Mar de rosas e de espinhos

By juarezdobrasil

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Quando a desconfiança entra na vida de Isabel e Marcelo, o mar de rosas em que vivem se transforma num emaran... More

Capítulo 1 - Isabel
Capítulo 2 - Marcelo
Capítulo 3 - Isabel
Capítulo 4 - Marcelo
Capítulo 5 - Isabel
Capítulo 6 - Marcelo
Capítulo 7 - Isabel
Capítulo 8 - Marcelo
Capítulo 9 - Isabel
Capítulo 10 - Marcelo
Capítulo 11 - Isabel
Capítulo 12 - Marcelo
Capítulo 13 - Isabel
Capítulo 14 - Marcelo
Capítulo 15 - Isabel
Capítulo 16 - Marcelo
Capítulo 17 - Marcelo
Capítulo 18 - Isabel
Capítulo 19 - Marcelo
Capítulo 20 - Isabel
Capítulo 21 - Marcelo
Capítulo 22 - Isabel
Capítulo 23 - Marcelo
Capítulo 24 - Isabel
Capítulo 25 - Marcelo
Capítulo 26 - Isabel
Capítulo 27 - Marcelo
Capítulo 28 - Isabel
Capítulo 29 - Marcelo
Capítulo 30 - Isabel
Capítulo 31 - Marcelo
Capítulo 32 - Isabel
Capítulo 33 - Marcelo
Capítulo 34 - Isabel
Capítulo 36 - Isabel
Capítulo 37 - Marcelo

Capítulo 35 - Marcelo

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By juarezdobrasil


No meio da noite eu vou até o quarto de Iolanda. Ela abre a porta e eu entro rapidamente.

― Agora me diga, pelo amor de Deus o que está acontecendo. Eu estou agoniada.

Eu a abraço e começo a chorar em seu ombro.

― Isabel está louca. ― Eu me afasto dela e enxugo as lágrimas. ― Ela alugou um carro e foi até sua casa. Eu a vi nas câmeras de segurança da rua perto do estacionamento. Não tenho dúvida de que ela matou Emily.

Iolanda me olha intrigada e eu continuo:

― Eu duvidei que ela fosse capaz, mas quando desenterrei o corpo de Emily eu não tive dúvida nenhuma mais. Tive vontade de sair correndo e matá-la, então você apareceu e me acertou com uma pá...

― Desculpe-me! Eu estava transtornada.

― Acha que eu seria capaz de matar minha própria sobrinha? Você quase matou seu irmão. E eu te dizendo que não era eu e você me cacetando com aquela maldita pá...

Iolanda vai até a porta e para. Encosta o ouvido na porta e depois volta até mim.

― Parece que ouvi passos.

― Ela está dormindo. Fique tranquila.

― Então o que pretende fazer agora? Porque a minha vontade é ir lá e matá-la enquanto ela está dormindo. Por que ela matou Emily?

Eu sento na cama e suspiro fundo.

― Matar Isabel é pouco. E iremos para a prisão. Você quer isso pra sua vida? Viu como a nossa mãe saiu de lá?

Ela me olha assustada.

― Como consegue agir com tanta frieza?

― Você também conseguiu durante o jantar. Comportou-se muito bem.

― Engano seu. Eu nem senti o gosto da comida. Estava aflita para sair dali...

― Mas não demonstrou...

Eu me levanto e a abraço pela cintura.

― Ela matou Emily porque achou que ela era minha filha. Ela pensava que você era minha amante. A culpa é toda minha por ter escondido a verdade dela.

― Pare de se culpar!

― Fale baixo!

Ela se afasta e dá uma olhada panorâmica pelo quarto. Depois me diz:

― Amanhã eu voltarei para minha casa. Não consigo conviver na mesma casa que esta mulher. E se você não entregá-la para a polícia eu mesma farei isto. Quero dar um enterro digno para minha filha.

― Por favor, Iolanda! Não faça nada. Deixe que eu vou resolver do meu jeito. Emily terá um sepultamento digno. Agora preciso voltar.

Eu a abraço forte e dou-lhe um beijo na testa.

Abro a porta devagar e olho para os lados antes de sair. Vou pisando devagar pra não fazer barulho até entrar em meu quarto.

Isabel está deitada na mesma posição. De barriga para baixo e com a cabeça virada para a parede. Meus punhos fecham-se involuntariamente, sinto vontade de estrangulá-la, mas contenho meus instintos e deito ao lado dela. Eu a abraço como sempre faço. Ela precisa se sentir segura ao meu lado. Eu sou o seu porto seguro, seu guardião.

* * *

Isabel chega da caminhada e senta-se à mesa para tomar o seu café.

― Você contou a novidade para Iolanda?

― Contou sim. Estou muito feliz por vocês. Só espero que ele tenha a chance de se tornar um adulto.

Eu repreendo Iolanda com o olhar.

― Desculpe-me Isabel, eu não queria dizer isso...

Isabel coloca a mão no ventre e diz:

― Não se preocupe, Iolanda. Eu não vou deixá-lo com babá. Estarei o tempo todo ao lado dele. Serei uma boa mãe pra ele.

