De Fã para Amante

By IludidaKar

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Camila Cabello tinha várias certezas em sua vida, mas uma era irrevogável: Amava condicionalmente Lauren Jaur... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Penúltimo Capítulo.
Último Capítulo.

Capítulo 4

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By IludidaKar

Apenas um sonho poderia ser tão doce.

Camila estava envolvida por um torpor tão latente que acreditava piamente que estava sonhando, como se o seu consciente se perdesse na subconsciência onde estava preso os seus queres, anseios e medos.

Era quase impossível acreditar que ela estava lá... Inclinada sobre si, com um sorriso terno nos lábios carnudos e acariciando suavemente os seus cabelos de uma forma singelosa, mas que esquentava o coração. As orbes esverdeadas mantinha a sua intensidade tão peculiar, mas dentro de suas íris tinha um quê de azulado mesclado com castanho... Era um detalhe que passava despercebido por muitos, mas não pra Camila que sabia que os olhos de Lauren Jauregui eram constelações.

A menor olhou profundamente dentro dos olhos da cantora, e houve aquela explosão dentro delas. Algo quente, e intenso. Elas não entenderam aquilo, mas por um momento não conseguiram desviar o olhar, uma conexidade estava se desenvolvendo ali, e era tão forte que lhes causavam arrepios internos e um frio em suas barrigas, como um sobreaviso que cuidasse daquilo, pois, era único.

Definitivamente era uma bolha em que as mantinham cativas.

Uou. Era isso que o fã sentia quando conhecia o ídolo? Camila se questionou. Porque se fosse, definitivamente era algo tão forte que poderia devorar a sua existência em um piscar de olhos.

Já Lauren, piscava algumas vezes, sentindo aquela coisa estranha ganhar proporções desconhecidas que ela não soube identificar, mas sentia-se incapaz de se afastar daquela jovem com os olhos tão únicos e amorosos.

- Hi Lauren... - Camila respondeu depois de um tempo com a voz sussurrada, ainda olhando para a Lauren com louvação. - Você é real?

A cantora riu, e Camila teve mais do que certeza que aquele som entraria para a lista das dez coisas que amava em Lauren Jauregui. Não que já não tivesse ouvido a risada da mais velha por vídeos, mas o som nunca se igualaria ao pessoal. Parecia um bebê soltando suas risadinhas gostosas. Era contagiante, e quando a menor percebeu estava sorrindo também, apesar que as lágrimas ainda caíssem.

- Eu acredito que sim. - Lauren deu de ombros, falando com bom humor. - Ao menos é o que me dizem...

Camila sentou-se, ainda encarando a cantora. Lembrou-se de sua mãe dizendo que encarar as pessoas era feio, mas os olhos de Lauren era imãs que prendiam os seus. Apesar do torpor ainda estar presente em sua corrente sanguínea, um pouco de coerência ia invadindo a mais nova, ela fez uma pequena careta presa entre realidade e fantasia.

Será que o suco que Ally tinha lhe oferecido antes de sair de casa tinha alguma droga alucinógena? Ok. A ficha tinha caído sobre ter conhecido a Lauren Jauregui depois da palestra, mas... A Lauren sozinha ali, acariciando os seus cabelos - já que nenhum momento a cantora parou de lhe tocar os cabelos castanhos. - era demais para acreditar, sim? Além do mais, a Lauren a tinha chamado pelo seu nome!

- Não é possível. - Camila negou com a cabeça. - Você aqui, sozinha comigo, e ainda me chamou pelo nome. Caralho, eu tô no alto nível de chapação, será que as laranjas do México são plantadas junto com maconha ou algo do tipo? - A menor divagou ainda suspeitando do suco de sua melhor amiga. - Ou a Ally realmente me drogou.

Lauren franziu o cenho por um breve momento e prendeu o riso, achando a menor graciosamente engraçada. A verdade que tinha achado a Camila adorável desde o primeiro momento que a viu, apesar que a palavra "adorável" entrava em confronto quando o corpo da brasileira era observado... Não que a cantora tivesse olhado muito, mas Camila tinha curvas salientes e pecaminosas se dessem origens alguns pensamentos. Percebendo o que estava fazendo, a maior movimentou a cabeça quase imperceptivelmente para afastar os pensamentos impróprios. Ela parou de acariciar os cabelos de Camila.

- Pelo que eu saiba a plantação de laranjas daqui é tão tradicional como do seu País. - A cantora respondeu achando fofa a confusão nos olhos da menor, principalmente por Lauren saber que ela era brasileira. - E, pelo o pouco que conheci da Srta. Brooke, ela não tem jeito de que droga as pessoas sem a sua permissão, acredito que mesmo com permissão, ela não faria isto.

Bem, a cantora tinha razão, pensou a Camila com os olhos arregalados pela hipótese de que realmente a Lauren estivesse à sua frente, e não fosse nenhuma peça da sua mente.

- Me belisca. - Camila ofereceu o braço coberto pela manga do cropped.

- Eu não acho isso necessário, Camila. - Lauren murmurou com uma careta.

- Oh, meu pai. Você continua aqui e falando o meu nome... - Camila fechou os olhos por uns segundos, sentindo o seu interior revirar pelo avesso. Abriu os olhos, decidida. - Belisca. - Pediu, mas ao ver a hesitação de Lauren, quase gritou. - Vai logo, belisca!

Contra vontade, Lauren beliscou o braço de Camila que gemeu de dor e esfregou a área, olhando para a cantora com leve chateação.

- Você me beliscou! - Camila acusou sem se conter.

- Foi você que pediu! - Lauren ergueu as mãos em rendição, fazendo um leve bico pela acusação.

- Mas não... - Camila parou de falar quando percebeu a situação: Lauren a tinha beliscado e tinha doído. Se doeu, então, era verdade? Ela arregalou os olhos ao constatar algumas coisas. - Oh, meu Deus. Você é real, e eu falei palavrão na sua frente e ainda gritei contigo, oh Lauren, eu sinto muito, ai que vergonha, cadê?

- Cadê o quê? - Lauren perguntou confusa.

- O buraco pra eu me afundar! - Camila gemeu, limpando os resquícios de lágrimas do seu rosto. - Você está aqui, e eu tô horrível. - Balançou a cabeça em negativa quase frustrada.

- Não está horrível, Camila, ao contrário, você está linda... Deixe-me retificar: Você é linda, não tem com que se preocupar.

- Oh... - Camila abriu a boca em formato de "O", suas bochechas ganhando uma coloração rosada, enquanto, seu coração perdia o compasso pelo elogio da cantora.

Dava para acreditar que Lauren Jauregui, a mulher que inspirava a sua existência estava lhe elogiando? Caramba!

Lauren sorriu suavemente, achando genuíno o acanhamento da menor. Poucas pessoas hoje em dia tinha a inocência de simplesmente corar com um elogio tão simples, e isso cativou um pouco mais o coração da cantora.

- O que você acha de levantar desse chão e saímos daqui? - Lauren propôs, estava há um bom tempo agachada e suas pernas já estavam reclamando.

