Desafiando o Destino |DEGUSTA...

By autoranemendes

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Você seria capaz de desafiar o destino? Catarina é uma pessoa que pode ser considerada especial, a tirar pelo... More

Leia Antes de Começar
Nota da Autora
Sinopse
Personagens
Prólogo
Capítulo 01 - Voltando no Tempo
Capítulo 02 - Desvio do Caminho
Capítulo 03 - Outras Coisas
Capítulo 04 - Vencendo os Medos
Capítulo 05 - Assumindo
Capítulo 06 - Surpreendida
Capítulo 08 - Já era Amor
Capítulo 09 - Silêncio Incômodo
Capítulo 10 - Tomando Coragem
Capítulo 11 - Deslocada
Capítulo 12 - Transbordando
Capítulo 13 - Um anjo
Capítulo 14 - Máscaras
Capítulo 15 - Despedidas
Capítulo 16 - Verdades
Capítulo 17 - Desorganização Profunda
Capítulo 18 - Sentimentos
Capítulo 19 - O Começo
Capítulo 20 - O Fim

Capítulo 07 - Oportunidades

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By autoranemendes


Oie, pessoal! Como foi a páscoa de vocês? Espero que, apesar do momento não ser um dos melhores, tenham conseguido aproveitar um pouco. Pensar na importância da data. 🐰

Bom, como prometido, temos mais um capítulo. 🤗

Vamos entender o que a Priscila andou aprontando.

Ótima leitura!📕


"As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.

Elas sabem fazer o melhor das oportunidadesque aparecem em seus caminhos."

Clarice Lispector


Passar quatro dias sem contato com minha amiga estava deixando-me apavorada. Principalmente, porque, não a deixei explicar o que realmente estava acontecendo com ela.

Na última aula de música, aconteceram muitas coisas e, quando saí à procura da minha amiga, tinha um recado na recepção do conservatório, avisando-me que ela havia ido embora, por não estar sentindo-se bem. Senti uma culpa sem fim. Fui direto à casa dela, mas não encontrei ninguém.

Tudo aconteceu na quinta à tarde. Sexta pela manhã, Priscila não apareceu na escola. Fui até a diretoria e soube que sua mãe também não tinha ido. Minha intenção era sair e saber o que estava acontecendo, porém, a secretária comunicou-me que tinham viajado.

Era segunda-feira, me arrumava para a aula, ansiando chegar e conversar com ela. Pediria desculpas e a apoiaria no que fosse preciso. Ergui os olhos e vi meu irmão encostado ao batente da porta – me observando.

— O que foi, Carlos? Vai se atrasar — indaguei, calçando o par de tênis – sentada à beira do beliche.

Dois beliches ocupavam o quarto pequeno, e, embaixo deles, três colchões de solteiro. Dois dos meus irmãos pegavam os colchões e se acomodavam para dormir no andar de baixo. O resto dava um jeito de ficar confortável.

Carlos, com vinte e cinco anos, era o oposto do Cristóvão. Apesar de não ter tido muitas oportunidades, como todos, procurava se inteirar de tudo. Seus sonhos eram mais ousados. Até se arriscou a prestar vestibular em uma faculdade pública. Mas, infelizmente, com a base educacional das escolas públicas das periferias de São Paulo, as chances de ele conseguir eram quase nulas.

Independente do curso, a maioria dos que conseguem passar nas faculdades públicas, são aqueles que estudaram em escolas particulares. Claro que tem as exceções, no entanto, meus irmãos, que desde muito cedo, precisaram pegar no batente, dificilmente seria uma exceção. Em geral, nesses casos, só os gênios.

Nossa família sempre foi muito unida, cada conquista é uma comemoração. Seja ela grande ou pequena. Apoiamos como pudemos, quando Carlos chegou desolado, com o resultado do vestibular. Mesmo ele tendo estudado por horas, não foi o bastante.

Dona Rosalva, desde o momento em que ele decidiu tentar, desencorajou-o. Ela sabia da dificuldade e queria poupá-lo da decepção. Esse era o jeito dela. Algumas pessoas não compreendiam. Depois desse episódio, Carlos mudou o foco. Todos os cursos que podia pagar, ele fazia, voltados para a área de informática.

Estranhei ele estar em casa, naquele horário. Fazia uma semana que decidira morar com a namorada em uma pensão no mesmo bairro. Minha mãe quase enfartou, mas acabou aceitando. Ele e a Tatiana namoravam há um tempo.

— Soube que está fazendo piano, com a Priscila — iniciou e colocou as mãos nos bolsos da calça jeans. Confirmei e levantei-me, organizando os materiais em minha mochila. — Ela está bem?

Parei com o caderno no ar e o encarei – enrugando a testa.

— Por que está me perguntando da Priscila? — inquiri, estranhando o interesse repentino.

— Nossa, galega, que desconfiança é essa? Só estou puxando assunto, sendo educado — defendeu-se e saiu.

Dei de ombros e terminei de arrumar a mochila.

— Desculpa — gritei.

— Valeu — respondeu e desceu as escadas.

