Nimbus e os Cavaleiros de Cen...

By RodrigoMataro

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Em um mundo onde os continentes flutuam em nuvens corrosivas e os recursos naturais são escassos, a tecnologi... More

Obrigado, este Livro tem os melhores Leitores
Prólogo (Primeira Parte)
Prólogo (Parte Final)
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24

Capítulo 3

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By RodrigoMataro

O Cavalheiro andarilho...

No caminho enquanto as vielas se tornavam cada vez mais estreitas, ele refletiu. Lembrou sobre o ocorrido naquele dia, "e se as outras naves não voltassem? Levariam meses ou até anos para construírem outras, e tão logo não aconteceria outra expedição", isso era preocupante, talvez ele não pudesse se tornar um tripulante dessas naves tão cedo como havia planejado.

Perdido em seus pensamentos, Nimbus chegou a uma casa grande, com paredes de pedras caiadas de um branco desbotado pelo tempo, imponente e velha. Suas janelas estavam com a madeira podre em algumas partes e várias reformas improvisadas tinham sido feitas, inclusive por ele mesmo, suas paredes estavam com as rochas cheias de rachaduras, onde insetos se alojavam. Enfim, a casa apesar de ser grande, forte e bem construída, estava caindo aos pedaços devido à falta de manutenção, afinal Dona Zeliudes era muito pobre e tinha que gastar grande parte do seu ordenado em remédios caríssimos. Mas, apesar disso, ela se virava bem com o dinheiro extra que arrecadava tricotando e, mesmo assim nunca forçou Nimbus a trabalhar, mesmo quando ele havia insistido várias vezes sobre isso, segundo ela, ele devia estudar e se tornar um Doutor e agora ele havia recusado essa oportunidade.

Ao entrar na sala, ele viu que a Dona Zeliudes estava conversando com um homem de feições duras, cabelo até os ombros e uma barba cerrada, que escondia todo o seu rosto. Da sua cabeça e barba se sobressaiam muitos fios brancos revelando que o homem já tinha certa idade, mas apesar disso, não era tão idoso quanto Dona Zeliudes, que era uma anciã de idade muito avançada com grande dificuldade até mesmo para caminhar. Outra coisa lhe chamou a atenção, o homem tinha uma grande cicatriz no rosto que vinha desde a testa, saltando sobre o olho chegando até a metade da bochecha, usava uma calça de couro e uma camisa de seda branca, em cima de tudo isso vestia um sobretudo vermelho de couro pesado, a peça estava surrada e dava para notar vários cortes toscamente costurados, entretanto o que mais chamou a atenção do garoto foi que o homem carregava não só uma, mas duas espadas presas na cintura, lado a lado, no cinto de couro largo, uma estava completamente enfaixada e outra mostrava que tinha um cabo de madeira gasto pelo uso, ele também não era muito alto, assim como Nimbus, mas bem mais pesado e musculoso do que se esperaria de homem normal de Cenferum. A julgar pelo seu rosto, sua idade beirava os cinquenta, mas seu porte físico era de um homem bem mais jovem.

— É esse aí? — perguntou o homem.

— É sim — Dona Zeliudes respondeu.

— Não é o que eu imaginava – falou novamente — Ele é baixo pra idade e um pouco obeso também.

— Mas é muito inteligente e o que lhe falta de tamanho lhe sobra em engenhosidade, só deus sabe quantos problemas ele me causou com essas ideias malucas que sempre tem — rebateu dona Zeliudes.

— Posso apostar que ele não é muito rápido também. — O homem o mediu de cima a baixo. — Mas tudo bem! Vai ter que servir. — Ele tirou do bolso do casaco um pequeno saco com moedas, sacudiu algumas vezes o saquinho na mão para sentir o peso e o entregou a Dona Zeliudes.

"Ela está me vendendo? Não é possível! Será que eu sou um filho tão mau assim?" ele pensou.

Quando pensou em virar as costas e fugir, notou que era tarde demais, o homem já estava caminhando na sua direção. Quando se aproximou ele chegou bem perto, segurou o seu queixo e examinou dentro da sua boca, depois olhou para um olho de Nimbus de cada vez. Deu umas batidas nos seus ombros e braços.

— Você ainda tem todos os dentes dentro da boca, isso é bom, também não é só gordura que tem nesses ossos, você até que é bem forte para a idade e esses seus olhos castanho avermelhados, parece que você descende do continente da capital do império, Victórius. Esse seu parente não é distante, mas você também não é puro-sangue. Talvez seu pai ou sua mãe sejam de lá. Mas não se anime, averiguando pela história que sua tutora me contou, muito provavelmente sua mãe seja uma prostituta estrangeira vivendo por aqui, existem muitas nos bordéis daqui.

Nimbus olhou para Dona Zeliudes que observava apreensiva a avaliação. No entanto ele não sabia o que falar e estava muito confuso com o que estava acontecendo, que história é essa da Dona Zeliudes contar da onde ele vinha? Ela mesmo o havia orientado a não revelar que não era filho legítimo dela, entretanto um fato o perturbava ainda mais.

— Por quê? Por que a senhora está me vendendo?

Antes de a velha falar o homem disse:

— Calma, não é o que você está pensando. Eu sou Sãr Lonios Drago, como vê, assim como você, meus olhos e meu tom de pele são marrom avermelhados, eu também sou oriundo Victórius — Nimbus olhou para os olhos do homem e notou que a cor era idêntica aos seus, ele só não estava entendendo a relação dos seus olhos com o país mais livre do mundo.

— Então por... por que o senhor está aqui e está pagando a dona Zeliudes? — desconfiado, o garoto perguntou com uma voz um pouco fraca.