Camila pensou um pouco, sentindo-se triste porque sabia que quando saísse do auditório, sua bola iria se estourada e ela não estava pronta pra se afastar de Lauren.

Percebendo a hesitação da menor, Lauren levou os dedos até o queixo da mesma, e tocou suavemente, fazendo Camila olhá-la.

- O que foi?

- É que... Bem, quando saímos daqui, você seguirá com a sua vida, e eu com a minha. Eu sei que isso é o curso natural das coisas, mas eu sinto que está muito cedo para lhe dizer adeus quando ainda sinto necessidade de sua presença. - Camila murmurou, sentindo-se um tanto exposta por revelar os seus pensamentos. - Não me sinto preparada para dizer adeus.

Lauren sentiu o impacto das palavras. Os seus olhos vasculharam o rosto de Camila até encontrar novamente os olhos, e ali estava o brilho nos castanhos que a prendia. Ela não confessou, mas também não se sentia pronta pra dizer adeus a Camila.

- Não precisamos fazer isso agora...

Os olhos castanhos brilharam mais ainda, como se isso fosse possível. A possibilidade de ficar mais um tempinho como Lauren era como um encontrar um trevo de quatro folhas: Raro e mágico.

- Sério? - Camila perguntou sem aguentar a ansiedade.

- Claro... - Lauren respondeu com um sorriso, apesar de saber que tinha compromisso com o seu marido, mas não podia deixar aquela jovem de olhos tão brilhantes decepcionada, e bom, depois, ela se resolveria com o Cain. Olhou o horário em seu relógio de diamante. - O que você acha de almoçar comigo?

- Quero! - Camila quase gritou de tão eufórica. - Oh, meu Deus! Muito, muito, demais. Por favor, eu quero!

Lauren riu, então, se ergueu, oferecendo a mão para a menor pegar...

•••

Lauren tinha se desentendido com Tara, a sua assessora achava que tinha algum poder sobre a sua vida, quis ordenar que a cantora parasse de bancar a boa samaritana com os pobres e oprimidos e honrasse os seus compromissos com o Luís Cain, o seu marido. Claro que o clima entre as duas tornou-se pesado e a cantora sentiu-se plenamente aliviada por Camila não ter presenciado a cena, já que a brasileira tinha ido atrás da sua amiga Ally para contar que almoçaria com a Lauren. Com uma resposta simples, Lauren colocou a Tara em seu devido lugar e a dispensou de suas atividades ao longo do dia.

A cantora não queria a negatividade da assessora em seu caminho.

Eram poucos os momentos que Lauren podia ser autônoma, e não abriria mão disto. Saiu com Camila do colégio, repousando a mão respeitavelmente nas costas da menor e permitiu que a brasileira entrasse primeiro em seu carro, não fez por mal, mas não pode deixar de notar a protuberância na lombar da menor.

Ficou impressionada. Claro que já tinha reparado discretamente no corpo de Camila, mas aqueles montes eram algo que lhe deixou de boca aberta. Camila era toda perfeitinha, pequena de curvas sinuosas, ela tinha beleza tanto exteriormente como interiormente, e Lauren ia percebendo isso na medida que ia conversando com a brasileira de sorriso fácil.

Lauren levou a Camila para um restaurante simples chamado de "El Sabor". Era um lugar pequeno e aconchegante. A cantora de vez e quando ia ali, tinha descoberto o lugar em seus momentos de solidão que saira pra explorar Guadalajara, ali, ninguém fazia alarde por ela ser uma famosa. Ali, ela era tratada como qualquer outra pessoa e isso a agradava muito.

- Como está o seu estômago relacionado a pimenta? - Lauren perguntou olhando minuciosamente para Camila, já sabia que a brasileira estava no País à intercambio, a menor tinha contado. Como as comidas apimentadas era a tradição do México, sabia que muitos estrangeiros tinham dificuldade em seu acostumar.

- Numa relação de amor e ódio. - Camila respondeu com os olhos no cardápio. - Ontem dei uma rápida saidinha com a Ally e comemos um mole poblano que menina, nem te conto! Quando cheguei em casa me deu um reboliço que... - A menor mordeu o lábio inferior ao perceber que iria contar um momento constrangedor entre ela e o vaso. - Oh.

Lauren percebeu o abrupto rompimento de assunto.

- Camila, você pode me contar as suas coisas, não precisa se filtrar.

- Claro que preciso. Deus me livre você ter a impressão de que eu sou uma retardada, acho que já dei índice demais da minha babaquice, não quero que tenha um julgamento errado.

- Não tenho porque julgá-la quando não tenho nenhum poder sobre isso. - Lauren deu de ombros, olhando para a Camila. - E se você quer mesmo saber o que eu estou achando de você; é que és uma garota espontânea e autêntica e quem concorda comigo basta respirar. - A cantora brincou, usando um meme da internet.

Camila gargalhou, Lauren sentiu aquela som irradiar pelo seu corpo, e ela não pode deixar de se sentir feliz. Quando foi que se sentiu assim mesmo? Leve, bem, sem nenhum peso em suas costas. Era bom demais e parecia uma sensação inédita.

- Ok, então. Mas lhe respondendo, acho que posso suportar um pouco de pimenta, mas não muita, estou ainda testando meu organismo sobre isso. - Camila fechou o cardápio e encarou a cantora. - Eu vou deixá-la escolher, minha vida está em suas mãos, Jauregui.

Talvez não apenas na vida de Camila que Lauren queria pôr as mãos. Pensou a cantora com um sorriso de lado que foi percebido pela Camila. Era incrível a mudança abrupta dos acontecimentos. Horas atrás, Camila estava chorando descontroladamente por estar na presença de Lauren, agora, sentia-se confortável à um ponto que poderia até considerar a cantora uma amiga em transição, claro que o encantamento e admiração continuava presente, mas Camila conseguia se sentir mais solta, mais ela mesmo e isso era muito bom.

- Quanta responsabilidade... - Lauren gracejou, já sabendo o que iria pedi quando o seu celular tocou.

O semblante de Lauren ficou um tanto tenso o que não passou despercebido pela Camila. A cantora silenciou o celular, na mesma hora que o garçom colocara uma garrafa de tequila artesanal na mesa, era a bebida preferida da cantora quando estava no estabelecimento. O mesmo encheu dois shots antes de se retirar, avisando que depois retornaria para anotar os pedidos.

Camila já tinha bebido tequila desde que chegara no México, bebido até mais do que a sua vida toda. Os mexicanos tinham o hábito da cachaça e era bem comum uma dose nas refeições, apesar que a menor achava forte demais para o seu sistema tão inexperiente com o álcool. Ela pensou em tocar no assunto quando viu a Lauren guardar o celular com um vinco na testa, mas não queria ser invasiva, então, tentou outra abordagem para relaxar de algum modo a cantora.

- Então, você não respondeu como sabe meu nome... - Camila arriscou o assunto, brincando com o shot ainda sem beber.

