MARIANA ASSUNÇÃO
Assim que saí do trabalho peguei um táxi, queria tomar um banho digno e fazer o máximo para disfarçar a minha cara de acaba.
Karol como sempre, me desejou sorte e ordenou que eu vestisse algo sexy e caprichasse no perfume.
Respondi algumas mensagens nas redes sociais e aproveitei para saber como a minha filha está se comportando na casa da sua amiguinha. Falei brevemente com a minha mãe e foquei na loucura em que me enfiei. Jantar com o Dominic.
Pra quê eu fiz aquilo senhor?!
Agora é tarde. Vou ter que jantar. Aí que fome estou, sou capaz de devorar um banquete sem esforço algum.
Credo, Mariana. Estou até parecendo uma esfomeada.
[...]
Viro a taça de vinho de uma só vez e volto a me arrumar. Borrifo mais um pouco de perfume, mordo os lábios quando me vejo no espelho do quarto. Será que exagerei na roupa? Ou, na maquiagem?
A campainha toca e xingo. Nem dá tempo de trocar nada. Solto as peças que tinha pego e vou abrir a porta.
— Sete em ponto. Vamos? – Dominic sorri mostrando os dentes.
O filho da mãe é pontual.
— Nossa, você está lindo. – as palavras simplesmente saem da minha boca.
— Obrigado. Você também está muito linda, sempre foi na verdade. – ele me entrega um buquê com flores. Nem tinha reparado.
— Obrigada, são perfeitas. Vou coloca-las em um vaso e já volto.
Ponho as flores no vaso e dou mais uma olhada rápida no espelho. Pego minha bolsa que parece mais uma lixeira de tanto papel.
— Ah, esse cheiro. O mesmo. O único. – raramente troco de perfume. E Dom sempre gostou desse cheiro meu.
— Sempre gostei desse perfume. – sorrio e ele retribui.
— Eu sei. Vamos? – ele estende sua mão e eu aceito. Está fria como a minha.
Antes de dar qualquer passo, peço Mentalmente para não cair com a cara no chão por conta dos saltos que inventei de usar. Optei por roupas básicas, calça de alfaiataria na cor preta, uma blusa de alcinhas finas com decote em V na frente, não muito profundo.
Fiz uma makes com sombras leves, passei rímel pra realçar os meus cílios mas não deixei tão carregado e na boca apenas um batom nude com gloss. Como acessórios coloquei somente um colar com um pingente oval, onde eu guardo a primeira foto da Melissa ao nascer, e brincos de argolas pequenas.
Um carro para próximo a nós e um belo moreno desce dele, com um sorriso enorme.
— Boa noite, olá moça bonita. – diz me olhando.
— Mariana Assunção. – cumprimento.
— Caio Tavares, amigo gato de Dominic.
Acho que ele é um pouco convencido, isso sim.
— Cala essa boca seu filho da mãe. – Dom responde.
— Ô senhor amigo gato, podemos ir? – diz uma loira sentada no banco do carro com a porta aberta. Ela é linda.
— Não vive sem mim. – diz Caio.
— Só acho que está muito convencido Caio, eu vivo muito bem sem você aliás. – ela rebate.
Bem feito. Ela tem língua afiada e parece saber colocar alguém em seu devido lugar com maestria.
Cada um seguiu para seus carros e fomos para o lugar marcado.
Acho que vai ser uma noite e tanto.
[...]
Paramos no estacionamento do restaurante e antes que eu conseguisse perguntar qualquer coisa Dominic já estava cheirando o meu pescoço. Arrepios e sensações de prazer me abraçaram no mesmo instante. Que delícia!
Se ele lamber novamente a minha orelha, juro que não vou me controlar dentro desse carro.
— Os pombinhos nem jantaram ainda e já estão indo comer a sobremesa? Que isso casal!
Convencido, palhaço e divertido... Caio Tavares tem várias qualidades.
— Filho da puta. – Dominic e sua boca suja de sempre.
— Vamos, estou faminta. – digo e recebo um olhar cheio de intenções indecentes.
— Posso resolver isso agora mesmo.
— Nem pense nisso moço, pode abotoar essa calça agora mesmo. Estou me referindo a comida que vem servida no prato.
— Se esse for o problema, posso me deitar na mesa e você estará servida.
Deus, como que faz pra manter o controle depois de escutar isso?
— Vocês vem ou não? – dessa vez é a loira quem chama.
— Da pra acreditar, algumas horas de convivência com o Caio e ela já virou uma empata foda igual a ele?
— Não fala assim da moça. – reclamo.
Saímos do carro e já podemos escutar as risadinhas do casal empata foda.
— Boa noite Dr. Dominic.
— Hoje não tem formalidades Bruna, estamos como amigos aqui.
— Certo.
— Essa é Mariana, minha... – interrompi.
— Amiga. Prazer! – ele me olha e sorrir. Se olhar matasse eu estava mortinha da silva.