❦❦❦

Eu já estava acomodada em minha carteira fazia uns dez minutos e nada da Priscila chegar. Olhei no relógio e decidi esperar mais cinco minutos. Teria que saber o que estava acontecendo. Em anos, era a primeira vez que ficávamos tanto tempo sem nos falar. Priscila, sem sombra de dúvida, estava chateada comigo.

Levantei-me e soltei um pouco os ombros, assim que ela entrou. O alívio durou pouquíssimo tempo. Sua aparência era horrorosa. A alegria característica dela tinha desaparecido. Caminhei até ela e peguei em sua mão, trazendo-a para o meu peito. Apertei-a o máximo que pude.

— Me perdoe — sussurrei e beijei sua face.

Ela baixou os olhos, provocando um rebuliço dentro de mim. A fiz olhar-me novamente, seus olhos estavam inchados e avermelhados. Não tinha um grama de maquiagem. Os cabelos rebeldes estavam em um rabo de cavalo. Até os esmaltes das unhas ela tinha tirado. As roupas eram comportadas demais.

— Pri, por favor, fale comigo — supliquei, com a voz embargada.

Priscila sentou-se e colocou a cabeça entre as mãos. Logo, as lágrimas começaram a molhar a carteira. Ela só balançava a cabeça e não dizia nada. Arrastei a cadeira e sentei-me ao seu lado. Passei o braço pelo seu ombro e encostei a testa em suas costas.

— Não faça assim, Pri. A culpa está me matando. — Nessas alturas, minhas lágrimas já jorravam junto com as dela.

— Meu pai quer matá-lo, Cat. Não sei o que fazer — confessou, baixinho.

— Foi o Breno? — perguntei o que parecia mais óbvio.

— Não, mas meu pai não quer acreditar.

— É só dizer o nome, então — sintetizei.

— Não... não... não, Cat... — suspirou e ergueu a cabeça — se eu contar, e ele sobreviver, vai ser preso. É bem mais velho do que eu. E o pior... — Respirou fundo. — Casado.

Meu corpo endureceu completamente. Todas as pessoas falando para mim que a Priscila não era uma boa companhia, vinham em minha mente. Diante do que me dizia, seria muito difícil de minha mãe me deixar continuar a sair com ela. Já enxergava dona Rosalva apregoando: "Diga-me com quem andas, que direis quem tu és." Sempre usei o argumento de nos conhecermos desde pequena, mas dessa vez seria quase impossível dobrar minha mãe.

— Catarina — chamou-me, com uma expressão fechada.

— Oi — respondi de supetão.

— Estava no mundo da lua? Não sei o que eu faço, me ajude — pediu, desesperada.

Como eu a ajudaria? Tínhamos só quatorze anos, nem beijar eu sabia. Peguei em suas mãos e apertei.

— Vai dar tudo certo, vamos pensar juntas — garanti, com um sorriso amarelo.

O que poderia dar certo, se estava tudo errado? Priscila tinha vacilado feio. No entanto, não adiantaria lembrá-la de seu erro. Já estava feito, teríamos mesmo que, juntas, descobrir como enfrentar aquela situação. Como? Eu não tinha menor ideia.

❦❦❦

A terça-feira chegou com o meu coração batendo mais forte. Eu contava os dias, no calendário, pelas terças e quintas.

No dia anterior, não comentei com a minha mãe sobre a Priscila. Preferi aguardar termos uma conversa e alinharmos nossas falas. A barra estava pesada na casa dela. O pai que, aparentemente, era paciente, estava determinado a dar um corretivo no Breno. Mesmo que minha amiga afirmasse que não tinha chegado ao finalmente com o rapaz.

O momento de arrumar-me para a aula chegara. Verifiquei se minha mãe estava ocupada, o suficiente para não prestar atenção em mim, e subi para me preparar. Vesti o melhor vestido e calcei minha melhor sandália. Fiz uma trança de lado nos cabelos e passei um batom clarinho. Peguei um pouco do perfume da minha prima e desci devagar. Minha intenção era sair à francesa, entretanto, lembrei-me de que tinha que pegar as trufas na mercearia. A professora Isabel autorizou que eu as deixasse na recepção. Fiquei muito grata, pois, elas é que garantiriam que eu pudesse continuar frequentando às aulas.

Entrei na mercearia e agradeci mentalmente as vizinhas bisbilhoteiras, que roubavam o tempo e a atenção da minha mãe.

— Catarina, vem explicar essa história aqui — berrou minha mãe, fazendo-me encolher no lugar. Fui até ela e abri um sorriso inocente. — Dona Marieta está dizendo que a Priscila está embuchada.

Fechei os olhos e me arrependi de ter agradecido a presença daquelas fofoqueiras. Não era o momento de contar à minha mãe. Com toda a certeza, ela me arrancaria o pescoço, por não a ter comunicado.

— Não estou sabendo, mãe. Deve ser boato — soei o mais blasé que consegui, mesmo que sentisse minhas pernas tremulando. — Sabe como o povo gosta de falar, não é mesmo? — acrescentei e fulminei as mulheres em frente à minha mãe.

