DOMADA POR CONTRATO - Sr. BER...

By LiaWale

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AUTORIA PRÓPRIA!!⭕☑️❌ PLÁGIO É CRIME!! ? (SEM CORREÇÃO ORTOGRÁFICA!! AVISO ANTES!!) ? Livro 2 - é necessário... More

PERSONAGENS
Capítulo 2
Capítulo 3
Recado Urgente!
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Entrevista - Urgente!!
Capítulo 18 - 1° de abril
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capitulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Explicações!
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capitulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Tamo Chegando!!!
Capítulo 55
Capitulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capitulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capitulo 75
Capítulo 76
Recado Oficial!

Capítulo 71

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By LiaWale

....

Amélia: socorrrooooo!!! Marcoooooossss... Allana caiu na água e está sangrando muitooooo!!!!! POR FAVORRRR, ALGUÉM AJUDAAAA!!! Allana morreuuuuuu!!!! - gritei por socorro. Vejo na água sangue por toda a sua volta. Não seria possível ela ter se machucado tanto.. olhei para a porta da sala e vejo Marcos vir correndo até mim.

Marcos: o que foi Amélia?? Que gritaria é essa?? O que.. - ele olhou para dentro da piscina e a viu se afogando. Pitter apareceu vindo correndo em desespero.. - Allana!!! - no seu grito, foi ai que vi o desespero dos dois em tentar tira-la da água..

Amélia: ela acabou escorregando e caiu a piscina.. foi tudo muito rápido, quado eu cheguei ela já tinha caído e desmaiado - Marcos não pesou duas vezes, ele pulou na piscina e a pegou nos braços.

Pitter: me dê.. vou coloca-la aqui.. - Pitter estendeu as mãos e a pegou com cuidado. A colocando a beirada da piscina, Marcos saiu da água. Enquanto Pitter a ajeitava, vi que ela estava com um corte fundo no lado direito da testa. No seu vestido florido, sangue escorria por debaixo da sua saia.. eu acho que ela perdeu o bebê.. isso! - senhora?? Senhora!! - ele a chamava mas nada.. estava desmaiada e afogada. Com os lábios roxos e a pele pálida, a vejo desfalecendo. Marcos se aproximou do corpo e com algumas bombadas de primeiros socorros, ele começou a fazer respiração boca a boca para reanimar..

Marcos: vamos filha.. vamos.. - ele bombava, mas nenhuma reação era dada.. aquilo me deixou preocupada.

Melissa: mãezinhaa!! - vejo Melissa vir correndo quado viu a cena. Quando ela se aproximou do corpo de Allana eu a puxei para trás a afastado daquela cena - me soltaaa, mamãeee!!! - Melissa começou a chorar em um desespero tremendo. Marcos e Pitter ainda investia no socorro mas nada adiantava..

Marcos: não, não.. reage filha.. anda.. - eu fui me afastado com Melissa enquanto Allana morria. O que antes tinha cor nos lábios, agora nem isso.. estava totalmente pálida. Vi o sangue escorrer da sua testa e entrar no seu cabelo, já por de baixo, o vestido que era azul claro, ficou vermelho.. eu não acreditei aquilo.

Melissa: MÃEZINHAAA!! - Melissa se ajoelhou no chão e se desabou em lágrimas..

Pitter: estou sentindo os batimentos senhor.. estão fracos mas ela ainda vive.. - ele sentia a pulsação no pulso de Allana. Foi ai que Marcos foi mais rápido.. em questão de segundos, mesmo desmaiada, Allana conseguiu voltar a água que tinha ingerido. Os dois a levantou depressa e a ajudou a vomitar.. um jato de água saiu fazendo os seus lábios voltar ter cor.

Marcos: Pitter, me ajuda a levar para o carro.. precisamos leva-la ao hospital o mais rápido possível.. - Pitter a segurou o ajudado e eles foram correndo até o carro. Melissa se levantou e saiu correndo indo atras deles.

Amélia: MELISSA VOLTA AQUI.. - gritei mas ela nem deu bola. Fui atrás e aproximado do carro, vejo coloca-la no banco de trás, do passageiro..

Melissa: mãezinha.. mãezinha... - Melissa em desespero, abriu a outra porta e entrou no carro ignorando a todos, se abaixou ficado sentada no chão do carro ao lado de Allana. A vejo pegar a mão dela e chorar acariciado o rosto daquela vira-lata..

Amélia: Melissa, vem.. deixa que o seu vô vai socorrer ela.. me obedece.. venha!

Melissa: EU NÃO VÔ!!! EU QUERO FICAR COM A MINHA MÃE!!! VOCÊ NÃO MANDA EM MIM.. - ela gritou comigo em meio ao choro.. preferindo ficar com aquela mulher do que com a própria avó. Fiquei em choque com a sua reação para comigo. Marcos fechou a porta do carro e olhou para Pitter..

Marcos: Pitter, vai avisar a família de Allana.. eu a levarei para o hospital, deixa que para o meu filho eu ligarei.. - eles se acertaram e Marcos deu a volta. Ele não falou nada, nem repreendeu Melissa por ter falado comigo daquela maneira, o que me deixou furiosa! Ele entrou o carro e deu partida. Abri a porta e entrei.. ele não disse nada, simplesmente saiu as pressas ruas a fora até o hospital - vê se a água não danificou o meu celular, se estiver pegando, liga para Bernardo agora.. - ele falou tirando o celular do bolso da calça e me entregou dirigindo. Disquei e somente dava caixa postal.. nada dele atender. Tentei mais algumas vezes mas nada, apenas ouvia Melissa soluçar em meio ao choro acariciado Allana. Em poucos minutos, chegamos no hospital, Marcos pediu socorro e os enfermeiros que estavam ali fora, eles deram toda a assistência. Foi questão de segundos quado uma maca chegou e a levou para dentro do hospital. Ele segurou Melissa e entramos na parte do atendimento de emergência. Fizemos a ficha dela e subimos para o andar de cima aonde ela foi levada.

....

Estava a caminho da reunião. Bruno falava dentro do carro sobre os contratos que ele já tinha deixado no jeito para a reunião seguinte. Com a chuva, mal tinha rede no meu celular.. queria ter falado com Allana antes para ela ter mandado por e-mail algumas folhas de planejamento da empresa que eu tinha esquecido, mas creio que não será necessário.. de todo o caso, é sempre bom andar precavido.
Chegando no restaurante, na parte isolada que já estava reservada para a reunião, subimos e de longe, vimos alguns investidores sentados nos esperando. Cumprimentamos a todos e sentamos.. em um certo momento tive um negócio ruim, senti um certo incomodo no meu corpo, um desespero junto com uma aflição enorme que me agoniava no fundo do meu íntimo, como se eu não conseguisse respirar.. parecia que eu iria infartar. Em poucos minutos de reunião, o meu celular apitou algumas vezes, não dei importância, poderia ser e-mails. Alguns minutos depois ele tocou.. peguei o meu celular, era o meu pai ligando, tinha vários correios de voz como notificação, aquilo me preocupou.

Bernardo: hã.. desculpe senhores, mas, preciso atender.. Bruno? Prossiga com a reunião.. - ele compreendeu e me levantei da mesa. Me afastei um pouco indo para um canto e atendi a ligação.

Ligação on

Bernardo: alô? Pai?? - a ligação estava péssima - eu estou numa reunião importante agora.. e..

Marcos: filho.. é Allana! - sua voz em desespero me fez gelar.. Allana?? Já pensei o pior, Júlio.. aquele infeliz tocou na minha mulher.. MALDITO!!

Bernardo: o que aconteceu?? - já falei com um nó entalado a garganta.. a saliva faltou.

Marcos: eu não sei como aconteceu direito mas, ela se afogou na piscina de casa, ela está sangrando muito, acabou batendo a cabeça que levou um corte fundo e.. enfim, eu não sei o que aconteceu.. a trouxe para o hospital, e..

Bernardo: Allana sangrando??? Por onde??? Como ela está??? O meu filho?? - o interrompi em uma aflição que fez o meu sangue ferver.

Marcos: eu não sei filho.. os enfermeiros a levou para o atendimento, estamos sem noticias. Ela quase morreu na piscina, se não fosse nós com os primeiros socorros.. eu não sei o que seria.. - ele falou em desespero. O meu desespero foi a mil.. Allana morta?? Eu não aguentaria aquilo.. viúvo pela segunda vez?? Isso era inaceitável.. respirei fundo.

Bernardo: pai, eu estou voltando agora para o Rio.. segura as pontas ai para mim..

Ligação off

Desliguei com um aperto enorme o meu coração.. não estava acreditando naquilo. Voltei para a mesa com a adrenalina a mil.. Bruno me olhou e viu que eu não estava bem..

Bruno: ei?? Berna?? O que aconteceu?? Está pálido.. - ele se levantou. Vejo todos me olhando..

Bernardo: Allana.. ela se acidentou, eu acho que.. perdeu o bebê.. - Bruno arregalou os olhos em espanto, olhei para todos, não tinha condições de continuar ali.. - eu preciso voltar para o Rio, agora.. você consegue terminar sem mim??

Bruno: sim, claro.. pode ir.. eu cuido de tudo - me aproximei da mesa e avisei a todos do ocorrido, que eu não poderia ficar. Deixei tudo com o Bruno e sai correndo.. nisso, já liguei para a companhia de aviação, quanto mais rápido eu voltasse para o Rio, melhor seria.. não estava em condições em pilotar algo agora.

...

Vejo Marcos telefonar para Bernardo em desespero. Melissa sentada o banco olhava para os quatros cantos daquela sala de espera. Esperei ele desligar a ligação.. posso dizer que eu fiquei com medo de ter matado aquela criatura, não era isso que eu queria, eu só queria que aquela criança não nascesse.. ela poderia ter vários bebês, mas não do meu filho. Vejo Marcos desligar e passar a mão no cabelo.. ele me olhou e veio até mim..

Amélia: e ai?? Falou com ele?? - ele me olhou colocando o celular o bolso.

Marcos: falei.. ele está vindo, certeza que vai pegar um vôo.. - o fixei. Ele olhou para Melissa e respirou fundo. Senti ele pegar o meu braço e me puxar me levando para um canto.. - o que realmente aconteceu Amélia?? - ele me olhou de um jeito diferente.. me intimidando.

