Prisma

Da Arasmo

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Sobrevivente de um naufrágio, o navegador Romeo, introvertido e covarde, se vê perdido em uma ilha desconheci... Altro

Observações
Ilha de Canelo
VITOR
THOMAS
ROMEO
ANA
Sudeste de Arasmo
O MÁGICO E O VELHO
1- NÁUFRAGO
2- UMA VIDA POR UMA VIDA
3- O HUMANO ENTRE OS MONSTROS
4- UMA BREVE VISITA
5- CAPITÃO
6- O MAR NÃO ADMITE MENTIRAS
7- CRANIUS CAST
8- TOMAS
9- IRMÃOS
10 -INVASÃO
11- NEGÓCIOS (Parte II)
12- SINTONIA
13- SEM DESPEDIDAS
14- SOL
Ilha Sol
15- ENTREATO
16- TAM (Parte I)
16- TAM (Parte II)
17- SOB NOVO COMANDO (Parte I)
17- SOB NOVO COMANDO (Parte II)
18- MENTIROSO (Parte I)
18- MENTIROSO (Parte II)
19 - EXECUÇÃO (Parte I)
19 - EXECUÇÃO (Parte II)
20- ILUSÃO DE GELO
Ilha Maia
21- ZENIT (Parte I)
21- ZENIT (Parte II)
21- ZENIT (Parte III)
22- O GROTESCO (Parte I)
22- O GROTESCO (Parte II)
Ilha Flora
23- A EMPRESA DE PESCA
24- FLORA
25- TAVERNA ROXA (Parte I)
25- TAVERNA ROXA (Parte II)
Arquipélago da Prata
26- ENCRUZILHADA (Parte I)
26- ENCRUZILHADA (Parte II)
27- BIANCA
28- ÍNSULA DA ENCOSTA VORAZ
29- O CONVITE DA TORMENTA
30- CAPITAL DE PEDRA (Parte I)
30- CAPITAL DE PEDRA (Parte II)
31- SILÊNCIO
32- HUGO (Parte I)
32- HUGO (Parte II)
33- MEMÓRIA
34- O EMISSÁRIO DE NASA
35- CALMARIA (Parte I)
35- CALMARIA (Parte II)
36- REENCONTRO
37- ACIMA DAS ONDAS
38- EMBAIXO DA TERRA
39- FRENESI
40- PRISMA
41- A VOZ DA INSURREIÇÃO
42- REVOLUÇÃO
43- PÉROLAS GÊMEAS
44- VITÓRIA (Final)
EXTRA: Na Ausência de Luz
Epílogo
- O IMPÉRIO -
Agradecimentos

11- NEGÓCIOS (Parte I)

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Da Arasmo

Depois de poucos minutos paramos de encontrar bifurcações e o caminho foi se alargando, até que desembocou em um ambiente mais amplo e iluminado. Não consegui enxergar os arredores nos primeiros segundos, pois tinha me posicionado exatamente na nuca de Robert. Somente depois que o ruivo caminhou alguns passos para fora do túnel eu tive noção da dimensão do lugar no qual estávamos entrando.

Era enorme. Uma grande câmara circular, de paredes e chão de terra queimada. Para a minha forma de inseto tudo aquilo parecia ainda mais impressionante: Robert pisava próximo à parede, uma vez que o chão no centro da câmara dava lugar a um grande abismo. 

O caminho não era construído em um ângulo reto. Começava mais alto à nossa direita e descia gradualmente, em espiral para baixo. Nenhum tipo de cerca separava o caminho que seguíamos do buraco no centro, mas todas aquelas estruturas eram tão grandes que aquilo nem importava.

Tochas acompanhavam toda a borda do teto circular, deixando uma grande escuridão no centro dele, de modo que eu não conseguia decidir se existia algum tipo de abertura ou se estávamos em um ambiente completamente subterrâneo. Ao longo de toda a circunferência havia buracos indicando caminhos como o que acabávamos de sair. 

"Talvez algum deles leve a uma entrada grande o suficiente para Tam", pensei comigo mesmo, ainda que fosse arriscado seguir túneis desconhecidos que poderiam me mandar para qualquer parte de Cranius Cast.

