Kismet [concluída]

By laur_xxvii

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Tímida e romântica, Camila tem uma queda pela introspectiva Lauren desde o primeiro ano na SOAP, uma escola a... More

I - Kismet
II - Real Friends
III - Oh My God
IV - Everlasting Love
V - Eres Tú
VI - Like Friends
VII - Into It
VIII - Sledgehammer
IX - Reflection
X - Inside Out
XI - Must Be Love
XII - Beautiful
XIII - Write on Me
XIV - Dope
XV - Freedom
XVI - Inside
XVII - Never Be The Same
XVIII - Consequences
XIX - Love Incredible
XX - No Way
XXI - More Than That
XXII - In The Dark
XXIII - Down
XXIV - All Night
XXV - I Have Questions
XXVI - Something's Gotta Give
XXVII - Miss Movin' On
XXVIII - Scar Tissue
XXIX - A Thousand Years
XXX - Expectations
XXXI - Back To Me
XXXIII - Kismet - Fim

XXXII - 1000 Hands

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By laur_xxvii

Sua voz é um sussurro.

— Não quero arranjar problema para você.

Fecho a porta do quarto com todo o cuidado para não fazer barulho.

— Minha situação está tranquila, não estou com a corda no pescoço. E você já foi expulsa, então, o que de tão ruim pode acontecer?

— Sei lá... — Laur está realmente preocupada. — Isso pode ir para o seu histórico e impedir a Dartmouth de aceitar você?

Sorrio.

— Meus pais já pagaram a primeira mensalidade.

Os joelhos dela tremem. E depois, o corpo todo. Eu a levo até a beirada da cama.

— Isso quer dizer que... você vai...?

— Eu vou para Dartmouth.

Lauren cobre o rosto com as mãos, ainda tremendo muito. Eu me sento ao lado dela e apoio a cabeça em seu ombro. Só porque agora posso fazer isso de novo. Ela ergue a cabeça. Seus lindos olhos verdes estão brilhando, cheios de lágrimas.

— Desculpa. É que... eu... eu fiquei muito surpresa.

— Eu também.

— Eu amo você. Sempre amei, Camz.

— Eu sei.

Seguro suas mãos congeladas e tento aquecê-las.

— Desculpa por não ter acreditado em você. Eu duvidei de mim, e isso me fez duvidar de você, mas o problema não era você. Você nunca foi o problema. Eu deveria ter confiado em você, mas não consegui porque não confiava em mim.

— Mas confia agora? Em você?

— Estou... quase lá. Estou começando a achar que talvez não haja problema em ser uma tela em branco. E que, talvez, tudo bem também se o futuro for desconhecido. E talvez — digo, com um sorriso enfático — não haja o menor problema em se inspirar em pessoas que sabem o que querem para o futuro.

— Sabe, isso é uma via de mão dupla.

— Como assim? — pergunto, entrelaçando meus dedos ao dela.

— As telas em branco também servem de inspiração para os artistas.

Sorrio de orelha a orelha.

— Uma tela em branco oferece possibilidades infinitas — acrescenta Lauren.

Fecho os olhos e beijo seus lábios.

— Obrigada.

Lauren começa a tremer ainda mais. Eu me levanto.

Oh, mon petit choudigo, e tiro o casaco dela, ensopado. — Não acredito que você ficou esperando lá fora esse tempo todo.

Ela está batendo os dentes.

— Eu... eu teria esperado a noite inteira.

Levo o casaco dela até o banheiro, o penduro e volto para ver como está a blusa.

— Essa também — digo, e eu mesma a tiro. Lauren está com a pele mais pálida, quase roxa, na verdade. — E os sapatos também.

Retiro os sapatos, mas a calça me dá o maior trabalho, porque está praticamente grudada nas pernas. Quando finalmente consigo soltá-la, caio de bunda no chão.

Lauren ri, batendo os queixos.

— Não foi bem... dessa forma... que imaginei você tirando a minha roupa — brinca ela.

