Nimbus e os Cavaleiros de Cen...

By RodrigoMataro

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Em um mundo onde os continentes flutuam em nuvens corrosivas e os recursos naturais são escassos, a tecnologi... More

Obrigado, este Livro tem os melhores Leitores
Prólogo (Primeira Parte)
Prólogo (Parte Final)
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24

Capítulo 10

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By RodrigoMataro

O ditador...

Mais uma semana se passou e as horas de treinamento diário entre Sãr Lonios e seu discípulo continuaram. A essa altura Nimbus evoluíra muito, agora seu mestre precisava de pelo menos uma dúzia de golpes antes de derrotá-lo, e isso o deixava muito feliz. Várias e várias vezes Lonios o elogiou pelo seu desempenho e pela sua dedicação ao treino. O garoto também notou que o seu corpo começou a mudar, os seus braços e pernas estavam ficando mais fortes devido ao exercício intenso com as pesadas espadas, que agora nem pareciam ser tão pesadas assim.

Nesse momento eles estavam se aproximando da cidade Solitude, Lonios explicou a Nimbus que a cidade tinha esse nome porque ficava bem no centro do continente e quando o conquistador a construiu, era um Palácio no meio do nada, não se via nada a quilômetros em sua volta. Lógico que, com o passar dos anos, pessoas começaram a fixar residência nos arredores do Palácio à procura de proteção e logo se formou uma urbe, hoje a cidade de Solitude é a segunda maior de Cenferum, sendo menor apenas que Aldair.

Os dois cavalgaram preguiçosamente dentro da cidade. Ao longe Nimbus começou a avistar o imenso castelo, o famoso Palácio da Solidão. Era imenso, com uma dúzia de torres muito altas que terminavam em tetos em forma de cones e podiam ser vistas a longa distância. Depois de mais alguns minutos rumando pela cidade e sendo alvo de olhares indiscretos, eles chegaram aos portões do castelo, que se abriram antes mesmo deles se aproximarem. No pátio alguns cavalariços seguraram os cavalos e os levam para o estábulo, ainda com as mochilas dos dois, presas às celas. Lonios falou para Nimbus não se preocupar e eles seguiram para a entrada, onde se encontraram no centro de um enorme peristilo que formava o pórtico antes da entrada do castelo, com todas as colunas formadas por cariátides que sustentavam as arquitraves. Nimbus estava maravilhado, nunca havia visto arquitetura semelhante, nem mesmo nos desenhos dos livros da escola. Um castelão se apresentou e verificou o documento que Lonios tirou de dentro do sobretudo de couro e depois os acompanhou até um o espaçoso átrio do palácio, onde os dois ficaram à espera do Grande Líder enquanto degustavam frutas que eram trazidas por eunucos.

Após cerca de uma hora, o castelão voltou e escoltou Lonios e Nimbus até um grande portão, que também se abriu antes deles se aproximarem. Quando Nimbus entrou, ficou maravilhado, somente nas histórias do Sãr Lonios ele tinha ouvido falar de tanta beleza, o teto abobadado tinha dezenas de metros de altura e nele haviam pinturas de batalhas, exércitos contra exércitos, talvez cercos contra este mesmo castelo, um tapete de damasco vermelho, bordado com fios do que Nimbus acreditou ser ouro, estava no chão. Esse tapete cobria uma distância de aproximadamente cinquenta metros até terminar nos degraus de uma pequena escada, também recoberta do mesmo tipo de tapeçaria e, no topo, revelava dois tronos, um à esquerda, muito grande e outro à direita, um pouco menor. No maior deles estava sentado um homem que ostentava uma coroa dourada cravejada de diamantes. Tinha barba e cabelos brancos, olhos azuis claros bem típicos da região. Ao seu lado, em vários estágios da escada havia cerca de dez pessoas. Quando se aproximaram, os dois pararam.

