"Não é quem eu sou por dentro e sim o que eu faço é que me define."
Batman Begins
Naquele momento acreditei que havia morrido. Todo meu corpo doía, minha cabeça parecia que estava recebendo milhares de golpes. Abro os olhos e só vejo o fogo começando a se alastrar pela casa. Não consigo ver os meninos em lugar algum.
Levanto-me com dificuldade e olho ao redor ainda a procura deles. Estavam mais perto da explosão, será que não sobreviveram?
Logo escuto um barulho de uma tosse fraca, um pouco distante, se misturando com o barulho de minha própria tosse. Começo a andar com dificuldade, tampando minha boca e meu nariz. Até que vejo Arthur, este tentava se levantar inutilmente.
- Lu..na? Vo..cê está bem? Se machucou? - diz assim que me vê.
Até mesmo neste momento ele parecia preocupado comigo. Olho para seu corpo e percebo que havia sangue em seus ombros.
- Preciso te tirar daqui - digo me aproximando.
Ajudo-o a se levantar, ignorando minhas próprias dores.
- Luna... consigo ir sozinho - ele diz, porém é perceptível que estava a sentir dor.
- Você não está bem, vou te ajudar - digo - Seu ombro está cheio de cortes devidos os destroços, além disso você está fraco.
Ele não possuía forças nem ao menos para discutir. Começo a levá-lo para o fundo da casa, fugindo a todo momento do fogo que já estava na metade da moradia.
Antes de tudo acontecer havia encontrado uma pequena portinha de madeira aos fundos, usarei a mesma para sair do local. Chegando próximo a ela, deixo Arthur parado próximo a uma parede.
- Luna... você não vai ter forças para arrombar ela - ele diz.
- Eu preciso... não posso permitir que morremos aqui.
Dou alguns passos para atrás, dando um impulso e arrombando a porta logo em seguida, todo meu corpo dói. Aproximo-me de Arthur que já estava a vir andando sem forças, acredito que tenha machucado a perna também.
Saímos da casa rapidamente e ajudo Arthur sentar-se na grama afastado da casa.
- Preciso tirar o Lorenzo de lá - digo - Fique aqui, já volto!
- A casa ainda está pegando fogo, Luna. Você pode se machucar mais - ele diz preocupado - Você pode não conseguir sair de lá.
- Eu não posso deixar ele morrer... não posso!
Arthur percebe que não adiantaria discutir, então apenas fica em silêncio. Saio em disparada até a casa, entro pela mesma portinha e vejo que as chamas aumentaram. O fogo se alastrava cada vez mais e assim minha tosse volta novamente.
Ando pela casa a procura de Lorenzo, mas nada encontro. O local estava totalmente destruído e havia fogo em diversos pontos. Estava ficando cada vez mais difícil respirar devido a fumaça e de andar por ali.
Tropeço em um pedaço de madeira e caio ao chão neste exato momento. Um corte é feito em minha mão e o sangue começa a se espalhar, junto a ele uma dor intensa.
Eu não posso parar aqui! Tenho que achá-lo.
Ao olhar para frente vejo um corpo, este estava por baixo de um antigo e destruído armário de madeira. Levanto-me com dificuldade e vou em direção ao mesmo. Vejo que o fogo se aproximava do corpo.
Ao me aproximar percebo que era Lorenzo, este estava desacordado e coberto de sangue. Tento levantar o móvel com toda força possível. Sinto uma forte dor em minha mão, mas não desisto.
- Eu preciso levantar isso! - grito.
Com muito esforço consigo empurrar o armário tirando o mesmo de cima de Lorenzo, puxo seu corpo para a frente. Meu colega de trabalho respirava com dificuldade e seu corpo se encontrava coberto de cortes e hematomas devido aos escombros.
O fogo chega até o móvel que estava bem próximo. Rapidamente tento levantar o corpo de Lorenzo, porém por estar desacordado o seu peso fica ainda maior. Não tenho forças para o carregar nesse estado. Viro-o de costas para o chão e o pego pelos ombros. A única forma de tira-lo daqui será arrastando-o até a saída.
As dores em meu corpo de intensificam, mas não paro em momento algum. Evito ao máximo machucar Lorenzo. Chegamos perto da saída, porém o fogo já havia coberto grande parte do chão do local. Não havia outra maneira de sair, teríamos que passar pelas chamas.
