado ao usar o termo sogro. Odiava aquele rótulo que criava parentesco entre eles. ― Eu sugiro que engula essas palavras enquanto há tempo.

Lorenzo deu uma risada ardilosa.

― Você tem uma única responsabilidade: Proteger a sua signora e, ainda assim, consegue falhar. ― Ettore observou Lorenzo se aproximar. ― Cancele essa cerimônia antes que você se arrependa. Aproveite enquanto há tempo.

Ettore achou engraçado a forma como Lorenzo modificou as palavras para usar a arma de Ettore contra ele.

― Você acha que está em posição de exigir isso? ― O Bertinelli permaneceu no lugar, precisou apenas abaixar os olhos para encarar o “inimigo” devido a aproximação. ― Você jogou aua filha para os tubarões. Você está procurando o culpado, jogando sua culpa em mim, quando o verdadeiro culpado está no reflexo do espelho toda fez que você o olha.

― Oito meses atrás, no dia que entreguei minha menina para você, você me prometeu cuidar dela com a sua vida. Você não cumpriu com a sua palavra. Todos, lá embaixo, saberão que você não passa de uma fraude no momento que aquele estúpido anel estiver no seu dedo.

Ettore negou com a cabeça e se afastou de Lorenzo, não suportando mais a aproximação.

Na verdade, não suportava estar no mesmo ambiente que ele. Respirar o mesmo ar que ele.

Aquele homem a sua frente que insistia em cobrar pelo paradeiro de sua filha era o mesmo desesperado por poder, sabia que sem a filha ele não passava de um simples membro.

Helena àquela hora estava segura bem longe do que aconteceria nos fundos do casarão do Bertinelli. Longe das investidas de Lorenzo em tentar manipulá-la.

― Se quer que eu a encontre, saía da minha frente. Pare de interferir e se meter entre mim e meu pai. Você não é ninguém, é um velho que em alguns minutos será substituído por outra pessoa. E Deus sabe que não será por Pietro. ― Ettore abriu a porta do quarto. ― Eu não me importo com quem você foi e tudo que fez por essa famiglia, mas você cada vez mais cruza limites e existem alguns que o levarão a morte e quando isso acontecer serei eu a cortar a sua cabeça. Abaixe o tom de voz, fique fora do meu caminho e aceite que quem dará as ordens será eu.

Lorenzo estufou o peito e abriu a boca.

― Pense bem no que dirá, eu não vou aceitar esse seu comportamento. Meu pai o deixou ir longe demais e eu vou permitir que isso continue. Você é um subornado, Lorenzo. Apenas cumpre ordens, as minhas ordens. Helena é minha esposa, uma Bertinelli agora. Não é seu bilhete premiado.

Lorenzo era um dos motivos que encorajaram a esconder Helena.

Quando armou para que ninguém soubesse que ele estava envolvido era exatamente para ela não estar presente no que aconteceria.

A deixou de fora como proteção e também para ver a movimentação que seria feita para que encontrassem

Mas seria impossível, não a encontrariam sem a sua ajuda e ela jamais farei a parte disso.

Ettore queria preservar a forma como sua esposa o viu, não queria que a visão fosse um monstro.

A de um marido ruim já bastava.

Respirou fundo aliviado ao ver um Lorenzo derrotado deixar o quarto.

Esperou ainda mais alguns infinitos minutos antes de abandonar o cômodo também.

Cada passo seu em direção ao seu destino era uma sentença diferente que nada jamais seria como era antes, que jamais voltaria a ser o que era antes.

Um caminho só de ideia para o inferno.

Estava condenando a sua alma eternamente ao lago de chamas, mas adoraria levar consigo todos os pecadores presentes naquela cerimônia.

Cada rosto familiar sem deixar um único de fora. Todos estavam condenados igualmente.

A iluminação era fraca, marcada por pouca luz, a iluminação principal é a da lua em seu esplendor.

Era estranho, esperava mais homens presentes. Mas havia poucos ali, a segurança que ficava sempre ali, também não estava.

