Giostra - Máfia Siciliana (CO...

By edith_v4rgas

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Diabo. Foi assim que Ettore Bertinelli passou a ser chamado por aqueles que tinham suas vidas em uma balança... More

Nota das autoras
Cast
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12 parte 1
12 parte 2
13
14
15
16
Bônus
17
18
19
21
22
23
Bônus
24
25
26 parte 1
26 parte 2
27 parte 1
27 parte 2
28
29
30
Bônus
31
32
33
34
35
Bônus
36
37
38
39
40 parte 1
Bônus
40 parte 2
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50 - ÚLTIMO CAPÍTULO
Epílogo
Agradecimentos
EXTRA

20

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By edith_v4rgas


Através das cortinas viu o dia virar noite sem nem ter pregado os olhos por poucos minutos. Era difícil dormir sentindo-se impotente. Já tinha passado alguns dias desde o incidente do galpão, mas desde então não pensava em outra coisa a não ser o quanto foi fraco, pois ele soube naquele dia que nunca estaria seguro.

Que sempre iria saber que naquele dia dependeu de outra pessoa para decidir se seria morto ou não. Não dava para dormir quando parecia que sempre que fechava os olhos se tornava um homenzinho sem significado que dependia da misericórdia de outra pessoa.

O diabo não deveria ter aquela fama, de quem ganha misericórdia, de alcançável. Mas com o tempo e nenhuma atitude tomada ser chamado de diabo tinha se tornada uma piada hilária.

Todos os seus atos tinham caído em esquecimento, ninguém se lembrava mais das coisas que um dia já fez.

Tudo tinha mudado tão rápido em poucos dias e ainda mudaria bem mais.

Ettore desligou o registro do chuveiro e saiu do box enrolado a uma toalha, ficar em baixo da água fria não traria nenhuma resposta para as suas preocupações.

Escolheu roupas casuais, o mais simples que seu guarda roupa inteiro trocado por sua esposa permitiu e se juntou a ela na cama.

― Bom dia, marido. ― Helena se mexeu na cama, se aconchegando ao corpo de seu marido. ― O que foi?

Ela percebeu a ruga de preocupação marcada entre as sobrancelhas de seu marido, assim como os olhos distantes.

― Bom dia, boneca. ― Ele beijou a testa da esposa. ― Não é nada. Só estou pensando em algumas coisas.

― Quais coisas? ― Helena se sentou na cama, puxando o lençol a altura de seus seios para esconder  a sua nudez. ― O que te preocupa, meu marido? Fala comigo.

― Você. ― Aquela não era toda a verdade, mas era parte dela. Então, falou o que achou conveniente. ― Minha linda esposa.

Helena pareceu surpresa ao ouvir aquelas palavras, não esperava que mesmo apesar de ter melhorado a alguns dias seu marido se mantesse atencioso.

― Preocupado comigo?

― Sempre estou.

― Eu estou em perigo, marido?

― E o mal estar que você reclama que vem sentindo sempre quando acorda? Está melhor hoje?

Ettore mudou de assunto drasticamente, mas verdadeiramente curioso. Toda manhã era um mal estar diferente.

Alguma coisa diferente que se resumia em Helena acordando próximo ao horário do almoço.

― Sim. Estou me sentindo melhor graças aos seus cuidados.

― Agora eu preciso ir. Não se demore tanto em sair da cama. Não tenho mais desculpas para meu pai. ― Ettore se aproximou da cama, a fim de beijar a testa da esposa, mas foi surpreendido quando ela o puxou.

― E se usarmos a desculpa de sempre? ― Helena se virou na cama, deitando por cima do marido. ― Que estamos praticando para dar um neto a ele?

As mãos grandes de Ettore se enfiaram nos cabelos escuros femininos, trazendo a mulher para mais perto de si. Passou a língua levemente pelo lábio inferior da mulher, um gemido sôfrego saiu de sua garganta, atrás de mais.

Os olhos fechados e os lábios rosados se formaram em um biquinho, quando duas batidas na porta cortou todo o clima.

Um Leonel furioso entrou pela porta e foi apenas um segundo para que Ettore puxasse o lençol para esconder a nudez de sua esposa.

― Quero você lá em baixo em um segundo! ― Foi uma ordem explícita para Ettore que se levantou assim que seu pai deu as costas e saiu.

― E o meu beijo? ― Helena perguntou para o marido que parou no batente da porta.

