Giostra - Máfia Siciliana (CO...

Por edith_v4rgas

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Diabo. Foi assim que Ettore Bertinelli passou a ser chamado por aqueles que tinham suas vidas em uma balança... Más

Nota das autoras
Cast
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12 parte 1
12 parte 2
13
14
15
16
Bônus
17
19
20
21
22
23
Bônus
24
25
26 parte 1
26 parte 2
27 parte 1
27 parte 2
28
29
30
Bônus
31
32
33
34
35
Bônus
36
37
38
39
40 parte 1
Bônus
40 parte 2
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50 - ÚLTIMO CAPÍTULO
Epílogo
Agradecimentos
EXTRA

18

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Por edith_v4rgas

― Você precisa de credibilidade! Esse é o ponto.

Stefano Rizzo, vice presidente, comentou totalmente relaxado enquanto se servia de conhaque do barzinho no canto da sala.

― Mais credibilidade? Elevei os juros a zero, adiei o pagamento da primeira parcela, eu aumentei o prazo também. Eu fiz tudo o que podia e um pouco do que não podia também.

― Não, não! Não estou falando dessa parte, claro que isso foi importante, já que quer tornar o banco para todos. Mas você não mostrou o porquê quer isso.

Ettore desviou os olhos da tela do computador e cruzou os dedos sob a mesa, olhando para Stefano buscando uma explicação.

― Eu devo mostrar como, então?

― Nessa droga de cidade todos conhecem você, o nome Bertinelli corre tão longe quanto a reputação de riquinho de vocês. Vamos mostrar que não somos assim.

Ettore não precisou de mais. Em apenas alguns segundos com aquelas palavras de Stefano ele entendeu que o homem falava sobre investir, sobre se lançar e apoiar instituições, como já tinham conversado antes.

― Invista. Tem tanta coisa começando e nada termina por falta de capital. A própria catedral é um exemplo.

― Ela vai estar na boca de todos, é claro. Se fizemos isso em pouco tempo vamos desconstruir esse tapu do Bertinelli ser apenas um banco para os grandes empresários.

Só tinha um grande detalhe: Ettore não tinha tempo para cariedade.

― Só precisamos patrocina-los.

Stefano Rizzo tinha o pensamento rápido, um homem inteligente que sabia ouvir e sabia falar. Sabia se expressar de modo direto. Era por aquele motivo que Ettore prezava suas ideias e o dava razão.

― Com isso perdemos hoje, mas ganhamos amanhã.

― Como gostamos de dizer aqui, não existe sacrifício que não seja recompensado.

― Ótimo. ― Ettore levantou, contornando a mesa indo até o bar, servindo-se de conhaque também. ― Marque uma reunião, quanto antes começamos, melhor.

― Meu marido...

Helena entrou na sala, interrompendo a pequena reunião, com uma expressão de aflição. Trazendo em mãos duas revistas.

Parecia ligeiramente pálida e assustada. Como se algo grave estivesse acontecendo.

― O que foi, Helena?

― Devo deixar os dois sozinhos? ― Stefano perguntou antes que Helena fosse capaz de responder, entendendo o clima estranho que tinha se formado.

Helena concordou com a cabeça, se aproximando da mesa de seu marido.

Stefano não demorou segundos para sair e fechar a porta atrás de si em seguida.

― O que foi, mulher? Está tudo bem?

― Desculpe, marido. Não queria ser eu a te mostrar isso, mas achei melhor assim. ― Ela estendeu as revistas para Ettore, meio sem jeito.

A capa carregava uma novidade surpreende. Ettore precisou reler inúmeras vezes para ter certeza daquilo que estava lendo, que seus olhos não estavam o enganado como parecia.

Pareciam pregar uma peça, como se tivesse vida própria.

Não podia acreditar que aquilo era verdade, mas eram duas capaz com a mesma notícia. As mesmas informações em letras bonitas e bem editadas.

Por que não conhecia aquela verdade?