Amélia: com assim?? Eu já disse, Allana caiu na piscina.. só vi ela caindo de bruços, bateu a cabeça na beira e caiu a água.. fui tentar a socorrer mas você sabe que eu não sei nadar.. foi por isso que chamei você.. foi o que eu vi.. - ele me intimidou ainda mais.

Marcos: por que eu tenho uma grande impressão que não foi bem assim que aconteceu?? - ele olhou para Melissa que estava longe - não vou perguntar de novo, o que realmente aconteceu com Allana?? - fiquei pasma com a sua desconfiança.

Amélia: o que está insinuando Marcos?? Está desconfiando de mim?? É isso mesmo??

Marcos: SIM! Desconfio sim.. e tenho motivos para isso. Quer que eu diga?? Você foi a única que não se dá bem com Allana, a única que odiou a noticia da vinda do nosso neto. É a única que humilha a esposa do NOSSO FILHO na frente de qualquer um.. - o fixei incrédula - quer que eu diga mais?? A piscina da nossa casa fica na área central, no meio do terreno, bem longe da entrada.. o que Allana foi fazer para lá?? Para chegar até a casa, não precisa passar pela piscina, não é mesmo?? Agora, me responda outra coisa.. aonde você estava quando ela caiu?? Por que não impediu o pior?? - respirei..

Amélia: eu estava longe.. na estufa.. só vi quando ela caiu.. - ele respirou - eu não fiz nada, posso ser tudo, posso julgar, posso não ser perfeita mas não sou assassina! A sua desconfiança me ofende!

Marcos: eu acho bom que isso não tenha vindo de você.. porque se Bernardo pensar o mesmo que eu, se prepare porque ele vai procurar saber detalhe por detalhe e você vai o conhecer de verdade! A fúria dele não vai ter limite se bem o conheço.. espero que o nosso neto e Allana estejam bem, porque se ela acordar e te acusar de algo, que foi você que a machucou, Bernardo nunca mais vai te perdoar.. - engoli seco - o nosso filho a ama demais, fora que dentro dela existe uma vida, fruto do amor dos dois.. e se realmente foi você que quis machucar Allana, isso pode dar até cadeia!! Tentativa de assassinato porque ela quase morreu na piscina de casa! Ore muito para que a vida dos dois estejam bem, que estejam melhores nas mãos dos médicos, e acredite, se o mundo cair sobre a sua cabeça, eu não irei te ajudar.. o seu ciúmes doentio pelo o nosso filho já passou dos limites.. eu não me casei com uma louca! - respirei fundo.. engoli muitas palavras.

Amélia: eu.. não.. fiz.. nada! - falei pausadamente - eu disse que iria mudar e estou mudando!! Eu não fiz nada! Não toquei nela!! Ela escorregou e caiu!! Mas é uma pena ver que o meu próprio marido não acredita em mim.. - sai de perto dele o deixando sozinho. Quando me sentei ao lado de Melissa, os pais de Allana chegaram com Pitter..

Sara: senhor.. cadê a minha filha?? Aonde Allana está?? - ela se aproximou de Marcos e o pressionou. Vi a sua aflição.. já estava em lágrimas. Por um momento, me vi no lugar dela..

Marcos: fica calma Sra Marques.. - ali, ele começou a contar tudo do ocorrido para eles..

...

Estava voltando ao trabalho, entrando no plantão policial depois de passar uma curta férias no Brasil. Somente alguns dias de descanso praticamente.. tinha chegado mais cedo por conta de um vôo que foi atrasado. Pelo menos consegui relaxar um pouco nesse curto tempo. Passei pela porta da entrada e fui direto para o 3° andar aonde a minha equipe ficava.. passei no vestiário e me troquei. Guardando a minha bolsa com os meus pertences pessoais no armário, vejo Luis aparecer..

Luis: olha quem apareceu.. e aí cara? - ele me olhou e veio logo me cumprimentando.

Luan: boa tarde.. alias, quase boa noite.. - ele sorriu e começou a se trocar.

Luis: então, me diga.. como foi a breve férias no Brasil?? Espero que tenha descansado.. - sorrio.

Luan: foi bom.. consegui me distrair um pouco.. - sorrio de canto. Ele tirou a camiseta do distrito e colocou uma normal, era praticamente a nossa rotina para não chamar a atenção.

Luis: certo. Isso é ótimo! Pelo visto, pela a sua cara.. parece que encontrou uma gata.. se divertiu. Parece solto.. - o fixei colocando o meu celular no armário - fala aí.. viu a sua amada em Sampa?? Qual o nome dela??.. é... Ana.. Aline.. não, Aline não.. há.. Allana?? Acertei? - ele foi irônico.

Luan: não.. eu não a vi, infelizmente. Mas creio que não a verei mais.. - olhei para o armário - já se passou meses e nada da ligação dela, realmente ela não me queria como eu a queria.. - na verdade, gostava daquela mulher desde muito novo.. desde quando éramos crianças, então, querer era pouco. Não era apenas um sentimento bobo, mas gostava de verdade daquela doce mulher. Achei que naquele reencontro depois de anos fora, nós poderíamos tentar algo, um namoro talvez, mas foi em vão.. acho que não passaria de um bom amigo para ela. Porém, esse sentimento que sentia aqui dentro, não era algo que eu pudesse esquecer assim, da noite para o dia. Allana foi a primeira mulher que eu me apaixonei.. - mas, eu conheci alguém na viagem.. uma loira, Priscila. Não sou muito atraído por loiras mas ela era muito bonita.. pelo menos me fez esquecer Allana.. - por um curto tempo.

Luis: aí sim cara!!! Agora sim.. pegando geral.. - o encarei amarrado o meu sapato. Até parece.. como se eu fosse mesmo de ficar com várias.. acho que estava me confundindo com ele mesmo.. - mas e aí?? Pegou o número dela??

Luan: fiz mais.. passamos a noite juntos..

Luis: que isso hein meu amigo??? Oloko.. subiu de nível hein.. estou impressionado - ele me zoa - agora sim, essa gata selvagem pode te fazer bem.. te levantar.. torço para dar certo, você precisa namorar meu amigo.. achava que estava até virando gay, não pegava mais ninguém, está foda - como é?? Joguei a camisa do distrito nele.

Luan: cala a boca! - nós rimos.. o trabalho era tanto, os problemas e responsabilidades eram tanto naquele Distrito, que mal pensava em mim. Nenhuma mulher me interessava.. a única que vinha na minha mente era Allana, então meio que desisti de querer namorar alguém - mas, não vai fluir.. não seguirá a diante. Priscila passou a noite comigo e de manhã, sumiu misteriosamente do meu apartamento sem se despedir.. quando acordei, ela não estava mais lá.. - ele me fixou.

Luis: cara.. eu estou começando a achar que você tem algum problema.. sério! É ruim de xaveco, de cama, beija mal, tem mal hálito.. não é possível, as mulheres foge de você cara.. - rio. É.. eu devo ser péssimo em algo..

Luan: eu também acho cara.. eu devo ter problemas.. não sei.. o meu emprego também não ajuda, apesar que, ela não sabia que eu era policial.. - o encarei. Respirei fundo - enfim.. a vida segue! Bora trabalhar.. - ele tirou a sua jaqueta do armário - você ficou de plantão??

Luis: fiquei.. cumprindo ordens do nosso superior, entrei de madrugada. Cobri dois turnos direto.. estou cansadão.. exausto! - compreendi sorrindo - te desejo boa sorte e tome muito café.. - quando ele virou a jaqueta para colocar, algo caiu do bolso que fez barulho no piso. Olhei rapidamente e vi um vidrinho médio com algo dentro enrolado em um plástico. O encarei e peguei do chão antes dele..

Luan: o que é isso? - ele me encarou e olhou para o mini vidrinho. Desenrolei aquela sacolinha plástica e vi o vidro contendo um branco dentro.. ele olhou para os lados com um certo medo e eu abri.. aproximei do meu nariz e o encarei.. eu não estava acreditando naquilo - desde quando você cheira essa merda?? - fui rude o encarando. Ele paralisou.. - não me venha com desculpinhas fajutas dizendo que isso não é seu, mendiz.. desde quando?? E não ouse mentir para mim.. - ele engoliu e olhou para os lados..

Luis: "qualé" Luan.. até parece que é só eu que usa isso aqui.. como você acha que eu passo a madrugada toda, um, dois, três turnos virado cobrindo plantões?? Com um simples café amargo?? Eu não sou você!! - ah.. claro. Eu tampei aquilo.

Luan: cuidamos do tráfico, vivemos em função da justiça para acabar com esse meio das drogas que destroem lares mundo a fora! Colocamos a nossa vida em risco para combater essa porcaria que já matou tantas pessoas.. e o meu amigo de trabalho dá dinheiro para que o trágico cresça a cada dia.. - ele se aproximou de mim.

Luis: fala baixo! Eu não comprei.. eu nunca comprei isso! Tudo que eu já usei foi das apreensões que fizemos com os traficantes em que pegamos em flagrante.. cargas apreendidas e até nas biqueiras.. pego tudo daqui! Eu nunca comprei nada lá fora! Eu não sou imbecil..

Luan: foi imbecil quando colocou essa porcaria no nariz pela primeira vez, e continua sendo IMBECIL usando, se tornado um viciado! Você e os usuários lá de fora, os traficantes que comanda o tráfico não são tão diferentes de você cara.. vocês contribuem para que essa guerra diária que vivemos nunca acabe! Deixa de ser idiota! - joguei aquele vidrinho nele. Ele pegou e me olhou - eu acho melhor você pensar bem no rumo da sua vida, porque se você quiser continuar na minha equipe, você vai ter que parar com isso, ou vou ter que te denunciar para o nosso supervisor chefe, e você sabe que ele não será tolerante com isso se descobrir.. - ele me fixava, vi o seu medo - ou você vira um policial, um militar honrado, um verdadeiro homem, merecendo e honrando a camisa que veste, ou você vai desaparecer da minha equipe e vai ter que se entender com o nosso chefe superior, policial corrupto na minha equipe, eu estou afastando.. eu quero distância! Você é o meu amigo, mas fazer justiça está acima de qualquer coisa! Esse é o nosso lema! Escolha o caminho certo! Já está avisado! - fechei o meu armário e sai de perto. Passei no banheiro e lavei as minhas mãos. Eu parei ali, olhando no espelho e tudo que eu vi, a ficha ainda não tinha caído.. como Luis pôde chegar a esse ponto!?!

...