Antes de responder, Lauren virou uma dose de tequila sem sal ou limão, o seu celular voltou a tocar e a cantora optou por desligar, voltando a encher mais um shot e virando, repetindo o processo, Camila contou seis doses de tequila, definitivamente, Lauren era uma mulher que gostava de beber, isso justificava os tempos de carmen. (*carmen é ficar bêbada, beber).

- Lembrei o seu nome porque um tempo atrás, eu fucei parcialmente o seu instagram depois que fez um comentário na minha foto. Não sei onde apertei, mas fui direcionada para o seu tuite, que me lembro que deixei uma dm. - Lauren contou com o rosto avermelhado pelo álcool ingerido. - Na hora que te vi não associei, mas depois veio a minha mente como um clique, sabe?

- Caramba, isso é incrível. - Camila vibrou internamente por ter sido notada e lembrada pela sua ídola. - Apesar de não ter respondido minha dm de volta.

- Sinto muito sobre isso. - Lauren desculpou-se com sinceridade. - Geralmente, minhas redes sociais são acessadas pelo John, meu empresário, ou Tara. - Fez uma cara de desagrado. - Nesses últimos meses estou bastante atarefada com os meus projetos.

- Músicas novas? CD? - Camila perguntou com os olhos brilhando.

Lauren riu pela curiosidade da menor, e voltou a encher mais um shot de tequila e virou, infelizmente, o liquido ao invés de ir para o esôfago foi diretamente pra traqueia, a fazendo tossir descontroladamente e ficar extremamente vermelha, preocupada a Camila que ia se levantando pra acudir a cantora, mas Lauren ergueu a mão a impedindo de fazer. Ficaria bem. A cantora bateu na madeira três vezes porque tinha a superstição de que qualquer tipo de engasgamento - mesmo ignorando a explicação biológica - era sinônimo de raiva e o batimento na madeira a impediria de que isso acontecesse.

- Definitivamente isso. - Lauren respondeu depois que se sentiu melhor, Camila não teve oportunidade de comentar sobre porque o garçom se aproximou querendo saber os pedidos.

Lauren pediu torta ahogada para ela. Já para Camila pediu pozole de molho branco que quase não tinha pimenta e não faria mal para o estômago inexperiente de Camila. A menor apreciou o cuidado, na verdade, estava apreciando os cuidados singelos da Lauren desde que a cantora retornara ao auditório.

- Não gosta de tequila? - Lauren perguntou subitamente vendo o shot de Camila intacto.

- Ainda estou me acostumando... Mas... - Camila virou o shot fazendo uma careta tremenda à ponto de mostrar os dentes. - Que peste de cachaça é essa? - A brasileira assoprou, sentindo a explosão no seu estômago.

Lauren gargalhou, definitivamente, Camila não existia...

•••

Camila sentia-se levemente embriagada, ou totalmente. Ela ria à toa, o que não era muito difícil, dando-se conta que era ela. Lauren também ria, mas por não aguentar a espontaneidade da mulher a sua frente. Elas pareciam velhas conhecidas. Estavam tão naturais que parecia que a coisa mais certa do mundo era quem estivessem ali, juntas.

Estavam no carro novamente, depois do almoço e inúmeras doses de tequila - a maioria bebida por Lauren. Já era de se despedir. O dia tinha sido incrível. Maravilhoso, mas existia um momento que a realidade batia na porta, puxando-o abruptamente do mundo de felicidade.

A brasileira não queria pensar muito nisso, apesar de se sentir entristecida por ter que se despedir de Lauren, sabia que um momento como aquele não iria acontecer novamente. Ela foi uma sortuda, e a sorte não é de bater muito na porta constantemente, Camila guardaria em seu coração e memória todo o momento que tivera com a Lauren... Conheceu um pouco da Lauren mulher e sonhadora que era bem diferenciada da Lauren, esposa do Governador de Guadalajara.

Foi um dia extremamente feliz. Concluiu Camila, tanto que esquecera de ligar para o Pablo, a última coisa que passara em sua mente era o seu namorado, ela estava extasiada e embriagada na presença de Lauren para pensar em outra coisa que não fosse o cheiro e o sorriso da cantora.

Camila encarou a calça que usava... Ela estava usando um cropped preto de mangas compridas que deixava o seu abdômen definido à mostra, uma calça militar feminina e tênis em preto e branco da Nike. A sua franja estava grudando na testa que apesar da comida ter tido pouquíssima pimenta ainda a fazia suar, mesmo com o ar condicionado do carro. Ela olhou para o seu lado, Lauren também estava suada e assoprava levemente, enquanto, seu rosto era uma bola avermelhada, a brasileira achou aquelas bochechas tão avermelhadas extremamente atraente, os lábios sem nenhum resquícios de batom estavam rosados e a cantora passava a mão nos cabelos, jogando-os no sentindo contrário e fazendo com que o cheiro de shampoo, perfume e sua essência natural fosse capturada pela menor.

Era absurdamente imoral que Lauren cheirasse tão bem assim, a vontade de Camila era enterrar o nariz na curvatura do pescoço da mais velha e drenar todo o seu cheiro até que ficasse tatuado em sua memória.

Tatuar. Tatuagem, remeteu a Camila à algo.

- Lauren? - Camila chamou.

Lauren virou o rosto, curvando os lábios para a Camila. Ela se sentia tão bem e confortável na presença da brasileira que não queria romper com o contato.

- Sim?

- Você tem uma caneta aí?

- Tenho, por... Camila! - Lauren gritou afobada ao ver a brasileira retirar o cropped revelando o sutiã meia taça negro, a preocupação da cantora era com o motorista e segurança que estavam no banco da frente, não queria que eles olhassem o tronco semidesnudo de Camila.

- Quero o seu autógrafo bem aqui que eu vou tatuar. - Camila apontou pra a protuberância do seio esquerdo.

Lauren olhou chocada para Camila, claro que já tivera fãs que quis e tatuaram tanto o seu autografo como o seu nome em partes dos seus corpos, mas nunca em um lugar como aquele. A cantora engoliu a seco, porque primeiro, achou muito lindo a forma que os seios de Camila emolduravam no sutiã de renda, segundo porque sentiu uma vontade imensa de tocá-los, como se suas mãos formigassem por isso, e terceiro porque Camila Cabello era uma tentação em todos os sentidos, e a maior sentiu-se inquieta com aquela imagem.

- Você tem certeza que quer tatuar minhas inicias aí? - Lauren questionou com a voz mais rouca que o habitual.

- Absoluta! - Camila não titubeou em responder.

Os olhos esverdeados vagaram do rosto para novamente o busto de Camila, a brasileira sentiu a intensidade das orbes em sua pele, arrepiando-se e deixando os seus mamilos endurecidos, a mais nova agradeceu aos céu que o seu sutiã de bojo impedisse de mostrar o estado dos seus mamilos.

A energia amigável do carro parecia que tinha sido substituído por algo mais cru entre as duas que se encararam, as pupilas tinham um quê de dilatação, enquanto, as respirações eram aceleradas e as bocas ressecaram, fora os pontos estratégicos dos corpos que latejavam profundamente, fazendo-as se remexer no assento.

