Burn

By Leitoramaster1

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Eu via todo o medo refletido no castanho dos seus olhos. Dizem que os olhos são os espelhos da alma e, defini... More

Personagens
Sinopse
Prefácio
Prólogo
| Capítulo Um |
| Capítulo Dois |
| Capítulo Três |
| Capítulo Quatro |
| Capítulo Cinco |
| Capítulo Seis | pérola
| Capítulo Oito | Bad Things
| Capítulo Nove |
| Capítulo Dez| pérola
capítulo onze | entertainer
capítulo doze | dark horse
capítulo treze
capítulo catorze
capítulo quinze
capítulo dezesseis | pérola
capítulo dezessete | pérola
capítulo dezoito
capítulo dezenove | especial
capítulo vinte
capítulo vinte e um
capítulo vinte e dois
especial dalillah | flashlight
capítulo vinte e três | pérola
the end | mirror - SoMo
m e d u s a | woman
| Dalillah is real |

| Capítulo Sete |

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By Leitoramaster1

Saint

—Então a família de Chance o enterrou enquanto eu estava desacordado? Isso é uma puta sacanagem. -respondo triste, trotando pelo ringue ao redor de Marmadoc.

—Você levou três semanas para acordar, mal sabíamos nem se realmente acordaria. Entendo a frustração, mas não poderíamos te esperar pra sempre, Saint. -ele desvia quando eu lanço o meu punho coberto pela luva em sua direção.

—Ainda sim, isso não me entra na mente. Não fui ao velório do meu melhor amigo, porra. -não tive tempo para desviar do seu punho que se choca contra a minha mandíbula, deixando-me tonto. Sacudo a cabeça e volto a trotar.


—Mas depois que acordou esteve ocupado demais com a garota. -ele sorri.

—Foda-se. -vou para cima, acertando-o na sua costela, quando ele se inclina para absorver o impacto, dou-lhe dois socos na cabeça, o derrubando. Estendo o braço para ajudá-lo a levantar, Marmadoc aceita e logo está de pé.


Marmadoc começa a tirar as luvas e eu franzo as sobrancelhas em sua direção.

—Você já está cansado? -zombo.

—Talvez o problema seja você com tanta energia acumulada. -ele dá de ombros. —Você precisa de sexo, cara. -ele ri e passa pelas cordas, indo para o chão.

Tiro as minhas luvas também, revirando os olhos.

—Tchau, cara. -passo pelas cordas e dou-lhe um empurrão. Quando saio do ginásio com a minha bolsa no ombro, ouço a sua risada. Sigo para o estacionamento e tiro as chaves do bolso da minha calça moletom, Ao abrir a porta, jogo a minha bolsa esportiva sobre o banco do passageiro e as minhas luvas.


Sento-me no estofado de coro e penso no quanto eu sentia falta de dirigir e de tantas outra coisas. Inclusive sexo.

Penso nas palavras de Marmadoc e Pérola vem a minha mente. Balanço a cabeça me livrando desses pensamentos. Não posso ter uma ereção enquanto dirijo, rio de mim mesmo e do quão idiota eu pareço com toda essa mercado acontecendo.

Giro a chave na ignição e ouço o ronco suave do motor. Com cuidado, dou ré e saio do estacionamento. Dirijo pelas ruas observando as coisas à minha volta e penso em como tantas coisas mudaram. Ou talvez eu tenha mudado, não sei.

Minha mente voa para três anos atrás quando eu larguei a faculdade de administração e me alistei no exército, enlouquecendo meus pais, sorrio com a lembrança. Eu já era uma homem crescido e não queria viver às sombras do meu pai, então, fui em busca do meu sonho de ajudar pessoas. Pensei em fazer medicina, mas pensei não ser muito bom em lidar com mortes, sangue e mecher com coisas reais. Rio pensando em quão redondamente eu estava enganado. A minha experiência foi muito pior.


Doenças. Sangue. Mortes. Estupros. Tráfico de crianças.

Tudo de pior no mundo, eu vi com meus próprios olhos.

