TESSA

By kiarabalmain

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Tessa foi adotada por um casal que sempre sonhou em ter um bebê. Mas toda alegria acaba em um terrível crime... More

TRAILER
Welcome, Tessa!
First Birthday
Past
(I) Relevance
Nightmare
Handling the Pain
We've To Decide
Change
The First Night
How To Be A Dad
I Just Need Your Responsability
You Can Trust Me
I don't wanna cry anymore. I don't wanna die anymore.
Moments
One Step at a Time
break up with your boyfriend I'm bored
¡Fuegos De Luz!
Get Used To It
Mango Juice
With U
Us
Without U
Without Me
Best Thing You Never Had
Honey, I'm Home!
Diamonds In The Morning
Love In Chardonnay's Bottle
Still Your Best
Off the Table

Our Plan

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By kiarabalmain

• não foi revisado ainda então, sorry os erros.

Ethan

Eu definitivamente sempre odiei cemitérios, e velórios e enterros. Eram deprimentes - com razão, claro - e coisas deprimentes não combinavam comigo, não mesmo. Desde pequeno, no enterro do meu avô eu tomei um horror terrível por cemitérios, o clima deprê, e mais de dez tipos de sons de choros entrando e saindo por meus ouvidos era de dar nos nervos.

Ainda faz frio, e chove, algumas gotas finas escorregam pelo guarda-chuva e pingam no casaco preto. Não presto atenção no que o padre ou pastor ou seja lá o que ele for diz, não perco meu tempo ouvindo alguém dizer coisas sobre pessoas que nem sequer conheciam.

Susan está ao meu lado, com seu braço entrelaçado no meu e Shelley abraçando ela de lado. Tia Susan chora, chora como se não houvesse amanhã, acho que eu nem sequer consegui vê-la sem chorar nessas últimas horas. À minha frente está Ivy, com o seu filhote à tiracolo e vejo Elize logo ao seu lado. Ela tem uma expressão de pedra, seus olhos estão fixos nos dois caixões, apenas uma lágrima solitária escorre por seu rosto. Ela não está muito diferente de ontem, nem sequer se deu o trabalho de tampar a tristeza em seu rosto com maquiagem, é assim que ela está por dentro, e é assim que ela quer que as pessoas a vejam: totalmente quebrada. Não a culpo, a situação a afetou tanto ela como eu.

Só percebo que ainda estou olhando-a quando seus olhos encontram os meus. Alguns fios castanhos cobrem seu rosto, pouco escuro por conta da sombra que o guarda-chuva faz sobre ele. Ele estão soltos, os cachos ondulados caem sobre seu ombro debaixo do sobretudo preto. Então percebo que suas pontas são um pouco mais claras que os demais.
Continuo com o contato visual, mesmo sabendo que não servia de nada, mas olhar para ela era a minha única distração no momento.

Não nos falamos desde ontem, quando decidimos ficar com Tessa. Aliás, nem tocamos mais no assunto. Ter de deixar a pequena foi, sem sombra de dúvidas, uma das coisas mais difíceis que já fiz. Se pudesse, levaria ela embora naquele exato momento, sem nem pensar duas vezes. Penso em como vai a minha vida daqui pra frente, talvez eu estivesse louco, como Ivy fez questão de exaltar tantas vezes e eu concordo com ela, mas algo em mim diz que esse é o certo a se fazer.

Interrompemos o contato visual assim que seu namorado sussurra algo em seu ouvido.
A parte de jogar as rosas é a mais difícil de um enterro, a mais difícil e mais tola porquê de um lado você está "oficialmente" se despedindo, e do outro porquê eles mereciam muito mais que isso. Muito mais que o próprio mundo poderia oferecer.

Shelley e Tia Susan trocam umas palavras aqui e ali mas nada que eu preste muita atenção. Até sua mão tocar em meu ombro, me fazendo desviar os olhos da estrada por breves segundos.

— ... se importa? — ela termina a frase que eu nem sequer ouvi direito.

— Hãm?

— Eu vou precisar resolver algumas coisas então vou ficar em Staten por um tempo. Não vou poder ficar muito tempo com vocês, mas prometo voltar o quanto antes. — se explica — Tudo bem por você, querido?

— Sem problemas, tia.

— E Ivy? Vocês dois já conversaram? — pergunta, puxando assunto

— Vocês são muito corajosos de fazer isso — Shelley comenta — não é todo mundo que assume algo assim. Eu mesma teria surtado.