Calma moço, vamos com muita calma nessa história. Não vou me foder duas vezes.
— Afinal, que lugar é esse Caio?
Analiso o local visualmente e nunca tinha notado que ele existia. Parece meio escondido. Talvez tenha coisas inapropriadas lá dentro.
— Deixa de frescura cara, você achou mesmo que eu ia convidar essas belezuras pra jantar meia grama de salada e escutar o blá blá blá daquele povo sem graça, num restaurante cheio de gente metida?
Caio Tavares parece não ter filtro também. Esses homens são todos descontrolados e impacientes. Mas isso parece que vai ser divertido e eu gostei do lugar.
— Você não tem jeito. – acho que alguém aqui não curtiu muito a ideia.
— Não vejo problema algum, aqui parece ser animado. – digo.
— Concordo com Mariana. Vamos, vai ser legal.
— É rapunzel, vai ser legal.
Esse apelido eu nunca escutei, mas parece que deixou Dominic ainda mais puto.
Depois de muitas brincadeiras rolando, entramos de vez no bendito restaurante e de cara já gostei do lugar. É animado, tem bastante gente conversando e algumas mulheres param pra babar os dois exibidos aqui.
— Mas é muito metido esse Caio viu.
— Vou nem falar da Rapunzel aqui.
— Do que vocês estão rindo? – Caio pergunta. Eu falo ou vocês?
— Nada. – digo.
— Nadinha mesmo.
[...]
O jantar estava uma delícia, se eu não estivesse satisfeita comeria muito mais daquele estrogonofe. Sem dúvidas aquilo é algo preparado pelos deuses. Eu estava devorando uma sobremesa de chocolate quando uma música romântica começou a tocar. Nem tinha percebido que aqui tem um pequeno palco, microfone e tudo o que precisam para fazer um show.
Caio não perdeu tempo e logo puxou a loira sensual pra dançar. É engraçado ver a mulher toda sem jeito retirando a sua mão indecente que insiste em ficar grudada na sua bunda. Descarado, sem vergonha.
— Vai ficar só olhando Mariana? – Dominic oferece a sua mão.
— Melhor não. – recuso.
— Sua bunda deve estar doendo de ficar sentada tanto tempo. Vamos, não se faça de difícil. É só uma dança.
— É, pode ser.
Rumo a foder o juízo aí vou eu.
Me aconchego nos seus braços e colo o meu rosto no seu, apesar de Dominic ser mais alto que eu. Sigo os seus passos de acordo com o ritmo da canção. A letra e linda e com ele cantando baixinho no meu ouvido só melhora.
(Djavan - Oceano)
Suas mãos me apertam e minha calcinha só fica mais pesada. Seu balanço me seduz e a sua respiração quente no meu pescoço, como é bom sentir isso.
— Lembra de quando a gente fugia a noite pra dançar no quiosque lá perto da praia? A sua mãe fazia de tudo pra ninguém flagrar você pulando a janela.
— Lembro, e lembro mais ainda o dia em que você quase quebrou o braço quando o despertador não tocou e você quase foi pego na minha cama. Nunca vi ninguém pular daquele jeito de uma janela.
— Valeu a pena. Tivemos uma noite incrível de amor.
— Loucos e apaixonados. – digo.
— Eternamente, loucos e apaixonados.
É tão inevitável ignorar esses olhos de safira me hipnotizando, nossa. Seus corpo queima e a sua boca me chama de um jeito safado que só ele faz e eu vou.
Tudo a nossa volta parecia ter sumido, era como se tivesse somente nós dois naquele lugar.
Me senti tão dele que sequer conseguia raciocinar, suas mãos puxava o meu cabelo com força e eu gostava daquilo. De força, com força.
— No andar de cima tem quartos é só alugar uma chave e foder a noite toda.
Caio é, de fato, o empata foda que Dominic disse.
— Agora entendi a escolha do lugar, seu safado. – diz Bruna, dando um soco no ombro do moreno.
— É como diz o ditado, dois coelhos numa cajadada só. Agilidade é essencial.
— Nunca escutei esse ditado.
— Está escutando agora, pronto.
— Já volto. – Dom some no meio das pessoas e já até sei aonde foi.
— Acho que alguém aqui vai visitar o andar de cima.
— Acho que você também vai, até porque foi o Caio quem escolheu esse restaurante, karaokê e meio motel maluco.
— Boa sorte pra você Mariana.
Acho que eu preciso de controle, isso sim.
— Pra você também Bruna.
Rimos muito, sem saber o motivo, acho que o álcool das bebidas estão fazendo efeito. Os meninos voltam e mostram as chaves.
— Dezoito. – diz Dominic.
— Vinte. – diz Caio mostrando a chave.
É, vai ser uma longa noite.
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Boa leitura.
Beijos, Jaqueline Carvalho.