Iolanda parece que vai explodir, mas consegue se conter. Toma um pouco de suco e se levanta em seguida.

― Preciso arrumar minhas coisas.

Isabel olha para mim e depois para Iolanda.

― Como assim?

― Eu vou embora, Isabel. Já fiquei tempo demais aqui e...

― E?

Iolanda fica sem saber o que dizer, então eu digo:

― Ela me disse que precisa resolver umas coisas. Pagar contas, limpar a casa...

― Bobagem, Iolanda! Não precisa ir embora por causa disso. Eu levo você lá e quando resolver suas coisas...

― Acho que você não entendeu, Isabel.

O tom de voz dela aumentou drasticamente. Isabel me olha como se pedisse uma explicação. Eu espalmo as mãos e permaneço quieto.

― O que está acontecendo aqui? ― Indaga Isabel se levantando e parando perto da porta.

Iolanda respira fundo e para diante de Isabel.

― Não está acontecendo nada, querida. Eu só quero ir pra minha casa. Eu só quero estar perto das coisas da minha filha. Quando você tiver o seu bebê vai entender o que estou dizendo.

Isabel se afasta um pouco abrindo espaço para Iolanda.

― Mas isso é sofrimento demais! Você sabe que ela não vai voltar, você sabe...

Iolanda volta até Isabel e eu chego a fechar meus olhos para não ver a cena.

― Sofrimento é continuar aqui junto ao assassino da minha filha.

Respiro aliviado e abro meus olhos.

Isabel me olha desconfiada e não diz nada. Eu continuo sentado à mesa do café.

Iolanda sobe apressada para o quarto.

― Por que disse para Iolanda que eu matei Emily?

Isabel se aproxima de mim e me abraça por trás.

― Não se preocupe, meu amor, eu estou do seu lado. Não vai acontecer nada com você. Iolanda não vai entregá-lo para a polícia. Ela entendeu que você está doente...

― Obrigado. Você sempre sabe como contornar as coisas. Não sei o que seria de mim sem você.

Ela fica alisando meus ombros e eu fico de olho na faca de mesa à minha frente, mas uma faca de mesa não será capaz de perfurar um coração tão duro quanto o de Isabel.

― Relaxa! Você parece tenso.

Eu me levanto, pois esta situação está me deixando nervoso e eu não quero que ela perceba que estou alterado emocionalmente.

Pego uma revista de esporte e me sento no sofá.

Isabel sobe a escada. Eu temo pela vida de Iolanda. Num sobressalto jogo a revista no chão e subo atrás.

Ela se assusta ao me ver, mas logo se recompõe. Ficamos parados olhando um para o outro. A nossa respiração é pesada e o clima é tenso. Ela olha fixamente em meus olhos e tenho a sensação de que tenta desvendar meus pensamentos e eu faço o mesmo, mas nada me é revelado.

Ela tenta dizer algo, mas engole em seco, então eu digo:

― Vim ajudar Iolanda com a mala.

Ela abre caminho e eu passo. Antes de entrar no quarto de Iolanda eu olho para trás e ela está lá parada do mesmo jeito.

― O que foi aquilo na cozinha? ― pergunto pra Iolanda ao entrar.

― Ela me provocou.

― Precisam de ajuda?

Olho para trás e vejo Isabel entrando no quarto. Sua mão direita está escondida atrás de suas costas. Meu coração se acelera.

Iolanda se apoia em mim e eu percebo que está com medo. Ficamos parados olhando para Isabel que caminha lentamente em nossa direção e quando chega bem perto tira a mão de trás das costas e Isabel solta um grito inesperado.

Isabel olha para mim e depois estende a mão para Iolanda.

― Eu li quando perdi meu pai. "Quando o sofrimento bater à sua porta" do padre Fábio de Melo. Você gosta de ler?

Iolanda estende a mão e pega o livro. Olha a capa e depois joga-o sobre a cama.

― Obrigada, mas eu não preciso de livro, eu preciso ver o assassino da minha filha pagar pelo crime que cometeu.

Eu pego a mala e Iolanda me acompanha. Isabel fica parada na mesma posição até sairmos.

Depois ouço seus passos na escada.

― Iolanda!

― Ah! Meu Deus! ― Ouço Iolanda sussurrar. Ela para e espera Isabel se aproximar.

― Desculpe-me pelo livro, eu só queria ajudar, mas eu entendo você.

― Tudo bem.

Isabel pega a chave do carro e olha para mim. Iolanda fica esperando na porta.

― Eu quero que o Marcelo me leve Isabel.

― Ah não! Eu não vou deixar. Preciso trocar umas ideias com você. Afinal agora serei uma mãe também e não sei nada sobre gravidez...

― Não, Isabel. Eu não estou preparada pra falar sobre isso. Não se ofenda, mas eu prefiro que meu irmão vá comigo.

Isabel me abraça e começa a chorar.

― Por favor, o que está acontecendo? Por que sua irmã está me evitando? Por que decidiu ir embora assim tão de repente?

Eu coloco a mala no chão e Iolanda vem até mim.