Cheguei no aeroporto do Rio em alguns longos minutos de viagem e segui correndo para o hospital em que Allana estava. Passei na recepção, perguntei querendo informações e subi correndo para o segundo andar.. estava agoniado por noticias, queria vê- . Quando subi, na sala de espera vi os meus pais e a família dela, todos preocupados e com uma expressão nada boa.. corri até eles.

Bernardo: PAI?? Tem noticias dela?? Como ela está??? - falei aflito. O meu pai me segurou me fazendo acalmar.

Marcos: ainda não sabemos de nada, ninguém veio falar conosco.. não temos ainda noticias de Allana, filho.. - COMO ASSIM??? se passaram mais de 1 hora e nada de falar do quadro em que ela estava?? Está de sacanagem!!

Bernardo: para onde a levaram?? - eles apontaram para o corredor a direita. Sai correndo de perto deles e entrei não me importando se podia entrar ali ou não. Passei pelo corredor e olhava as portas, eu queria ver como ela estava, como a minha Allana estava!! Chegando quase no final do corredor, vi Allana deitada numa maca dentro de um quarto.. entrei e fui me aproximando dela. Vejo o soro injetado na veia contendo vários remédios escritos na bolsa, me aproximei para a olhar de perto, ela dormia. Estava com a testa costurada, o local estava inchado.. a sua pele pálida, somente me aproximei do seu rosto e beijei de leve a sua testa. As suas mãos estavam geladas, frias mesmo, parecia morta! - Allana?? Amor?? Ei?? Estou aqui morena.. - falei próximo do seu ouvido e a acariciei. Ela não estava morta mas para mim era como estivesse naquela cama de hospital. Pálida, fria, imóvel..

Enfermeira: ah.. quem é o senhor?? O que está fazendo aqui?? Não pode entrar nesse corredor, é só para funcionários.. visitas só amanhã.. - a olhei.. a enfermeira entrou no quarto e falou em um tom que não me agradou nada!

Bernardo: escuta aqui, a minha família está lá fora já faz mais de uma hora esperando notícias dela e nada de vocês avisar a situação em que ela está.. eu sou o marido dela e tenho o direito de estar aqui! Pago uma fortuna em convênio médico para vocês terem um péssimo atendimento com os seu clientes!! Ou você você chama agora o médico responsável que está cuidando da minha esposa ou eu vou quebrar esse hospital inteiro e de quebra, colocarei todos na justiça pelo péssimo atendimento!! - ela me olhou espantada. Estava em fúria, já não bastasse ver Allana naquela situação, agora tenho que aturar falta de profissionalismo.. comigo não! Hoje não!

Enfermeira: vou chamar o médico.. licença.. - ela saiu da sala assustada. Olhei para Allana e algo me chamou a atenção, vi as suas pálpebras mexer.. ela estava acordando. Me aproximei e segurando a sua mão, ela abriu os olhos devagar e me viu..

Bernardo: oi.. - ela se mexeu e logo sentiu dor nos pontos da sua testa. Eu a ajudei a se ajeitar na maca.. - amor?? Me reconhece?? - ela colocou a mão na cabeça e sentiu os pontos. Ainda sonolenta, ela me olhava e logo um sorriso bem rápido apareceu..

Allana: claro que sim.. é o meu marido! Bernardo.. - respirei aliviado.. ufa!! Menos mal, ela não tinha perdido a memória.. pelos pontos, o corte na sua testa foi fundo e a pancada deveria ter sido feia. Ela olhou para os lados e para o soro que ela estava ingerindo na veia.. peguei a sua mão e beijei - o que aconteceu?? Aí! - ela reclamou de dor.. no mesmo instante o médico apareceu no quarto.

Médico: boa noite Sr..??

Bernardo: Bernardo Ferrari.. - o cumprimentei.

Médico: prazer Sr Ferrari.. sou o Dr. Kifoud, o médico que está acompanhando a sua esposa - eu o encarei.

Allana: doutor??? - Allana o chamou toda fraca - e o meu bebê??? Como ele está?? Ai... - ela reclamou de dor segurando a barriga. Ele me olhou e se aproximou do seu leito..

Médico: primeiro você precisa me dizer o que realmente aconteceu para você ter chegado aqui.. me diga, como foi que você caiu? - ela olhou para ele..

...

O médico adiou a minha pergunta, ali senti medo. O meu bebê.. a dor que eu estava sentindo, estava sendo dores em cima de dores. Ainda sonolenta eu tentei lembrar..

Allana: eu só lembro que cai de bruços.. eu não sei o que aconteceu mas.. só senti escorregar próximo a piscina e cair com tudo no chão.. como se as minhas pernas falhasse naquele momento.. foi tudo muito rápido, depois apaguei total.. - ele compreendeu - doutor??? E o meu bebê??? Como ele está??? - ele ficou em silêncio por um tempo.

Médico: quando você chegou aqui, você estava tendo uma hemorragia vaginal.. estava sangrando muito. Fizemos exames rápidos e com o tombo, com a grande pancada, infelizmente.. o bebê não resistiu. Eu sinto muito senhora.. - O QUE??? NÃO!!! Olhei para Bernardo, ele me olhou e não contive.. comecei a chorar naquela maca - o seu útero não teve forças o suficiente para aguentar o impacto, quando a senhora chegou, o seu colo já estava delatado, o seu corpo automaticamente expulsou o feto como uma auto defesa.. - abaixei a minha cabeça e chorei, não estava acreditando naquilo, não estava em condições em ouvir mais nada, apenas segurei a minha barriga e chorei pela perca.. - nós fizemos alguns exames antes e depois para comprovar, felizmente o seu cérebro está normal, não vimos nada de anormal nos exames, por conta do tombo, talvez teria algo grave. A água que ingeriu no afogamento, tivemos que avaliar e esperar que o seu corpo reagisse de uma forma positiva a medicação. Estamos te acompanhando, fizemos o possível para te reanimar mas o bebê, infelizmente não tínhamos o que fazer.. ele já estava morto, se desfazendo por ser ainda tão pequeno - senti Bernardo segurar a minha mão - agora, com a hemorragia, esperamos que toda a sujeira saia para que não tenha complicações futuras.. - eu coloquei a mão na minha cintura e senti a fralda se passando como um absorvente segurando a hemorragia - as dores que a senhora está sentindo, é normal, vai ter essa dor por um período até o seu útero se recompor do aborto que você sofreu.. - eu somente ouvia em lágrimas. O médico ficou em silêncio.. - eu vou deixar vocês a sós nesse momento difícil. Daqui a pouco eu venho para explicar mais coisas.. se precisar de algo, estarei no quarto ao lado.. licença - ouvi os seus passos saindo do quarto. Bernardo se sentou na maca e me abraçou me puxando para o seu peito. Segurei no seu terno e chorei muito..

Allana: o meu bebê.. não.. - me desabei o abraçando. Ele em silêncio apenas me acariciava. Não estava acreditando naquilo.. o meu filho!!

Bernardo: calma.. - ele mexia no meu cabelo - calma amor..

Allana: eu não consegui segurar.. eu não consegui protegê-lo.. EU MATEI O NOSSO FILHO BERNARDO!! A culpa foi minha..

Bernardo: não fala isso amor.. pare!! - ele me repreendeu - a culpa não foi sua.. pare de pensar nisso!! - uma contração veio forte mexendo com a minha espinha. Eu me encosto na maca para trás ainda em lágrimas tentando aliviar a dor.. ele me segurou. Vejo os seus olhos cheios de lágrimas.. me senti ainda mais culpada..

Allana: me perdoe.. - chorei segurando a sua mão - perdão.. eu não consegui.. proteger o nosso bebê.. - falei quase falhando.. ele se aproximou dos meus lábios e me beijou me fazendo acalmar. Senti a sua lágrima cair molhando o meu rosto.. aos poucos fui me acalmando, mas a dor da perca não me fez parar de chorar. Ele me olhou com os olhos vermelhos..

Bernardo: eu queria esse bebê mais do que nunca! Eu desejava essa criança Allana.. eu amava essa criança como amo Melissa, mas o que aconteceu, se você escorregou, isso não foi a sua culpa.. acidentes acontecem! Infelizmente, o nosso bebê sofreu com isso.. - ele deixou mais uma lágrima cair - você se afogou, quase morreu afogada, perdeu sangue.. eu quase perdi você também.. EU QUASE TE PERDI MORENA! - ele olhou a minha testa e acariciou o meu rosto - eu não quero ficar viúvo novamente.. se eu perdesse vocês dois, eu não sei o que eu faria.. - ele começou a enxugar o meu rosto com a manga do seu paletó - eu sei que está doendo ai dentro mas acredite, em mim também dói.. e dói muito pensar que o nosso bebê não está mais aqui - ele coloca a mão na minha barriga - porém, você ainda está viva morena, e creio que lá na frente você poderá ter vários filhos.. talvez casada, com outro.. - eu o encarei, com outro??? O único que eu queria como pai dos meus filhos era ele, porque o amava!! Limpei o seu rosto com cuidado.. - do mesmo jeito que você é uma excelente mãe para Melissa, eu não tenho dúvida que você seria uma maravilhosa mãe para o nosso bebê.. você é a única mulher que eu escolheria para ser a mãe dos meus filhos, e.. e você sabe disso.. - não.. eu não sabia. As suas palavras me fez acalmar..

Allana: por favor.. não me odeie..

Bernardo: nunca! Já disse que você não teve culpa de nada.. nós dois amávamos essa criança.. mas se aconteceu, vamos passar por isso juntos.. eu não vou te odiar por isso, pelo contrário, eu sou o seu marido, e estarei com você em todos os momentos.. é o meu direito! - senti a sua mão me acariciar.. - você é a minha melhor amiga, a minha melhor confidente, a melhor mulher que eu poderia ter.. estamos juntos nessa, lembra?? - sorrio de canto. Beijei a palma da sua mão que estava no meu rosto, as lágrimas caíram.. - eu te odeio por ser tão perfeita e especial na minha vida, e não importa como, mas eu estarei com você te protegendo.. se você sente dor, eu também sinto! Se algo te incomoda, te machuca, te aflige.. aqui dentro, eu também sinto! E não falo da boca para fora, creio que na mesma hora em que você estava quase morrendo aqui no Rio, lá em São Paulo em um determinado tempo me senti tão mal, mas tão mal, foi praticamente como se eu estivesse me afogando junto com você na piscina.. eu senti na pele que você estava em perigo.. pode acreditar, eu me preocupo demais com você e não quero te ver assim.. não quero! Seja forte junto comigo.. - ele me fixou de um jeito todo carinhoso.. eu o abracei. Foi a única coisa que eu consegui fazer depois de tudo que ouvi.. - não sou religioso, nunca frequentei religiões mas creio que o nosso bebê está em um bom lugar.. não tenho dúvidas nisso.. - aquilo me fez chorar novamente. Era inevitável segurar o choro. Ele me acariciava enquanto soluçava.. - eu estarei com você, ok?? Não vou te deixar sozinha um só momento .. - ele me soltou aos poucos e me olhou.