A tensão estava presente, embora que nenhuma das duas tomassem partidos para fazer aquilo acontecer. As duas colocaram a culpa na tequila, mesmo sem pronunciar nenhuma palavra.

- Ok, então, vamos fazer melhor... - Lauren pronunciou, ignorando os arrepios de sua nuca. - Ramirez, toca pra o Eric! - Pediu ao motorista.

O motorista apenas meneou a cabeça e mudou a rota.

- Vista sua blusa, Camila. - Lauren pediu evitando olhar novamente para os seios da menor.

- Quem é Eric? - Camila perguntou, fazendo o que Lauren pediu e vestiu novamente o cropped.

Lauren apenas sorriu enigmática, prendendo os olhos castanhos nos seus...

•••

O carro ultrapassou a classe média de Guadalajara até adentrar no subúrbio. Camila nunca esteve ali, e preocupou-se com a segurança de Lauren, porque querendo ou não, a cantora que era a famosa, e não ela, mas ao observar a fisionomia tranquila de Lauren soube que a mesma estava acostumada com aquele ambiente. O olhar da brasileira intercalava entre a cantora, segurança e motorista, todos parecia leves e despreocupados, o que a fez crer que Lauren não era visitante naquela parte da cidade.

Apesar de ser subúrbio, o local tinha sua graciosidade, as casas eram todas em uma tonalidade de vermelho e branco que fazia um contraste gracioso, como se tivesse sido combinado. As pessoas trafegavam tranquilamente pelas calçadas, algumas se perdiam com o comércio tanto ambulante como de varejo, tinha algumas barracas de comida e também vilarejos.

Camila assistia tudo pelo vidro fumê do carro até que o mesmo parou, em um lugar com arquitetura antiga, paredes descascadas em tom marfim, porta de inox enferrujada e um letreiro "Tatuaje y perforación". A menor lançou um olhar desconfiada para Lauren, mas a cantora lhe direcionou um sorriso reconfortante. O segurança saiu do carro e abriu a porta para que elas saíssem. Definitivamente o lugar não inspirava confiança, constatou a brasileira e depois que viu alguns lixos espalhados pela calçada e estrada, alguns mendigos, traficante em um beco próximo e prostitutas na calçadas. Nenhum deles se importaram com o carro importado parado na rua, e muito menos que uma celebridade e também esposa do governador estivesse saído do mesmo, o choque de Camila aumentou ainda mais quando viu a Lauren cumprimentar algumas pessoas ali como se fosse bons conhecidos, então, voltou-se pra Camila e a guiou para dentro do estúdio que tocou um sino patético ao entrarem. Um homem lotado de tatuagens, moreno e com fortes características latinas as atendeu.

- Lauren, minha rainha, que bom vê-la! - Ele falou já abraçando a cantora.

Lauren aceitou o abraço de bom agrado, sorriso abertamente, parecia que se conheciam à um bom tempo.

- Digo o mesmo, Juan. Onde está o meu incrível homem? - Lauren perguntou cordialmente.

- Terminando uma tatuagem. Mas logo, ele será inteiramente seu. - Juan respondeu com bom humor, então, seus olhos negros caíram em Camila. - Quem é a gracinha?

- Camila Cabello. - Lauren apresentou, mas puxou a Camila pra junto de si. - Areia demais pra seu caminhãozinho. - Piscou.

Camila sorriu sem graça pra o homem, a verdade é que estava um tanto amedrontada, ele era enorme! Dava três dela, apesar de se mostrar respeitável. Ele ofereceu a mão que a brasileira aceitou, então, ele beijou suavemente antes de se afastar mantendo o respeito.

- Preciosidade da patroa nem olhamos. - Juan disse com um sorriso contido, o que fez a Camila franzi o cenho em desentendimento, mas arrancar um sorriso de Lauren. - Aceita uma tequila ou talvez, algo mais?

Lauren deu uma rápida olhada pra Camila, a verdade é que adoraria um algo mais, era uma maneira sutil do Juan perguntá-la se queria um baseado, principalmente pra aliviar, mas não queria desrespeitar a brasileira, não sabia como a menor se sentia em relação a isso.

- Tequila, você vai querer, meu bem? - Lauren perguntou, olhando fixamente para a menor.

"Meu bem". Uma palavrão tão simples, sem conotações, deveria ser, mas dando-se conta o olhar de Lauren e até mesmo aos seus atos, já que ela mantinha a mão possessivamente na cintura de Camila, o termo soou como deveria soar. Isso agradou a mais nova, parecia que alguém queria marcar território mesmo sem a menor entender o porquê.

- Ficaria bem feliz com uma água. - Camila respondeu suavemente e com sorriso ponderado, mas não desviou o olhar de Lauren.

- Uma tequila e água, então, Juan. - Lauren murmurou sem tirar os olhos de Camila.

O homem se retirou, deixando as duas em seu mundo particular, a verdade é que era muito estranho a Lauren sentir ciúme de alguém que conhecia menos de doze horas - ela não estava levando em consideração o dia que viu a Camila nas redes sociais. - mas a cantora se sentiu meio que doente pela menor ter recebido um olhar de interessado do Juan. Ela levou Camila até um dos bancos acolchoados da sala de espera, e as duas se sentaram.

- Você vem muito aqui? - Camila perguntou curiosa.

- Faz algum tempo desde a última vez, vim quando decidi tatuar o nome da minha avó no antebraço. - Lauren explicou. - Todas minhas tatuagens foram feitas pelo Eric, ele é daquelas preciosidades que encontramos no meio do caminho, altamente profissional e com trabalho magnífico.

- E ele trabalha aqui? - Camila arqueou a sobrancelha.

- Oh, baby, não julgue o livre pelo capa. Apesar do exterior não inspirar confiança, o Eric é incrível, você vai sentir nos céus quando ele te tatuar porque ele faz tudo minuciosamente. - Lauren comentou suavemente, olhando pra a menor. - Ao não ser que você tenha mudado de ideia.

- Claro que não. - Camila respondeu convicta. - Eu quero muito isso, é como se eu fosse carregar um pedacinho seu dentro de mim, mesmo que seja simbólico, mas eu sei que você estará comigo, mesmo se um dia esquecer de mim, mas eu nunca poderei esquecer de você e o que me representa, Lauren. - Ela respondeu olhando os olhos da mais velha.

Lauren sentiu uma pressão em seu peito, sentiu-se emocionada com as palavras de Camila. Constantemente recebia palavras de devoção, mas soando da boca da brasileira, tornava-se mais especial, e naquele momento, a cantora teve mais que certeza de que nunca, absolutamente nunca iria esquecer Camila Cabello, porque ela era daquelas pessoas que invade o seu sistema emocional, derruba as suas barreiras e se instala lá, sem nenhuma permissão.

