O Acordo

By _Bluuee_

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Samantha Walker, estudante de direito e dona de um temperamento ligeiramente explosivo tem um problema de dif... More

Prólogo
Como um tribunal
Jornada da Conquista
Nascimento e quase morte de um sonho
O acordo
A melhor fonte é o ex
Extreme Makeover
Granada
Treinando abordagem
O primeiro teste
Resgate
Times Square
Lidando com a fera
Brad, o jogador
Natalie e Steven
O piano brilhante
O caderno secreto
Simplesmente Samantha
Planos em risco
Rica por uma noite
Traumas
Lembranças
Encontro com Natalie Jackson
O tempo é precioso
Sobrenomes
Explosão
A importância do "eu te amo"
Tchau, Mullins
O encontro
Stay Strong
Eu Nunca
Lar doce lar
Ideia arriscada
Toda brincadeira tem um fundo de verdade
Promessa
Friends
O privilegiado
Ex e atual
Califórnia
O certinho
Ressaca
Doran'z e bebidas
American Woman
Yellow
Ensaio
A garota do caderno
Reconciliação
The Only Exception
Mustang
NY Talent
A visita
Final
Fã número um
A conversa
A verdade
Éramos nós
Samantha e Steven
Os bons dias chegaram
Steven, o fã
Orgulho
Show
Pós-show
NOTA
Depois da fama
O antigo fã número 1
Prelúdio
Interlúdio
Poslúdio
Nota Final

I will survive

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By _Bluuee_


Eu simplesmente não acreditava em como estava atravessando a rua prestes a entrar no Doran'z. Eu não deveria ter ido. Mas como uma força sobrenatural, algo me empurrou até lá. Talvez fosse meu subconsciente disfarçado de voz de um certo ser incrivelmente lerdo e insistente me infernizando para ir, ou realmente fosse minha vontade escondida de ir e cantar.

Durante todo o caminho até meu trabalho, que pareceu mais longo que o normal, eu tinha um filme repassando na cabeça. Pensar em cantar em público me fazia lembrar de uma sequência de fatos marcantes e traumáticos. Meu pai me incentivando a cantar e a participar do show de talentos do colégio, minha mãe jogando o pequeno troféu dourado no lixo, meu irmão mais velho sempre apático e sem opinião, os aplausos e sorrisos das pessoas no colégio quando cantei, Douglas Christensen elogiando minha voz na primeira vez que nos vimos para se aproveitar de mim, Steve de olhos fechados e depois chocado ao me ouvir cantar. Eram muitas lembranças. Flashes de toda uma vida.

E lá estava eu, na porta do Doran'z olhando o pequeno espaço onde estava o microfone e seu suporte, as caixas de som e Steve de costas falando com alguém. E foi quando Mercedes, uma das filhas do meu chefe, me viu do lado de fora e sorriu acenando. Steve logo se virou e abriu um sorriso enorme que parecia ser de alívio. Ele provavelmente percebeu como eu estava travada ali na porta, então veio e abriu para mim. Assim que entrei, Doran veio falando:

- Walker, seu amigo disse maravilhas sobre você e sua voz. Eu não sei de nada, mas ele me ajudou então confio nele. Não vai servir mesas hoje, mas se cantar mal voltará a servir as pessoas. Entendido?

Ele era sempre assim, já me recebia com ordens e sermões. Apenas concordei com a cabeça e ele saiu depois de dar um tapa, que não deveria ser forte, mas foi, no ombro de Steve.

- Você veio. - foi o estapeado que falou comigo.

- Não, talvez seja meu clone, quem sabe? - eu o olhei séria, mas quando ele começou a rir perdi um pouco da minha expressão e sorri.

- É muito bom te ver de novo, Granada. - ele se acalmou. - Bom, pensei que seria legal ter um banco onde você possa se sentar e cantar. É mais confortável, não acha?

Eu o encarei por alguns segundos, tentando segurar uma pergunta que, no final, acabei falando:

- Por que está fazendo tudo isso? Por que... - os flashes me perturbaram de novo. - Você sabe que isso não é nada fácil para mim, ainda mais agora.