Allana: obrigada.. obrigada por ser tão bom comigo.. - ele sorriu de canto, limpei as minhas lágrimas sentindo dores horrendas. Ele me puxou para os seus braços e ficou ali me consolando me dando todo o apoio.

...

Fiquei com ela naquele minúsculo quarto do hospital, enquanto ela não se acalmasse, eu não sairia de perto. Passado alguns longos minutos, entre poucas palavras em que trocamos, Allana já estava melhor, digamos, já estava aceitando mais a situação e a perda, porém, do jeito que ela era frágil, sabia que essa ferida demoraria para cicatrizar.. então, tudo no seu devido tempo!
Deixei ela ali, para descansar enquanto a enfermeira trocava os medicamentos para controlar a dor em que ela sentia.. nisso, sai do quarto e fui a procura do médico. Perguntei a ele mais informações do estado de saúde em que Allana se encontrava. Ele me explicou em detalhes todo o processo em que ela passou e iria passar de agora em diante, pediu para que eu fosse o mais atencioso possível, já que com a perda, Allana poderia entrar em depressão pois mexia com o psicológico. Ele me deu instruções e me mostrou os procedimentos, os novos exames em que ela faria para ver se o tombo não afetou nada em seu corpo.. por fim, ele em nome do hospital pediu desculpas por não ter avisado a minha família antes, por conta da correria em que fizeram nela. Agradeço pela ajuda e sai da sala dele.. fui caminhando até a sala de espera, e lá, todos se levantaram e vieram até mim, querendo saber de notícias.. vejo a preocupação de todos pelo olhar..

Bernardo: Allana.. ela.. ela perdeu o bebê.. - dei a notícia com um peso, um peso no olhar, tentando não chorar na frente deles.. comecei a falar dando a notícia. Vejo os pais de Allana sem chão com cada palavra que saia da minha boca. Todos ficaram tristes com a notícia.. falei para todos como realmente aconteceu aos olhos dela e infelizmente, eu não seria pai novamente. O médico abriu excessão para a família ir vê-la, então enquanto eles foram, eu fiquei no lado de fora falando com o Bruno, ele me telefonou para saber notícias de Allana e que até ele se entristeceu quando soube do ocorrido. Por conta das reuniões, deixei Bruno fazer todas para mim, já que seria até amanhã. Não tinha como voltar para São Paulo e deixar a minha morena aqui sozinha em um momento desses.. ela precisava de mim. Ela precisava da minha força! Voltei para a sala e vi a minha mãe ao lado de Melissa e Pitter encostado na parede falando com o meu pai.. me aproximei do bebedouro e peguei um copo com água.

Pitter: senhor? - me virei e o vi - eu sinto muito pelo ocorrido.. fiquei muito preocupado com a sua esposa - ele prestou o seu carinho nesse momento tão difícil.

Bernardo: obrigado Pitter.. quero lhe agradecer por ter socorrido Allana a tempo.. se não fosse você e o meu pai, ela não estaria viva.. então, obrigado! - ele sorriu de canto. Vejo os pais de Allana voltar.. tristes e abatidos.

Pitter: senhor?? Eu posso ver a menina Allana? - sorrio de leve. Lembrei de como Allana tinha uma forte amizade com ele.

Bernardo: pode.. vai lá.. - ele todo educado pediu licença e foi ver Allana. Olhei para Melissa e a chamei, me ajoelhei e ela veio até mim.. em um abraço apertado, vi o quanto estava abatida e triste querendo ver Allana..

...

Depois da visita do Sr Marcos e dos meus pais, fiquei vegetando naquela cama ainda com dores. Dores que não passava nem com remédios na veia.. como era horrível aquelas contrações.
Me vi parada olhando para a janela do quarto.. olhando aquele esparadrapo na minha mão que ligava o soro na minha veia.. queria chorar mas nem lágrimas eu tinha para derramar. Me sentia muito culpada.. por tudo, por ter sido tão idiota a ponto de escorregar e perder o meu bebê.. vi como Bernardo ficou, estava muito mal com a perca, não era para menos, acredite, não conseguia aliviar a minha culpa.. o pior é que nem sei como é que eu fui cair daquela maneira. Ouvi passos.. olhei rapidamente..

Pitter: oi.. - sorrio de leve o vendo.

Allana: oi Pitter... - ele se aproximou do leito.

Pitter: como a senhora está? - respirei fundo.

Allana: nada bem.. - ele compreendeu - quero te agradecer por ter me ajudado, vocês que me tiraram da piscina.. eu não sei o que seria de mim sem a ajuda de vocês.. então, obrigada, mesmo.. - ele sorriu.

Pitter: que isso.. não fiz mais do que a minha obrigação senhora - sorrio. Vejo que ele estava incomodado com alguma coisa.

Allana: está tudo bem Pitter?? - ele me olhou e hesitou ficando em silêncio por um tempo.

Pitter: eu ouvi o Sr Ferrari falando que a senhora estava se culpando por ter perdido o bebê. Que foi um acidente, que foi você que escorregou.. mas, não foi bem assim.. - o encarei. Como assim?? Ele olhou para a porta e se aproximou do leito mexendo no celular - lembra que quando você chegou na casa dos Ferrari's eu estava falando com a minha filha via chamada de vídeo?? - concordei lembrando - então, o meu aplicativo salva as ligações de vídeo na memória do celular. Quando eu estava falando, a câmera capturou o momento em que você caiu na piscina.. eu, estava mexendo no celular agora pouco e vi o momento.. - ele me entregou o seu celular e eu pude ver o vídeo.. aquilo me fez arrepiar. Vi que quando estava chegando na piscina, Amélia vinha atrás de mim e em um momento, claramente deu para ver que foi ela que me segurou rapidamente e me empurrou me fazendo travas as pernas e desequilibrar caindo de frente. Era como se eu perdesse o controle.. foi o que aconteceu pois foi tão rápido igual a um desmaio inesperado. Vendo aquela cena, o meu coração se quebrou me fazendo chorar e silêncio, para piorar, vejo que ela me viu cair, bater a cabeça e cair na piscina, e mesmo assim ela ficou um tempo me vendo se afogar desmaiada e não fez nada.. nada para me ajudar. Ali eu vi o tamanho da crueldade daquela mulher - eu tenho medo de perder o meu emprego por isso, mas, não é justo a senhora se culpar por algo que não foi você que é a realmente culpada. A Sra Ferrari foi quem te empurrou, foi ela que matou o neto e quase te matou.. tive que mostrar isso, isso não é justo - entreguei o celular para ele depois de ver algumas vezes a cena. Ele me olhava.

Allana: eu não acredito que essa mulher foi capaz disso.. - estava sem chão. Limpei as minhas lágrimas e o olhei - fica tranquilo que sua fidelidade com a nossa família mostra muito da sua honra, de ser justo.. agora, mais do que nunca vejo que é um grande profissional e que realmente trabalha para o bem da família Ferrari. O seu emprego estará sempre protegido.. fica tranquilo enquanto a isso.

Pitter: obrigado senhora.. - ele me fixou - mas, precisa falar para o Sr Ferrari quanto a isso. Vejo como a Sra Amélia trata você de um jeito humilhante, agora, isso passou dos limites.. eu já perdi um filho quando a minha esposa era mais nova, eu sei a dor que é, não justo ter uma.. - ele olhou para a porta - uma assassina na família e ninguém a deter.. o que ela fez, isso não se faz! - o encarei.

Allana: está sabendo de mais alguma coisa que nós não sabemos Pitter?? Por que se tiver mais alguma coisa, é melhor falar.. - ele negou.

Pitter: não.. eu não sei de nada. Mas sei que a Sra Ferrari não gosta de você, e o seu ódio é bem visível.. se ela foi capaz de quase te matar na piscina, o que impedirá ela mandar te matar novamente?? - o encarei - a minha filha é muito noveleira, e muitas das vezes assistia com ela, vejo que nesse mundo do dinheiro, fortuna, o dinheiro vale mais do que uma vida.. e não é apenas em uma novela ficticia. Ela já te acusou de ser interesseira, agora fez o que fez com o próprio neto, vejo o quanto ela é diferente do Sr Marcos, do seu marido e do resto da família.. talvez eu esteja exagerando mas eu não confiaria depois disso.. - respirei fundo.. Pitter tinha total razão.

Allana: Pitter.. não comente isso com ninguém, por favor! - ele me olhou - nem para Bernardo. O momento está sendo difícil para nós dois, Bernardo estava chorando aqui comigo, se ele souber disso agora, com os ânimos a flor da pele, eu não sei o que ele poderia fazer.. creio que o pior - ele abaixou a cabeça - eu falarei com ele, mas vou esperar tudo isso passar.. Amélia não ficará impune disso, não mesmo! - ele compreendeu - peço o seu sigilo, a sua amizade.. - ele sorriu.

Pitter: fica tranquila..

Allana: obrigada mais uma vez por tudo.. por ser tão bom comigo, por ser diferente.. por ser um grande amigo.

Pitter: se precisar de qualquer coisa, eu estarei aqui.. - sorrio. Pitter era como o meu 3° pai. Muito compreensível e amoroso.. dando conselhos como um verdadeiro pai. Ele beijou a minha mão - bom, vou indo, espero que melhore rápido, a menina Melissa está tão preocupada com você..

Allana: chame ela. Quero muito vê-la.. imagino como deve estar.. - Melissa sempre tão amorosa e emotiva. Pitter beijou novamente a minha mão se despedindo e caminhou até a porta. No mesmo instante, Amélia apareceu quase se esbarrando em Pitter.. ah não! O que ela veio fazer aqui??! Pitter desviou e saiu do quarto. Virei o meu rosto e fiquei olhando para a janela.. creio que se eu olhasse para a cara dela, eu voaria para cima com agressões. Ouvi os seus passos.