- Eu nunca vou esquecer você, Camila. - A cantora pôs a sua mão por cima da menor, olhando-a profundamente nos olhos. - Isso é quase uma missão impossível, você já conquistou um pedacinho do meu ser e eu não quero que jamais os seus olhos se apaguem da minha memória.

Camila tremeu violentamente e os seus olhos lacrimejaram, tentou sorrir, mas foi apenas um tremulado de lábios. Ela viu a verdade nos olhos esverdeados e o seu coração tão acelerado, diminuiu alguns batimentos para saborear aquilo que a deixava tão feliz.

Como alguém poderia odiar a Lauren Jauregui? A brasileira não sabia responder, deslizou o olhar para a mão da cantora que ainda estava sobre a sua, não hesitou em virar a sua própria mão e deixar que os dedos se entrelaçarem. Até mesmo a Lauren olhou aquele ato.

Suas mãos se encaixavam tão bem... Tinha o contraste da pele bronzeada de Camila, e da pele quase translucida de Lauren, mas isso tornava aquele toque tão bonito que elas passaram tempo demais admirando as suas mãos unidas. Elas não sabiam ou não percebiam que não era apenas as uniões das mãos que caiam tão bem, mas como também dos corações que batiam freneticamente de tão desejosos e ansiosos por algo à mais...

Elas pareciam se conectar tão bem que tornava-se quase doloroso de constatar isto por inúmeras razões. Existia uma ponto enorme entre elas. Os seus mundos eram completamente diferentes e não podemos esquecer de que eram comprometidas. Mas, isso não as impediu que por um breve momento, os seus pensamentos mergulhassem em um terreno perigoso chamado "E se".

E se, elas tivessem se conhecido uns anos atrás, será que essa mesma química que as envolvia agora estaria presente?

E se, Lauren não fosse cantora e por alguma razão ou motivo o seu mundo colidisse com o de Camila, ela iria ainda mesmo assim conseguir a atenção da brasileira?

E se, elas fossem completamente livres e desimpedidas e descobrissem que se apaixonaram desde o primeiro olhar?

E se, o destino estivesse brincando até que decidisse mostrar que nasceram para ficar juntas?

Os pensamentos corriam soltos entre elas. No fundo, elas sabiam que era apenas especulações. Quem é que nunca imaginou uma vida diferente do que vive, ou talvez, imaginou estar se relacionando com outra pessoa? Isso era algo normal, ás vezes, não era? Talvez, a primeira opção sim, mas a segunda já era um caso um tanto deliciado. Até porque quando amamos verdadeiramente e estamos amplamente felizes com esse alguém, não idealizamos outro alguém, outra pessoa. Se isso está acontecendo, então, alguma coisa está fora do eixo...

Camila tinha convicção de que amava o Pablo e que ele era a pareia para o resto de sua vida, mas no entanto, estava ali, recebendo vibrações pelo corpo inteiro ao ter a mão de Lauren na sua, principalmente porque a cantora estava fazendo movimentos circulares no seu dorso... A brasileira sabia que o que estava sentindo não tinha nada a ver com a Lauren ser a sua ídola, ia muito além, ela nunca sentira aquilo com o Pablo, não pelo um simples toque de mão, foi impossível não suspirar e apertar mais um pouquinho a mão da maior, deliciada com aquele contato tão singelo.

Já a Lauren, encontrava-se na mesma situação que Camila... Ela nunca tinha sentido tanta felicidade em um dia ou em um toque como hoje, como estando ao lado de Camila. Parecia tão certo... E algo dentro de si dizia que era, apesar da sua consciência alertar de que não devia mergulhar em águas desconhecidas, ela tinha o Cain, e não deveria envolver a Camila na bagunça que era a sua vida, mas isso não a impediu de se manter e aproveitar um pouquinho mais o momento.

Aliás, tudo era ilusório, não? Elas estavam delirando e deixando vontades ocultas invadirem os seus pensamentos, só um pouquinho. Um pouquinho mais... Pensaram em conjunto quando os dedos se acariciaram provocando leves arrepios, seus olhos ainda se mantinham em suas mãos até que fecharam inconscientemente, sem nem mesmo perceber. Não souberam quanto tempo ficaram assim, o tempo era relativamente insignificante quando estavam juntas, mas um pigarro ás fizeram abrir os olhos, voltando para a realidade.

E como Charlie Bukowski dizia: Ás vezes, abrir os olhos pode ser a coisa mais dolorosa que você já teve que fazer.

- Não queria interrompê-las... - Juan desculpou-se envergonhado enquanto segurava dos copos de tamanho diferente.

- Oh. - Lauren soltou imediatamente a mão de Camila, e levantou-se, aceitando a dose de tequila e virando rapidamente, estava agitada e com a garganta seca. - Obrigada, Juan. - Agradeceu depois de uma longa careta pela tequila forte.

Camila estava sem jeito, sentiu falta do calor da mão de Lauren, percebeu que estava um tanto ofegante. Bebeu a água gelada como se a sua vida dependesse disso, ela tinha que esfriar o vulcão em erupção de dentro de si.

Elas não voltaram a ficar sozinhas, porque o Juan atou a falar descontroladamente, e assim iniciaram um diálogo sobre trivialidades até que uma porta fosse aberta e dois homens saíssem de lá, um gordo com o corpo tatuado que apertou a mão do outro amigavelmente antes de sair sem nem olhar na direção delas. O homem que ficou era alto, negro, com algumas tatuagens espalhadas pelo corpo, piercing na sobrancelha, nariz e lábio inferior, alargadores de orelhas e com dreads nos cabelos se aproximou com um sorrisão, puxando a Lauren sem aviso para um abraço apertado.

- Pombinha! Quanto tempo faz que você não arrasta essa sua bunda branca até aqui? - Ele perguntou em tom sério, apesar do seu abraço ainda se manter carinhoso.

- Tempo o suficiente. - Lauren soltou-se com uma risadinha. - Se eu deixar, você me tatuaria toda.

- O que não é uma má ideia, você sabe que não existe coisa que mais combine com você do que tatuagem.

- Papo de tatuador. - Lauren deu de ombros, mas sem deixar de sorrir. - Eu trouxe uma grande amiga para você tatuar e espero do fundo do meu ser que você a trate e tenha o mesmo cuidado com ela como se fosse comigo. - A cantora chamou a brasileira com a mão. - Venha cá, Camila, deixa eu te apresentar a esse manezão aqui... Camila esse é o Eric, e Eric essa é a Camila.

Camila sorriu timidamente para o tatuar, mas o seu sorriso se desfez ao se assustar com os olhos do mesmo. Ela desviou o olhar rapidamente porque aquilo era muito incômodo de ser olhar. O tatuador tinha as escleras dos olhos pintadas de preto, ou seja, o seu globo ocular era apenas uma cor só. Não dava para distinguir nada além daquilo. Enquanto, o Eric achava engraçado o desconforto da mais nova.

- Olá. - Camila conseguiu dizer sem olhá-lo nos olhos, mantendo o olhar em uma tatuagem tribal que ele tinha no pescoço.