Robert não ficou nem um pouco impressionado com a grandiosidade daquela sala. Na verdade, parecia muito habituado à cidade subterrânea. Virou para a esquerda e começou a descer pela rampa circular com a maior naturalidade do mundo.

Aquele lugar era barulhento. Desde o final do túnel já dava para ouvir o som distante de vozes entrecortadas falando simultaneamente, como em uma taverna ou plateia agitada. Enquanto Robert descia, as vozes ficavam cada vez mais altas, ao mesmo tempo em que eu era capaz de perceber alguns sons estranhos. 

Eu ouvia gritos. Não os gritos de vendedores anunciando produtos, nem gritos de bêbados, ou crianças, como é de se esperar em qualquer cidade normal. Eram gritos furiosos, acompanhados de gritos de sofrimento, acompanhados de sons metálicos e batidas fortes. Parecia que algum tipo de batalha estava acontecendo lá embaixo, mas, mesmo assim, Robert descia sem medo nenhum.

Demos duas longas voltas sem encontrar ninguém. As paredes continuavam apresentando passagens para outras trilhas subterrâneas, algumas rústicas como a que passamos e outras maiores, com um acabamento melhor. A impressão que eu tive era de que aquele lugar ainda estava em construção. Eu só vi as primeiras grades de ferro no início da terceira volta, quando as paredes começaram a dar lugar a jaulas construídas sob medida para acompanhar o formato arredondado da grande espiral.

Eram celas pequenas e mal iluminadas a ponto de eu não conseguir enxergar muito além dos limites do corredor. Seguiam todas o mesmo padrão: meia dúzia de barras de ferro enfiadas no chão e no teto, com uma porta pequena do lado direito, fechada com um grande cadeado. Em cada cadeado havia uma inscrição, um número identificador gravado rusticamente no metal. "1739", "1738", e assim por diante. 

Aquilo não era uma cidade: deveria ser uma prisão. Do Império? De algum grupo grande e organizado de piratas? Não dava pra saber.

As celas não estavam vazias. De tempos em tempos eu conseguia enxergar corpos semiobscurescidos pelas sombras. A maioria dos detentos estava no chão, deitada ou encostada nas paredes. Apesar do som de briga lá embaixo, não havia nenhum tipo de rebelião ou resistência no setor em que estávamos. 

Na verdade, as coisas eram mais ordinárias do que eu imaginava ser possível dentro de uma prisão. Com um olhar mais atento pude perceber que a grande maioria dos presos era composta por tritões. Magros, doentes e em farrapos, como os cadáveres que tínhamos encontrado mais cedo.

Descemos mais três voltas antes de Robert parar em frente a uma porta bem encaixada entre duas celas vazias. A porta era visivelmente mais refinada do que tudo ao seu redor. Tinha uma maçaneta metálica e padrões geométricos interessantes ornamentando a madeira. Eu fiquei bem curioso sobre o que havia lá dentro, ao passo que Robert estava hesitante em abri-la, parado, com a mão direita pousada na maçaneta. Depois de respirar fundo, o ruivo finalmente criou coragem para entrar. Patrick não o acompanhou, permanecendo cabisbaixo ao lado da entrada.

A porta dava para um estreito corredor, com chão e paredes de pedra, que fazia uma curva logo a frente, desembocando em algum lugar à direita, do qual escapava um pouco de luz amarelada. Além dessa fonte de luz, estávamos completamente no escuro. 

Robert tomou cuidado para entrar de fininho e se demorou no corredor, os ouvidos tão atentos quanto os meus. Não dava para ouvir nada, portanto, continuamos em frente. Uma porta aberta ligava o corredor a uma outra sala. Antes que Robert caminhasse para dentro, uma voz fez com que parasse na porta.

— Olá, Robert. Foi você quem solicitou a reunião?

— Não é nada muito importante, só quero saber sobre o local de despache. Os seus homens sabem que precisam me pagar no ato da entrega?