Amélia: oi.. - a sua voz estava calma, ela veio até mim - vim ver como você está, querida.. - querida??? Que mulher mais cínica.

Allana: para a minha sorte, estou VIVA! - fui direta olhando para a janela. A dor aumentou..

Amélia: e a dor?? Passou?? - engoli seco de tanta raiva.. a sua voz estava me irritando. Quanta falsidade! Era muito cara de pau em vim me ver depois de tudo o que fez.

Allana: não. Ainda dói e vai doer por várias semanas.. - fui seca.

Amélia: eu sinto muito pela perda do meu neto.. fiquei tão chocada com tudo o que aconteceu.. mas acredito que logo estará grávida novamente..

Allana: para você matar o meu bebê novamente?? - a olhei com fúria no olhar.. ela paralisou.

Amélia: como é?? - ela se fez de desentendida. Falsa!!

Allana: é melhor você parar de fazer esse teatro ridículo. Nós duas sabemos o que aconteceu naquela piscina..

Amélia: não, eu não sei.. eu só vi você cain..

Allana: PARE DE FALSIDADE!!! - gritei com ela. Ela se assustou com a minha reação inesperada - foi você que me jogou naquela piscina, foi você que fez o que fez para eu estar aqui.. foi você que fez eu perder o meu bebê, é melhor você tirar essa sua máscara de boa, sua serpente! - ela engoliu - você nunca gostou de mim, sempre me odiou, odiou tanto que não suportou saber que uma "vira lata" estava grávida do seu filho. Odiou tanto que quis me matar para para não ser obrigada a ter um neto com sangue meio a meio.. não é?? Assuma!! - ela olhou para fora.

Amélia: é.. está coberta de razão! Não queria esse neto.. não vindo de você.. - ela confessou. Olhei para ela incrédula.. como poderia ser tão cruel?! - não daria esse gostinho a você! Você engravidou por interesse.. para ter uma parte da herança do meu filho! Você é uma vigarista! Esse bebê só faria você ter parte daquilo que não te pertence! - se ela soubesse que Bernardo não tinha mais nada no nome dele e tudo, toda a sua herança estaria no meu nome, ela não falaria isso.. se eu quisesse fugir, eu fugiria, por amor ao dinheiro. Mas ela via em mim ela mesmo e não eu.. era como um espelho, ela era ambiciosa, eu não! - fiz sim, te empurrei sim, mas não quis te matar, só não queria que essa criança viesse ao mundo. Não teria um neto vira lata igual a mãe! Tem que ter sangue azul.. o meu filho está cego! Ele não viu essa burrice que estava fazendo.. - os meus olhos se encheram de lágrimas..

Allana: eu nunca imaginei que você poderia fazer isso.. - ela me olhou - eu juro, que se não fosse tanta dor que sinto e a fraqueza, eu te encheria de tapas.. a minha raiva é tanta, mais tanta que te mataria aqui e agora.. - ela se afastou da maca - assassina!! Escrupulosa!! Doente!! Você matou o meu filho.. praga do inferno! - sinto uma fisgada forte na barriga.

Amélia: eu te disse, pega os 10 milhões e suma da vida do meu filho.. ainda está em tempo! - a olhei.

Allana: comece a ter medo de mim.. aliás, você já está com medo. O seu desespero mostra isso! - ela me encarou - eu vou contar para Bernardo o que você fez, e você pagará caro por isso.. - ela franziu a testa. Em seguida começou a rir..

Amélia: e você acha que ele vai acreditar?? Depois que você disse a ele que a culpa foi sua?? Ele não vai acreditar garota.. eu sou a mãe dele!

Allana: e EU SOU A MULHER QUE ELE AMA! - ela desfez o sorriso de imediato, eu tinha o vídeo! - que ele protege com unhas e dentes! Que passou por cima de você e se casou COMIGO! - a enfrentei - você já não é mais nada na vida dele.. você perdeu, cobra! - respirei fundo - você poderia ter feito de tudo comigo, me humilhou, pisou, me desejou mal, poderia ter feito tudo, mas o seu grande erro foi ter tocado no meu filho.. isso, isso eu nunca vou esquecer! - ela engoliu - quando eu contar tudo para Bernardo, ore muito para que ele não te denuncie para a polícia sobre a sua tentativa de assassinato.. ele não vai te perdoar.. você está nas minhas mãos! - limpei o meu rosto - você vai sumir da minha vida, vai me deixar em paz com o seu filho e Melissa. Nunca mais vai se aproximar de mim novamente ou eu acabo com você!!! - falei em fúria - eu tentei se aproximar de você, queria uma boa relação com você por amor que tenho pelo Bernardo, mas vi que foi impossível.. eu cansei! Nunca mais se aproxime de mim e da minha família ou você vai se ver comigo! - ela arregalou os olhos surpresa.

Amélia: eu não vou me afas..

Allana: ah não?? Então você vai sofrer as consequências do seus atos.. agora suma da minha frente.. não quero mais olhar para a sua cara.. - olhei para a janela. Ela ficou me olhando por um tempo e saiu do quarto em silêncio. Eu sabia que aquilo não iria acabar assim.. ela não iria sossegar enquanto não me visse separada, divorciada de Bernardo. Praga de mulher!! Caí em lágrimas desabafando a minha alma.

...

Quando sai do quarto depois que a Sra Amélia entrou, me encostei do lado de fora na parede e comecei a ouvir a conversa das duas. Pitter.. isso é errado! No mesmo instante, como Allana estava muito desolada, imaginaria que algo iria acontecer ali dentro. Então, peguei o meu celular e comecei a gravar a conversa do lado de fora, Amélia confessou que tinha sido ela a culpada, farpas foram disparadas e acredite, senti uma enorme tristeza sabendo que Allana ouvia aquilo cara a cara com aquele mulher. Gravei tudo.. talvez Allana teria medo da Amelia, mas com o video e esse audio, Bernardo não desconfiaria da sua palavra. Quando a conversa chegou ao final, parei a gravação e sai dali as pressas, para ela não me ver.. guardei aquelas duas provas a 7 chaves, quando Allana quisesse as provas, eu entregaria a ela.

...

Dois dias depois..

Depois de ter passado alguns dias no hospital.. horas pareciam passar de pouco em pouco, uma eternidade. Bernardo ficou a todo o tempo comigo, dormia comigo, comia comigo, não me deixou um só minuto.. só ia para casa tomar um banho e logo voltava. Ele viu as minhas dores, madrugadas inteiras me remoendo em dores de parto, nada, nenhum medicamento fazia efeito. Mas hoje, finalmente nesse começo de noite tive alta.. ainda com dores, o médico disse que seria assim por um longo tempo até o meu corpo se recuperar do aborto. Mas nesse momento, o que eu mais queria era a minha cama.. estar em casa! Depois de ter me dado um receituário com vários remédios para recuperar o ferro no sangue e as forças com bombas de vitaminas, dado orientações por precaução sem relações sexuais por um tempo e sem engravidar agora.. saímos do hospital já passava das oito. Fomos para casa! Bernardo todo cuidadoso me ajudava em tudo, me levou para o nosso quarto e não, eu não queria falar com ninguém, só queria deitar e descansar. Pode não parecer mas ficar no hospital era muito cansativo! Tomei um banho e me troquei.. tirei aquele perfume de hospital! Fui para a cama..

Bernardo: bom, precisa de alguma coisa?? Quer comer algo? - ele me ajudou a se cobrir.

Allana: não.. obrigada. Só quero dormir.. - ele sorriu. Vi como estava cansado. Parecia um zumbi cheio de olheiras e com sono.

Bernardo: tudo bem.. descanse. Creio que amanhã você acordará bem melhor.. - ele se aproximou do meu rosto e selou os nossos lábios com um selinho - vou resolver alguns papéis da empresa e já venho dormir com você.. - sorrio e lhe dei mais um selinho. Ele se levantou e saiu do quarto apagando a luz. Ali, adormeci com o efeito dos remédios..

....

Deixei Allana descansando no nosso quarto e caminhei pelo corredor.. Melissa já tinha ido dormir, a Sra Marques estava cuidando muito bem da minha menina esses dias na qual eu não estava em casa.
Com a cabeça doendo de sono, fui para a varanda respirar ar puro, depois de ficar confinado naquele hospital, senti falta de ar fresco. Fixei o meu olhar no horizonte com mil e um pensamentos, ali fiquei pensando em tudo que aconteceu recentemente..

Respirei fundo e abaixei a cabeça. Ver Allana do jeito que estava, a nossa perca estava sendo muito difícil de superar. Estava sendo forte na sua frente, para ajudá-la, mas aqui dentro, eu senti muito.. muita dor de ter perdido aquele que já amava mesmo nunca ter o visto. Eu queria aquele bebê! Respirei ainda mais fundo.

Sara: querido? - os pais de Allana se aproximaram de mim. A Sra Marques toda carinhosa segurou o meu braço e acariciou. A olhei..

Everaldo: como você está? - respirei fundo..

Bernardo: bem.. na medida do possível.. - senti o carinho dela.

Sara: eu sei que está muito triste com tudo que aconteceu, querido. Allana está muito pior por conta das dores no próprio corpo.. mas você precisa ser forte filho.. - olhei para o chão e fiquei em silêncio por um tempo.

Bernardo: seria uma boa ter mais um filho.. já estava acostumando com a ideia de ser pai novamente - sorrio olhando para o jardim - mas eu não queria que Allana sofresse tudo que está passando agora. Nesses dias no hospital, eu vi ela chorando dia e noite.. isso me dói muito..

Everaldo: tem coisas na vida que temos que saber lidar, passar por cima e enfrentar os piores momentos que um dia passaremos.. - o olhei - eu olho para você e vejo o quanto se preocupa com ela.. o quanto está fazendo de tudo, tudo para estar ao lado dela.. não sou de falar isso, engolindo o meu orgulho mas, você está conquistando a minha confiança a cada dia, e não há marido melhor que pudesse cuidar dela como você cuida! - sorrio o olhando. Conquistar a confiança.. não sabia que precisava da confiança dele.. mas, fiquei feliz por saber disso!

Sara: faço as palavras dele as minhas.. toda essa força e carinho que você dá para a nossa filha, não tem agradecimento em palavras no mundo que pagará.. obrigada por estar ao lado dela nesse momento tão difícil. Eu já confiava em você, mas hoje, te considero ainda mais! E eu sei que juntos, vocês vão passar esse difícil momento.. - sorrio de leve ouvindo as suas palavras..