O rito de passagem era secreto demais para ter mais olhos que o necessário.

― Estamos aqui reunidos, na presente de todos vocês, para começar um novo tempo. ― Leonel dava a voz por ser o Don atual, o homem que levantou o novo.

― “De agora em diante não será os outros homens a julgar-lhe, será você a julgar-se a você próprio.” ― Como mandava a tradição, eram as mesmas palavras ditas anos atrás.

― “No silêncio da noite, sob a luz das estrelas, irei proteger aqueles que são irmãos e lhes darei segurança.” Darei um lar e uma famiglia.

Ettore completou a sua frase quando foi necessário.

Ele também fazia juramentos, não estava livre daquilo, assim como os iniciados. Era uma nova fase, novo momento de sua vida, então, precisava estar sob juramento.

Leonel fez o corte em sua mão e se aproximou de Ettore, fazendo também um corte superficial na palma da mão do filho.

As mãos ensanguentadas se fecharam num aperto firme. O acordo de sangue. Tudo sempre começa em sangue.

― Aqueles que me protegeram, protegem agora você. A força que esteve em mim agora está em você.

― Além da força e proteção, a sua sabedoria è mia, o tuo conhecimento è mio, a tua lealdade com esta casa è mia.

O anel de mogno com a inicial B se abrigou perfeitamente em outro dedo mínimo. Aquela pequena peça que simbolizava autonomia e poder.

Que fazia morada sempre nas mãos dos poderosos. Do Capo, agora Ettore carregava aquela responsabilidade.

Naquele segundo seus batimentos se tornaram calmos, seu coração agora feito de ouro.

Estava onde nasceu para estar, onde foi ensinado, preparado.

O cargo que custou o seu amor. Que lhe roubou a vida, o sorriso. Que arrancou pedaço por pedaço de sua alma. Mas aquele era o seu posto.

Era o seu destino.

― Possa la giostra non smettere mai di girare. ― Foi o motivo pelo brinde.

Copos curtos até a metade com um whisky antigo de um barreiro envelhecido, deixando para sempre que a Giostra tivesse um novo Don.

Que a Giostra nunca pare de girar.

Era um brinde que valia bem mais que saúde. Estava acima de tudo manter a instituição na ativa e no topo.

Aquela altura não tinha mais problema algum em se tornar como o seu pai um dia foi, sem escrúpulos.

Precisava ser o braço forte, aquele que inimigos terão medo e os aliados se sentirão protegidos. O braço que jamais trai e que oferece segurança.

O peso em seus ombros agora tinha se tornado outro, de responsabilidade. Que deixaria de ser impulsivo e cabeça dura. Que ouviria tudo.

― Agora eu sou o sol e minha esposa a lua. ― Ettore, o mais novo Capo a ter em seu dedo o anel, começou. ― E toda vez que forem perguntados de onde são, esta será a resposta: Somos filhos do sol e da lua. Mas jamais dirão que eu sou o sol e Helena a lua.

― Minha lealdade não é minha. ― O primeiro a beijar o anel em suas mãos foi Leonel. Este parecia extramente orgulhoso. ― É apenas sua.

Lorenzo se aproximou em seguida, a expressão amarrada, a cara de quem não estava nenhum pouco satisfeito.

Se pudesse ver a cara da fome, certamente seria aquela.

Ettore estendeu a sua mão.

― Mia lealdade non è mia. ― Lorenzo segurou a sua palma e a levou até a boca, dando um beijo sob o anel. ― È apenas tua.

E se afastou tão rápido quanto se aproximou e Ettore podia jurar que viu o sogro cuspir e depois limpar a boca com a mão.

Permitiu-se sorrir vitorioso, aquele momento era todo seu e nenhum D'Angellis o tiraria de suas mãos.

E assim se seguiu, um a um beijou o anel, até que nenhum restasse. Todos fizeram a mesma promessa, que suas lealdades não eram de mais ninguém além do capo.

― E agora que temos um novo Don, deveremos ter também um novo Consiglieri. ― Matteo Colombo se aproximou.