— É mesmo, eu precisava te informar. Agora eles apenas lhe entregarão um certificado. O dinheiro você retira diretamente comigo. — A voz adquiriu um tom mais suave — Você sabe, não se pode confiar muito dinheiro a qualquer um. — Voltou a falar alto. — Se era só isso que precisava resolver, tenho alguns repasses para você. Tem tempo para conversar? — O interlocutor não esperou resposta — Feche essa porta e fique à vontade para se sentar.

Robert bufou, descontente com o que tinha acabado de ouvir. Virou para fechar a porta e tive a oportunidade de dar uma olhada na sala. Não era muito grande, mas estava muito melhor acabada que o restante da "cidade". 

As paredes eram de madeira envernizada, ornamentadas com alguns pequenos quadros. Logo a minha frente havia uma grande escrivaninha e na parede dos fundos, mais duas portas fechadas. Voltei a minha atenção para o homem sentado em meio aos únicos móveis daquele cômodo que parecia alguma espécie de escritório ou recepção.

Ele era um rapaz jovem, loiro e magro, não tão branco quanto Tony, mas, ainda assim, bastante pálido. Seu rosto estava sereno enquanto ele organizava alguns papéis em cima da escrivaninha, nem um pouco abalado com o azedume de Robert. 

Algumas características peculiares chamaram a minha atenção. Em primeiro lugar, ele tinha a postura corcunda, com o pescoço encolhido como o de uma coruja. Não estava assustado, aquela era somente a sua compleição natural. Além disso, das pontas dos dedos finos, unhas compridas e bem cuidadas se projetavam por cerca de cinco centímetros depois dos dedos, as pontas afiadas provocando um ruído estranhamente agradável ao arranhar os papéis. Aquelas garras também mudavam o jeito com o qual segurava a pena. Mais uma vez, a esquisitice não parecia afetá-lo em nada. Na verdade, dotava seus movimentos de exótica graciosidade.

A partir do momento em que o ruivo se virou para o centro da sala e sentou em uma poltrona em frente ao homem eu passei a enxergar apenas a porta da qual tínhamos vindo e só pude contar com a minha audição.

— Antes de mais nada, reajuste de preços. — Começou o loiro, animado. — Vermelhos no topo com 20 casti, seguidos de azuis e negros que passaram a valer 15 depois da última epidemia.

— 15?! — Perguntou Robert, indignado.

— Exatamente. E o preço será mantido até que as mortes sejam controladas, não podemos perder mais dinheiro com isso. Os esverdeados continuam 10 casti. Por último, os híbridos com 8. Gigantes devem ser negociados diretamente comigo.

— E humanos? — Perguntou Robert. Eu já desconfiava do que se tratava tudo aquilo e teria engolido em seco caso estivesse em minha forma natural. 

— Continuam valendo 4. No entanto, não são o foco agora. O bônus por quantidade, aliás, está valendo só para os tritões. Foi reajustado para 10 casti a cada 15 cabeças.

— E assim tem início a caça aos tritões. — Respondeu Robert insolentemente, recuperando um pouco de seu bom humor. — Vocês estão com muito medo, né. — Silêncio.— Do que eles são capazes de fazer agora que vocês estão com o Nasa. Já faz meses. Se eu fosse do Império, já teria arrancado a cabeça dele e acabado logo com isso.

Durante alguns segundos achei que Robert tinha deixado o outro homem desconfortável, mas o barulho de papéis e gavetas me mostrou que só estava sendo educadamente ignorado. Pouco tempo depois, o loiro suspirou e arrastou a cadeira. Consegui imaginá-lo sentando de forma mais confortável e correndo as unhas compridas pelas madeixas de cabelo fino antes de falar.

— Netuno, — Começou ele, em tom convencido — é um assunto mais complicado do que você imagina.

— Hm... — Grunhiu Robert, como quem não se importa.

— O que sabe sobre aquami?

— Aquami? Que merda é essa?

— Uma espécie de alga, incomum por aqui. É nativa de algumas regiões do mundo de fora.

— E daí? — Assim como eu, Robert não tinha entendido a súbita mudança de assunto.