— Ainda não. Eu também não quero ficar pressionando ela, sabe? — digo para as duas

Olho pelo retrovisor e vejo Shelley maneando a cabeça. Ela e James eram também bem próximos. Conheço-a desde bem pequena, ela era mais nova que nós dois, e me lembro dela implorando para participar das brincadeiras que a excluímos por ela ser mais novinha. Sua pele é como a de James era, de um tom ébano e suave; seus cabelos estão alinhados em tranças nagô que se estendiam até a sua cintura.

— Vocês precisarão ter calma, Ethan, ainda mais vocês dois que vivem como cão e gato. — Susan enfatiza — Vão precisar ser melhores, dar o melhor que tiverem para ela. Criar uma criança pequena como Tessa exige muita responsabilidade.

Concordo, absorvendo cada palavra que ela dissera.

A sala está escura, iluminada apenas com a luz vinda da televisão, que está prestes a transmitir o jogo. Me afundo no sofá enquanto minha mente vaga sem um rumo. Trago um pouco do baseado, puxando devagar e liberando o restante. Adoro a sensação, ter toda a pressão desses dias retirada dos ombros por alguns minutos é de dar alívio. Há muito tempo eu não faço isso: "relaxar", eu precisava disso. James, Colt, e agora Tessa... é tudo estressante demais.

Fico em alerta ao ouvir a porta abrir. Não me surpreendo quando Adam entra no meu campo de visão, ele carrega uma sacola no colo que presumo ser comida.

— Você tem telefone pra quê, babaca? — insulta, acendendo a luz em seguida. Aperto os olhos. — Eu estou te ligando desde ontem, apareci aqui e você não estava. Ja estava quase preparando os cartazes de desaparecido.

Não digo nada só observo ele por a sacola na mesinha de centro.

— Eu vou ser pai. — falo de repente. Adam para o que está fazendo para me encarar.

— Cara, a sua vida só piora! Já pensou em ir em uma igreja? — exclama, vindo se sentar ao meu lado — Quem é a azarada? Você pelo menos se lembra dela?

— Eu não engravidei ninguém, quer dizer, eu espero que não. — explico, ainda com os olhos na TV, sem prestar o mínimo de atenção. Trago mais uma vez— Ivy e eu, nós ficamos com a guarda da Tessa.

Volto a pensar em Tessa, penso nas vezes que segurei ela no colo, ou as que brincamos juntos desde a vinda dela. Agora isso será constante, assim como os choros, as fraldas cheias, os pediatras e todas essas baboseiras presentes nas vidas dos pais.

— E como vocês vão fazer isso?

— Eu não faço ideia. — um risada baixa escapa.

— Quem diria... — murmura, pegando o macarrão com os hashis e levando até a boca. — Pai de família, ein? Tem uma primeira vez para tudo, huh?

Ele dá uma pausa antes de soltar:

— Eu estou com medo por essa criança.

                                         

"Lucky's às 12:00. Bom dia."

Acordo lendo essa mensagem mandada por Ivy. Esfrego os olhos antes de responder:

"Vai me obrigar?"

Sorrio ao mandar a mensagem. Vou em direção ao banheiro, sua mensagem chega enquanto escovo os dentes.

"Não. Mas se eu fosse você, dormiria de olhos abertos essa noite."

"Hum... essa noite, é?!"

Espero um pouco com a escova na boca ela responder.

"🙄
Não se atrase."

"Você é quem manda, patroa."

Visto uma camisa social preta e a calça cinza. Ajeito o cinto e pego o paletó antes de sair. Desço as escadas com pressa por conta de estar em cima da hora. Mal tenho tempo para comer então como o restinho da sobra de ontem.

Não demora muito até chegar no prédio, o grande edifício espelhado é tão comum quantos os outros de Manhattan. Tento me preparar psicologicamente para outra reunião exaustiva e tediosa antes de entrar.
O hall está cheio como de costume, pessoas entram e algumas eu conheço por vista até. Abotoo o paletó antes de entrar no elevador, cumprimentando a uma pequena porção de pessoas a qual eu me junto.

Saio ao chegar no sexto andar, dou um "Bom dia" a todos ali, me direciono até a sala do meu escritório, seguindo até o final do corredor.

— Bom dia, Carly. — digo simpático ao me aproximar.

Ela rumora um mas quase não ouço porquê presto atenção no hematoma em seu rosto. Ela nitidamente não teve sucesso ao tentar disfarçar com maquiagem, notando um lado estava mais inchado que o outro. Não era a primeira vez.

— O que foi isso, Carly? — pergunto, sério. Me aproximo, tirando uma mecha do seu cabelo castanho com o indicador.