Deixo a blusa, as botas e a calça no banheiro. Por cima da minha cabeça, voam duas meias um sutiã e uma calcinha, que caem direto no chão do banheiro. Lauren se enrola na colcha e fica só com a cabeça para fora.

— Isso não significa que você pode se aproveitar de mim — diz ela, e eu rio.

Lauren alisa o colchão, um pedido para eu me sentar ao lado dela, mas a colcha enrosca no manuscrito, que cai no chão com um estardalhaço, páginas para todos os lados. Ficamos em choque, aterrorizadas.

Esperamos por algum sinal de Joseph. Nada.

Sorrimos diante da bênção que acabamos de receber.

Eu me sento ao lado dela. Laur se aproxima de mim, mas eu me afasto.

— Não quer saber o que achei do seu livro primeiro? — pergunto.

— Não sei — responde ela, sorrindo, mas com certo nervosismo. — Será que eu quero?

— Você sabe que ficou bom. Muito, muito bom.

Ela puxa as cobertas, e seu rosto desaparece.

— Você não tem ideia de como me sinto aliviada ouvindo isso.

— Sempre soube que você era brilhante. E você acaba de provar isso ao mundo.

Uma mão escorrega para fora da coberta. Eu a aperto.

— Sabe o que eu acho? Que você se sairia uma ótima editora. Tudo que você falou era verdade. O puxão de orelha estava certo.

Desvio o olhar, envergonhada.

— Desculpa.

— Não precisa pedir desculpa.

— Não, preciso sim. Por várias coisas. Mas principalmente por... usar seu ex-namorado para alimentar minhas inseguranças estúpidas. Quero que você saiba que não foi só porque ele aparece menos que eu gostei do livro. — Aponto para as páginas no chão. — Nem porque eu apareço mais agora. Eu gostei porque ele fala sobre você. As partes boas e as ruins. Eu amo você. Por inteiro.

Ela aperta minha mão com mais força.

— Obrigada.

— Eu deveria ter elogiado seu trabalho há muito tempo. — Esfrego meu polegar no dedo indicador dela. — E ainda tenho muitos outros elogios a fazer.

— Amanhã. Agora, só quero você.

Mas meu coração fica apertado de novo.

— Você quis dizer hoje, né? Descobriu a que horas o seu trem sai?

— Camz. — Ela parece surpresa, como se eu devesse ter percebido antes. — Eu nunca comprei passagem nenhuma.

Prendo a respiração.

— O quê?

— Não vou assistir aos Jogos. Vim aqui por sua causa.

— Isso significa que você vai ficar em Paris?

Ela chega mais perto.

— Por duas semanas, até o final dos Jogos, se você aceitar. Mas depois vou ficar presa em Washington até junho.

— É claro que eu aceito!

Lauren sorri para mim de um jeito malicioso.

— Ah, é?

Eu a empurro por baixo do cobertor. Ela rola para o lado, sorrindo, e me puxa para perto. E então, me olha fundo nos olhos e diz:

— Senti muita saudade de você.

— Também senti muita saudade de você — digo, esfregando os braços por causa do frio.

— Você está gelada.

Ela levanta o cobertor.

— Vem aqui.

Eu me enfio nos cobertores, lençóis e travesseiros. Nela. A coberta escorrega pelas minhas costas, me envolvendo junto ao corpo dela. Pressiono a bochecha contra seus seios expostos. Lauren me abraça mais forte. Ficamos ali deitadas, quietas, muito quietas. O mundo continua em silêncio, exceto pela batida acelerada dos nossos corações.

Olho para ela.

Lauren me olha também, o coração a mil.

Deslizo um pouco para cima até pressionar meu nariz contra o dela. Beijo o cantinho de sua boca e ela sorri enquanto faz o mesmo comigo. Com os dedos, Lauren percorre minhas costas até abrir o zíper do vestido e tirá-lo, passando por meus braços, minha barriga, minhas coxas. Meu sutiã e minha calcinha logo estão no chão também.