— E daí que é óbvio que aquami não significa apenas isso! Ainda assim é a única palavra recorrente nos papéis de Netuno que conseguimos decifrar. É claro que os Mentirosos devem saber muito mais, mas estamos sem condições de fazer uma investigação mais profunda. Eles são silenciosos quando querem. E discretos. — Silêncio — A questão é: Netuno é mais do que um símbolo de força ou um líder político. Ele é uma ferramenta para eles, e precisamos usá-la ao nosso favor. Usar Netuno para acabar com todos os Mentirosos. Essa é uma ideia que homens práticos como você tem dificuldade em conceber, Robert. — Ele tinha acabado de chamá-lo de burro sem que Robert percebesse. — Portanto, continue com o seu bom trabalho e deixe-nos cuidar do Império e de Netuno.

— Tá. — O ruivo deu de ombros, ligeiramente entediado com toda aquela conversa. Tirou um papel do bolso e bateu ele com força na mesa. — Mas antes quero o meu dinheiro. — Soltou mais uma de suas horripilantes risadas silenciosas.

— Com certeza. Dê-me um segundo.

O loiro saiu por uma das portas do fundo com o papel que Robert lhe entregara e voltou com uma pequena bolsa de couro nas mãos. Além das moedas, que o ruivo contou ali mesmo, pequenas pedras brilhantes e esverdeadas, ainda em forma bruta, foram espalhadas pela mesa. Por fim, Robert levantou da cadeira e saiu da sala sem grandes despedidas. Foi detido pelo outro homem antes de alcançar a porta.

— Antes de ir, peço para que lembre. Tudo o que conversamos aqui é confidencial.

— Alguma coisa aqui embaixo não é confidencial, Davi? — Robert virou com um meio sorriso, os braços levantados em sinal de interrogação. Não obteve resposta, mas quando se virou para sair pude ver o loiro concordando silenciosa e pensativamente.

Encontramos Patrick e voltamos silenciosamente pelo mesmo caminho. Àquela altura eu já estava começando a entender o que acontecia ali. Era possível que Robert fosse um caçador de recompensas, perseguindo criminosos e sendo recompensado pelo Império. Minha outra hipótese era mais dramática e, infelizmente, muito mais provável. Ele vendia pessoas. 

De uma forma ou de outra, Thomas nunca concordaria em fazer parte daquilo. A ideia de ser um cachorrinho do Império não lhe agrava nem um pouco, muito menos fazer aquilo que suspeitei que o ruivo estivesse fazendo. Vermelhos, verdes, azuis, esses poderiam ser códigos para o grau de periculosidade dos procurados, no entanto alguma coisa me dizia que se tratava da cor dos tritões. Gigantes deveriam ser negociados individualmente e humanos valiam pouco. O que se fazia ali era o tipo de coisa que meu irmão não colocaria um dedo. Eu tinha certeza.

Naquele momento eu voltava a me perguntar: o que o Robert estava fazendo com o seu colar? Eu não conseguia imaginar Thomas dando seu precioso amuleto para um homem como ele. Até onde eu sabia, não eram nem grandes amigos. Dessa forma, só me restava uma conclusão. O colar fora arrancado à força. "E humanos?", a voz de Robert ecoava em meus pensamentos.

Enquanto pensava no pior, mal percebi que já estávamos no andar mais alto da sala circular e Robert se adiantava em direção a um dos túneis para fora. Repassei todo o percurso em minha cabeça e percebi que não estávamos saindo pelo caminho que viemos. Eu havia memorizado o formato do buraco que levava até Tony e podia vê-lo alguns metros à direita. 

Se continuasse com Robert eu poderia perder o caminho até a grande sala circular. Não é difícil me localizar quando faço um caminho enquanto humano, escolhendo a direção que vou seguir. Enquanto abelha, entretanto, eu não estava tão confiante.

Deveria seguir Robert ou voltar para Tony? Não me agradava nem um pouco a ideia de perder a localização de Tam, a nossa única segurança naquele mundo de neve. Além disso, depois de tudo o que eu ouvi, não acreditava que encontraria Thomas junto à tripulação de Robert. Mesmo assim, o ruivo era a única pista que eu tinha sobre o paradeiro de meu irmão. 

