Assim que seu “pequeno” grito ecoou pelo lugar, todos a fitaram com curiosidade e Giulia levou a mão à boca, ainda surpresa com o que sua prima lhe falara.
Dianna deu um risinho sem graça e olhou para Giulia, dizendo baixo:
— Vê se fala baixo, garota!
Giulia tirou a mão da boca e olhou em volta antes de falar com Dianna.
— O que você quer que eu faça?! Olha o que me falou...
— Faça qualquer coisa, Giulia. Menos um escândalo!
Giulia respirou fundo e olhou para Paco, indagando baixinho mais para si mesmo:
— Será?
— “Será” o que?
— Ai, Dianna! — revirou os olhos. — Que ele me... me... — gaguejou, incapaz de completar a frase. — Você sabe... — fez um gesto vago com as mãos.
— Eu que vou saber? Quem tem que saber disso é você... — deu de ombros.
Giulia mordiscou o lábio e olhou novamente para Paco. Era impressão sua, ou ele a fitava com intensidade.
Giulia sentiu um arrepio passar pelo seu corpo e voltou a olhar para Dianna, dizendo:
— Eu tenho que descobrir isso...
— Bom dia! — A professora de dança, uma senhora com seus sessenta anos, delgada, elegante e com seus cabelos escuros presos em um coque, entrou no estúdio e todos olharam para ela. — Vamos lá... — bateu palmas, animada. — Formando seus pares!
Giulia olhou para Paco e ele veio em sua direção.
— A dança tem que vir de dentro... — a professora dizia, enquanto ligava o sistema de som e “Sway”, do Michael Buble preenchia o ambiente. — Ela tem que fluir de vocês... Do fundo do coração e da alma.
Marion e Sammuel começaram a dançar, e Dianna ficou se mexendo sozinha em um canto do estúdio.
Giulia e Paco se olharam quase como inimigos de guerra, sem se aproximar.
— Sabe dançar, Paco? — ela indagou.
— Já te disse que sim.
— Pois eu duvido! — arqueou a sobrancelha.
Ele franziu a testa e disse:
— Você vai ver só... — puxou ela para perto, colando seus corpos.
Giulia prendeu a respiração, sentindo seu coração bater mais rápido. Foi pelo susto... foi pelo susto!, ela pensava. Foi pelo susto?
Paco começou a se movimentar, fazendo com que ela o seguisse, ainda meio sem ritmo, rígida.
— Isso é o máximo que você consegue fazer, Giulia? — disse no ouvido dela.
Ela o encarou e sorriu maliciosa.
— Com certeza que não! — começou a se soltar mais, acompanhando o movimento dele.
Os dois dançavam pelo estúdio, como se só existissem os dois naquele lugar. Eles começaram a rir, enquanto rodopiavam pelo estúdio. Aquela tensão que pairava entre eles até momentos antes, não existia mais.
Quando a música acabou, Paco deu um selinho em Giulia.
— Não gosto de brigar com você... — ele disse bem baixinho.
— Nem eu com você... — ela disse e devolveu o beijo.
Quase uma hora depois, eles saíram do estúdio de dança e resolveram dar uma volta pela cidade.
Passavam pela Trafalgar Square, a praça mais famosa de Londres, de mãos dadas.
— É sério, Paco! — Giulia dizia. — Quantas já te pagaram pra ir para a cama com você?
Paco revirou os olhos e não disse nada. Giulia olhou para ele, divertida, insistindo:
— Vai, Paco... Deixa de ser chato! Não custa nada você me dizer isso.
— Quer mesmo saber? — a fitou.
— Claro!
Ele sorriu e puxou ela para perto. Giulia ficou ansiosa para saber a resposta e não parava de olhá-lo.
— Vai ficar querendo! — disse sério.
Giulia bufou e se soltou dele, colocando as mãos na cintura.
— Você é muito chato, Paco Bauer! Não custa nada você me dizer isso. Não vou sair por ai espalhando...
— Eu sei disso.
— Então, vai... Fala.
— Olha... — ele suspirou, resignado. — Essa sua curiosidade é normal, mas eu não tenho o costume de ficar dizendo sobre minhas clientes para outras clientes.
— Mas...
— Mesmo que o seu caso seja um pouco mais diferente.
— Diferente como? — estreitou os olhos, desconfiada.
Sinto que falei uma besteira..., Paco pensou.
— Bem... Hum... — ele deu uma gaguejada. — Você não me contratou para... Você sabe... — revirou os olhos.
— Sexo!
— Isso.
Um sorriso começou a se formar no rosto de Giulia e ela começou a rir. Paco olhou para ela, sem entender aquela risada toda.
— O que tem tanta graça, Giulia?
— Sabe o que é? Você tendo a profissão que tem e fica todo vermelho quando vai falar sobre sexo... — ela explicou, rindo.
— Não é bem assim... — tentou se defender.
— É assim, sim! E não é a primeira vez que você fica assim.
Paco revirou os olhos e pegou na mão dela, voltando a caminhar.
— E você é toda liberal, né?
— Oras, eu tento. Mas não sou tanto quanto a minha mãe...
— Ainda bem!
Os dois riram, sentindo-se bem por compartilharem uma tarde maravilhosa.
Eles se sentaram na beirada da fonte e Giulia o chamou:
— Paco...
— Hum...
— É... — ficou quieta e mordiscou o lábio. Toda aquela curiosidade ainda a deixaria em maus lençóis!
— O que foi? — indagou, a fitando.
— É, assim... Só por curiosidade...
— Já estou me acostumando com isso. — ele comentou, rindo.
Giulia deu um breve sorriso e respirou fundo.
— Pergunta logo, Giulia!
— Ok... — respirou fundo mais uma vez e indagou: — Você já se sentiu atraído por alguma cliente sua?
Paco ficou sério. Ele abaixou a cabeça, não sabendo se devia contar a ela a verdade.
Suspirando, ele a fitou com atenção e disse:
— Já...
— Hum... Muito atraído?
— A ponto de me apaixonar por ela...
Giulia ficou sem reação. Não esperava ouvir aquilo dele. Ela engoliu em seco e balançou a cabeça.
— Isso faz muito tempo?
— Não...
— Hum... E você... — deu uma leve tossida, incomodada com a resposta dele. — Você ainda a ama?
— Muito! — a fitou com intensidade. — Descobri que aquela garota é a minha vida. Sem ela não sou nada...
Giulia se sentiu um pouco inquieta com aquela confissão dele, o que era patético! Não queria saber? Agora não tinha porque ficar reclamando de conhecer a verdade. Da próxima vez que mantenha a curiosidade só para si, Giulia Vidal!, ela pensou e abaixou a cabeça, pega por uma súbita onda de tristeza.
Paco não deixou de olhar para ela um segundo sequer, sabendo que Giulia não pegou a dica. Não se ligara que estava falando sobre ela...
Com esse fato, Paco desviou o olhar dela, e suspirou. Ficaram ainda um tempo em silencio, cada um remoendo seus pensamentos.
— Oh, meu Deus! Eu não acredito nisso! — alguém próximo a eles exclamou.
Ao olhar para a pessoa, Paco arregalou os olhos, surpreso. Era só o que faltava...
— Paco Bauer, que mundinho pequeno!
*Amores, como prometido, postei dos os dias. Talvez, só talvez, eu posto algo amanhã, mas não garanto. Caso não postar, semana que vem tem mais! Não deixem de comentar, indicar e dar as estrelas. Bom fim de semana para todos! Beijo, beijo.