Por último, meu colar.

Nossos beijos são suaves. Provocantes. Contidos. Nossa pele fica úmida, morna, depois quente. Os beijos ficam mais intensos, e nossa respiração, mais rápida. Meio desajeitada, Quando ela desce pelo meu corpo é tão bom, tão intenso, que solto um gemido. Lauren me olha nos olhos para ter certeza de que está tudo bem, de que está tudo muito bem, e eu respondo movimentando meus quadris. Em êxtase, ela fecha os olhos, sentindo prazer por me dar prazer, e estamos juntas de novo, finalmente.

Não cansamos de dizer:

Eu amo você.

E essas palavras se transformam em um cântico enquanto repetíamos durante toda a noite, enquanto nos movimentamos juntas, devagar. Depois, rápido. Não caímos no sono até o dia amanhecer.

Lauren enrosca o corpo no meu. Nossas mãos se entrelaçam na altura do meu coração. Ainda estamos nessa posição quando, uma hora depois, meu alarme toca. Rolo pela cama e o desligo, irritada pelo incômodo, e depois volto a me aninhar em Lauren, apoiando a cabeça em seu peito. Suspiro de tanta alegria.

Ela se afasta dos meus braços de polvo.

— Ei, mocinha, nada disso — murmura ela.

Solto um grunhido.

— Para a aula, vamos.

— Mas você está aqui. Não é justo.

Lauren me abraça, apesar da culpa.

— Preciso pegar minha mala. Ainda estou no quarto de Keana, no albergue. E quero me despedir de todo mundo antes delas irem embora.

— Não posso ir com você?

Laur roça o nariz na minha bochecha.

— Vou estar aqui quando você voltar.

— Mandei arrumar a porta. Você vai precisar da chave.

— Ela vai estar em boas mãos, pode deixar.

— E se eu não der a chave pra você?

— Nesse caso, vou ter que quebrar a porta de novo.

— Me sinto tão segura neste dormitório...

Ela sorri e me empurra da cama.

— Levaaanta.

Eu a forço a se levantar também. O colégio está movimentado e agitado agora, então podemos nos locomover sem precisar andar na ponta dos pés. Tomamos banho, escovamos os dentes e secamos o cabelo, e tudo parece um milagre, até mais do que em Barcelona. Porque, dessa vez, sabemos que não poderão arrancar isso de nós e que este será o nosso futuro.

As roupas de Lauren ainda estão molhadas, então seco a calça dela com meu secador e dou a ela a blusa que ela me deu no Dia de Ação de Graças e que deixei dentro de um dos meus travesseiros. Ao vê-la, Laur parece triste, feliz e surpresa ao mesmo tempo.

— Achei que você tivesse jogado fora. Eu ainda durmo com o cachecol que você me deu.

— Quero de volta, viu?

— O cachecol?

Sorrio.

— A blusa.

Lauren também sorri.

— Vou devolver com o meu cheiro ainda mais forte.

Eu a abraço, aninhando minha cabeça em seu peito.

— Preciso mesmo ir para a escola hoje?

— Não quero que você se ferre por causa disso

Olho fixamente para a porta fechada do quarto. Depois, para Laur.

— Tá legal — diz ela, com um sorriso. — Talvez valha a pena meter você nessa encrenca.

[...]

Quando conto a Shawn que Lauren está em meu quarto, ele insiste em trazer meu almoço às escondidas. Fico orgulhosa por ele quebrar mais uma regra, mas preocupada com o que pode acontecer com ele. Quando os dois se veem, não hesitam um momento sequer. Lauren abraça Shawn com o mesmo entusiasmo e sinceridade com que abraça Dinah.

— Espero que essas lágrimas sejam de felicidade — diz Shawn ao olhar para mim.

— E são — confirmo.

— Que bom que vocês voltaram — diz ele a Lauren. — Fico feliz por você estar aqui.

— Eu também.