Seu pai estava morrendo lentamente e ele não fazia ideia. Não sabia o que estava acontecendo bem debaixo de seu nariz.

Um câncer no estômago. A notícia estampada em duas capaz. Revistas de peso que comentavam na primeira página a tragédia de um banqueiro que inspirava inúmeras pessoas ter seus dias contados.

“Algumas verdades devem ser expostas.”

Aquelas palavras escritas em minúsculo no final da página lhe fizeram recordar das palavras de Mauro. Aquelas promessas que pareciam ser de uma pessoa desesperada estavam se mostrando serem reais.

Palavras lúcidas, que agora fazia parecer ameaças duras de que estava sendo ameaçado por alguém que sabia demais da Giostra.

Que sabia o segredo de seus membros, de seu padre.

“Todos saberão desse câncer.”

E todas souberam de uma forma escandalosa. Qualquer um que soubesse ler saberia que Leonel tinha câncer, até mesmo seus inimigos que poderiam se aproveitar de sua suposta fragilidade.

Mas aquilo deu a certeza que precisava para saber que não dava mais para viver como se nada estivesse acontecido, porque algo bem grave aconteceu naquele galpão.

Que os lobos não estavam esperando a lua cheia para uivar, que se mostrariam também de dia, sem medos.

Estavam atacando uma organização antiga e poderosa como quem ataca uma gangue qualquer de rua.

Ettore não sabia da existência daquele câncer, que seu pai fazia tudo com pressa e agilidade porque não tinha tempo para ser desperdiçado. Se esperasse ele não iria ver as coisas acontecendo. Não iria se deslumbrar ao ver os planos virando realidade.

A queimação que sentiu no topo do estômago ao ler que Leonel era uma inspiração, um modelo a ser seguido, foi inexplicável. Sentia-se enojado pela superfície perfeita que seu pai demonstrava perante a sociedade, enquanto não passava de um homem asqueroso, soberbo. Metido a rei do homem.

Se existisse alguma justiça divina certamente aquele câncer fora causado por Deus.

Seu pai estava sendo comido por dentro lentamente, aos pouquinhos, parecendo que seu sofrimento deveria ser prolongado assim como fazia e fez com tantos inocentes.

Com uma morte lenta e dolorosa.

Deus deveria existir, a final.

O que incomodou Ettore e que novamente ouviu sobre o anjo. Primeiro com Cesare e agora em ambas as revistas que o davam os devidos

Ele estava mexendo com coisas que não deveria.

― Marido? ― Helena interveio, preocupada pelo longo silêncio de seu marido.

Ele estava sentado, totalmente parado com os olhos fixos nas revistas. Tão concentrado que nem parecia respirar.

Também não demonstrava tristeza por receber uma trágica notícia. Parecia só...

... Curioso.

― Marido? ― Mais uma vez tentou, mas dessa vez circulou a mesa, para tocar levemente seu marido para que saísse do transe que parecia preso.

― Sim, oi. ― Ele segurou na mão da mulher, levantando o olhar para ela. ― Essa notícia vai mexer com muitas coisas, Helena.

Tinha um peso temeroso naquelas poucas palavras, porque sabia que aquela notícia seria entendida como uma vulnerabilidade na Giostra.

E em seus muitos anos tinha aprendido que dentro de Palermo e fora dela tinham muitos inimigos, muitos prejudicados que fariam de tudo para liquidar com a famiglia.

E aquilo poderia trazer inúmeras consequências, como o fim de seu tempo como filho do Don, porque se tornaria Don antes do que esperava.

― O que vai fazer?

E com certeza pesada era a cabeça que usava a coroa.

― Procurar por esse anjo.

― Como? Você só tem um codinome. Não tem como. ― Fez uma pausa parecendo pensar no que deveria dizer. ― Devemos ficar juntos, perdoar os pecados uns dos outros e esperar em paz que esse anjo não fará nada.