Bernardo: obrigado pela confiança..

Sara: agora, não fique triste.. Allana está saudável, o útero dela não afetou em nada! Graças a Deus! Logo logo vocês vão poder praticar novamente e vão ter quantos filhos quiserem.. logo essa casa estará cheia de crianças..

Bernardo: aprovam isso?? - eles sorriram.

Sara: talvez o veio não.. - ela olhou para Everaldo com um sorriso irônico - mas eu aprovo. Allana te ama tanto, filho! Sei que tudo isso vai passar e logo estará com um bebê nos braços.. - quando ela disse "Allana te ama tanto", eu gelei.

Bernardo: é.. talvez.. - sorrio de canto. Ela depositou um beijo no meu braço com todo o carinho.

Sara: bom, descanse.. vocês precisam de um longo e bom descanso, e tente esquecer dos momentos ruins, pense nos bons.. de hoje em diante.. - Everaldo me olhou - quer que eu faça um chá para você dormir? - neguei com um breve sorriso - então.. boa noite.. - ela sorriu e se soltou do meu braço.

Bernardo: obrigado.. - eles sorriram de leve - boa noite e bom canso para vocês.. - eles saíram me deixando ali.

Me virei para o jardim e respirei fundo.. tinha algo que ainda me incomodava. Somente o fato de Allana ter se acidentado assim.. era como um quebra cabeça, estava tentando encaixar as peças. O que ela estava fazendo perto da piscina para ter caído?? Por que ela foi para aquele lado se a casa dos meus pais não ficava perto da piscina? Procurava respostas mas não queria fazer ela lembrar do trágico ocorrido.

06:00

Pela manhã acordei com a vibração do meu celular despertando sobe o criado mudo. Mais um dia começou.. droga, esqueci de desligar o alarme. Não queria ir trabalhar hoje, ainda mais sabendo que Allana estava em recuperação depois de todo o ocorrido.. por orientação médica, repouso absoluto durante um longo tempo. Preferi ficar com ela mesmo sabendo que teria muitas obrigações durante o dia.
Então, me levantei sem fazer barulho e ainda de "pijama", desci as escadas.. segui para a cozinha. Ali, vejo Maria fazendo o nosso café da manhã.

Maria: bom dia filho.. - ela sorriu - pensei que ia dormir até mais tarde.. ficou no hospital o tempo todo, mal dormiu.. - me aproximei e a abracei de leve.

Bernardo: bom dia.. acredite, essa noite também não foi diferente.. mal consegui dormir, toda vez que Allana se mexia na cama eu despertava.. - beijei a sua cabeça e peguei uma amora de cima da pia.

Maria: eu imagino o quanto está preocupado com a menina.. mas precisa descansar querido. Assim você vai adoecer.. mal come, não dorme, trabalha direto.. - comi a fruta.

Bernardo: eu sei.. eu sei.. mas não se preocupe, estou bem. É meio que inevitável não me preocupar com ela, ainda mais depois que.. - respirei fundo lembrando da perca.. é, isso me afetou muito! Ela veio até mim..

Maria: meu filho.. - ela acariciou o meu braço e deu uma respirada profunda - eu sei o quanto deve estar sendo difícil esse momento para vocês dois.. creio que para ela é ainda pior pois está sentindo dores no corpo, mas veja toda essa situação sempre pelo lado bom e nunca pelo lado ruim, desanimar ou se entristecer não vai ajudar nesse momento. Então, seja firme e passe essa segurança e força para Allana, agora ela precisa muito mais de você.. - respirei fundo, é.. Maria tinha razão, como sempre.. - e se anime, o útero dela está perfeito ainda, não afetou em nada, então, vocês podem ter muitos pitoquinhos ainda, vocês são jovens, saudáveis.. creio que daqui um ano Allana estará grávida novamente e vai te dar muitos e muitos filhos.. - ela sorriu. Parecia a minha sogra falando. Sorrio sentindo o seu abraço forte. Ela me soltou.. olhei para a bancada e vi os alimentos.

Bernardo: será que ela gostaria de ganhar um café na cama?? - Maria sorriu.

Maria: não tenho dúvidas.. - sorrio - vou preparar algo bem gostoso para ela..

Bernardo: não.. deixa eu que preparo. Só me faça uma favor? Busca uma rosa no jardim para mim?? A mais bonita, eu não sou bom nessas coisas, já que você é mulher, deve entender, o que atraem vocês.. - ela se rendeu rindo.

Maria: ok.. eu vou.. - ela sorriu e saiu da cozinha. Enquanto ela buscava, comecei a preparar o café da manhã colocando em uma bandeja. Preparei tudo que ela gostava, acredite, não era pouca coisa.. Allana era pequena mas comia feito uma leoa. Quando Maria voltou, ela veio com um pequeno buquê com algumas flores, ela colocou em um mini jarro e colocou em cima da bandeja. Terminando com os alimentos, agradeci pela ajuda e pedi que ela ajudasse Melissa a tomar o seu café da manhã. Subi as escadas com a bandeja e entrei no quarto. Coloquei ao seu lado na cama e a olhei por um tempo.. ela dormia de bruço com a sua respiração calma, parecia cansada e muito abatida. Me aproximei do seu corpo sentando ao seu lado e me aproximei do seu rosto. Depositei alguns beijos em seu pescoço e rocei a minha barba na sua pele.. sabia que ela gostava desse jeito.

Bernardo: Allana?? Acorda.. - falei em seu ouvido e lhe dei alguns beijos. Senti o seu despertar e suas mãos me procurar..

Allana: huumm..? - ela resmungou ainda sonolenta.

Bernardo: o sol já nasceu.. - ela começou a acariciar o meu cabelo enquanto trocamos carinhos.

Allana: já? - sorrio dando um beijo em seu rosto.

Bernardo: já morena..

Bernardo: sei que não pode sair da cama, precisa repousar, mas não quero ficar sozinho.. - brinquei.

Allana: você é muito chato, sabia? Me acorda de madrugada para ficar olhando para as paredes.. - ela sorriu. A sua ironia e aquele seu jeitinho meigo que me conquistava a cada dia - você não pensa em mim.. ogro! - parei de beija-la e comecei a rir.. sinto a sua mão entrar e sair dos meus cabelos em um carinho gostoso.

Bernardo: acha que não penso em você?? Olha o que eu trouxe - me levantei um pouco e dei a visão para ela. Ela olhou e logo se sentou aos poucos.. - trouxe o seu café na cama, fiz tudo com muito carinho.. viu como sou bonzinho? - ela riu.

Allana: vi como você é um "serumaninho" de papo furado, isso sim! - a fixei, a vejo sorrir - falou tanto que não é romântico, galanteador, um doce, de coração mole, que é um homem machão.. ai você me vem com isso.. - comecei a rir - deixa de "cunversa" marido! Isso não cola mais.. não comigo! - ela começou a rir em uma risada gostosa. O primeiro riso depois de alguns dias de sofrimento.

Bernardo: e não sou mesmo.. só sei tratar bem as pessoas que me tratam bem, eu praticamente só retribuo o carinho.. - ela sorriu negando. Estava tão linda com a sua beleza do despertar.. com o cabelo um pouco desajeitado, sem maquiagem, uma carinha de sono e a sua boca vermelha, a cor natural dos seus lábios.. peguei uma flor do jarro e a olhando, entreguei a oferecendo. Ela olhou o meu gesto e sorriu pegando.. a vi ficando sem jeito, toda meiga e envergonhada olhando para a flor.

Allana: o café deve estar bom.. só pela "cara" e pelo cheirinho delicioso - ela desviou o foco.

Bernardo: espero que lhe agrade.. é melhor do que comida de hospital - rio. A ajudei colocando a bandeja para mais perto dela.

Allana: "perai".. você disse que "não quer ficar sozinho" , como assim?? Não vai para a empresa? - neguei.

Bernardo: não.. hoje não. Estarei aqui até você melhorar.. - ela me olhou e logo sorriu de canto.

Allana: Bernardo, admiro a sua atitude mas.. hoje você tem uma reunião super importante para a empresa.. tem certeza disso?? Quer mesmo ficar?? - ela se preocupou.

Bernardo: não e sim.. sei dos meus compromissos, sei que deve ser burrice mas nada é mais importante do que estar aqui, cuidando de você.. - ela sorriu toda meiga e segurou a minha mão.

Allana: olha.. eu queria mais do que nunca passar o dia todo com você, estar com você.. mas a reunião de hoje, nós dois sabemos que é inadiável amor. Você precisa ir sim..

Bernardo: mas e você?? - ela sorriu pensando em algo.

Allana: eu estou bem! Com dores mas bem! Os meus pais estão aqui, Maria também.. tenho três que cuidarão de mim muito bem..

Bernardo: não igual eu.. os três não são o seu marido..

Allana: amor, eu quero muito que fique, mas a empresa precisa muito mais de você nesse momento do que eu.. é uma reunião de investimentos e isso envolve os seus funcionários, em várias famílias que você ajuda dando emprego.. então, você precisa ir.. - ela segurou a minha mão. Peguei a dela e beijei a olhando - não se preocupe comigo.. eu estou bem..

Bernardo: impossível não me preocupar.. ainda mais depois de tudo que você passou. Eu só quero que se recupere e queira estar ao seu lado..

Allana: se você me prometer voltar para casa depois do dia cansativo de trabalho, apenas em dormir com você já vale muito a pena passar o dia todo longe do meu ogro.. - vejo o seu jeito tão acatada e envergonhada.. "ogro", isso não saia da sua boca, virou o meu apelido carinhoso.