Levanto-o segurando em sua cintura. Não consigo o levantar completamente, dessa forma sua pernas ainda se aproximam do chão. Preciso passar rápido em uma pequena madeira que ainda se encontrava ilesa e assim sair da casa. Passo de forma rápida com Lorenzo em meus braços, mas logo percebo que o fogo estava se aproximando de uma das pernas de Lorenzo. Acelero o passo, porém o fogo o alcança.
Finalmente chego até a porta, porém meu vestido que já estava meio rasgado, se prende em um pequeno prego. Impulsiono meu corpo para frente rasgando ainda mais a vestimenta.
Saio o mais rápido possível e logo coloco Lorenzo no chão. Pego o pedaço do tecido e começo a bater em seu corpo apagando o restante do fogo de sua perna. Ainda estávamos perto da casa, preciso afastar. Pego-o novamente pelos braços e começo a arrastá-lo na direção onde Arthur nos esperava.
Ao chegar, sento-me no chão extremamente exausta com uma forte dor nos pulmões. Daqui era possível ver que até mesmo o carro estava incendiado.
- Ele está vivo? - Arthur diz.
- Acredito que sim - digo checando sua pulsação - Está sim.
- Temos que sair daqui, o fogo não vai demorar a nós alcançar - ele diz - Precisamos achar um lugar seguro.
Observo que há uma pequena mata logo a frente.
- Vamos pela mata, pela estrada é perigoso - digo.
Começamos a andar pela mata. Arthur andava com dificuldade e Lorenzo ainda estava desacordado. Parávamos constantemente pelo lugar. Ainda sentia muitas dores, porém as ignorava. Algumas horas depois, vejo uma pequena casa no meio da mata.
- Não é possível! Tem uma casa ali - Arthur diz.
Chegamos até a casa e começamos a bater desesperadamente na porta. Não demora para um idoso aparecer, o mesmo parece assustado com nossa presença, ainda mais pela situação em que nos encontrávamos.
- Por Deus, o que aconteceu com vocês? Parecem que caíram em uma armadilha para ursos - ele diz.
- Precisamos de ajuda! - Arthur diz.
- Entrem. Rápido!
O homem era um velho caçador e vivia naquela pequena casa. José nos ajuda a colocar Lorenzo na cama, sua pulsação parecia estar voltando ao normal, mas este ainda não havia acordado.
- Tenho alguns itens de primeiros socorros, irei pegar para vocês!
Não demora para que o senhor volte com a caixa em suas mãos.
- Muito obrigada, senhor José - digo.
Vou para outro cômodo e lá lavo minhas mãos e vejo a água completamente vermelha. Percebo um profundo corte em minha mão esquerda. Não demora muito para que faça um curativo.
- Precisamos cuidar dos cortes em seu ombro, Arthur - digo assim que o vejo se aproximar.
- Não precisa, Luna - ele diz.
- Eles podem infeccionar e acabar piorando - respondo - Não adianta discordar.
Pego um pano úmido e começo a passar em seu ombro, limpando a área dos machucados.
- Você machucou uma de suas pernas, não é? - pergunto.
- Um pedaço de madeira caiu sobre elas, acredito que esteja bem roxo - ele diz.
Estamos bem próximos e isso é uma situação bem constrangedora. Ele percebe que estou incomodada e desvia o olhar.
- Não precisa se incomodar com isso, a dor não vai demorar a passar - enquanto faço os curativos percebo que estava com um olhar vago.
- Não vou deixar de cuidar de você - digo - Aconteceu mais alguma coisa?
- Desculpa, mas eu reparei nessa sua marca na perna - ele diz.
Assim que ele fala olho para meu corpo. A marca! Não havia percebido que ela estava a mostra, por causa do corte no vestido a mesma estava completamente visível.
- Foi seu pai que fez isso? - ele diz com um olhar triste.
- Esquece isso, por favor - digo - Não conte para ninguém.
- Pode confiar em mim, não vou! - ele diz.
- Terminei o curativo - digo sem graça.
Saio de perto de Arthur no mesmo instante.
- Luna? - ele diz.
- Diga - digo me virando.
- Obrigada por salvar minha vida!
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