Helena respondeu como se seu marido fosse só um homem qualquer, sem poder nenhum naquela cidade. Estranhamento seu tom desagradou Ettore.

― Devo presumir ― Ettore soltou a mão de Helena e se levantou. ― Que você não acredita em mim.

― Eu acredito. É que

― É que nada, Helena. Você não acredita que o lado dos Bertinelli sempre vencem, por isso esse papo furado de sentimentalismo e paz. Esse anjo, Helena, não é um ser celestial como você quer acreditar.

― E se for? Você não pode controlar a justiça. A verdade. Existem coisas acima de você.

Ettore gargalhou ao ouvir a resposta de sua esposa que parecia uma religiosa incurável, doente que acreditava nos santos.

Se sentiu desapontado com a mulher. O jogo nem tinha começado, mas ela já estava desistindo por temer perder.

Seu pai tinha lhe entregado uma mulher fraca, sem fé em seu marido.

― Não existem. Deus não mandaria um anjo que fica publicando em anônimo. Não mandaria um fraco, como você, que desiste antes de lutar.

― Eu não quero sangue inocente manchando minha mão. Uma luta sempre mata e nem sempre o sangue derramado é de um homem condenado.

― Me responda uma coisa: Você é uma mulher condenada ou inocente?

― Me condenei quando subi aquele altar e disse sim para você.

Ettore até que achou as palavras bonitas, dignas de aplausos, mas não aplaudiu.

Deu um sorriso sórdido, subindo um pouco da lateral de sua blusa, deixando que Helena pudesse ver a ponta da pistola que carregava no cós de sua calça.

Ela deu dois passos para trás, abraçando o próprio corpo. Sentindo o arrepio correr por todo o seu corpo.

― Está pronta para morrer? ― O sorriso ainda estava nos seus lábios quando tocou na pistola na sua cintura, ameaçando tirar. ― Hoje io posso ser a justiça que você, indiretamente disse, apoiando a morte de condenados.

― Não! ― Seus olhos estavam cheios, pela primeira vez com medo do homem a sua frente.

Aquela figura masculina que segurava a arma na cintura, com um sorriso sórdido nos lábios, não parecia seu marido. Parecia ser outra coisa.

Antes mesmo de qualquer movimento de Ettore, as lágrimas caíram por seu rosto e Helena saiu correndo da sala o mais rápido que pode. Ignorando que estava no trabalho de seu marido.

Apertou os botões do elevador com tanto desespero e medo, temia que seu marido fosse realmente capaz de a matar ali. Naquela sala.

Quando entrou na caixa de metal pode ver seu marido parado no batente da porta, mas antes que ele fosse capaz de vir atrás ela apertou o botão do primeiro andar e as portas se fecharam.

Ettore só se preocupou com o que tinha feito tarde demais, quando já não tinha mais jeito de reverter a situação.

Voltou para a sala com um grito preso na garganta. Seu sangue estava fervendo enquanto a raiva borbulhava em seus sentimentos, bagunçando tudo.

Com o impulso tudo que estava sob a mesa foi jogado no chão, sem se importar com nada. Precisava extravasar antes que tomasse uma escolha que não tivesse volta.

Pegou o paletó no encosto na cadeira e o vestindo. Parecendo perfeito novamente, engoliu toda a revolta dentro de si, respirando fundo.

Era aquilo que Helena trazia. Aquela confusão que ele não sabia controlar.

Falava e agia sem pensar. Mas depois parecia quase arrependido.

― Cancele todos os meus compromissos. Estou saindo e não pretendo voltar hoje. ― Ordenou para Fiorella assim que saiu de sua sala.

― Sim, senhor.

Ignorou o olhar que recebeu de sua secretária, indo para o elevador.

Seu caminho até seu veículo foi feito se remoendo, por seu pai e por sua esposa.

As pontadas em sua cabeça apareceram logo em seguida, causando um grande incômodo. Era absurdo como não existia nada ruim o suficiente que não pudesse piorar ainda mais.