Bernardo: você sabe que sempre voltarei.. - peguei uma fruta picada e comi.. somente vi o seu rosto ficar vermelho. Peguei um pedaço de manga e dei a ela levando até a sua boca.. ela mordeu. Eu apenas queria fazer esquecer de tudo aquilo em que ela passou esses dias.. ver Allana chorar de dor a madrugada inteira mexeu comigo de uma tal forma que só de lembrar.. me agoniava - come.. - pedi com jeitinho, ela obedeceu e começou a provar aos poucos. Via como estava fraca, comia devagar.. comecei a ajudar dando aos poucos em sua boca. Eu me lembrava das vezes que cuidava da minha filha nos dias em que ela ficava doente.. Melissa por ser tão frágil, muitas das vezes renunciava tudo para cuidar dela. Com Allana não estava sendo diferente.. era como se eu quisesse proteger, cuidar, ter a sua companhia ao meu lado e a abraçar para nunca mais soltar. Como um pouco com ela, pois estava sem fome. Logo fui me arrumar e nisso fiquei de olho a todo o momento nela.. me alegrava quando ela conseguia comer. Quando voltei para o quarto e arrumei o meu cabelo, vejo ela afastando a bandeja e se encostando na cabeceira da cama.. com carinha de dor, ela fechou os olhos e sentiu. Terminei de ajeitar o meu terno e me virei. Me aproximei da cama e me sentei ao seu lado.. a olhando, vejo uma lágrima de dor saindo e escorrendo pelo o seu rosto - está doendo?? - ela não abriu os olhos. Apenas balançou a cabeça afirmando e sentido dores.. limpei a sua lágrima e acariciei o seu rosto. Não desconfiei em nenhum momento porque o médico tinha me dito que ela sentiria dores horríveis por um prazo indeterminado.

Allana: eu.. eu quero te pedir algo.. - ela abriu os olhos - se tiver ao seu alcance, queria que fizesse isso por mim.. - ouço a sua voz frágil.

Bernardo: diga.. o que você quer? - ela respirou fundo.

Allana: desde o dia em que os meus pais chegaram aqui, me vi em pensamentos, querendo o bem estar deles.. então eu queria te pedir algo muito valioso para mim. Queria que dos 400 mil que você prometeu me dar depois que o contrato acabasse, que você tirasse uma parte desse dinheiro e comprasse uma casinha para os meus pais bem longe da mira de Júlio. Aonde eles podem recomeçar a vida deles sem medo.. - apenas sorrio.

Bernardo: eu queria falar com você sobre isso mesmo.. estava pensando na mesma coisa, queria poder tirar os seus pais de Sampa e levá-los para um outro local.. mais seguro - ela sorriu.

Allana: então, você pode fazer isso por mim?? - me aproximei ainda mais e massagiei a sua mão.

Bernardo: sabe que eu posso tudo, e faria tudo para te ver com um belo sorriso no rosto. Te fazer feliz agora, é o que eu mais desejo! - ela sorriu ainda mais - eu vou dar uma pesquisada nos preços dos imóveis e comprarei uma para eles. Mas posso te afirmar que não posso comprar uma nem em São Paulo e nem aqui no Rio.. por conta de Júlio. Quanto mais longe e escondido.. melhor será! - ela compreendeu.

Allana: tudo bem.. eu entendo. Eu deixo nas suas mãos, só o fato deles estarem bem e longe de perigos, já me deixa muito feliz! - sorrio e beijo a palma da sua mão. Sinto o seu carinho doce..

Bernardo: eu preciso ir.. ou irei me atrasar. Vou sair mais cedo da empresa, quero ficar ao seu lado, aliás, depois das reuniões, não terei cabeça para pensar em trabalho, assinar papéis, ler relatórios.. enfim.. - ela sorriu toda meiga. Me aproximei do seu rosto, olhei nos seus lindos olhos.. - vai me esperar?? - um sorriso de orelha a orelha ela deu..

Allana: vou..

Bernardo: vai sentir saudades?? - ela riu.

Allana: sim.. muita! - sorrio acanhado.

Bernardo: que bom.. porque essa noite, eu farei o que não pude fazer com você no hospital.. - ela me fixou.

Allana: sexo?? Você sabe que eu não posso agora.. e nem se eu quisesse daria amor.. - sorrio negando.

Bernardo: não.. sem sexo, aguentarei o tempo que for  para ter uma noite quente com você. Mas o que eu farei é outra coisa.. - ela ficou curiosa.. - bom, vou indo.. - ela me segurou..

Allana: nada disso.. pode me contar.. fiquei curiosa! - vejo segurar o meu terno. Eu a peguei e a deitei na cama. Ficando por cima dela, eu a beijei matando a minha saudade daqueles seus lábios.. a beijei com toda a minha força e carinho que estava sentindo por ela. Ela me acompanhava nos movimentos me abraçando.. tirei o seu fôlego! Via o quanto estava ofegante e tentando recuperar o ar..

Bernardo: tenha uma pequena parte da minha saudade.. de noite, tem mais.. - sorrimos.

Allana: estarei aqui.. - disse irônica.

Bernardo: eu sei.. para a minha sorte! - ela me deu mais um beijo de despedida e me levantei. Me ajeitei - qualquer coisa, me ligue.. - ela compreendeu. Dei mais um beijo e sai do quarto. Se eu demorasse mais um pouquinho, era capaz de tirar a roupa e ficar com ela o dia todo.

...

17:12

Estava sentada.. sim, sentada naquela cama.. olhava o dia nublado que tinha se formado rapidamente naquele final de tarde. O tempo mudou completamente.. foi em um piscar de olhos. Tinha lido um pouco, um livro qualquer, sabe.. para distrair a mente, porém a dor que sentia na minha barriga numa mistura de cólicas e contrações fortissimas, me fazia relembrar a minha perda. Lembrar de tudo, que eu não consegui proteger o meu próprio bebê, dentro de mim.. sentia uma raiva gigantesca de Amélia.. praga de sogra que fui arrumar!! Aquilo vinha como uma acusação forte não me fazendo aceitar o ocorrido, do mesmo jeito do dia nublado.. foi algo de repente, em questão de segundos, em uma distração, eu não estava mais grávida.
Bernardo estava triste, ele dizia que estava bem mas no fundo, o seu olhar dizia outra coisa.. mesmo não tendo sido planejado aquela gravidez, em pouco tempo, amamos aquele ser bem pequenininho que vivia na minha barriga de uma forma intensa.. Bernardo mudou tanto de um tempo para cá, a gravidez ajudou e muito o seu amadurecimento, estava sendo mais compreensível, muito amoroso e pai de família. Então.. eu sabia que qualquer coisa que ele dissesse, ele estava falando para me deixar confortável. Olhando para a janela, foi inevitável as lágrimas.. chorei em silêncio, era como se eu vivesse cercada em um ninho de cobras, já não bastasse Júlio, aquele ser repugnante e miserável.. agora a minha própria sogra que quase me matou. Pode acreditar.. queria muito ter morrido mas queria que o meu bebê vivesse, somente ele ou ela não merecia sofrer por tudo que estava sendo destinado para mim. Chorando muito com o rosto todo molhado, limpava na manga da minha blusa as lágrimas.. me sentia inútil.. via o mundo cinza. É.. você não nasceu para ser feliz Allana.. não mesmo! Isolada naquele quarto, ouvi um toc toc na porta. Olhei em meio ao choro, vi minha mãe com uma caneca em mãos. Ela me viu naquele estado..

Sara: ô filha.. - ela veio até a cama e se sentou ao meu lado. Colocando a caneca no criado mudo, apenas a abracei me confortando em seus braços, ali, me desabei em lágrimas - filha.. não fica assim - ela me abraçou acariciando os meus cabelos.

Allana: eu senti tanto a sua falta mainha.. - a abracei com todas as forças que eu ainda tinha no corpo - senti tanta saudade do seu abraço, do seu carinho.. nos momentos mais dificeis e humilhantes em que passei, procurava a senhora, mas eu não achava amor maior que o seu.. - chorei como um desabafo. A minha alma pedia socorro, estava aflita, perdida, com o meu coração ferido e me sentindo um trapo de gente. Mas o abraço dela, era o meu remédio.. pois ali, ali sim tinha amor.. um amor puro, que fez tanto por mim - me sinto.. me sinto como se eu não existisse.. - falei com dificuldade em meio ao choro - me sinto como se eu não valesse nada.. me sinto como se eu estivesse nadando, nadando.. e mesmo assim, me afogando, não saindo do lugar. . - deitei em seu colo e chorei.. chorei muito.

Sara: e eu que pensei que nunca mais te veria.. que nunca mais pudesse abraçar a minha menina.. - ela se emocionou e começou a chorar. Fiquei ali, somente sentindo o seu carinho por um tempo.. o seu colo era ao que eu mais queria naquele momento. Me levantei e a olhei..

Allana: me perdoe.. me perdoe por te dar tanto desgosto.. por eu ter falhado como filha.. - ela negou me olhando.

Sara: não seja tão cruel consigo mesma.. não fale isso.. você não teve culpa de nada, não teve culpa de ter feito o que fez quando chegou aqui no Rio.. não teve culpa de ter perdido o bebê.. pare de se culpar por isso. Eu amo você, amo a sua irmã, vocês duas são o meu maior presente.. nunca imaginei ganhar filhas tão maravilhosas e amorosas como vocês.. - ela limpou as minhas lágrimas.

Allana: se a senhora soubesse o que eu virei nas mãos de Júlio.. não teria tanto orgulho de mim..

Sara: não importa o que você fez, se você foi obrigada ou não.. você é a minha filha e eu te amo Allana, é isso que importa - abaixei a cabeça. Se ela soubesse de tudo, da prostituta que virei sendo obrigada e com medo de morrer.. ela não falaria isso.

Allana: eu não pensei que perder alguém que.. eu nunca vi, nunca senti mas que amei tanto em tão pouco tempo, pudesse doer tanto.. mais tanto.. - olhava para as minhas mãos - tem tantas mulheres que rejeita o próprio filho, acaba jogando até no lixo aquele ser tão pequenininho.. e eu aqui, querendo apenas um.. parando para pensar, vejo como a vida é injusta.. enquanto muitos errados se dão bem, os de bem sendo humilhados, regeitados, despresados.. - ela levantou a minha cabeça de leve.

Sara: quando plantamos o bem, pode ter certeza que colheremos o bem.. os que plantam o mal, cedo ou tarde vai colher os maus frutos.. não olhe para os lados, muito menos para trás minha filha. O que você está passando hoje, é para te amadurecer ainda mais. A vida nos prepara para as lutas diárias.. - ela segurou a minha mão e me olhou - olha, quando você pede paciência, você acha que Deus vai te dar ou vai criar situações para você ter paciência?? Quando você pede "me dê forças", Ele não vai te dar e sim, vai criar situações, desertos para você ser forte, amadurecer, para você ser o seu próprio escudo! Eu me lembro quando você disse que queria muito ser alguém na vida, que iria ser uma mulher de negócios, que queria ser muito feliz e próspera na área que você amava, a administração.. lembra disso?? - sorrio de canto e afirmei com a cabeça - então, hoje você é uma ótima profissional e isso requer muito de você, ainda mais trabalhando em uma empresa grande.. achou mesmo que conseguiria assim? De mão beijada?? Não.. você sabe que não é bem assim.. e sabe por quê digo isso?? Porque vejo o que você passa estando ao lado de Bernardo.. para começar, pela Amélia, que te rejeita! Achou que sendo casada com ele, um homem tão bem sucedido, você não teria lutas?? Claro que teria..