Penso em Chance e em como ele me dava forças, ali, naquele lugar esquecido pelo resto do mundo, ele foi meu alicerce, me mantendo são. Serei eternamente grato pelo melhor amigo que já tive.

À minha frente vejo a entrada do meu condomínio e logo penso em Pérola. Paro na portaria para que o porteiro reconheça o meu carro, anote a hora em que entrei e confira a placa. Buzino quando ele, rapidamente, termina o processo. Sigo pelas ruas do condomínio. Passo pela praça e a vejo vazia, como sempre. Raramente vejo crianças por aqui, em geral. No condomínio é como uma raridade ter uma festa ou sequer movimento. O único dia em que este lugar fica mais agitado é no quatro de julho.  Aperto o botão no painel do carro, abrindo a garagem. Espero a porta se abrir totalmente e entro com o carro. Quando estaciono, salto do carro trazendo a minha bolsa. Saio da garagem e entro pela porta dos fundo. Passo pela cozinha e fecho a porta de vidro que dá para a varanda e piscina.

O perfume adocicado à minha volta é uma constante lembrança da presença de Pérola por aqui. O cheiro fraco e suave ao meu redor é o suficiente para acordar coisas adormecidas em mim por muito tempo.

Será que ela está arrumada, penso. Nós combinamos de sairmos hoje para comprar algumas roupas pra ela, mas a casa está silenciosa e eu percebo o quão limpa está. Subo os lances de escada e vou para o corredor dos quartos e, pela primeira vez desde que Pérola chegou, eu bato na porta do seu quarto. Dou leves batidas, e, quando não ouço uma resposta, meu coração se aperta.

Ela teria coragem de ir embora enquanto eu estava fora?

Para onde ela iria?

Sem pensar, empurro a porta e entro no quarto. Então, me surpreendo ao ver o seu corpo deitado sobre a cama, dormindo. Pérola parece um anjo e eu me pergunto como seria ter o seu corpo entre o meu enquanto dormimos. Ela permanece imóvel enquanto eu me aproximo, e eu me sinto um psicopata enquanto a observo dormir. Ando até que as minhas pernas encostem na borda do colchão.

Observo a sua perna escapando por entre as cobertas, seu corpo deitado de bruços com os braços debaixo da bochecha. Os seus cabelos cacheados estão espalhados sobre todo o travesseiro branco.

Quando ela se move, meu coração acelera, mas ela parece continuar em repouso. Deve estar cansada pela arrumação, talvez.

Olha ao redor e rio ao pensar que nunca vi um quarto tão perfeitamente limpo e arrumado em toda a minha vida. As pessoas pensam que mulheres são todas organizadas, mas eu cresci com Jen e seu gênio totalmente bagunceiro. Pérola me surpreende.

Seus cílios longos descansam sobre o seu rosto. Seus lábios estão franzidos e parecem malditamente beijáveis.

Aspiro o cheiro do seu quarto e meu o sangue circula com mais força naquela direção quando eu sinto o seu cheiro doce espalhado, com mais intensidade, pelo quarto. Vejo duas das camisas que eu te emprestei dobradas sobre a cadeira no canto do quarto e imagino o que ela está usando por debaixo dessas cobertas.

Me sinto sujo ao pensar em coisas como essas de uma mulher que está dormindo, mas droga, é inevitável! Suspiro e passo as mãos pelos cabelos suados.

—Eu preciso de um banho. -sussurro para mim mesmo e dou as costas para a mulher deitada. Antes observo uma última vez o seu rosto. Na porta, quando toco a maçaneta, ouço seu suspiro fraco.

—Saint? -aperto os olhos com força e me autodeclaro o homem mais sem sorte de todo o mundo. Lentamente viro-me em sua direção.

A vejo sentada sobre a cama, com um edredom pressionado em seu peito.

—Uh... Sim? -passo a língua entre os lábios repentinamente secos e me amaldiçoo por não ter escutado a minha consciência que me mandava sair no instante em que entrei.