― Este será Pietro. ― Leonel tomou a frente, esquecendo-se que o poder não era mais seu.

― Não. ― Ettore se pronunciou. ― Pietro não será nada. Quem subirá comigo é Fabrizio Carbonne, filho de Augusto Carbonne.

― Ficou maluco se acha que vou permitir. ― Leonel estava gritando com Ettore, como se estivesse em posição.

― Não tem que permitir, não é mais o Don. Não dá mais ordens aqui. ― Ettore o corrigiu, mas em tom baixo, com elegância. ― Está insatisfeito? Pois bem, pode ir embora.

― Não somos obrigados a aceitar isso.

― Quem não concorda, pode sair. ― Ettore mais uma vez manteve a voz. ― Mas, se sair, não está comigo e quem não está comigo, está contra mim. Se está contra mim, de agora em diante é meu inimigo.

― Apenas Lorenzo e Leonel são contra o signore, nós concordamos. Fabrizio Carbonne é a melhor decisão para o posto. ― Matteo que respondia por alguns homens demonstrou total apoio ao novo Don.

Fabrizio se aproximou junto de Lorenzo. Assim como aconteceu com Ettore e Leonel, ambos tiveram um corte superficial nas mãos e a uniram em um aperto firme e significativo.

Mesmo que a troca de olhares não fosse boa e parecesse mortal.

― A sabedoria que esteve em mim para fazer ponderações a respeito desta Casa, agora é sua. ― Lorenzo como o velho consigliere foi o primeiro a ter voz. ― O dom de saber quando falar e o que falar, agora é seu.

― Além da sabedoria e do dom, a tua fidelidade é minha, o seu comprometimento é meu e a sua lealdade com esta Casa é minha.

Um anel similar como o de Etrore deslizou para o dedo mínimo de Fabrizio, porém quele tinha um G.

Diferente do capo que passava por geração, o do conselheiro era por confiança e o G significava Giostra.

Aquele anel não estava vinculada a iniciais da família Bertinelli, mas sim ao nome que a instituição tinha.

Uma vez que unidos pela Giostra tornavam-se todos irmãos.

― Unidos somos responsáveis por nossos irmãos. ― A mão de Ettore ainda machucada e com vestígios de sangue, apertando a mão de Fabrizio igual a sua. ― Mostrar o caminho a ser seguido, o respeito pelo código e, acima de tudo, cuidar de nossos interesses.

― Por não nos cegarmos com o posto, mas para proteger e aconselhar. Para manter a ordem e impedir que essa famiglia deixe de existir.

Mais uma jura pelos novos líderes da Giostra. Os novos responsáveis por manter o carrossel.

― Que a Giostra domine sobre todos os territórios.

Novamente houve um brinde, mas antes que tomasse o primeiro gole foram surpreendidos quando um copo caiu no chão. Foi tudo rápido demais, antes que qualquer um fosse capaz de prever, ninguém esperava por uma afronta daquela maneira.

Primeiro o barulho do tiro, seco e alto.

Como se fosse uma questão de demostrar poder, não foi usado um silenciador.

Segundo o corpo estava no chão.

O sangue foi instantâneo. Em pouco tempo tinha uma pequena poço abaixo do corpo.

Uma traição. Uma falha.

Um acontecimento como aquele era raro. Como sabiam que estariam reunidos ali para cerimônia de um novo Don? Como sabiam que durante aquele ato estariam vulneráveis?

Aquelas perguntas, junto da dor, rodaram pela cabeça de Ettore, mesmo sem repostas exata, tinha alguns palpites.

― Dó-dói. ― O homem baleado queixou-se de dor. Os olhos distantes, como se uma névoa os cobrissem.

E, então, as palavras pronunciadas por Lorenzo horas atrás ganharam formas em sua mente:

“Cancele essa cerimônia antes que você se arrependa”

Aquele seria o motivo do arrependimento?

― Ele está ficando frio.

Seu corpo estava entrando em choque devido a grande perda de sangue. Em pouco tempo seu coração iria parar.

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