[...] “— Então... — incentivou ele a continuar. — O que o levou a terminar nosso relacionamento?
Went respirou fundo e, sem mais demora, e para espanto total de Giulia, disse:
— Eu sou gay!”
Parecia que Went dissera aquela bomba há séculos — o que era um exagero, no máximo dois minutos — e Giulia continuava sem conseguir raciocinar direito.
Sabendo que ele a olhava esperando por alguma reação, ela o fitou, com o olhar meio perdido e balançou a cabeça.
Went McCoyt... gay?!
Ela abriu a boca, mas a fechou logo em seguida. Não acreditava que tinha ouvido aquilo. Passou a mão pelos cabelos, ainda sem saber o que dizer. Aquele fato era muito, muito inesperado.
Mordiscando o lábio superior, Giulia meneou a cabeça outra vez.
Went suspirou com todo o silêncio dela. Será que fizera o certo em contar a verdade? Talvez fosse mais do que ela poderia lidar, mas ele precisava conversar com alguém e, acima de tudo, ser honesto com Giulia. Depois de tudo, era o mínimo que poderia fazer por ela.
Giulia o fitava com intensidade e uma curiosidade imensa. Uma dúvida pesava em sua mente e tinha que perguntar para ele, não podia deixar essa oportunidade passar em branco. Precisava saber!
— É... — respirou fundo. — Went... Posso te perguntar uma coisa? — disse meio envergonhada.
— Claro que pode!
— Ok... — respirou fundo e o olhou. — Desde quando você sabe disso?
— Por que você quer saber? — indagou, mexendo nos cabelos.
— Bem... eu quero saber se isso foi antes ou depois do nosso namoro.
Went respirou fundo. Se abrira para ela, agora sabia que Giulia tinha o direito de conhecer toda a verdade. Mesmo que ela não gostasse muito de saber...
— Bem... — a fitou com atenção. — Foi durante o nosso namoro.
Oh, meu Deus!
Giulia arregalou os olhos, tamanha era sua incredulidade ao ouvir a confissão. Ela se levantou e começou a andar de um lado para o outro.
Ótimo!, ela pensava. Agora além de tudo... eu não consigo satisfazer um homem e ele vira gay? Isso tudo era muita coisa para um ser humano suportar.
Sem saber o que ia no íntimo de Giulia, Went a seguia com o olhar. Era óbvio que ela teria uma reação parecida com aquela. Afinal, qual mulher não teria?
— Giu... — a chamou, respirando fundo. — Por favor...
Giulia parou de andar e o fitou com os olhos estreitados.
— Por favor? Como você quer que eu me sinta ouvindo isso de você?! Tem ideia de como eu estou? O que esperava que eu fizesse? O que acha que estou pensando com isso tudo?
Went fechou os olhos por um momento e soltou um suspiro, dizendo:
— Eu imagino. Sei que não é fácil ouvir um ex namorado dizer que é gay... mas.. — se levantou e foi até ela, pegando em suas mãos. — Isso não teve nada com você. Foi algo que simplesmente aconteceu...
Giulia balançou a cabeça.
— Não, Went. Não é tão simples assim...
— Eu sei que não é fácil entender. Eu mesmo não entendo as vezes. — encolheu os ombros. — Mas o que podemos fazer, Giu? A vida é assim... — enquanto ele falava, ia fazendo carinho nas mãos de Giulia, tentando fazer ela se acalmar. — Só quero que sabia, que você é uma mulher encantadora e que eu te amei sim. Mas as coisas mudam. Não sei porque aconteceu isso comigo e foi por isso... por eu ter te amado tanto, que resolvi que seria o melhor acabar com nosso namoro. Não queria te fazer sofrer e nem ao menos te enganar, Giu..
Algo no tom de voz e na forma como ele a fitava, fez com que Giulia percebesse que ele dizia a verdade e se acalmou com aquilo. O fitando nos olhos, ela indagou com um suspiro:
— Quem mais sabe disso?
— Que eu sou gay?
— Isso...
— Bem, até agora... só você.
— Mas... e seus amigos? O Sammuel? Ele é seu melhor amigo.
— Não posso falar isso para eles... — negou com a cabeça. — É capaz de não me aceitarem mais.
— Mas, Went...
— Não, Giu. — a interrompeu. — É melhor assim...