—O que... -ela boceja e coça os olhos. —O que você está fazendo aqui? Tudo bem?

—Eu vim te chamar para irmos ao shopping comprar algumas coisas para você. Acabei de entrar. -minto, mas ela não precisa saber. Coço  a minha nuca e dou um leve sorriso em sua direção.

—Ah... sim, entendi. -ela concorda lentamente. —Vou estar pronta em alguns minutos se puder me esperar.

—Mas... o que vai usar para ir ao shopping? -prendo o lábio inferior entre os dentes e me pergunto se ela vai com uma de minhas camisas. Meu lado possessivo se nega a deixá-la sair assim de casa e eu não sou bom em esconder isso.

—Com a roupa que sai do hospital, a única que tenho. -ela parece irritada e franze a sobrancelha em minha direção. Suspiro, aliviado.

—Ah, claro.

—Você pode sair para que eu possa tomar um banho? -ela desvia os olhos dos meus, encarando a porta atrás de mim e eu fico confuso com a sua mudança de comportamento.

—Claro. -dou-lhe as costas e saio.

Alguns minutos se passaram e eu acabo de manobrar o carro e a espero na entrada da casa. Vejo-a aparecer em seus jeans apertados e eu presto atenção em cada parte do seu corpo. Ela tranca a porta e coloca as chaves no bolso, logo vindo em direção ao carro. Ela abre a porta e entra no veículo e enchendo com seu cheiro floral. 

Seguimos em um silêncio pacífico até que estejamos em uma avenida próxima ao shopping. Decido quebrar o silêncio.

—Você está bonita, Pérola. -olho rapidamente o seu rosto que está concentrado à nossa frente.

—Obrigada. -Pérola responde o mais secamente possível e eu estranho ainda mais o seu comportamento. Levo, rapidamente, uma das mãos aos cabelos, os bagunçando.

—Eu fiz algo que te incomodo?  -pergunto diretamente e sem rodeios. A olho quando paramos na fila para pegar o boleto de estacionamento.

Ela me olha com seus olhos intensos deixando-me momentaneamente  estático. Vejo uma força que jamais havia visto. Uma respiração prende e eu só consigo a encarar.

—Não quero ser a sua responsabilidade ou o seu "algo para cuidar" -ela faz aspas com os dedos. —Sou muito mais que isso. Sou grata por tudo o que você faz por mim, mas na próxima vez em que você agir como se eu fosse um objeto seu, eu saio pela sua porta e você nunca mais vai me ver, não duvide, eu posso aprender a me virar por aqui. Cresci sendo ensinada que homens são donos de mulheres. Em minha cultura isso era normal, mas eu não quis ter aquele normal em minha vida e não vai ser agora que isso vai acontecer. Estamos entendidos, Saint?

Toda a cor do meu rosto deve ter se esvaido e eu solto todo o ar do meu pulmão quando ela termina de falar. Sinto medo de responder algo que a faça me odiar ainda mais ou então que a faça ir embora, então, eu apenas concordo com a cabeça, como um maldito filhotinho.

—Me desculpe... -sussurro e desvio os olhos, me concentrando no carro vermelho à nossa frente. Toco a marcha e sinto a sua mão envolver a minha também. Meu coração acelera quando ela aperta a minha mão me fazendo olhá-la. Ela dá um leve e tímido sorriso.

—Agora está tudo bem.

Entramos no estacionamento do shopping e meu coração se alegra quando eu percebo que Pérola não largou a minha mão até que saíssemos do carro.

Eu estou totalmente rendido.




...

Essa semana foi puxada, hein! ENFIM, SEXTOU! Espero que tenham gostado desse capítulo!

Gente, estou muito, muito feliz que agora temos 2k nesse livro, eu tô desacreditada. Escrevi esse capítulo com a maior alegria do mundo!

Muito obrigada por tudo e, principalmente, por acreditarem em mim e nessa história. AMO VOCÊS!

DEIXEM O SUA "☆" E SEU COMENTÁRIO!!!!!!!

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