- Brasileira? - Eric perguntou alargando o sorriso, estava dando uma rápida checada no corpo de Camila quando percebeu que Lauren o fuzilava com ares de aborrecimento, rapidamente parou de olhar o corpo da menor.

- Sim... Como você percebeu? - A brasileira sorriu acanhada, e ergueu os olhos, a careta foi involuntária e ela desviou novamente o olhar.

- O sotaque pesado. Os meus olhos estão lhe incomodando, brasileirinha? - Eric questionou com tom neutro, prendendo o riso.

- Oh, desculpe-me, eu não queria ser indelicada é que... Ai. - Camila se atrapalhou um pouco, ficando avermelhada, não sabia onde enfiar a cara.

- Isso assusta pra caralho. - Lauren falou de repente. - Quando cheguei aqui e vir que ele tinha feito essa merda de eyeball tattoo quase morri do coração.

Eric soltou uma gargalhada.

- Ela quase saiu daqui correndo pra chamar um padre pra me exorcizar.

Camila não segurou o sorriso ao imaginar a cena. Realmente era uma coisa assustadora de se olhar no primeiro momento, mas tinha certeza que era questão de costume, o Juan parecia nem se importar e Lauren também não.

- Claro, mané. Você está aí com esses olhos de satanás, queria o quê? - A cantora balançou a mão. - Mas vamos ao que interessa, a tatuagem de Camila.

- E já sabe o que será? - Eric perguntou voltando o seu olhar para a menor.

Camila deu uma olhada rapidinha em Lauren, então, olhou para o Eric e desta vez, não desviou o olhar. É claro que ela sabia...

•••

Lauren foi um anjo ao segurar novamente a mão de Camila durante toda a sessão de tatuagem que demorou cerca de quarenta minutos. Desta vez, não prenderam-se nas sensações do que o toque uma na outra as causavam, até porque, Camila estava se remoendo de dor.

A brasileira não tinha balbuciado um "aí", apenas ficou lá, parada, suando e ás vezes, ficando pálida quando a ardência era quase insuportável. Parecia que o seu seio esquerdo estava sendo arrancado por uma agulha assassina. Sério, o que as pessoas tinham na cabeça em fazer tatuagem mais de uma vez? Eram masoquistas? Gostavam de sofrer? Da dor? A menor não as compreendiam.

Ela tinha fixado em sua mente que essa seria a primeira e a última tatuagem que faria em seu corpo. Não nascera para sofrer, aquela historinha de que "é como uma picadinha de abelha" nunca é verdade. Não é verdade num exame de sangue, principalmente quando a sua veia se esconde e a profissional fica a procurando com a agulha dentro de sua pele. Não é verdade com vacinas que algumas técnicas parecem que vão arrancar o seu braço. E muito menos é verdade ao se tratar de tatuagem, principalmente tatuagem!

Até que estava aguentando firmemente, Camila não queria fazer feio na frente de Lauren, apesar de que algumas vezes sentiu uma enorme vontade de xingar até a última geração do Eric. Ele e Lauren até que tentaram a envolvê-la em uma conversa, mas o olhar assassino que receberam de Camila, os fizeram parar de incluí-la na conversa, mas a Lauren não soltou em nenhum momento a mão da brasileira.

Camila desejava do fundo do seu ser que a tatuagem ficasse maravilhosa e que o Eric fosse realmente bom, assim como pregou a Lauren, porque a menor ficaria muito puta da vida se ao terminar e olhasse para o seu seio e encontrasse uma cagada em cima dele. Aliás, por que maldição a Lauren tinha que ter a assinatura meio espalhafatosa? A cantora foi gentil em escrever de forma media para que não ficasse algo estrondoso no seio de Camila. Mas mesmo assim, os traços estavam ali...

Enquanto, mergulhava em dor e suor frio, Camila lembrou-se do seu professor de psicologia no primeiro semestre da sua faculdade. O canalhinha sempre dizia que "a dor é psicológica, mude de foco, engane o seu cérebro que você a esquecerá". Era bem óbvio que aquele pilantrinha nunca tinha sentido uma dor intensa, se não, enrolaria aquela teoria de merda e engoliria sem nenhuma moderação. Ela queria o xingá-lo também.

Se soubesse que iria doer tanto, teria optado em outro lugar. Talvez na nuca? Pensar na nuca, lembrava-se que Lauren tinha uma libélula na dela. Lauren provavelmente gostava da dor, já que tinha quatro tatuagens em lugares sensíveis e parecia predisposta a ter mais uma, já que a cantora olhou com bastante interesse para os modelos expostos nos quadros do estúdio.

Mas estávamos falando sobre Lauren Jauregui... Ela não iria tatuar algo em sua pele que não tivesse um significado por trás.

Deixando o seu pensamento se perder em Lauren, mesmo a maior estando do seu lado, Camila sentiu-se curiosa para saber como a cantora tinha conhecidos na periferia da cidade e não tinha nenhum medo de estar em uma. Bem, querendo ou não, Lauren era uma mulher pública, esposa do governador... Ela não tinha medo de sequestro? Ou algo do tipo?

- Pronto, moça bonita, sua tatuagem está pronta. - Eric informou terminando de limpar a área que estava bem avermelhada.

Camila sentou-se ansiosa, Lauren também se levantou da cadeira para observar melhor, Eric voltou com um espelho e um sorriso nasceu nos lábios da brasileira ao perceber que sim, ficou bonito e ela tinha gostado muito. Agora, era oficial: Ela podia levar a Lauren em seu peito e coração. Ao pensar nisso, os seus olhos encontraram com os esverdeados, e a cantora retribuiu o olhar com sua típica intensidade.

- Ok, vamos lá as recomendações... - Eric chamou atenção das duas.

Depois que se despediram do Eric, e Juan, voltaram para o carro. A noite já caia, e elas não tinham mais nenhuma desculpa para se manterem juntas. As vidas precisavam seguir... Um silêncio incômodo envolveu o carro, o único som que podia ser escutado era do rádio local ligado que tocava uma música deprimente que exaltava a perda de um grande amor. Ótimo. Como se elas precisassem mais desse drama.

A única vez que Camila abriu a boca foi para dar as coordenadas do seu apartamento que infelizmente, o motorista chegara rápido demais. A brasileira olhou para o prédio de três andares charmoso, e soltou um longo suspiro antes de voltar a olhar para a Lauren que a observava em silêncio.

- Bem, é isso... - Camila murmurou com o nó se desenvolvendo na garganta. Ela queria muito correr para o seu quarto e chorar, mas em contrapartida, queria ficar. - Obrigada por tudo, Lauren... Hoje foi simplesmente mágico e eu...

Camila não teve oportunidade de terminar a sua frase porque em um impulso, Lauren calou os lábios da brasileira com os seus... Uma carga elétrica teria menos intensidade do que aquele simples toque de lábios. Foi muito rápido, mas não impediu de que os lábios formigassem num pedido silencioso de mais. A menor ofegou violentamente, os olhos castanhos estavam arregalados, em choque, sua mente parecia que tinha entrado em pane ao constatar que a Lauren tinha lhe beijado, mesmo que tão rapidamente.