— Caí da escada. — sua resposta é rápida e direta, automática. Como se já tivesse treinado antes. Ela afasta seu rosto , evitando olhar para mim.

Olho para a minha assistente, já a um bom tempo comigo. Sei muito bem que o machucado em seu rosto não foi um acidente na escada, ou mesmo uma batida em um poste.
Tenho essa dúvida entre as mulheres, se alguém a faz tão mal por quê continuar com isso? Por quê sofrer, por alguém que não vale à pena? Eu me pergunto o que passa na cabeça dessas mulheres que aceitam esse tipo de tratamento, duvido muito que seja por amor. Amor não machuca assim, amor não bate, não humilha, então por quê continuam com isso?

— Espero que dê um jeito nisso. — suplico. A frase não se refere ao seu machucado, tomara que ele tenha entendido o que quis dizer.— Espero mesmo.

Desde quando fui promovido a pior parte do meu trabalho tem siso frequentar essas reuniões absurdamente entediantes. Prefiro pensar em Carly e o fato daquela marca de porrada na cara dela. Da última vez que, seu supercílio estava cortado e o canto do seu lábio, machucado. Na época eu não disse nada, apenas fingi que não tinha visto nada, e segui meu trabalho. No entanto, eu acho que fiquei mais vulnerável desde sexta, por algum motivo tenho me importado mais, não sei. Às vezes me sinto estranho. E ver Carly no estado que está, me deixou pior. Queria poder fazer alguma coisa por ela. Não sei por quê mas Ivy me vem à cabeça. E se fosse ela? O que eu faria?

Mas o que ela tem a ver com a história?

Milagrosamente, a reunião termina. Olho para relógio em meu pulso e vejo que faltam cinco minutos para dar meio-dia.

Não espero para me despedir de todos ali, saio com pressa para pegar o elevador. Pessoas entram e saem até que consigo chegar ao térreo. Eu não economizo tempo e quando percebo, já estou dentro do carro. Ligo para Carly, avisando que estarei fora para a hora do almoço e sugiro que ela faça o mesmo.
Agradeço mentalmente pelo Lucky's ser próximo ao meu trabalho então demoro menos de vinte minutos para chegar mesmo com o trânsito na hora do rush. Estaciono o carro quando chego, tiro o paletó por conta do calor e subo um pouco as mangas da camisa.

O estabelecimento é um tipo de restaurante e bar,coberto por madeira nas janelas, chão e teto, que é enfeitado por folhas e cascos de uvas, imitando vinhedos. Há um balcão de bebidas com bancos de couro, e um espaço apenas para mesas. As luminárias amarelas e arredondadas são distribuídas, dando um charme para o local. Procuro por Ivy, varrendo meus olhos pelo lugar, e surpreendentemente, não a encontro. Dou uma olhada no relógio e já são meio-dia e quinze, então aproveito para escolher logo um lugar. Opto por uma mesa próxima à janela que dava visão para a rua.

Não demora muito até eu ouvir o sino da porta tocar, anunciando a entrada de alguém.
A mulher usa um vestido de mangas curtas e um pouco acima dos joelhos amarelo bem clarinho. Os cabelos estão soltos e ela não usa maquiagem. Ela corre os olhos pelo lugar provavelmente me procurando, até que para eles em mim e começa a se aproximar à passos moderados.

— Atrasada. — destaco quando ela se senta à minha frente.

— Achei que fosse arquiteto e não fiscal de atraso. Fico feliz com a sua nova profissão. — debocha enquanto põe uma mecha atrás da orelha.

Semicerro os olhos antes de rebater:

— Achei que tinha dito que não queria atrasos.

— Disse para você não se atrasar, eu não disse nada sobre mim. — argumenta antes de chamar um garçom. Um garoto de mais ou menos dezoito anos se aproxima e nos cumprimenta com uma certa simpatia que Ivy faz questão de retribuir.

— Já decidiram o que vão pedir? — pergunta em um sorriso.

— Bom...— começa ela, dando uma olhada no cardápio — Pode me trazer um cheeseburger triplo, com uma porção de batata e cebola empanada, uma costela média e um chá gelado de mirtilo, por favor?

Vejo a expressão supresa do garoto e me encontro da mesma forma. É a primeira vez que Ivy e eu saímos sozinhos, e todas as mulheres com quem já me encontrei costumavam pedir pratos mais leves como saladas, e coisas do tipo porém ela não, e não parece se envergonhar nem um pouco, muito pelo contrário.

— Eu vou querer o mesmo. — digo quando o garoto me olha esperando uma resposta. — Mas eu vou querer uma Pepsi no lugar do chá.