― Quando eu voltar dou quantos você quiser. ― Foi a última coisa que falou antes de fechar a porta atrás de si.

Saiu a procura de seu pai que não estava em nenhum lugar aparente, até perguntar para alguma empregada e ser sinalizado que estava no escritório.

― O que houve, pai? ― Perguntou assim que viu seu pai sentado na cadeira frente a mesa no centro do cômodo, com uma expressão nada boa.

― Andrei está na cidade.

Andrei era filho de um dos inimigos de seu pai, mas era aquele impossível de ser comprado. Que estava longe dos domínios italianos.

Que atuava no país frio. Pertencente de uma máfia russa. Ele não deveria estar na Itália, ainda mais em Sicília.

Colocar os pés em solo italiano era assinar seu próprio atestado de óbito.

― Impossível. Ele não seria um tonto.

― Veja você mesmo. ― Seu pai jogou sobre a mesa fotos de Andrei, várias fotos recentes, em Palermo. Conversando com várias pessoas. ― Vladimir não vai demorar a mostrar a cara também.

― Temos um acordo de anos. Eles não vem até aqui e nós não vamos até lá. Fácil e simples.

Ettore largou as fotos e as mãos foram direito aos cabelos, puxando os fios, estava agoniado.

Helena.

Sua esposa foi a primeira a povoar seus pensamentos.

Se os russos estavam na cidade não era boa coisa, nunca era. Quebraram um acordo estabelecido a anos.

― Foi o câncer.

― O câncer, pai? Como?

― Você vai assumir o meu lugar em alguns dias. ― Seu pai começou a falar de forma pragmática, denotava ter conhecimento. Conhecimento que Ettore não tinha. ― Eu estou morrendo. Se eles pretendem atacar a hora se aproxima.

― O que aconteceu no galpão. A visão que passou. Uma notícia vazou. Nada foi feito. ― Ettore entendeu naquele segundo tudo o que aconteceu. ― Pequenas coisas que fizeram de mim um possível Capo fraco.

Ettore passou aos mãos no rosto, tentando controlar a raiva que sentia correr por seu sangue. Parecia ser feito naquilo, de raiva.

Havia um grito preso em sua garganta, um sentimento incomum.

Tinha permitido que em pouco tempo muita coisa tivesse saído de seu controle, deixou inúmeras coisas passarem despercebido. Coisas que nunca tinha passado antes.

Tinha alguma coisa cegando seus instintos e não precisou pensar muito para saber o que era. Que estava prejudicando seus impulsos.

― Tudo foram eles. Estavam armando para nós a meses.

― E o que nós faremos?

― Não, nós não. ― Leonel o corrigiu, passando a bola para o filho. Ele deveria saber pensar como capo, como estar a frente de algo como aquilo. Uma guerra em potencial. ― O que você vai fazer?

A pergunta foi devolvida, mas com muito mais interrogações. Ettore já tinha lidado com aquilo muitas vezes antes, com brigas por território, mas com Andrei era bem maior que briga por território.

Era por poder. E se nada fosse feito a Giostra pararia de girar.

― Preciso da minha equipe, tem que permitir que Fabrizio e Guillermo voltem. Quero ter alguém em quem confiar. ― Foi um pedido sensato, confiança era importante. Jogar ao lado de pessoas que não conhecia era perigoso, ainda mais quando também não conhecia ao outro lado. ― Precisamos alertar também os outros. Augusto, Lorenzo, Antônio. Uma reunião. Eles precisam saber.

― Primeiro a reunião, discutimos o que é melhor para Famiglia e  então eu permito que eles regressem. ― Leonel foi racional em não ir contra a única coisa que o filho pediu. ― Está certo em querer confiança. Não foram eles os responsáveis pelo incidente no galpão. Use Pietro também.

― Não confio nele. Me olha como se fosse capaz de tudo para ter o meu lugar. Às vezes, penso que ele que queria casar-se comigo no lugar de Helena.

Ambos gargalharam da conclusão que Ettore tinha chego. Mas ele não estava exagerando. Pietro era bizarro com olhares demais.

― Ele é filho de Lorenzo. Nunca provou não ser confiável, meu filho. Dê uma chance a ele.

― Se Andrei está na cidade e Vladimir está vindo. Pietro não está nem perto na minha lista de preocupação.

