Kismet [concluída]

By laur_xxvii

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Tímida e romântica, Camila tem uma queda pela introspectiva Lauren desde o primeiro ano na SOAP, uma escola a... More

I - Kismet
II - Real Friends
III - Oh My God
IV - Everlasting Love
V - Eres Tú
VI - Like Friends
VII - Into It
VIII - Sledgehammer
IX - Reflection
X - Inside Out
XI - Must Be Love
XII - Beautiful
XIII - Write on Me
XIV - Dope
XV - Freedom
XVII - Never Be The Same
XVIII - Consequences
XIX - Love Incredible
XX - No Way
XXI - More Than That
XXII - In The Dark
XXIII - Down
XXIV - All Night
XXV - I Have Questions
XXVI - Something's Gotta Give
XXVII - Miss Movin' On
XXVIII - Scar Tissue
XXIX - A Thousand Years
XXX - Expectations
XXXI - Back To Me
XXXII - 1000 Hands
XXXIII - Kismet - Fim

XVI - Inside

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By laur_xxvii

Pegamos o metrô na direção norte e descemos em um bairro mais vazio e mais sujo. Ninguém sai da estação conosco e não há nenhuma placa indicando para onde fica nosso último destino.

- Estamos no lugar certo? - pergunto.

Lauren coça a cabeça.

- Acho que sim. Vamos tentar ali.

Ela aponta para uma área que parece menos deserta. Subimos a rua, dividindo o guarda-chuva da melhor forma possível. A chuva se transformou em uma névoa fina. Na calçada, brotam plantinhas por entre as brechas do cimento. Tudo parece abandonado. Por fim, nos deparamos com uma colina enorme, com várias escadarias e escadas rolantes. Escadas rolantes. Nunca as vi assim, do lado externo, espremidas entre apartamentos e lojas de lembrancinhas. Mas, apesar desses sinais promissores... a rua continua deserta.

À medida que subimos as escadas rolantes, a névoa fica cada vez mais fraca. Quando chegamos ao topo da colina, ela desaparece completamente e dá lugar a um céu azul e límpido. À luz do sol. Inclinamos a cabeça para trás e nos maravilhamos com a beleza do céu. Há mais uma colina, menor, do outro lado da rua.

- Parece que o lugar que estamos procurando fica para lá - digo.

Em um gesto repentino, Lauren agarra minha mão e corre em direção à colina. Chego a berrar de tanto rir. Ela também ri, extasiadas paramos de rir quando chegamos aos portões no topo da colina.

Ela ergue os braços no ar, vitoriosa.

- Ganhei! - E depois curva o corpo feito uma dobradiça. - Estou morta.

Sorrio.

- Bem-feito!

Lauren ergue a cabeça.

- Ah, é?

Então ela percebe que mudo de expressão ao me dar conta do que há atrás dela. Lauren se vira e, em seguida, endireita o corpo, atônita.

Não chegamos apenas ao topo da colina. Estamos no topo de Barcelona.

A cidade se estende de um canto a outro do horizonte, retângulos perfeitos de marrom, cinza, amarelo e vermelho. Sobrepondo-se a tudo estão os pináculos e os guindastes de construção da Sagrada Família, mas bem abaixo de nós há um caminho aparentemente interminável e sinuoso que perfila uma vegetação mediterrânea.

Parc Güell.

Ao longe vemos as torres e as esculturas que Gaudí desenhou para o parque - e a multidão que o frequenta -, mas, daqui, tudo é sereno e verde. O ar é tão fresco e puro que meus pulmões ficam surpresos. Pela primeira vez em meses o mundo para. Desde antes de Paris, antes de Nova York... para falar a verdade, nem consigo lembrar quando foi a última vez que fui invadida por essa sensação tão completa de paz.

- Acho que viemos pela parte de trás - comento.

- Devíamos perder o mapa mais vezes.

Seguimos pelo caminho principal em silêncio, as mãos entrelaçadas. Estou extasiada. Vários minutos se passam sem que cruzemos com uma pessoa sequer. O primeiro que vemos é um jovem com um cobertor estendido sobre o chão, tentando vender brincos de pena para duas japonesas. Lauren indica com o queixo um caminho estreito em meio às árvores.

Tiro a água do cabelo enquanto andamos, Lauren faz o mesmo. Gotas espirram por toda parte.

- Ei! Olha para onde você espirra essa coisa!

Lauren mira a cabeça para mim e esfrega o couro cabeludo com mais força ainda.

- Boba!

- Mas você me ama.

Sorrio.

- Amo.

O ar cheira a montanhas e pinheiros. Há muitas árvores por aqui. Ciprestes, oliveiras, palmeiras e árvores misteriosas com bagas vermelhas salientes.

Lauren estica a mão espalmada e me interrompe.