— Gosto mais da Camila quando vocês estão juntas. Não achei que isso fosse possível, pensei que gostava mais dela sem você, mas esse realmente não era o caso.

Laur ri.

— Fico feliz em ouvir isso.

— Ela tem sido uma péssima companhia — conta Shawn.

Laur ri ainda mais alto, contente com a revelação, enquanto eu dou um tapa no braço de Shawn, também achando graça.

— Vai ficar por aqui? — pergunta Shawn a Lauren.

No mesmo instante, Lauren e eu ficamos tensas. Tenho certeza de que ela está se lembrando da mesma coisa que eu: Shawn não consegue mentir. Barcelona.

— Vou. Não quero arrumar nenhum problema para a Camz, mas sou boa em guardar segredo.

— Não vou dizer nada a ninguém — afirma Shawn imediatamente. — E, se o Joseph vier me perguntar, vou dizer que você está em um albergue qualquer. Não aqui.

Posso dizer que Lauren está tão surpresa quanto eu.

— Obrigada, mas não vou deixar você mentir por mim. Se pegarem a gente, Camila e eu vamos ter que lidar com as consequências.

Shawn reflete por um momento.

— Você mudou.

Shawn sorri.

— Você também.

— Ah! — diz Shawn. — Mas é melhor vocês dois avisarem a Sofia dessa vez.

— Com certeza! — dizemos Lauren e eu, ao mesmo tempo.

Ficamos juntas, felizes e em segredo. Lauren não me deixa mais faltar a nenhum almoço nem quebrar nenhuma outra regra, apenas a mais óbvia e maior delas: duas pessoas no mesmo quarto.

É maravilhoso dividir o espaço com ela.

Enquanto faço meu dever de casa, Lauren desenha. Cada uma tem seu próprio espaço no quarto. Imagino que nosso apartamento no próximo outono deva ser mais ou menos assim. A ideia me deixa mais animada do que pensei. Pego emprestada a televisão de Sofia e a deixamos ligada direto para assistir aos Jogos Olímpicos. O clima do evento — e o fato de ele ser sediado aqui — é incrível. Fora que o barulho da televisão é extremamente útil quando se trata de abafar ruídos indesejáveis.

Como sempre, a patinação acontece em duas etapas: na fase eliminatória, ficamos animadas quando a irmã gêmea de Troy, Calliope, aparece logo no início com uma manobra acrobática maravilhosa. Nas arquibancadas, as câmeras mostram Troy e Ally pulando e comemorando, mas os locutores se concentram na droga da maldição do segundo lugar, e acham que Calliope pode não conseguir. Dizem que o medo e a pressão acabarão tirando o ouro das mãos dela.

— Por que eles não a deixam curtir o momento?

— Relaxa. Esses otários sempre acabam mordendo a língua — diz Lauren.

Duas noites depois, ela se apresenta na patinação livre. Calliope está com o olhar concentrado, vestindo um traje preto, cintilante, sublime. Ela executa o número ao som do tema do filme Romeu e Julieta de 1968, e termina se transformando na Julieta — no amor e na morte — diante do mundo inteiro. Calliope conquista a medalha de ouro com uma vitória esmagadora. Troy e Ally se abraçam e choram. Vejo até Normani e Dinah pulando atrás deles. E Calliope sorri, triunfante.

— Não falei? — diz Lauren, como se pudesse prever o futuro.

E talvez ela possa mesmo. Ela sempre soube o que queria, e está conquistando tudo. Agora, também sei o que quero, embora nem sempre tenha sido assim. O resto, o desconhecido... tudo isso virá.

E estou ansiosa.

A entrega das medalhas termina, desligamos a televisão e, enquanto nos enroscamos uma na outra, temos que lidar com a realidade: nosso tempo juntas também está chegando ao fim. Lauren me abraça forte, mas isso não é o suficiente para congelar o relógio. Na noite seguinte, a tocha olímpica se apaga. Os Jogos acabam. E Lauren vai embora.

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