Nimbus notou que o castelão não os acompanhava, mas ficou ali ao lado com a cabeça baixa e olhando para o chão, deixando assim Lonios e Nimbus sozinhos para percorrer o caminho restante, o garoto se postou um pouco mais atrás como uma vez seu mestre o instruiu que deveria ser feito na presença de um rei, o que serveria também para o Grande Líder.

Um pouco antes de se aproximarem eles notaram que não eram os únicos que iriam falar com o Grande Líder, pois já havia um homem prostrado de joelhos na frente do trono.

— Negacionistas, são o que vocês são! — o Grande Líder gritava para o homem na frente do trono. — Como vocês ousam ir contra a ciência e dizer que eu estou errado?

— Perdão Grande Líder, não era isso que eu queria dizer, eu estava apenas, trazendo ao seu conhecimento que temos excelentes herbalistas aqui em Cenferum e podemos criar substitutos para os remédios que são importados de outros países, não precisamos fazer mais expedições para comprá-los — falou o homem apressadamente.

— Isso é desinformação, você não viu o estudo da Universidade Popular que explica que aqui no continente nós não temos como criar tais remédios? — disse o Grande Líder.

— Estudos criados por pesquisadores, que são financiados pelo próprio Grande Líder — Lonios cochichou. — Esse é Olozor Herbar, o mais bem-sucedido farmacêutico de Aldair, sua clínica popular cobra preços irrisórios do povo e concorre com a saúde pública do Grande Líder. Lembre-se Nimbus, pensamento crítico.

— Mas senhor meu Líder, as pessoas devem ser livres para escolher, nós temos em mãos, estudos de universidades de outros países que dizem que é sim, possível, criar remédios tão bons ou até melhores do que ...

— Silêncio Herbalista, o povo é ignorante, não sabe o que é importante pra ele, somente meus cientistas estão qualificados a indicar qual remédio é correto ou não para Cenferum.

— Eu peço humildemente perdão, Grande Líder, mas o povo poderia escolher usar os remédios criados por nós quando não houver a opção do importado, o povo precisa de liberdade ... — O Grande Líder se intrometeu novamente.

— Liberdade para o povo? Você me faz rir, Herbalista. Não podemos deixar essas pessoas sem instrução decidir o que eles precisam ou não, devemos acreditar somente nos nossos ciêntistas, e você está querendo argumentar contra a ciência de Cenferum. Está dizendo que nossos cientistas não são tão bons como os estrangeiros? Onde está o seu patriotismo? Você está querendo ir contra o seu Líder? Você lembra da barbárie que era antes de eu assumir o poder? Quer dizer que minha decisão de importar todos esses remédios de fora do país é um erro? Esta insinuando que eu sou burro? Justo eu que praticamente criei a Universidade Popular e leciono lá desde então? Você que é um estudioso sabe muito bem que, para que as escolhas sejam realmente livres quem escolhe precisa ser bem informado, e eu segundo os pesquisadores da Universidade sou o melhor qualificado para isso, você sabe disso, estudou sobre toda a minha trajetória de vida nas escolas que eu criei por todo o país.

— O Grande Líder acha que tem a resposta certa para a sociedade e não importa se você não concorda com ele, você será obrigado a acatar essa ideia — Lonios cochichou novamente. — O pior tipo de tirano, você nunca deve se submeter a um deles Nimbus entendeu? Nunca.

Nimbus apenas consentiu, ainda absorvendo as informações adicionais deixadas pelo seu mestre, mais uma lição compreendida, nunca iria se aliar ou se submeter a tipos como esse Grande Líder, ele pensou. Ledo engano.

— Perdão meu Líder — o homem parecia mais desesperado. — É que há boatos de que os impostos cobrados sobre o consumo do povo para os remédios não são destinados para isso ...