― Espero que meu neto esteja nesta lista. ― Leonel não deixou aquela oportunidade passar, insistindo mais uma vez naquele assunto. ― E esteja no topo. Ainda quero vê-lo.

― Uma coisa por vez. Primeiro Andrei. Pretendo colocar ordem nessa casa primeiro, depois um herdeiro.

― Não seria bom criar uma criança em um impasse mesmo. Está livre desse vez. Agora pode sair. Avise sobre a reunião. Ligue para Augusto e marque para amanhã.

Ettore não esperou uma segunda ordem, saiu na primeira e antes que pudesse notar já estava abrindo a maçaneta de seu quarto atrás de Helena.

Sentiu a necessidade de ter a mulher no braços, por perto.

Naquele segundo se deu conta que estava cedendo as investidas da esposa, que estava caindo nos encantos femininos.

Na voz agradável, no cheiro que lhe transmitia conforto.

Porra.

Aquele era o momento de sua distração. Deixou coisas passar porque estava ocupado demais admirando a esposa dormir, se demorando nos detalhes.

Soltou a maçaneta assim que se deu conta que entrar no quarto naquela hora era como assumir e aceitar que estava dependente dela.

Ettore não precisava da mulher.

Refez seu caminho, indo para sala. Resolveu sair, indo para o jardim, para sua surpresa sua esposa também estava ali, na presença de sua irmã, Helen.

Ao menos pode constatar que estava aparentemente tudo bem. Helena naquela manhã estava radiante, sem sentir nada.

Pegou o aparelho celular e retornou para a sala discando o número de Augusto.

― Alô. ― Não demorou para que fosse atendido, Augusto tinha uma voz de preocupado já que não era costume Ettore ligar. ― Ettore?

― Péssimas notícias, Augusto. ― Não jogou a bomba de começo, apenas alertou, a preocupação estava certa. ― Preciso que marque uma reunião com todos os membros expressivos.

Houve um muitos de silêncio seguido de um suspiro do outro lado da linha.

― Certo, por um segundo achei que fosse meu filho. Mas o que houve, garoto? ― Augusto era como se fosse um segundo pai, então não se importou em ser chamado daquela forma. ― Por que precisa dessa reunião?

― São os russos. Andrei está em Palermo e pelo visto já tem uns dias.

― Porca miseria. ― Pela primeira vez escutou Augusto pronunciar aquele tipo de palavreado. Nunca viu o homem tomado pela emoção. ― Quebraram nosso acordo. Sabe o motivo da visita?

― Na verdade, não. Mas convoque a todos para amanhã, conversamos mais sobre isso pessoalmente. É melhor.

― Certo. Nos vemos.

Se despediram brevemente e Ettore encerrou a ligação, guardando o celular novamente.

Serviu-se um gole de conhaque e bebeu a bebida em um único gole, incomodado e irritado com a situação que tinha de tornado uma bola de neve, virou mais uns dois copos.

Como se o álcool fosse capaz de sarar suas feridas e colocar tudo em ordem novamente, para pensar friamente.

Precisava ser racional em uma situação como aquela. Estaga tomado por um misto de emoções e não tinha uma pessoa na qual confiasse o bastante para colocar para fora.

Encheu outro copo e novamente o virou. Dessa vez o álcool não rasgou em sua garganta.

Parecia temer o que estava por vir. Não queria perder Helena assim como tinha perdido Aurora.

Não estava pronto, mesmo apesar de todos os anos, e nem estaria.

Não conhecia Andrei e muito menos Vladimir, não sabia como eles atuavam. Não sabia o quanto seus inimigos poderiam ser perigosos, era como se estivesse se preparando para dar um tiro no escuro.

Aos menos sua mira era boa, sempre acertou ao alvo.

A diferença era que não sabia onde estava o alvo e dessa vez, Ettore tinha um ponto fraco. Estava exposto.

Seu pai ter arrumado um casamento foi um fracasso. Fez tudo errado. Apesar da lei da Giostra ser bem clara que para estar a frente da famiglia, precisava ter a própria famiglia.

Em ter a própria famiglia estava explícito que isso implicava a perigos, em ponto que jamais teria um nó.

Mas para o alívio total de Ettore só existia a sua esposa.

Apenas ela.

Vocês são TeamRussos ou TeamItalianos?

E para vocês terem uma ideia, Andrei e Vladimir estam chegando para ficar.

Minhas sugestões? Aí estam elas.


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