Não comi direito ontem à noite, mesmo estando em uma baita de uma larica, também não consegui tomar meu café direito e eu estava faminto. Ele assente e se distancia.

— E então? Por quê estamos aqui? — me manifesto chamando sua atenção. Em resposta, ela mexe na bolsa e retira dela três livros e põe em cima da mesa. Pego um deles e o título me deixa um tanto intrigado — "Pais Inteligentes Formam Sucessores, não Herdeiros." — leio o título antes de soltar uma risada nasalada — Que diabos é isso?

— Procurei ontem na livraria algumas coisas que poderiam nos ajudar. Temos de nos organizar, já que agora a gente tem uma criança nas mãos. — explica dando de ombros — Então sugiro que leia pelo menos um desses manuais.

— Manuais? — indago inclinado a cabeça para o lado — Vamos criar um robô ou um bebê?

— Você entendeu o que eu quis dizer.

— Certo, eu não leio um livro desde a faculdade então pode esquecendo. — empurro o livro devagar em sua direção.

— É uma pena. — finge lamentar — Deve ser por isso que você é assim.

— Assim como? — instigo, me inclinando para mais perto.

— Completamente sem noção.

Ela começa a falar sobre o que devemos fazer assim que pegarmos Tessa do CT, como estabelecer horário para comer, o que devemos fazer caso ela comece a chorar ou tiver cólica. Presto atenção em tudo o que ela diz, e vejo que ela está realmente dedicada ao assunto o quê não é nenhuma surpresa já que Ivy sempre foi o tipo de pessoa que gosta de saber o que está fazendo, gosta de estar no controle. Acho isso admirável nela mesmo que me irrite às vezes. Mas ela não precisa saber disso.

A comida chega damos uma pausa para o rango. Aproveito seu momento único com o seu hambúrguer e tento roubar uma de suas batatas visto que eu já havia terminado com as minhas.

— Você nem pense nisso. Tira a mão da batata, patife. — ela tem um quê de diversão na voz mesmo tentando se manter séria

— Sabe, é a primeira vez que fazemos isso. Quem diria, não?!

Ivy concorda enquanto mastiga uma cebola frita.

— Existe uma primeira vez pra tudo, né!?— comenta. Observo ela bebendo seu chá e me lembro de algo dito por Prudence.

— Sobre aquela história de morarmos juntos...

— Ah, ainda tem isso. — pragueja ao levar seus dedos às suas têmporas. — O que a gente faz?

— Você se muda lá pra casa. Simples. — digo óbvio. Ivy parece querer desmaiar, ela suspira fundo e esfrega uma das mãos no rosto — Deixe de ser dramática, Ivanna, é só por um tempo, como a advogada disse. Não é uma proposta de casamento nem nada.

— Dramática? Ethan, a minha vida está virando de ponta cabeça! Primeiro, eu perco meus melhores amigos, depois ganho um bebê do nada e agora eu e você temos de morar no mesmo ambiente e eu tenho que largar todo o lazer da minha casa. Não é justo.

Ela estava coberta de razão. Acho que de nós dois, ela foi a mais prejudicada. Levando em conta que Ivy é completamente racional, ela não queria ficar com Tessa e por pouco não aceitou por saber que isso vai, de fato, atrapalhar na sua vida profissional e nos seus planos. Sem contar com o assunto da mudança.

— Tem razão, não é justo. — afirmo com um tom mais baixo — Eu queria que tudo isso fosse diferente, Ivy, eu realmente queria. Se eu pudesse, ficaria com Tessa sozinho, porquê eu sei o quanto isso vai te custar e eu sinto muito. — suspiro, observando a rua pela janela. E ainda sim consigo sentir eu olhar sobre mim — Vamos encarar os fatos: somos um completo desastre e há menos de vinte por cento de chance de conseguirmos fazer isso direito. Mas ela precisa da gente, e a gente, um do outro.

Nos encaramos por longos segundos, ela obviamente estava em um conflito interno, ou talvez só analisando as besteiras que acabei de dizer. Ivy toma mais um gole do seu chá de cor vermelha e solta com simplicidade e um suspiro:

— Tudo bem. Vamos tentar.

——//——

Primeiramente eu quero agradecer às duas caixinhas de Toddynho que me deram ânimo para escrever esse capítulo. E segundo eu quero agradecer ao apagão que teve aqui na rua, porquê só assim eu consegui ter paciência pra escrever esse bagulho.
Peço desculpas pela demora e por esse capítulo que deve tá uma bostinha já que eu tive um bloqueio do caralho. Prometo tentar melhorar os próximos!

Bjs e até a próxima.

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