— Cale-se Herbalista. Esqueceu de tudo de bom que eu fiz? Todas as coisas que melhoraram na sua vida desde que eu fui escolhido democraticamente como Grande Líder trinta anos atrás, e de tudo de bom que veio disso? De acordo com o decreto que inibe a disseminação de informações falsas, eu determino que você seja sentenciado à prisão para reeducação intelectual, e que todas as suas posses, e sua clínica em Aldair, seja socializada para o governo, em nome do controle democrático da informação.

O Grande Líder parou de falar e imediatamente os guardas se aproximaram e levaram o homem aos gritos por uma porta lateral, então virou-se para os cavaleiros presentes:

— Desinformação é o maior problema na nossa sociedade hoje em dia e devemos agir duramente contra esses entes que disseminam tais ideias falsas para a nossa população — ele falou, e todos concordaram animados.

— Na verdade, segundo ele, quem pratica desinformação são todos os que não concordam com ele — Lonios cochichou uma última vez, antes de se erguer e seguir para a sua conferência com o Grande Líder. Quando pararam de andar, se ajoelharam novamente e ficaram de cabeça baixa, sem contato visual com os ocupantes da escadaria.

— Porque demoraram tanto, sabem que eu não gosto de ficar esperando — estrondou a voz do Grande Líder. — Esse aí que é o tal Cavaleiro Andarilho? — Dessa vez ele perguntou para alguém ao seu lado.

— Sim Grande Líder, o homem à direita é Sãr Lonios o Andarilho, como lhe falei anteriormente.

— Incrível, superou as minhas expectativas, imaginava um mendigo ou maltrapilho, no entanto até que ele parece apresentável para um cavaleiro desempregado — o Grande Líder falou enquanto olhava de cima a baixo para Lonios e Nimbus. — Acho que vai servir, prepare tudo — o Grande Líder ordenou ao homem ao seu lado.

— Como desejar, Grande Líder.

Nimbus achou aquilo muito estranho, sem ao menos lhes falar nada o Grande Líder já estava ordenando para preparar tudo, tudo o quê?

— Sãr Lonios, eu lhe convoquei aqui hoje porque tenho uma missão muito importante, entretanto fique sabendo que eu não costumo chamar cavaleiros andarilhos para uma missão dessa magnitude, mas não tenho opção, eu perdi muitos cavaleiros recentemente e tenho poucos a meu dispor para me defender nessa crise de disseminação de falsas informações — O Grande Líder levantou as duas mãos e apontou para todos os homens e mulheres à sua volta. — Eu quero que o senhor seja um dos integrantes da 53ª Expedição de Cenferum — depois disso o Grande Líder se sentou na cadeira e expressou um olhar entediado apreciando as paredes adornadas de estandartes, provavelmente capturadas pelo exército em batalhas.

— Podem se retirar, sua presença não é mais necessária, Sãr Ahbran o chefe da guarda tratará dos detalhes com o senhor — um dos homens na escada falou para Lonios.

Os dois se levantam e caminharam de costas e olhando para o chão até a saída, não era permitido a ninguém virar as costas para um Grande Líder. Antes deles chegarem à porta, os guardas as abriram, e por fim foram fechadas num ranger de metal, os entregando novamente ao átrio.

Nimbus não estava entendendo, era por isso que Lonios estava sendo chamado à presença do Grande Líder? Então o cavaleiro retirou o garoto dos seus pensamentos.

— Isso não é bom Nimbus, você ainda não está apto para uma missão dessas, se fosse daqui a um ano tenho certeza que seria o momento ideal para você tripular uma nave, mas hoje não, além do mais não é do meu feitio servir burocratas como esse aí, você viu como ele manipulou as informações daquele Herbalista e o prendeu sem um julgamento? Nimbus, você nunca deve confiar em estadistas populistas como este. Nunca, entendeu? — Lonios colocou a mão no queixo e afagou a barba, com um olhar perdido no horizonte.

— Sim, entendi sobre o Grande Líder, mas não entendi porque ele não deixou o tal Olozor que o senhor falou, criar os remédios que são importados? Seria tão bom pro povo, não seria necessário nem mais expedições para comprá-los — Nimbus falou curioso.