— Bom eu fiquei sabendo que aqui nesta favela tinha um garoto que queria muito ser um cavaleiro, então como eu estava à procura de um escudeiro pensei em convidar esse garoto a se tornar meu novo aprendiz.

Nimbus não acreditava no que estava escutando, um cavaleiro estava ali na sua frente e procurando por um escudeiro, mas de repente veio à sua memória a história do bêbado no beco, porém a idosa cortou o seu pensamento.

— Eu não queria que você tivesse a mesma vida de guerreiro, assim como eu tive, você é muito mais inteligente do que eu, poderia ser um estudioso, quem sabe um Doutor, mas você não me deu escolha. Pensa que eu não sei que você se inscreveu para ser tripulante de naves? Você sabe qual a expectativa de vida dessa classe? Eu posso ser velha, mas ainda tenho os meus contatos, dos males o menor, se for para você ser um guerreiro que seja treinado por um cavaleiro.

— Desculpa mãe, eu não sabia que a senhora estava ciente da minha inscrição — Nimbus falou, olhando para o chão.

Dona Zeliudes apenas o olhou de forma dura e não respondeu, notando isso ele se voltou para o cavaleiro e voltou à sua indagação.

— Senhor, mas... mas, me disseram que somente filhos de gente rica e poderosa podem ser cavaleiros.

— Sim, cavaleiros que moram em castelos acham mais conveniente proclamar escudeiros os filhos dos nobres e fidalgos ou membros de alto escalão do governo da região, justamente para ganhar as graças dessa família ou pedir favores, mas não necessariamente é preciso ser nobre ou ter posses para ser um cavaleiro. Eu não sou esse tipo de cavaleiro, eu sou um Cavaleiro Andarilho, não tenho um Lorde para ditar as minhas missões, eu vivo a vida apenas seguindo o juramento do cavaleiro, eventualmente sou contratado por algum Lorde para servi-lo por um curto período de tempo. Mas na maioria das vezes eu viajo pelo mundo propagando meu código.

— Mas não tem que ser uma criança, para começar os treinamentos? Eu já sou quase adulto.

— Veja bem garoto, primeiro, falta muito para você se tornar um homem, segundo, ser homem é mais que uma questão de idade, mas sim das responsabilidades que você assume, você ainda vai ser adolescente e vai continuar sendo por alguns anos. Até lá você vai terminar o seu treinamento e poderá se tornar um cavaleiro assim como eu. Além disso, eu não posso tomar como escudeiro uma criança, minha profissão de Cavaleiro Andarilho não permite, se eu tivesse uma criança como escudeiro certamente ela morreria na primeira dificuldade que eu enfrentasse, você tem a idade ideal para ser meu aprendiz.

Após a explicação, Nimbus se iluminou todo em um sorriso e a felicidade tomou conta do seu corpo, seu sonho estava se tornando realidade.

— Então o que me diz? Quer ser meu escudeiro? — o homem falou, com um sorriso no rosto.

— Claro que sim, esse é o meu sonho, sempre foi — Nimbus não conseguiu segurar o choro e um largo sorriso.

Lonios se ergueu e como se tivesse fazendo um juramento falou:

— Ótimo..., então como meu escudeiro, prometo-te que se cumprir corretamente as suas obrigações de escudeiro terá comida para comer e roupa para vestir, e não te baterei, a menos que mereça. Se ajoelhe.

Depois que Nimbus se ajoelhou, o homem falou.

— Não com os dois joelhos! Você não está rezando, ponha somente um joelho no chão. — Quando Nimbus se posicionou corretamente, Lonios continuou:

— Você jura cumprir as suas obrigações como escudeiro e cumprir as minhas ordens?

— Juro!

— Ótimo, então se levante agora como um escudeiro juramentado a Sãr Lonios Drago.

Somente por ter feito aquele juramento, Nimbus já estava se sentindo mais forte do que antes, como se uma força invisível estivesse tomando conta do seu corpo.

Vendo tudo aquilo, a senhora idosa, começou a se agitar na cadeira, colocou a mão no peito em uma expressão de dor e, vacilante, começou a remexer em uma gaveta. Nimbus se apressou em ajudá-la, pegando em uma caixinha, um comprimido na gaveta ele o alcançou para a senhora, juntamente com um copo de água.

— Ela está bem? — Lonios perguntou, enquanto observava a senhora recuperar o fôlego.

— Sim, é só o mal do coração, é só tomar o remédio que passa — Nimbus respondeu.

— Estou bem sim meu filho, não precisa se preocupar — Dona Zeliudes se recompôs e falou, ainda com a mão pousada sobre o peito.

— Muito bem então. Arrume as suas coisas, só levaremos o que for imprescindível para o seu treinamento, e só o que você puder carregar.

— Senhor, mas e a Dona Zeliudes? Eu não posso deixar ela sozinha, eu tenho que comprar os remédios dela e cuidar para que ela os tome direitinho.

— Nimbus, querido, não precisa se preocupar comigo, você sabe que eu me viro, com o dinheiro que o Senhor Lonios me deu, eu vou pagar a filha da dona Francesca para me ajudar, não se preocupe, ela sempre está aqui quando você vai para escola.

Realmente a moça cuidava da dona Zeliudes fazia alguns anos enquanto Nimbus estava na escola, desde que o estado de saúde da idosa havia piorado.

— Eu dei muito dinheiro a ela, ela ficará bem. Além disso, sempre que estiver na cidade você poderá visitá-la.

Nimbus abriu um sorriso e entre as lágrimas, perguntou para seu novo mestre:

— Senhor, desculpe a pergunta, mas como o senhor me encontrou?

— Eu estava comprando carne seca para minha viagem em um açougue aqui das redondezas e o filho do dono do lugar me falou sobre um garoto que sonhava um dia ser um cavaleiro...

* * *

Lonios

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