― Vamos fazer o seguinte. Eu vou de táxi.

Isabel me solta e encara Iolanda.

― O que foi que eu te fiz? Eu acolhi você em minha casa como se acolhe uma irmã. Por que está agindo assim?

― Para com este teatro, Isabel! Você é uma assassina!

Isabel arregala os olhos e se afasta. Puta merda! Não era para Iolanda ter dito nada disso.

― O que deu em você, Iolanda? Você sabe muito bem que não fui eu.

― Pare de fingir ou eu vou quebrar a sua cara.

Isabel começa a chorar, joga a chave sobre a mesa e sai correndo escada acima.

Eu olho para Iolanda.

― Eu te falei pra não dizer nada.

― Ela está provocando o tempo todo. Não aguentei.

Eu pego a mala e saio ao lado de Iolanda. Coloco a mala no carro e quando giro a chave na ignição Iolanda diz:

― Esqueci a chave da minha casa lá no quarto. Vai tirando o carro da garagem que eu volto rapidinho.

― Tudo bem. Você e suas chaves.

Ela sai apressada e entra na casa. Eu tiro o carro da garagem e fico esperando.

Ligo o som e aumento o volume. Reclino a cadeira um pouco. Ela está demorando, mas eu não estou com pressa. Até posso ver a cena. Iolanda louca procurando a chave por todos os lados.

Ela sempre foi assim. Minha mãe sempre brigava com ela por esquecer as coisas. Esquecia canetas, cadernos na escola. Teve um dia que esqueceu a mochila em casa. Esta foi a pior de todas.

Saio do carro e entro em casa novamente. Vou direto para o quarto de Iolanda, mas não a encontro.

― Iolanda!

Começo a gritar pela casa e desço a escada correndo.

― Isabel! Iolanda!

De repente Isabel aparece na sala com um avental na cintura.

― Que gritaria é esta?

― Cadê Iolanda?

― Ela foi embora de táxi.

― Ela voltou pra pegar as chaves de casa.

― Bom, se voltou não foi até o atelier.

Eu olho desconfiado para Isabel, mas ela está muito tranquila.

― Tem certeza que não a viu entrar aqui?

Isabel se aproxima de mim e me olha como se estivesse me examinando. Apalpa meus pulsos, coloca a mão no meu coração e depois diz:

― Querido você realmente não está bem. Você não se lembra que sua irmã foi de táxi?

Eu balanço a minha cabeça.

― Claro que não, Isabel. Eu coloquei a mala dela no meu carro. Aí ela desceu pra pegar as chaves e...

― Relaxa, meu amor. Você está vivendo dias muito tensos e isso é normal. Vamos até o seu carro.

― Acha que estou ficando doido, Isabel? Eu tenho certeza que Iolanda estava comigo no carro agora há pouco. Vamos lá. Vou esfregar a mala dela na sua cara.

Ela se afasta de mim um pouco.

― Você está muito nervoso e isso não te faz bem. Calma! Vem cá, segura minha mão.

― Para de me tratar como se eu estivesse doente!

Eu sigo em direção à porta e ela me segue. Passo pisando firme pela varanda da frente e abro o porta-malas do carro.

― Olha aí! E veja se estou...

Para minha surpresa não há mala nenhuma lá dentro. Agitado eu abro as portas do carro uma por uma e não há sinal de Iolanda e nem da mala dela.

Entro em pânico e começo a esmurrar o carro. Alguns vizinhos aparecem na porta e sem perceber começo atestar diante deles a minha insanidade.

Agarro Isabel pelo pescoço.

― O que você fez com minha irmã? Cadê Iolanda!

Eu perco totalmente o controle e vou apertando cada vez mais o pescoço de Isabel. Ela fica vermelha e começa a gemer.

Sinto uma mão forte empurrar-me para o lado com tanta força que quase bato a cara no muro.

― Você está louco, rapaz? ― indaga Sr. Osvaldo abraçando Isabel que agora está chorando e me olhando muito assustada.

Eu percebo que fiz uma besteira enorme, mas agora é tarde pra consertar e não há o que dizer para essas pessoas que apareceram aqui tão de repente. Fico impressionado com isso. Surgem do nada e vão embora quando não veem sangue por toda a parte.

Eu deixo Isabel chorando com Sr. Osvaldo e entro em casa. Procuro Iolanda por todos os cômodos e não a encontro, então me jogo no sofá e fico tentando trazer à minha mente todo o roteiro vivido minutos antes.

Iolanda não foi de táxi, eu tenho certeza. Eu peguei a mala dela e coloquei no carro. Ou Isabel tem razão? Sinto minha testa franzir e abaixo a cabeça.

De repente ouço o ronco do motor do carro de Isabel. Corro até a varanda e a vejo saindo pelo portão. Aceno para ela parar, mas ela não me ouve, ou talvez não quis parar mesmo.

Vejo Sr. Osvaldo no portão. Ele me olha desconfiado, mas eu não ligo. Entro no meu carro e sigo Isabel. E o meu palpite é que voltará para casa apenas um de nós dois.

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