— O problema está aqui — Lonios abriu os braços, mostrando todo o castelo — De onde você acha que vem o dinheiro para todo esse luxo? O Castelo da Solidão é um dos mais majestosos do mundo e os políticos de Cenferum são os mais ricos do mundo. Isso tudo vem dos impostos cobrados da população para esses remédios, escola e saúde de graça para o povo, ou seja, para a manutenção da sociedade. E, para financiar tudo isso, temos aqui a maior alíquota de imposto do mundo, mais de metade de tudo que é comercializado se refere à impostos, e o Grande Líder toma tudo para si e presta um dos piores serviços de saúde do mundo e a pior educação, você não foi doutrinado a louvar os feitos do Grande Líder? Tudo para os burocratas do governo e migalhas para o povo.

— Não entendi o que isso tem a ver com o tal do Olozor fazer remédios? Não iria mudar nada.

— Aí que você se engana Nimbus, com Olozor fabricando os remédios aqui mesmo no continente, não existe mais motivo para o Grande Líder cobrar impostos para importar tais remédios, e não será mais necessário criar essas custosas expedições para a compra desses insumos, e a arrecadação do governo iria diminuir, diminuindo assim o dinheiro para pagar o alto escalão do regime. Mas o mais importante é que o povo vai descobrir que é livre para conseguir viver sem as migalhas que o governo dá para o povo. Começa com esses remédios que Olozor quer criar, depois com as outras coisas importadas que o governo dá para o povo em troca dos altos impostos.

— Acho que agora eu entendi mestre, o Grande Líder tem medo de o povo se libertar da dependência do governo.

— Exatamente Nimbus, o alto escalão do governo enriquece em cima da dependência do povo — Lonios ficou pensativo novamente. — Mas, mudando de assunto, agora estou em um dilema, se o deixar aqui, seu treinamento estará comprometido e se eu o levar comigo não posso garantir a sua segurança, se eu recusar a proposta do Grande Líder corremos o risco de ser presos como aquele homem.

— Mestre eu estou disposto a correr o risco, esse sempre foi o meu sonho — Nimbus falou, se segurando para não chorar, quase desabando nesse momento. Seu mestre não parecia disposto a levá-lo nessa missão, talvez nem a participar dela. Sãr Lonios pareceu notar isso e falou novamente com Nimbus.

— Aqui não é a hora nem o momento de discutirmos isso, Nimbus. Vamos sair daqui e falar com Sãr Ahbran, ele vai nos esclarecer mais sobre o que está acontecendo aqui. — Lonios largou o garoto e se dirigiu para a lateral do castelo.

Vindo de uma porta lateral, um homem trajando uma armadura completa, alto, de olhos azuis claros e com uma barriga enorme, foi na direção dos dois. Quando ele se aproximou, Nimbus notou que o cavaleiro não era só grande, mas também muito forte, com braços tão grossos quanto as toras de uma árvore e um peito tão largo quanto uma porta de casa. Ele também ostentava uma barba, como Lonios, mas a sua terminava pontiaguda no queixo e era totalmente branca, assim como os cabelos. Profundas rugas se acentuavam ao redor dos seus olhos e esse conjunto de informações revelava que ele talvez fosse um homem idoso.

— Sãr Lonios, há quanto tempo velho amigo! Que prazer revê-lo — O cavaleiro cumprimentou Lonios com um aperto de mão e uma tapa nas costas.

— Sim, muito tempo velho amigo. O prazer é todo meu Sãr Ahbran Ethel, mas o que está acontecendo por aqui? Eu nunca fui chamado assim, na presença do seu Líder?

— O momento é crítico Lonios, e temo que somente você possa nos ajudar. Me acompanhe, vamos ao meu escritório, agora precisamos de privacidade. — Sãr Ahbran virou as costas e começou a caminhar.

Somente uma frase ficou pairando no ar. "O momento é crítico".

* * *

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