Kismet [concluída]

By laur_xxvii

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Tímida e romântica, Camila tem uma queda pela introspectiva Lauren desde o primeiro ano na SOAP, uma escola a... More

I - Kismet
II - Real Friends
III - Oh My God
IV - Everlasting Love
V - Eres Tú
VI - Like Friends
VIII - Sledgehammer
IX - Reflection
X - Inside Out
XI - Must Be Love
XII - Beautiful
XIII - Write on Me
XIV - Dope
XV - Freedom
XVI - Inside
XVII - Never Be The Same
XVIII - Consequences
XIX - Love Incredible
XX - No Way
XXI - More Than That
XXII - In The Dark
XXIII - Down
XXIV - All Night
XXV - I Have Questions
XXVI - Something's Gotta Give
XXVII - Miss Movin' On
XXVIII - Scar Tissue
XXIX - A Thousand Years
XXX - Expectations
XXXI - Back To Me
XXXII - 1000 Hands
XXXIII - Kismet - Fim

VII - Into It

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By laur_xxvii

No dia seguinte, Lauren não está na escola. Ela ainda tem mais três dias de "folga" por causa de um feriado que nem comemora. Queria poder fugir com ela, mas a ideia de perder uma aula importante ou de atrasar algum dever de casa me deixa apavorada. Mas entendo que as prioridades de Lauren sejam outras - sua arte. Então, fico chocada quando, ao entrar na sala para a primeira aula de terça-feira, a vejo esparramada na carteira... cinco minutos antes de o sinal tocar.

Uma descarga de adrenalina acaba com qualquer resquício de sonolência da manhã que possa existir em meu corpo.

- O que está fazendo aqui? - pergunto.

Aperto o caderno contra o peito, radiante de tanta felicidade.

- O-oi. - Ela endireita o corpo na cadeira. - É uma longa história.

Arqueio as sobrancelhas.

- Talvez a diretora tenha suspeitado da quantidade de dias que faltei. Talvez ela tenha ligado para os meus pais. Talvez meus pais tenham confirmado que não comemoramos o Sucot.

Fico desolada.

- E talvez você tenha recebido uma maldita detenção.

Lauren dá de ombros, confirmando minha suspeita.

- Que merda. Sinto muito.

Ela pousa as mãos na carteira.

- Para falar a verdade - diz, com a voz mais baixa, inclinando o corpo para a frente - , não foi tão ruim assim.

Franzo o cenho.

- Não?

Ela me encara. Por um bom tempo.

- Ah.

Desvio o olhar, sentindo prazer e vergonha ao mesmo tempo.

- Hum. Quanto tempo de detenção você pegou?

Lauren volta a se esparramar na cadeira.

- Três semanas só, mas...

Ao escutar isso, volto a erguer a cabeça.

- Incluindo os sábados.

Ela dá de ombros de novo.

- Mas não tem problema, vou aproveitar para desenhar. Essa é a última advertência. Não demorou muito - acrescenta.

Meu coração para de bater. Praticamente.

- Última advertência? Isso quer dizer que na próxima você é expulsa?

- Não tem nada de mais. De verdade.

Eu devo ter deixado transparecer meu pânico, porque logo ela se ajeita na carteira.

- Vamos chamar de "última" advertência mesmo. Não é a minha primeira.

Fico calada. Não sei como ela consegue ficar tão calma.

- No ano passado, levei a "última advertência" no inverno uma vez, e depois na primavera. Então, já peguei duas. Essa é a terceira - explica.

- Bom...toma cuidado - peço, o que soa muito patético. - As folhas das árvores nem começaram a cair, e você não ia querer perder isso. Mesmo que seja muito mais bonito em Nova York...

- Pode deixar, vou tomar cuidado - declara ela, com a voz firme, depois sorri.

Brinco com uma mecha do cabelo. A duas carteiras de distância, Emily Middlestone inclina o corpo para a frente. Ela está usando óculos escuros de marca que com certeza são falsos.

- Ei, seria muita burrice ser expulsa no último ano do colégio - provoca ela.

Lauren olha para ela com indiferença.

- Sim, Emily. Seria muita burrice.

Professeur Cole entra apressada na sala e para de repente.

- Estou atrasada? - pergunta ela a Lauren.

Ela balança a cabeça uma única vez.

- Não.

- Que bom. Finalmente você aprendeu a chegar no horário - comenta ela, com um sorriso brincalhão.

Ela vai até sua mesa e eu vou para minha carteira. Que fica bem de frente para Lauren.

Trocamos olhares mais descaradamente durante a semana, mas ainda há muita timidez entre nós, certo desconforto em olhar ou conversar por muito tempo. Nossa relação ainda precisa se firmar. A expectativa - em relação a alguma coisa - paira no ar.

À noite, levo horas para pegar no sono. Coloco a caneca de chope em cima do frigobar, ao lado da cama, para poder observá-la do meu travesseiro. É a prova de que ela também está pensando em mim.