Pela primeira vez desde muito tempo, Giulia sentiu compaixão por Went. A vida que ele levava não devia ser fácil... Esconder de todos quem você realmente é por dentro, é uma trabalho difícil.
Depois da conversa que tivera com Went, Giulia voltou para casa ainda meio confusa. Isso para não dizer que estava muuuuiiiitoooo confusa.
Nunca na sua vida sequer pensou a cogitar a ideia de que Went a teria deixado por ser gay. Isso era muito para uma mulher. Saber que o ex a deixou porque descobriu que é gay... não era algo muito fácil de se lidar. E não seria qualquer mulher que conseguiria agüentar aquela notícia.
Mas Went lhe deixou bem claro que aquilo não tinha nada com ela. E sim com ele. Giulia não teve culpa nenhuma no que aconteceu.
Went disse isso tão confiante e convicto, que Giulia se viu na obrigação de acreditar nele. Além disso, ele tinha lhe pedido segredo sobre aquilo e ela seria fiel ao pedido dele.
Viu nos olhos do ex, que apesar de tudo, ele não devia ser totalmente feliz. Não poder contar com os amigos e familiares nessa hora, não devia ser algo muito fácil.
E ela não sabia porque, mas se sentiu eternamente grata a ele por ter lhe contado a verdade. Percebeu, que apesar da forma como o relacionamento deles acabou, Went ainda fora capaz de confiar a ela algo tão pessoal.
Já eram quase oito da noite quando ela chegou em casa procurando por alguém. Encontrou um bilhete de sua mãe, dizendo que todos tinham saído.
Quase todos... sua mãe ainda disse no bilhete que Paco tinha resolvido ficar em casa a esperando e ainda colocou uma observação:
“Acho que ele está preparando alguma surpresa pra você, querida. Não se preocupe... ficaremos a noite toda fora. Aproveitem bem a noite!”
Giulia leu aquilo e balançou a cabeça, rindo.
— Essa minha mãe... Não tem jeito mesmo. — colocou o papel dentro da bolsa e foi subindo as escadas, ainda pensando em Went.
Foi então se lembrou de uma coisa e estacou no lugar.
Flash back
— Mesmo? — Giulia indagou, olhando-se no espelho.
— Claro que sim! Ele só não vai notar isso se for gay.
— Gay?! — indagou e logo começou a rir com vontade. — Went McCoyt, gay... , ela pensou, era só o que me faltava!
— Por que não? Esse poderia ser um dos motivos para ele ter te dispensado sem mais nem menos.
— É... — ela parou um momento e estreitou os olhos, pensativa. — Sabe que falando assim, você pode ter razão... — balançou a cabeça e concluiu com convicção: — Nãããoo... Aquele homem não tem a mínima vocação para ser gay!
— Isso é o que você pensa. — deu de ombros. — Conheço muitos homens que se dizem machos, mas na verdade são homossexuais.
— Não, não! — meneou a cabeça. — Você para com isso, ok?
— Tudo bem... Você que sabe.
Fim do flash back
— Meu Deus! — ela murmurou, levando uma mão aos lábios e arregalando os olhos por um momento. — O Paco tinha razão... — um sorriso começou a se formar em seu lábios. — Ele precisa saber disso... — voltou a andar, ainda rindo, mas estacou outra vez. — Não... não posso... O Went me pediu para não contar. — mordiscou o lábio, indecisa. Queria falar aquilo para Paco, mas não queria trair a confiança que Went depositou nela. — Oh, duvida cruel... — respirou fundo e voltou a andar.
Pensaria no que fazer com aquela nova informação mais tarde. Agora queria saber o que Paco estava aprontando.
Ela chegou na porta do seu quarto e a abriu. O quarto estava todo escuro e ela foi ascender a luz. Foi quando a luz se ascendeu sozinha e ela ouviu a porta se fechar.
Ao virar-se e olhar para trás, não acreditou no que seus olhos registravam.
*Eeeee amanhã tem mais! Não ia liberar a coisa assim tão facilmente. Se querem saber qual é a surpresa de Paco, vão ter que aguentar um pouco a curiosidade e ler amanhã. E acreditem em mim, vale a pena. MUITO A PENA! Kkkkk’
E não se esqueçam das estrelas, amores. Beijo, beijo!