Eu poderia segui-lo, torturá-lo, fazê-lo contar tudo o que sabia. E então, o que fazer depois? Morrer para os seus homens? Não era um bom plano. Eu não era mais o menino despreocupado e suicida que o mar levara até a Ilha Flora. Eu precisava ficar vivo. Eu precisava encontrar Levi. 

Thomas estava provavelmente morto ou preso. Me arriscar perto de Robert não traria resultado nenhum além da minha morte. Cheio de remorso, me desvencilhei da gola de Robert e levantei voo a tempo de seguir em segurança até a entrada do túnel conhecido.

Foram alguns minutos voando naquele ambiente mal iluminado antes de encontrar o vulto de Tony caído no chão. Ou seria outro cadáver qualquer? Por via das dúvidas, pousei em seu ouvido e sussurrei seu nome.

— Finalmente voltou. — Ele respondeu em voz baixa.

Sentou no chão e começou a tatear até encontrar a tocha que tinha escondido não muito longe dali. Acendeu o fogo na minha cara, fazendo com que eu fugisse para o teto.

— Espera aí, ô! O que aquele idiota tava fazendo aqui?

Transformei-me em humano e vesti as minhas roupas que Tony escondera em um canto escuro do túnel irregular antes de me aproximar novamente. Contei tudo de forma resumida, poupando Tony dos detalhes da conversa entre Robert e o homem loiro. No meio da minha narração, percebi que não tínhamos conseguido fazer nada do que precisávamos ali embaixo: não encontramos Levi, nem uma entrada grande o suficiente para Tam.

— Ótimo! — Exclamou Caleidoscópio assim que terminei a minha narrativa. — Se Robert é conhecido lá dentro, podemos entrar sem problema nenhum. Você acabou de me dizer que ele conversou com alguém influente, não é? Lembra o nome dele?

— Robert o chamou de Davi. Pra falar a verdade, não sei se ele é importante. É convencido. E guardava dinheiro.

— Mesmo assim, se encontrarmos Levi ainda há a possibilidade de o pedirmos pra esse cara. E ainda mandar a dívida para Robert! — Ele riu, animado. — É a estratégia perfeita.

Eu ainda não tinha entendido direito o plano, mas já suspeitava do que se tratava. Há poucos minutos, Tony tinha se transformado no cadáver de um tritão que acabara de encontrar, e ao que tudo indicava podia fazer isso de acordo com a sua vontade. Uma habilidade poderosíssima, desperdiçada pela criatividade limitada de Caleidoscópio. Ao menos foi isso que pensei naquele momento.

— Você pode se transformar nele? — Perguntei, enfim.

— Posso me transformar em quem eu quiser. — Ele retrucou, convencido. — Desde que eu tenha a oportunidade de...— Moveu uma das mãos em direção ao meu rosto e, antes que eu pudesse me esquivar, encostou a ponta dos dedos médio e indicador no meio da minha testa. — ... memorizar.

Piscou os olhos para verde, e quando piscou novamente estava idêntico a mim. Dei um salto para trás ao visualizar a minha própria imagem daquele jeito, com a expressão leve e um grande sorriso no rosto. A postura reta fazia com que ficasse mais alto do que o verdadeiro eu e o olhar esperto não deixou de perceber a minha reação negativa.

— Assustador, não é? — Zombou ele. — Quer ver algo ainda mais desagradável? — Piscou os olhos e se transformou em Robert. Um Robert sorridente, o que era igualmente desconcertante.

— Uau. — Lhe concedi a expressão de admiração que tanto esperava.

Seu sorriso se abriu ainda mais, o que me fez suspeitar de que aquilo não funcionaria. Era a pele de Robert, mas precisaria se esforçar para adquirir aquela personalidade azeda.

— Acha que consegue agir como ele?

— Está brincando comigo? É a coisa mais fácil do mundo, só preciso tratar as pessoas como lixo e me achar superior por ser sarcástico. Vamos, Romeo. — Fechou a cara em um instante, antes de falar com voz alta e grave. — Eu disse vamos! Imbecil. — Até que Caleidoscópio tinha razão. Interpretar Robert poderia ser bem simples. 

Sem perder mais tempo, virei abelha e me escondi em sua nuca.

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