Lauren não aparece em meu quarto. A detenção vai até o horário do jantar, e ela ainda não come no refeitório. Depois do jantar, visitas a alunos são proibidas. Ela não quebra mais as regras e, ao que parece, não vai mais se arriscar vindo até aqui. Então continuo com minha rotina, faço as lições, estudo e tento não surtar e ficar analisando tudo o tempo todo. Shawn tem me olhado com uma cara não muito boa ultimamente.

Na quinta-feira, antes da nossa aula de ciências políticas, Lauren vem falar comigo.

- Então. Sábado. Às seis da tarde termina a minha detenção. Se quiser me encontrar depois, em qualquer horário... - diz ela, depois de tirar a caneta de entre os dentes.

Paris é uma cidade que funciona vinte e quatro horas por dia. Sinto um frio na barriga como se houvesse mil agulhas perfurando meu abdômen.

- É?

Ela aponta a caneta para mim.

- Sabe que, como foi você que me convidou, é você que escolhe o lugar, né?

Seca.

Garganta.

Garganta seca.

Parece que engoli um punhado de farinha.

Lauren volta a levar a caneta à boca, mas logo em seguida a retira.

- Pode escolher qualquer lugar - diz, com um sorriso. - Vai receber um "sim" como resposta de qualquer jeito... Se isso ajudar.

Minhas bochechas ficam vermelhas. De novo.

Passo o resto da semana surtando. Shawn me lembra que vai ser na Nuit Blanche.

Noite Branca. Uma noite que nunca escurece. Todo mês de outubro, no primeiro sábado, os museus e as galerias ficam abertos para visitação até o amanhecer. A tradição começou em São Petersburgo, na Rússia, veio para cá e continua se espalhando por todo o mundo.

Mas - e falo como alguém que conhece bem a decadência desse lugar - não há cidade melhor do que Paris para passar a noite fora.

Não sou a única a ficar com os olhos grudados no relógio. Precisamente às vingt et Une heures - no exato momento em que o relógio do meu celular muda de 20h59 para 21h -, ouço um barulho que reconheço no mesmo instante: duas batidas suaves.

Minhas terminações nervosas entram em choque. Ontem, combinei com Lauren o horário, mas não disse para onde iríamos. Até porque nem eu sei ainda.

Três anos de ansiedade invadem meu corpo. E se eu estiver enganada? E se não for isso o que eu sempre quis? Mas e se for?

Abro a porta.

Lauren está incrivelmente sexy. É a primeira noite fria do outono, e ela está com uma jaqueta preta maravilhosa. A gola está virada para cima naquela pegada de autoconfiança e casualidade que só os artistas têm. Eu já a vi com essa jaqueta estilo "estou indo para um encontro", mas é a primeira vez que ela a usa para sair comigo.

- Vocêestáincrível.

Mas as palavras saem da boca dela, não da minha.

Estou com um vestido rodado, o cabelo solto e com mechas encaracoladas nas pontas. Na boca, batom vermelho. Maman me disse uma vez para sempre colocar a cor mais forte onde quero que as pessoas olhem. Mordo o lábio inferior.

- Obrigada. Você também.

Lauren enfia as mãos nos bolsos. Ela ergue os ombros, claramente nervosa. Minha respiração está entrecortada, como se eu não conseguisse inspirar oxigênio suficiente.

- Então, que tal irmos ao Pompidou? Tem uma exposição lá de um fotógrafo estranho da Finlândia. O cara parece ser meio pirado, acho que pode ser interessante, mas, sei lá, talvez seja uma ideia ridícula, podemos fazer outra coisa, se você quiser...

- Não.

Sinto minhas bochechas queimarem.

- Não?

- Eu quis dizer sim, vamos. Parece legal.

- Ah.

Engulo o ovo que estava preso na garganta.

- Ah, ótimo.

Há um longo silêncio. Lauren dá um passo largo para o lado.

- Infelizmente, você vai ter que sair do seu quarto - brinca ela.

Solto uma risada, e parece que suguei gás hélio.

- Certo. Já faz um tempo que não passo por isso. Um encontro. Esqueci como funciona.

Fecho a porta, me remoendo por dentro de vergonha. Demos apenas dois passos no corredor quando minha porta - que parece a tampa daquelas caixinhas que quando você levanta a tampa salta um palhaço para fora - se abre de novo.

Lauren sabe exatamente o que fazer e consegue por fim fechá-la.

- Nossa, cara. Quem será que foi o idiota que quebrou a fechadura da sua porta?

Dou uma risada. Agora autêntica e natural. E então, Lauren diz a melhor coisa que poderia dizer:

- Tudo bem. Faz um tempo que não faço essas coisas também.

Meu sorriso triplica de tamanho.

Lauren sorri também.

- Me dá a sua mão.

- O... o quê?

- Sua mão - repete. - Me dá a sua mão.

Estico a mão direita, que está tremendo, e, como se todos os meus sonhos tivessem se tornado realidade, Lauren Jauregui entrelaça os dedos nos meus. Uma descarga de energia é disparada em minhas veias. E vai direto para o coração.

- Nossa. Esperei muito tempo para fazer isso - diz ela.

Não tanto quanto eu.

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