"Desculpa?!" Olhei-o perplexa.
"Vais passar cá a noite." Disse calmamente subindo as escadas.
Quem era ele para dizer aquilo? Atirei a minha mala para o sofá furiosamente e segui-o. Só porque eu o chamei não queria dizer que me ia mudar para casa dele. As escadas iam dar a um corredir grande e espaçoso que tinha algumas portas em tom branco. Andei calmamente até a que estava entreaberta, o quarto dele. Era diferente da outra casa mas arrumado igualmente,apesar de camisolas espalhadas perto de uma poltrona, acolhedor. Zayn tirou a t-shirt e pegou numa outra quando lhe invadi o quarto.
"Eu tenho uma casa onde ficar. Leva-me a casa." Pedi-lhe tentando controlar-me.
Ele ignorou-me e continuou a escolher a t-shirt, tirou os sapatos e fingiu que eu não estava lá.
"Zayn! Leva-me a casa ou eu chamo a porcaria de um taxi!"Gritei-lhe.
As mãos firmes dele apanharam os meus pulsos e o corpo dele empurrou-me até eu sentir as minhas costas na parede. Ele estava totalmente zangado, conseguia ver isso nos olhos mais escuros e carregados de raiva.
"Tu não dás ordens! Tu vais fazer o que eu digo sem reclamar, se eu digo ficas é porque o deves fazer! Vais dormir aqui sem fazeres qualquer pergunta, entendido?!" Gritou-me.
Olhei o chão, ainda abri a boca para falar mas não saía qualquer tipo de som. Estava a tremer, estava com medo dele, sentia que iria começar a chorar a qualquer momento. A minha respiração irregular colocava-me quase enjoada com o medo que me assolava.
"Olha para mim quando estou a falar contigo Arya!" Disse ainda com o tom de fúria na voz. Os meus olhos levantaram-se do chão devagar.
Assenti a engolir as lágrimas e tentei sair do espaço entre ele e a parede fria. Mal sai do quarto as lágrimas começaram intensamente, ele era estúpido, parvo e odiava-o, porque raio tinha confiado nele?
Entrei na casa de banho e bati a porta com toda a minha força. Molhei a cara e fiquei a olhar o espelho enquanto tentava parar a estupida choradeira que insistia em ficar. Respirei fundo mas o meu corpo não entendeu que eu me queria acalmar.
"Arya?" A voz de Zayn era quase um sussurro do outro lado da porta.
"Vai embora!" Gritei-lhe.
"D-desculpa, A.Eu não queria... desculpa.. sai daí por favor."
Sentei-me no chão a limpar a cara com os braços. Nem sequer lhe respondi, estava assustada com ele e os meus nervos estavam à flor da pele, na verdade o meu único pensamento era sair dali, ir para casa e nunca mais olhar a cara daquele hipócrita. Eu pedi-lhe ajuda e ele tratou-me como o animalzinho de estimação que diz fica e ele faz o que lhe mandam. Parvo, dominador dos diabos!
"Arya por favor, desculpa." Voltou a insistir."Desculpa por tudo, por fazer o que fiz no baile, por te ter levantado a voz, por tudo."
Comecei a soluçar ainda mais. Porque raio teve ele de tocar no assunto?! Ouvi o corpo dele a deslizar pela porta e a sentar-se devagar. Tentei que ele não me ouvisse a chorar, ele tinha tocado no assunto de merda novamente e eu não estava preparada para isso. Zayn levantou-se, ouvi os seus passos durante pouco tempo portanto deduzi que ainda estivesse lá. O meu odio estava a ser susbsituido por pânico, medo e um total desespero por causa das memórias que ele tinha trazido com o assunto.
"Arya...eu não te queria pôr assim." Disse baixinho.
Abri a porta da casa de banho e olhei-o. Ele descruzou imediatamente e precipitou-se para mais um pedido de desculpas que eu interrompi. Sem pensar duas vezes atirei-me para os braços dele. Eu odiava-o mas naquele momento a realidade que ele recordou era pior do que o odio que tinha por ele. Os braços dele rodearam-me e a mão dele juntou a minha cabeça com o peito dele.
"E-eu o-odeio-te." Solucei batendo com os punhos no peito dele.
"Eu sei." Sussurrou." Tens razões para isso. Desculpa..."
"Não...tens culpa." Os soluços não me abandonavam. "Eu é que tenho"
A mão dele enterlaçou-se na minha e puxou-me pra a sala. Sentou-me no sofá, não protestei, fiquei quieta com as mãos enterradas na cara a tentar parar tudo aquilo.
Zayn dirigiu-se à cozinha e voltou em silêncio. Acendeu o recuperador de calor e voltou à cozinha. O calor que saia do recuperador tornou a grande sala fria numa sala acolhedora apenas iluminada pela luz que vinha de lá. Onde estava ele? Detestava admitir mas eu precisava dele naquele momento, o quanto odiava aquilo.
Um cheiro agradavél veio da cozinha em alguns segundos. Ele apareceu momentos depois carregando um pequeno tabuleiro na mão e duas latas de Coca-Cola.