Já a Lauren não sabia o porquê tinha feito isso, mas sentiu uma necessidade extrema. Ela precisava sentir a doçura dos lábios de Camila, passara o dia ansiando por isso, não conseguiu resistir, sabia que tinha uma grande chance de que Camila a odiasse depois do beijo e a morena iria amargurar muito se isso acontecesse, mas... Ainda assim não conseguia se arrepender...

Aliás, tinha um arrependimento: Não ter demorado mais com o contato. Mas uma parte de si, sentia-se vibrante por ter sentido mesmo que rapidamente o mel que eram os lábios da mais nova.

Elas não se afastaram o suficiente, os rostos continuaram próximos, os olhos em uma luta silenciosa e as respirações acariciando as maçãs dos seus rostos. O motorista e o segurança olhavam constantemente para frente sem nem mover um músculo, eles não se metiam nos assuntos da patroa e muito menos a entregava para o Cain. O que acontecia com Lauren Jauregui em sua privacidade que não lhe oferecia nenhum risco, ficava apenas para ela.

- Me dê o número do seu celular... Deixe-me participar da sua vida além de apenas um dia. - Lauren murmurou ao acariciar a bochecha de Camila que estremeceu com o toque. - Permita-me embriagar mais de você...

Isso era errado. Elas não podiam. Definitivamente não. Elas eram comprometidas com outras pessoas, não podiam fingir que eram solteiras e se envolverem de nenhuma maneira. Elas não podiam! Por que elas sabiam que se permitissem isso, não iam se prender apenas em um laço de amizade, iria além, elas sabiam e não podiam. Oh, droga, não podiam. Mas, por muitas vezes, a razão se perde nas artimanhas do coração.

- Dê-me o seu celular... - Camila murmurou, incapaz de dizer não.

Lauren retirou o seu celular do bolso, e o ligou, questões de segundos que uma chuva de notificações chegassem, elas esperaram calmamente até que as notificações parassem, e a cantora ofereceu o seu celular para a Camila que discou o seu número e depois desligou ao ver que chamou, voltou a entregar para a cantora o aparelho.

- Boa noite, Lauren. - Camila anunciou, mas antes de descer do carro, os seus lábios tocaram novamente a Lauren.

Mas desta vez, apenas no canto dos lábios, fazendo com que a cantora fechasse os olhos. Camila aproveitou para saltar do carro com um sorriso de orelha à orelha, abriu o portão preto do prédio e correu para as escadas do mesmo. Ela nem percebeu quando subiu os lances das escadas até parar na porta do apartamento de Ally, nem ao menos cansada estava! Só sentia-se flutuar, como se tivesse em uma nuvem.

Retirou a chave do bolso, e abriu a porta, encontrou uma Ally de pijama com uma xícara de chá nas mãos e assistindo televisão.

- Finalmente, Camila. Eu achei que você tinha sido abduzida. - Ally reclamou, olhando pra amiga. - Liguei umas trocentas vezes para o seu celular que só chamava. Onde estava?

- Desculpa, amiga. Mas nem vi, o meu celular está em silencioso. - Camila jogou-se no outro sofá sem parar de sorrir, sentia até uns comichões. - Eu estava com a Lauren... - O nome da cantora parecia que derretia em sua boca ao ser pronunciado.

- Esse tempo todo? - Ally perguntou com espanto, largando a xícara de chá em cima do centro da sala.

- Sim. Não é incrível? Ela é toda incrível e perfeita, ah, e tão humana. Não tem aquelas frescuras que alguns artistas tem, sabe? É humilde, pé no chão. - Camila contou. - Simplesmente maravilhosa...

Ally não teceu nenhum comentário, apenas ficou observando a amiga que tinha ares sonhadores, sentia a empolgação na voz da mais nova, até os olhos estavam com um brilho diferente. Viu até mesmo quando Camila suspirou alto o suficiente, estava no mundo das nuvens.

- Camila? - Ally chamou com o cenho franzido.

- Hum? - Camila olhou para a amiga.

- Não quero estragar a sua alegria, mas o Pablo ligou um bocado de vezes para mim, ele está muito preocupado, já que você não o ligou hoje, muito menos o atendeu ou respondeu as mensagens.

Como um estalar de dedos, Camila voltou a pisar no chão ao lembrar-se do namorado. Levantou-se de imediato, amaldiçoando por ter o esquecido. Conhecendo ele, não estranharia se ele surgisse em Guadalajara só para saber se ela está bem.

- Vou ligar para ele... - Camila mordeu o lábio inferior, deu alguns passos para o seu quarto, mas parou e voltou-se para a amiga. - Você disse a ele com quem eu estava?

- Disse que você tinha feito uma amiga e estava com ela. - Ally deu de ombros. - Achei que você que quisesse contar a ele que tinha realizado o seu sonho de conhecer Lauren Jauregui.

- Ah sim. - Camila sorriu amarelo. - Obrigada, amiga e tenha uma boa noite.

- Boa noite, Mila.

Ally voltou à assistir a sua programação.

Camila entrou em seu quarto, e fechou a porta. Sentou-se na cama e retirou o seu celular do bolso, quase gemeu em frustração quando viu 62 ligações do Pablo, ainda tinha umas dos seus pais, e algumas mensagens, mas antes de enfrentar os seus pais e também o seu namorado, salvou o número desconhecido que sabia muito bem que era de Lauren.

Então, respirou fundo, era hora de ouvir sermões...

•••

Lauren jogou o molho de chave em cima do móvel clássico no hall de entrada de sua casa. Ela odiava aquele móvel em particular, e esperava que algum dia, ele se quebrasse. Claro que tinha sido presente de sua sogra. Hoje em particular não perderia segundos de sua vida para odiar aquele objeto inanimado.

Sentia-se bem, feliz e profundamente tranquila.

O beijo de Camila no canto dos seus lábios ainda queimavam a sua pele, e ela não queria que aquela sensação se esvaísse de si nunca.

- O que você está fazendo, Lauren? - Murmurou para si mesma, ao balançar a cabeça em negativo.

Ela nem conseguia se sentir culpada pelos seus atos. Tinha consciência de todas as circunstâncias que lhe envolvia, mas não estava preocupada com isto. Talvez, a sua moral se abalasse futuramente quando a sensação de estar com a Camila passasse, mas por hora, estava plena.

A casa estava em silêncio, como de costume. Achava que o Cain estava em algum evento político. O que era ótimo, já que ela não queria enfrentá-lo e sabia que provavelmente o seu marido teria ganas de recriminá-la por não ter ido ao maldito almoço político.

Lauren queria que o dia terminasse bem. Apesar de ter tido um dia maravilhoso, estava cansada, precisava de um longo banho e boas horas de sono. Adentrou em seu quarto, sendo iluminado apenas pela claridade do corredor, ela soltou o celular em cima da cama que ainda apitava em notificações, retirou os coturnos e foi para a suíte.