Ouço alguma coisa também. Por trás de uma sequência de arbustos, um casal está fazendo sexo. Fico boquiaberta. Continuamos caminhando para não interrompê-los. É muito provável que tenham nossa idade. A maioria dos adolescentes europeus não tem carro e mora com os pais até terminar a faculdade. Assim, os parques são, de certo modo, um lugar visado para encontros amorosos.

Lauren aponta para uma área isolada, fora da trilha, o que, de repente, me deixa nervosa, embora eu estivesse prestes a mostrar a ela a mesma direção.

Não demora muito para termos a mesma ideia do casal que acabamos de ver. Nós nos embrenhamos nas folhagens. Nossos lábios se encontram e nossos corpos desmoronam no chão. Nosso coração está acelerado, batendo com força um contra o outro. Lauren desabotoa meu casaco e toca minhas costas, debaixo do vestido. Queria não estar de meia-calça. Mas, assim que as coisas começam a ficar mais intensas, Lauren se afasta, ofegante.

- Deixa pra lá. Não posso fazer isso. Se continuarmos, vai ser horrível parar. Já está sendo.

- Desculpa.

Estico a mão para tocá-la, mas Lauren se afasta.
- Não. Está tudo bem.

O outro casal aparece por entre as folhas, saindo de uma trilha próxima. Eles notam nossa presença e dão risadinha, e foi exatamente para evitar essa situação que Lauren e eu estávamos esperando o horário do nosso check-in. Estendo meu casaco em um galho espesso para deixá-lo secar. Tiro as botas e a meia-calça molhada.

Lauren cobre o rosto.

- Assim você me mata...

Sorrio para ela enquanto torço a barra do vestido. Lauren solta um gemido.

- Que injusto. Como você é perversa.

Rio.

- Me dá sua jaqueta. Vou estender aqui.

Lauren obedece. A blusa que ela usa por baixo começa a subir junto, e meus olhos ficam vidrados no seu abdômen, até que ela se ajeita. Minha namorada também não percebe que está me enlouquecendo.

Estendo a jaqueta dela em outro galho e me deito ao lado dela. Ficamos observando o céu. Ela apoia a cabeça na mochila e eu apoio a minha no peito dela. As árvores farfalham, espalhando o aroma de pinho por nosso acampamento temporário.

- Seus olhos me lembram dois pinheiros - diz Lauren.

- Eu sempre quis que fossem verde-claros. São tão sem graça...

- Para com isso.

Ela beija o topo da minha cabeça.

- Alguma vez já contei a você sobre a cabana?

- Não - respondo.

Ouço as batidas do coração dela.

- Havia uma cabana no norte do estado, que a minha família costumava alugar no outono. Paredes rústicas, lareira de pedra, camas com colchas de retalho e tudo mais. Quando estávamos lá, meu pai não se preocupava com política, minha mãe se esquecia de se preocupar com meu pai. E nós saíamos para caminhar, colhíamos maçãs do pomar abandonado. Eram tantas maçãs que as jogávamos no riacho só para vê-las flutuar na água. E passávamos a noite brincando com vários jogos de tabuleiro...

- Quais?

- O meu favorito era o Pictionary.

Eu me aninho no colo dela.

- Óbvio.

- Minha mãe gostava mais do Detetive, e o meu pai, do War. Os dois preparavam um jantar bem caseiro, tipo carne assada com purê de batatas e maçãs em calda...

- Do pomar?

- Sim. E, enquanto eles cozinhavam, eu ficava esparramada no tapete, de frente para a lareira com uma pilha gigante de papel, desenhando. E, quando olhava para a cozinha, meus pais estavam lá, com aquela janela perfeitamente redonda atrás deles. De onde eu ficava no chão, tudo que dava para ver do lado de fora eram pinheiros. E por isso gosto de pinheiros - conclui ele. - Muito.

Enrosco a minha mão no polegar dela e aperto.

- E você? Onde foi que se sentiu mais feliz?

Paro para refletir um pouco.

- Bom, teve uma viagem para a Disney...

- Você colocou aquelas orelhas da Minnie? Ah, não me diga que colocou aquelas orelhas com o seu nome escrito embaixo?

Dou um cutucão nela.

- Não.

- Ah, agora não tem jeito, vou ficar imaginando você com aquelas orelhas da Minnie.
Continua.

Dou uma cutucada ainda mais forte nela.

- Então, a Sam tinha dez anos, eu, seis, e a Sofia, quatro. Sam era encantadora. Ela tem aqueles cachos perfeitos, sabe? Além do mais, ela sempre estava à frente de tudo. E Sofia era... Sofia. Então, elas atraíam toda a atenção só para elas, como sempre, mas um dia meus pais fizeram uma surpresa e me levaram para tomar o café da manhã de princesa da Disney. Só eu e mais ninguém. A Bela, a Branca de Neve e a Cinderela estavam lá, e a Jasmine disse que meu vestido estava lindo, e que eu era linda... Nossa, foi incrível. Meus pais... eles sabiam. Eles sabiam que eu precisava disso.