Allana: foi ela que me fez cair na piscina.. foi ela que quase me matou. Poucos minutos antes do ocorrido ela me ofereceu dinheiro para sair da vida de Bernardo, e como eu neguei, ela fez o que fez.. me fez perder o bebê.. ela confessou quando foi me ver no quarto.. - ela respirou fundo me olhando.

Sara: aquela cobra não vale nada! Vaca! - abaixei a cabeça - eu já imaginava, aquela mulher é tão doente que faria qualquer coisa para te fazer mal.. e conseguiu! Demônio em forma de pessoa!! - ela falou com indignação e raiva..

Allana: eu não sei o que faço.. eu não aguento mais, ainda mais agora, com medo do que ela será capaz, de acabar com o meu casamento.. eu tenho medo, raiva, mas nada disso eu sei que é bom para mim..

Sara: não mesmo.. está certa! Mas Bernardo precisa saber disso.. ele sabe??

Allana: ainda não.. mas vou contar, e nisso, eu tenho medo.. medo do que ele possa fazer com ela.. ao contrário dela, eu não desejo o mal, não me sinto bem vendo ela se dando mal.. isso é ser Amélia e não eu!

Sara: eu sei.. eu sei que você é melhor do que aquela ariranha! Sei que é boa diferente daquela.. mulher - ela respirou - eu sei disso pois eduquei muito bem você, e não foi com ódio e muito menos rancor eu quis que aprendesse.. e é por isso que sinto tanto orgulho de você.. - eu a abracei.

Allana: em falar de Bernardo.. eu queria te perguntar algo que não consegui até agora parar e conversar a sós com a senhora.. - ela me fixou com um olhar curioso - no dia do jantar, vi que mentiu muitas vezes quando foi questionada em alguns assuntos.. uma coisa que eu sei, é que você sabe que Bernardo me ajudou tirando das mãos de Júlio se casando comigo, mas me diga, o que você realmente sabe?? O que Bernardo te disse sobre mim, sobre a minha situação?? - o seu semblante mudou.

Sara: eu só sei o básico. Eu o vi pela primeira vez quando ele pediu para Pitter nos buscar.. quando chegamos, ele comentou algumas coisas conosco, mas nada alem.. só disse que se casou com você para sair do domínio de Júlio. Apenas isso.. - fiquei a observando.. ela estava estranha, parecia mentir.

Allana: certeza que é só isso??

Sara: sim.. apenas isso. Ele não entrou em detalhes..

Allana: sabe por quê digo isso? Porque a senhora nunca foi de confiar nas pessoas de primeira.. em qualquer homem que aparece e fala qualquer coisa.. não foi assim que a senhora ensinou para nós..

Sara: Bernardo não é qualquer homem.. e você sabe disso! - a encarei - não é preciso conhecê-lo bem para saber disso, veja pelo jeito que cuida da própria filha.. do jeito que cuida de você.. um homem igual Bernardo, ele não estaria casado com alguém que ele não conhece.. mas ele acreditou em você, e te ajudou, isso, já valeu todo o meu carinho, confiança e admiração! - a encarei ainda mais - Bernardo é um homem na qual eu o considero como filho, disse para ele e repito para você, não há marido melhor para você do que o Sr Ferrari..

Allana: você sabia que eu estava ficando com o Luan antes de sair de lá traficada.. não é??

Sara: eu sei.. eu adoro o Luan, ele é um grande homem, humilde, respeitador, de boa família.. mas não estamos vendo beleza e nem dinheiro e sim a intenção. Bernardo está com você em todos os momentos difíceis, mesmo não te conhecendo ele te ajudou, em pouco tempo até se casou com você.. Luan é bem diferente, pois vocês nem chegaram a tentar - respirei - Bernardo te ama tanto que fez e ainda faz de tudo para te proteger..

Allana: será mesmo que ele me ama?? Ele nunca me disse "eu te amo".. - ela sorriu.

Sara: e você precisa ouvir essas palavras para saber que ele te ama?? - ela me encarou surpresa - filha, tem tantas pessoas que falam "eu te amo" mas no fundo, na realidade não amam.. engana, trai, humilha, é um "amor" da boca para fora! Mas Bernardo, mesmo não falando, ele mostra o seu amor cuidando de você.. - abaixei a cabeça - não espere essas palavras dele, mas espere as suas atitudes. Ele ficou com você o tempo todo no hospital, mal dormiu, confia em você e fora outras coisas que tenho certeza que ele já fez para te fazer feliz..

Allana: acredite, ele não era assim no início..

Sara: e quem liga para o passado?? Se o futuro está sendo proveitoso.. quem vive de passado, é museu, filha! - sorrio a vendo sendo toda compreensiva - você o ama?

Allana: muito.. - sorrio lembrando do seu rosto - ele é o homem que mesmo me tirando do sério com algumas atitudes, mesmo sendo orgulhoso, irritante, machão e grosso, é o mesmo que me faz bem e protegida.. que me faz rir com algumas piadas bobas e sem graças.. é o mesmo que eu não consigo mais ficar longe um só minuto. Quando ele viaja a trabalho e fica dias fora, sinto uma saudade tão grande daquele marrento, saudades até do perfume dele.. saudades de cuidar dele, de falar com ele, de ficar olhando aquele seu rosto lindo.. um desejo de vê-lo a qualquer custo! Se isso não é amor, eu não sei o que é.. mas ele é muito orgulhoso, eu tenho medo de dizer que o amo, e ele.. - parei e pensei - bom, vou fazer o mesmo que ele então, se ele me ama e é orgulhoso demais para admitir, farei o mesmo.. aliás, nunca tive um relacionamento tão gostoso como eu tenho com ele.. a base da amizade..

Sara: isso mesmo, cuide muito bem dele porque vi que ele é muito carente, carente de amor de mãe, a ex que não o amou de verdade.. Bernardo só tem Melissa nesse mundo. Traga esse amor que você sente para ele mais e mais e acredite.. o amor de vocês dois já existe a muito tempo.. - sorrio. Essa minha mãe.. vi até cabelo em ovo! 😂😂 Mas ela estava certa, eu queria Bernardo para mim, e não existe ninguém nesse mundo que me faria mudar de ideia.

....

1 mês e meio depois..

Os pais de Allana já tinham se mudado. Comprei uma casa para eles no litoral perto da praia. Não era uma mansão aos meus olhos mas para os três, eles viram a casa como se fosse uma.. fiquei muito feliz por ver a felicidade deles. Os dias foram passando rápido e Allana já estava bem melhor.. eu acredito que depois dessa perda, nos aproximamos ainda mais! Como nunca antes.. as viagens estavam sendo uma atrás da outra e eu mal conseguia voltar para casa.. mas nunca deixando de falar com as minhas duas mulheres ou em chamada de voz ou em vídeo!
Quando estava voltando de viagem, tinha passado quase uma semana na Arábia a trabalho. A primeira coisa que fiz foi ligar para Allana e dizer que logo estaria em casa..

Ligação on

Allana: ooooi..

Bernardo: ooi amor..

Allana: fala que já chegou? Fala que está vindo para casa.. - ela riu.

Bernardo: cheguei.. mas não, infelizmente não estou indo para casa. Vou ter que passar na empresa rapidinho para entregar alguns papéis para Brenda e logo chegarei em casa.. só mais 1 horinha..

Allana: ah não.. deixa isso para amanhã, poxa! Vem, eu quero te ver.. - sorrio.

Bernardo: e eu que estou doido para te ver morena! Não tem nem noção!

Allana: mentira.. deixa que ser mentiroso! Sei bem que ficou deslumbrado pelas mulheres lá da Arábia.. - se fez de manhosa.

Bernardo: praticamente todas eu só via o olhar.. - sorrio - mas nenhuma delas tinham o mesmo olhar que você tem, elas não era você! Nenhuma chegava ao seus pés.. deixa de ser ciumenta.. - ela gargalhou.

Allana: olha que esse seu papinho furado está me ganhando hein.. - gargalhei.

Bernardo: opa.. isso é ótimo!! Se prepare que quando eu chegar, olha.. não vou nem comentar, mas a saudade que estou de você, é capaz de.. nossa, deixa pra lá.. - ela gargalhou ainda mais.

Allana: você tem uma hora então..

Bernardo: ok.. uma hora.. - ela riu - bom, preciso desligar. Nos falamos depois??

Allana: claro.. eu estou te esperando.. - que coisa boa! - beijos..

Bernardo: beijos.. - sorrio e desligo.

Ligação off

Sai do aeroporto e fui até a minha empresa. Cheguei, revisei os contratos e entreguei tudo para Brenda.. ufa, trabalho concluído.. agora, partiu casa para matar as saudades! Quando estava terminando de arrumar a minha maleta, Brenda abriu a porta da minha sala assustada. A olhei..

Brenda: senhor.. - a encarei e olhei para fora. No mesmo instante vejo vários homens fardados do lado de fora da minha sala. Eram policiais.. o uniforme preto indicava algo sério, não eram policiais qualquer.. quando me ajeitei, vejo um policial entrar na minha sala.. eu não acreditei.. era o Luan..

Luan: Bernardo Ferrari?? - ele entrou na minha sala com as mãos nas suas armas que estava na cintura. Era ele mesmo.. uma adrenalina percorreu no meu corpo fazendo o meu sangue ferver..

Bernardo: ele mesmo! - ele sorriu.

Luan: você está preso! - o meu corpo gelou..

Ooooi amores da tia Lia ♥️ tudo bom?? Ahhh postei.. finalmente consegui um tempinho e postei.. ufa!! Bom, agora o círculo vai pegar fogo.. consegui chegar aonde eu queria! O temido encontro do nosso Sr Ferrari e o Agente Fernández!! EITAAA TRETAAAA! KKKK
MUITAS EMOÇÕES E REVELAÇÕES A PARTIR DE AGORA!!! Fogo no parquinho!!!

Instagram: @LiaWaleOficiall

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