"Lasagna?" Perguntou sentando-se junto de mim.
"Não tenho fome." Disse baixinho fungando.
Ele olhou-me, o olhar dele mostrava carinho e compreensão. Ele chamou-me com o dedo e eu aproximei-me dele, talvez com um pouco de medo. Os braços dele voltaram a involver-me, o cheiro dele era relaxante, uma mistura de tabaco com algo doce, não era mau, era perfeito.
"Queres contar-me alguma coisa?" Interrogou ao meu ouvido.
Assenti, iria contar-lhe, pelo menos parte, acho que ele deveria saber que a culpa não era dele em parte. Afastei-me um pouco e voltei a limpar a cara. Preparei-me para o que viria a seguir e como utilizar as palavras.
"Quando eu tinha 9 anos a minha irmã Andrea tinha 14, era bastante bonita, mais do que eu, e desenvolvida para idade. " Fiz um sorriso leve." Ela não era filha do casamento da minha mãe com o meu ...pai."
Engasguei-me na última palavra e ele olhou-me com mais atenção, um claro interesse no assunto. Tentei recomeçar a falar mas não sabia o que dizer.
"Arya, não é preciso contares..."
"Eu preciso de o fazer, Zayn! Preciso de tirar isto daqui para fora."
Ele assentiu e eu continuei.
"Andrea ficava muito tempo com o meu pai, ele levava-a à escola, ao parque, a todo o lado e eu quase sentia ciúmes disso." Mexi os dedos muitas vezes tentando em vão parar de tremer." Um dia nós estavamos a brincar as duas e ele chamou-a. Lembro-me que ela tinha mudado muito em alguns meses, tinha medo do pai, dizia que eu não devia ficar muitas vezes com ele, andava muitas vezes triste e só ficava animada quando brincava comigo. Nunca entendi porque ele era querido para mim."
Passei a mão pelo cabelo e respirei fundo. Zayn agarrou a minha mão que tremia de forma assustadoramente anormal.
"Nesse dia , ele chamou-a, eu pedi-lhe para ela ficar mas ela disse que tinha de ir e prometeu que voltava." Engoli em seco e reprimi as lágrimas. " Ela demorou muito e eu decidi ir ver o que se passava, apesar de não o dever ter feito."
As lágrimas regressaram, Zayn puxou-me novamente para ele.
"Para Arya. Não contes mais." Pediu baixinho.
"Ele violou-a, ele estava afazê-lo e não a deixava, ela debatia-se mas ele era mais forte. Ela não conseguia respirar e deixou de se debater a certa altura." Olhei-o com os olhos inundados." Ele gritou com ela para a acordar mas não havia sinal, ele bateu-lhe mas nada."
A cara dele tinha uma expressão de choque evidente, os olhos dele estavam fixos em mim quase sem pestanejar, vi-o a engolir em seco.
"Tu viste?"
"Sim." Solucei." Eu fugi e contei à mãe. Depois disso recebi tratamento psicológico durante algum tempo e por isso não tenho um "trauma" mas quando....me tocaste eu tive medo."
"Eu nunca te iria magoar Arya, ou obrigar-te a fazer algo que não queres." Disse rapidamente.
Não respondi, eu confiava nele,ele assustava-me com as atitutes violentas que me faziam lembrar a violência com que o meu pai tinha tentando acordar Andrea. A memória daquele dia fazia o meu pânico com violência, era uma paranoia mas eu deixei de confiar a esse nível.
"Eu não sei..." suspirei.
Os olhos dele saltaram para os meus.
"Nunca, Arya, nunca o iria fazer."
Repentinamente ele aproximou-se mais, afagou-me o cabelo e colou os lábios aos meus num beijo doce, a mão dele deslizou prazerosamente até à minha cintura onde parou. Afastou o meu cabelo e deixou os lábios dele acaraciarem cada centimetro do meu pescoço fazendo-me fechar os olhos. Quando voltou aos meus lábios as minhas mãos foram de forma automática até ao cabelo negro dele.
"Eu não te vou magoar nunca." Sussurrou mordendo levemente o lóbulo da minha orelha fazendo um gemido sair dos meus lábios.
Afastou-se um pouco e olhou-me. Os dedos dele brincaram com uma madeixa do meu cabelo enquanto uma mão me puxava novamente para ele. Colocou os pés em cima do sofá e puxou-me para o colo dele até a minha cabeça ficar encostada ao seu peito.
"Eu não iria obrigar a nada. Eu deixei-me entusiasmar no baile, foi uma atitude parva e eu peço desculpa." A madeixa do meu cabelo caiu dos dedos dele. " E aquilo no quarto foi algo que não devia ter acontecido, mas eu queria que ficasses...aqui...em segurança...comigo."
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Desculpem a demoraaaa. Mas o meu cadernito das histórias ficou na escola o fim de semana e não consegui update nadinha :)
Novamente comentem pleasee Eu gosto tanto de receber os comentários e de ver o que acham. Eu preciso disso :3 Vá lá eu amo-vos comentem :3
Anna
@nightcallzayn xx