Desprendeu-se de suas roupas, e as jogou no cesto de roupa suja. O banho foi revigorante, o tempo que ficara imersa na banheira, os seus pensamentos vagavam em Camila... Nos olhos, no sorriso... Principalmente no sorriso. Como um ser humano poderia ser tão amável e adorável? Lauren não acreditava que existisse pessoas assim até encontrar a brasileira.

- Ah, Camila, por que eu sinto que você será minha perdição?

Mais uma pergunta que não teria nenhuma resposta.

Ela estava ansiosa para ver novamente a Camila, já sentia saudade e olha que nem fazia uma hora que tinha deixado a brasileira em seu apartamento. Lauren saiu da banheira quando a água passara a esfriar, escovou os seus dentes no lavabo, e depois enxugou-se. Optou por vestir um pijama folgadão, e desceu para a cozinha descalça e com os cabelos presos em um coque alto malfeito.

Iria preparar um chá para depois olhar as notificações do seu celular.

Ela tinha terminado de colocar a água fervente na xícara que continha um sachê, quando voltou-se para deixar a chaleira no fogão. Só com o cheiro do chá fazia o seu corpo relaxar mais. Virou-se para pegar a xícara quando soltou um grito de susto ao ver o seu marido parado de frente a bancada com um copo de uísque na mão. Ele estava com a expressão transtornada e os olhos azuis dilatados de fúria.

- Você me assustou, Luís! - Lauren levou a mão ao peito. - O que está fazendo parado aí como um fantasma?

- Onde esteve, Lauren? - Cain perguntou com a voz trêmula. - O que teve de tão importante para fazer que me deixou plantado no almoço e com a maior cara de paspalho com sua ausência?

- Eu achei que a sua cão de caça tivesse contado tudo. - Lauren retrucou com deboche sem se amedrontar com a fúria do marido.

- O que Tara me contou foi que você bancou a salvadora dos oprimidos e deu atenção para uma zé ninguém. - Cain apertou o copo com força. - Mas eu conheço você, sei que não passaria mais que cinco minutos com quem não tem nada pra lhe oferecer. Volto a perguntar: Onde você estava?

Lauren se irritou, odiava quando ele era autoritário com ela.

- Ao contrário de você, Luís, eu sei apreciar a companhia de uma pessoa sem pensar em um retorno. O político aqui é você e não eu! - Ela cuspiu as palavras, estressada. - E outra coisa: Enquanto você não pondera esse tom não terá nenhuma resposta vinda de mim!

Eles não tiveram a oportunidade para se encarar porque um ato do Cain fez com que a Lauren gritasse e se encolhesse, ele tinha jogado o copo de uísque contra a geladeira, o mesmo espatifou, deixando um rastro de vidros e liquido no chão e bancada.

- Você ficou louco? - Lauren perguntou assustada, estava pálida, nunca tinha assistindo aquele comportamento degradante do marido.

Cain avançou até ela, que tentou se afastar dele, mas ele a puxou pelo braço e a fez voltar para ficar de frente a ele, como estava descalça e tinha alguns vidros no chão, Lauren pisou em um cacto, perfurando o seu pé. A morena gritou de dor e todo o seu rosto se contorceu quando sentiu o vidro mais fundo, mas o seu marido estava tão envenenado com sua própria fúria que não deu importância.

- Daqui a pouco meses é a eleição! Estou concorrendo ao Senado, Lauren. Você tem noção do que isso? É Senado, porra! Não é coisa pequena, porque você está agindo como uma imbecil e não está me ajudando com isso? Quer que eu perca, caralho? - Cain perguntou transtornado com as duas mãos nos braços de Lauren, a apertando um pouco.

- Luís! - Lauren gemeu de dor, estava com o pé ferido levantado, e sentia o sangue escorrendo. Ela não queria chorar, mas as lágrimas inundaram os seus olhos, estava doendo demais. - Me solte, eu estou ferida, tem vidro no meu pé.

- Eu quero que você responda. - Cain gritou, ignorando mais uma vez a esposa. - Você quer que eu perca essa eleição?

- Não. - Lauren gemeu baixinho, sentindo as lágrimas escorrerem, sua voz sumiu um pouco antes de voltar a falar. - É claro que não.

- Então, a partir de agora, você será uma porra de mulher útil e vai estar ao meu lado quando eu solicitar a sua presença. - Cain informou com os olhos frios. - Você vai me dá prioridade, acima de tudo, me ouviu?

- Sim... - Ela murmurou com a voz embargada.

Além de dor, Lauren sentiu-se humilhada, assustada e com muita raiva. O Cain nunca tinha sido violento e abusivo. Ele sempre fora um homem gentil, claro que eles discutiam, mas nunca tinha chegado a esse ponto. Será que essa era a verdadeira face do Luís Cain? Ela percebeu que não reconhecia aquele homem a sua frente.

A expressão de Luís suavizou-se. Em um piscar de olhos, exibia uma máscara de preocupação ao soltar a Lauren e vê-la sangrando. O pé dela estava melado de sangue, assim como o chão. O sangue pingava em gotas abundantes. Ela tombou para trás quando foi solta por ele, queria distância daquele homem.

- Oh, baby girl, você está sangrando, se feriu? - Cain perguntou fingindo preocupação. - Deixe-me ver...

- Não! - Lauren gritou, sem querer que ele a tocasse novamente, abismada com o cinismo do mesmo.

Cain a lançou um olhar de advertência.

- O que é isso, baby girl?

Lauren estremeceu de raiva com o maldito apelido que antes gostava tanto, mas agora parecia debochado e falso. Fungou fortemente e passou a mão no rosto para se livrar das lágrimas.

- Eu quero que você fique bem longe de mim, ouviu bem? - Ela deu alguns pulinhos até o telefone pendurado na parede da cozinha, discando o número tão conhecido.

- Para quem está ligando? - Cain perguntou com os olhos apertados.

Três toques para a chamada ser atendida.

- Dra. Grey? Sou eu, Lauren Jauregui. Você poderia vim até a minha casa? Eu me cortei, e acho que é um pouquinho sério... - Lauren murmurou com a voz embargada ao ver o sangue vívido no chão da cozinha. - Obrigada. - Desligou ao ter a confirmação da médica.

- O que você vai dizer a ela quando for perguntada o que levou ao acidente? - Cain perguntou cauteloso, tudo que menos queria era que fosse acusado de violência doméstica ou algo parecido, seria horrível para a sua campanha.

- A verdade. - Lauren respondeu seca, encostada na parede, tentando ignorar a dor.

- A verdade é que você foi desatenciosa e não viu o vidro, não é baby girl? - Cain incitou.

Lauren sentiu-se sufocada com aquele olhar do seu marido. Ela nunca temeu a sua vida ao lado dele, mas aquele comportamento do Cain não era normal e não seria inteligente contrariá-lo.

- Sim... - Ela respondeu cabisbaixa.

- Ótimo. - Cain assentiu satisfeito.

A morena engoliu um soluço de desespero e dor. Como que um dia maravilhoso pudesse terminar daquele jeito?

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