- Essa é a minha nova história favorita agora - afirma Lauren.

- É claro que a história toda era para ser segredo, mas, assim que vi minhas irmãs, já fui logo abrindo o bico: "A princesa Jasmine me acha mais bonita do que você!", o que nem era verdade, mas me pareceu verdade. Minha mãe quis me matar, e Sofia fez birra pelo resto da viagem, mas valeu a pena. Foi o melhor dia de todos.

- Você é mais bonita do que as suas irmãs. Muito mais bonita.

- Essa é... a coisa mais romântica que você já me disse.

Lauren sorri.

- É verdade.

Embora não consigamos vê-la, ouvimos um passarinho cantando, e um outro, que também não vemos, responde.

- Sabe, não consigo lembrar quando foi a última vez que estive em um lugar onde não desse para ouvir o barulho dos carros, do trânsito.

- Ah, você é uma fã da natureza, só nunca deve ter tido a oportunidade de ficar muito em contato com ela.

- E você? É fã da natureza também?

- Claro! Olha, se você for comigo para a Nova Inglaterra, vamos fazer todas essas coisas ao ar livre que você lê nos livros. Explorar, acampar, escalar, praticar rafting, observar as estrelas, acender fogueiras...

- Acender fogueiras? - pergunto, achando graça. - Entendi.

- Isso, fogueiras. No plural.

O sol se põe abaixo da linha das árvores e, de repente, uma luz dourada e deslumbrante ilumina Lauren. Ela é perfeita mesmo quando está molhada, suada e suja. Ergo a cabeça até alcançar os lábios dela. Nós nos beijamos intensamente, e não aguento mais esperar.

- Vamos - falo, com a voz meio entrecortada.

Lauren fica sem reação.

Então desperta e, desesperada e desajeitada, corre para pegar a jaqueta e a mochila, tropeçando nas próprias pernas. Pego minhas coisas, e ela segura minha mão enquanto andamos depressa em direção a uma trilha estreita. Rimos, felizes. Corremos, corremos, e quanto mais avançamos, mais cheio o parque fica. Passamos por uma área que parece uma caverna - perfeita para namorar e ainda com um cara tocando violão ao fundo, um clássico da Espanha -, mas continuar aqui já está fora dos planos. Esculturas, construções e a famosa fonte de lagarto, todas obras de Gaudí, surgem a nossa frente, mas mal olhamos para os monumentos. Só temos olhos uma para o outra agora.

Pegamos o primeiro táxi que vemos do lado de fora do parque, nós duas já sem fôlego.
Lauren entrega ao taxista o endereço do hotel, e nossas línguas, pernas e mãos se tocam, procuram, desejam umas às outras enquanto as ruas de Barcelona passam rapidamente do lado de fora da janela. Pagamos nosso taxista aflito mais do que o valor da corrida, principalmente por estarmos envergonhadas pelo que ele teve que presenciar.

Saímos do táxi e seguimos para o hotel. Lauren beija meu pescoço enquanto fazemos o check-in. Tudo ao nosso redor vira um borrão. O atendente, as escadas, o corredor. Entramos e fechamos a porta do quarto depressa, jogamos as mochilas no chão. Temos uma noite inteira pela frente, mas não podemos esperar nem mais um minuto.

Nós nos beijamos de um jeito voraz. Ansioso. Arranco meu casaco enquanto Lauren tira a jaqueta. Tiro a blusa dela enquanto nos jogamos na cama. Seu coração bate contra o meu. Rolo na cama, fico em cima dela e vejo que Lauren está tão ansiosa para isso quanto eu. Ela sobe meu vestido até a cintura e depois o tira por completo. Ela olha para minha calcinha e meu sutiã preto sem o menor pudor. Lauren já viu várias partes do meu corpo isoladas, mas nunca assim, todas de uma vez. Abro o fecho do meu sutiã, e Lauren o retira.

Lauren beija meus seios, minha barriga, a linha acima da calcinha. Logo depois, a última peça que cobre meu corpo desliza por minhas pernas. Abro o zíper da calça dela e puxo junto com a calcinha. Ela respira rápido, arquejante. Inclino o tronco até meu corpo ficar completamente colado ao dela. Estamos ofegantes. Enroscamos os braços ao redor uma do outra e nos movimentamos juntas, olhando nos olhos uma do outra.

Quero-a mais perto. Quero, necessito, desejo. Ela fecha os olhos, eu também, e terminamos como começamos.

Juntas.

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