- Primeiro: seu chefe me procurou porque o Brad prometeu ajudá-lo, mas sumiu. Segundo: eu acho que seria bem mais legal você cantar do que servir mesas. Terceiro: isso ajudaria a lanchonete a atrair os clientes de volta. Quarto: você é minha melhor amiga. - ele arqueou as sobrancelhas e seu rosto de repente tinha uma expressão de ironia que até então eu desconhecia. - Precisa de um quinto motivo?

- Não, eu falo: você é um idiota que faz as coisas sem a minha permissão.

- Vou fingir que não gostou da ideia de cantar aqui. - Steve apontou o lugar onde eu ficaria e saiu dali com um sorriso de vitória nos lábios e se juntou a família Doran perto do balcão.

Eu não podia acreditar no complô que ele havia feito junto com os Doran, estavam todos contra mim.


Para uma sexta, o movimento estava bem fraco, mas havia alguns clientes interessados na minha cantoria que ainda não havia começado. Ou eles só queriam comer comida mexicana, como sempre.

Mas foi quando Doran me olhou atravessado detrás do balcão que soube que a hora de cantar havia chegado. Acho que ao todo havia umas doze pessoas ali, me olhando e esperando minha voz soar mais alta do que todas. Porém, mais estranho do que estar ali esperando o momento para cantar, era imaginar que eu faria isso sozinha, não havia playback ou sequer algum instrumento para me acompanhar. E então me ocorreu que ninguém havia pensado no detalhe mais importante.

Steve estava no balcão junto com os Doran, todos cheios de expectativas, quando ouvi o tapa que ele levou do meu chefe quando lhe disse para me ajudar. Agradeci Santiago mentalmente por isso. Ele pareceu procurar por algo que nem ele mesmo sabia o que era, mas em poucos instantes apareceu com um violão e um sorriso nervoso estampando o rosto. A Sra. Doran arranjou um banco igual ao meu e o colocou perto de mim, onde Steve se sentou. Ele sussurrou um "desculpe" e eu concordei com a cabeça. Entretanto, outra vez, um problema que ninguém pensou: que música eu iria cantar?

Além de lerdo, era péssimo em organização.

Eu estava nervosa, mas se estivesse no lugar daquelas pessoas comendo e conversando, e agora esperando uma garota apática cantar, estaria constrangida. Então testei o microfone e falei com os poucos ali presentes:

- 1, 2, testando... - tudo funcionava bem, então forcei um sorriso. - Boa noite a todos. - a maioria me ignorou enquanto alguns mais curiosos se deram ao trabalho de olhar. - Bom, meu nome é Samantha e... - droga, eu nem sabia o que falar. - Esse aqui com o violão é o Steve, meu amigo, e nós vamos tentar não atrapalhar a noite e a refeição de vocês. - forcei outro sorriso e ignorei Doran bufando impaciente.

Olhei para Steve e sussurrei o que ele tocaria para que eu pudesse cantar. Aquilo tudo estava bagunçado demais e eu ainda mais confusa e bagunçada, mas já estava ali sentada e com o microfone à minha frente. Eu tinha que cantar.

Ele sussurrou de volta que eu deveria cantar a música que tivesse na cabeça e ele tentaria acompanhar com algumas notas. Perfeito, um improviso logo na primeira música e na segunda vez que cantava com ele tocando. Muito tranquilo.

A música que estava na minha cabeça... Eu não fui à aula essa semana, exceto a maldita segunda-feira, mas depois que voltei de Mullins e praticamente me tranquei no quarto, fiquei ouvindo as músicas mais tristes e melancólicas do mundo. O álbum dessa manhã havia sido uma coletânea dos sucessos do Soul dos anos sessenta, e uma música estava na minha cabeça desde então.

Respirei fundo e tive a certeza de que era cantar ou cantar. Parei de pensar e cantei o primeiro verso sem nenhum som me acompanhando:

- These arms of mine... They're lonely... - fechei os olhos tentando segurar o nervoso e apenas cantar. - Lonely and feeling blue. These arms of mine... They're yearning... Yearning from wanting you...