Assim que chegou em casa, seu pai estava sentado do sofá. Em uma das mãos estava o costumeiro copo curto com alguma bebida.

― Quando ia me contar que está morrendo? ― Foi a primeira pergunta que fez ao se aproximar. ― Como o anjo sabia e eu não?

Leonel nem levantou os olhos.

― Não ia te contar, simples. Não tenho a obrigação de dar-lhe satisfação acerca de minha vida.

― Sobre isso eu deveria saber. É um câncer, uma doença que está te matando aos poucos. Não é só sobre você.

Leonel bebeu um longo gole calmamente de sua bebida, parecendo não ligar para o assunto.

― É sobre você, então? Um moleque fraco e estúpido que não sabe colocar a própria mulher no lugar dela. Você não sabe nada!

Ettore gargalhou, incrédulo, negando com a cabeça. Seu pai era inacreditável.

― Fraco? Você está morrendo. Se existe alguém fraco aqui, não sou eu, é você. Por isso toma essas merdas de atitude. Está perdendo o controle e você não suporta isso.

Leonel se levantou ficando cara a cara com Ettore, tentando impor um medo que não surtiu efeito algum.

― Que coragem é essa? Primeiro pela manhã e agora isso. ― Fez uma expressão de frustrado, como se tivesse perdido uma criação perfeita. ― Isso tem a ver com Helena, não tem? Aquela mulherzinha.

Ettore deu um passo frente, diminuindo ainda mais a distância com seu pai, mostrando a coragem na qual ele falava.

Desafiando-o sem temor algum.

― Deixe ela de fora. Helena, a mulher que você escolheu, não tem nada a ver com isso. Estamos sendo atacados, você está morrendo e me esconde isso.

― Eu não te criei para ser isso. Esse fraco. Essa mulher está mudando algo em você. Eu vejo ― A queimação no topo de estômago tinha voltado, mas ainda mais forte, enquanto Ettore sentia-se enojado pela figura a sua frente. ― Vejo como olha para ela, como me enfrenta quando está com ela. Você não está me dando escolha, eu posso sofrer também, mas você vai aprender uma vez por todas que quem dar as ordens aqui sou eu, Ettore. Desça desse pedestal que seu dia ainda não chegou.

― Eu não sou mais aquele moleque que você mexia uns pauzinhos e tudo estava resolvido, agora eu cresci e está na hora de você perceber. Sou um homem. Eu não tenho mais medo do que você pode fazer, porque pai, hoje você está aqui, amanhã tudo acaba.

Ettore sermicerrou os olhos, firmando a ameaça clara, ele não ia permitir ouvir tudo calado, nao engoliria mais aquelas merdas. Não seria o mesmo fraco, burro, que seguia cegamente as ordens do pai sem se questionar.

Precisava deixar aquilo para trás ou jamais seria levado a sério, jamais seria o homem que se não impõe respeito, coloca medo.

― Olhe para você, ameaçando seu próprio pai. Você precisa de mim, não seria nada sem mim, não seja um ingrato.

Ettore deu as costas para o homem, incapaz de continuar a discussão. Sua cabeça parecia estar prestes a explodir e se continuasse ali não teria outro jeito.

Caminhou até seu quarto a passos rápidos, pulando alguns degraus para se afastar das merdas de seu pai.

Bateu a porta com tanta força que o barulho fez eco em sua cabeça, mas não se apreendeu, parte da raiva tinha se dissipado naquele instante.

Sem ao menos perceber já estava com o celular em mãos. O número já decorado brilhava na tela quando discou para tentar localizar sua esposa.

Tentou uma... duas... cinqüenta vezes e todas elas caíram em caixa postal. Deixou tantas mensagens de voz que perdeu a conta.

Era mais que lógico que ela não atenderia ela estava com medo.

Ettore mostrou naquela tarde que Helena estava segura de tudo e todos ao seu lado, mas não estava segura dele.

Na verdade, ninguém estava.

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