— Não é boato não, doninha — insistiu a mensageira do mau. — Minha fonte é fidedigna.

Minha mãe olhou de mim para a mulher, umas três vezes, buscando a verdade. Não foi preciso muito tempo, logo, ela soube que eu estava mentindo. Minha respiração oscilava demais. Só vi quando ergueu as sobrancelhas.

— Vá para a sua aula, cabrita. Depois, conversamos — decretou e voltou a conversar com as mulheres. Elas não perceberam, mas eu conhecia muito bem dona Rosalva. A conversa mais tarde seria intensa.

❦❦❦

Como eu já esperava, Priscila não apareceu no ponto de ônibus. Cheguei a pensar em desistir da aula e correr à casa dela, mas a ansiedade em ver o Heitor e o medo de não ter como explicar à minha mãe, foram maiores.

O trajeto, naquele dia, pareceu demorar um pouco mais do que o normal. O trânsito, que normalmente era intenso, estava insuportável. Faltando alguns pontos para eu descer, o motorista desligou o motor do carro, levantou-se e comunicou:

— Pessoal, recebi uma mensagem pelo rádio, tem um acidente logo à frente, impedindo de continuarmos — avisou e liberou as portas para que descêssemos.

Apertei minha bolsa no colo e estremeci. Como eu chegaria ao conservatório sozinha? Quando eu estava começando a sentir-me segura, pois, pegava o ônibus próximo à minha casa e descia na avenida da escola, um acidente colocava em risco minha sanidade.

O nó na garganta foi inevitável. Enquanto as pessoas desciam, eu olhava pela janela, pensando no que fazer. A quantidade de pessoas, lá fora, só me deixava mais desesperada. Respirei fundo e falei comigo mesma: "Vencer os medos, Catarina." O que poderia acontecer? A avenida era praticamente reta, teria que andar alguns quarteirões, segurando a bolsa na frente e tomando cuidado para que ninguém se aproximasse de mim.

— Garota, tem que descer. — A voz do motorista assustou-me. Olhei em volta e percebi que todos haviam saído. Puxei uma longa respiração e levantei-me.

Enchi o peito de coragem e desci. Quando coloquei o pé na calçada, meu coração disparou. Ali estava ele, maravilhosamente lindo, encostado à coluna de um comércio, com os braços cruzados e uma perna dobrada – com o pé apoiado na parede. Sua expressão era séria e, assim que nossos olhos se cruzaram, o sorriso de canto lançou-me uma flecha, bem no meio do peito.

Seus passos foram firmes e, rapidamente, estava entrelaçando os dedos nos meus, arrastando-me para longe da multidão.

— Oi — balbuciou, assim que entramos em uma rua calma, e me colocou de frente com ele. Sorri e umedeci os lábios. — Gostei da trança, mas prefiro eles soltos — comentou e tirou uns fios de cabelos dos meus olhos – colocando-os atrás da minha orelha.

— Como sabia que eu estava naquele ônibus? — Minha curiosidade foi maior do que o alívio de ver que ele tinha ido me salvar.

— Como não saberia? Conto os minutos para te ver, loirinha — confessou e se aproximou um pouco mais. — Quero terminar o que comecei e fui interrompido — murmurou, olhando dentro dos meus olhos.

As sensações que me deixavam desnorteada voltaram com força total. Num piscar de olhos, meu peito oscilava violentamente. Eu não respirava – ofegava. E as pernas, com toda a certeza, as tinha perdido em alguma parte do caminho.

Ele segurou meu rosto com as duas mãos e roçou o nariz no meu.

— Você quer que eu te beije? — perguntou, cuidadoso.

Engoli em seco e segurei o lábio inferior nos dentes. Eu não sabia onde colocar minhas mãos. Abria e fechava os punhos, sentindo-as adormecendo.

— Não sei — declarei, optando pela verdade. Porque eu realmente não sabia. Se fosse agir pela razão, não. Se fosse pensar no que meu corpo queria, a resposta era mais do que clara: sim.

— Vou decidir por você. Porque eu não tenho dúvida de que quero... muito — disse e fechou os olhos, encostando a testa na minha. — Muito mesmo — completou e voltou a me fitar.

O momento tinha chegado. Bastava eu escolher como reagiria. Poderia me fazer de difícil, por medo, ou, deixar que ele me mostrasse como era sentir sua língua dentro da minha boca. Segundo minha amiga, era uma experiência maravilhosa. Só outra coisa, que ela disse que eu não estava preparada para ouvir, era melhor do que um beijo de língua.


Aproveitar as oportunidades que aparecem em nosso caminho pode ser a melhor opção.  

▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪

Então, pessoal. Me contem o que estão achando? Eu sei que, nos primeiros capítulos, a história está ainda está tomando forma, mas, podem ter certeza, de que os acontecimentos não demorarão para começarem a acontecer, na velocidade da luz! 😱😱

Vou aguardar ansiosa os comentários de vocês! 😍😍

E... não ignorem a estrelinha! 

Mil beijos! Até quarta! 😘😘😘

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