Eu estava um pouco mais rouca do que o normal, mas me sentia bem. Incrível e surpreendentemente bem. Além do mais, eu adorava aquela música. E quando abri os olhos para as poucas pessoas ali à minha frente tinha todos me olhando de volta. Ouvi alguns acordes de leve me acompanhando e só então me lembrei de Steve me ajudando.

A música me fazia flutuar tão alto que era capaz de me fazer esquecer de tudo e todos.

And if you... Would let them hold you, oh, how grateful I will be...

Os olhares eram impressionantes. Eu tinha a atenção das pessoas só com a minha voz, era fascinante. Algumas até sorriam. Eu tinha esquecido como era cantar para mais de três pessoas. Era indescritível.

These arms of mine... They're burning... Burning from wanting you

Acabei a música ali mesmo, na metade. E alguns segundos depois ouvi alguém falar alto, das mesas do fundo da lanchonete:

- Quero te aplaudir, mas pode cantar mais um pouco?

Rimos e então eu me senti mais confortável. Entrei na brincadeira e aplaudi o cliente que ainda sorria.

- O que me sugere? - falei no microfone. Minha voz soando alto ali não era tão fácil de acostumar visto que eu não havia ensaiado. O cliente deu de ombros e riu, sem sugestões, mas falei de novo: - Alguém tem alguma sugestão? Porque, meu amigo aqui do lado - apontei Steve. - planejou tudo, mas se esqueceu das músicas. - ouvi risos além do meu. - Alguém?

Uma mulher sozinha numa mesa ao lado da enorme janela de vidro levantou o braço e falou quando afirmei com a cabeça:

- Podem tocar "She Will Be Loved"? - eu gostei do pedido, mas ela me pareceu triste. Os ombros retraídos e os olhos um pouco vermelhos.

Cochichei com Steve se ele sabia tocar aquela música e sua resposta foi positiva. Ele começou a tocar e eu a cantar e tudo fluiu bem.

Até a moça começar a chorar.

Fiquei sem ação, estava quase sentando ao lado dela e chorando junto. Ela chorava copiosamente, de soluçar. Todos aplaudiram ao final da música, mas eu prestei mais atenção na moça enxugando as lágrimas e tentando parar de chorar.

- Moça da janela? Se soubesse que iria chorar não teria cantado a música. - tentei brincar com ela, mas a mulher chorou mais e começou a falar alto, chamando a atenção de todo mundo.

- Descobri que meu noivo me traiu e marcamos de conversar aqui. Ele não vem, mas mandou uma mensagem com o trecho dessa música e pedindo perdão. Aquele desgraçado... - ela desatou a chorar mais uma vez e eu me virei de olhos arregalados para Steve pedindo socorro.

Ninguém sabia como reagir àquela situação, mas eu estava na frente. Eu pedi a música e agora teria que tentar, pelo menos, ajudar em algo.

- Bom, se ele fez isso, certamente não te merecia. - olhei para as outras pessoas. Algumas concordavam e o resto não sabia se encarava a moça chorosa ou se comentava sobre. - Como se chama?

- Mary. - ela respondeu fungando e enxugando o rosto.

- Bom, Mary, - eu precisava pensar em alguma coisa. Queria ajudar aquela mulher. Como fui de triste e isolada à garçonete cantora que faz as pessoas chorarem? - Acabei de me lembrar de uma música que é bem mais a sua cara. - pigarreei. - Vou precisar da ajuda de todos, ok?

As pessoas me olharam desconfiadas. Steve tocou meu braço e eu me voltei para ele.

- O que vai fazer? - ele perguntou segurando um riso meio nervoso e desconfiado como os outros.

- O que você queria que eu fizesse: cantar. - forcei um sorriso e voltei a olhar para as pessoas ali à minha frente. Olhei de soslaio e Doran e sua família também pareciam curiosos. - Tenho certeza que vão me ajudar nessa. Você também, Mary. Cantem todos comigo. Aposto que vão gostar. - ouvi risos juntos do meu e aquilo me fez me sentir um pouquinho mais leve. Era ótimo.

- Samantha? - Steve falou de novo e quando olhei para ele, vi-o apontar o violão.

- Relaxa, acho que não vai precisar. - respirei fundo e me senti como um personagem alto-astral e divertido quando olhei para Mary e comecei a cantar: - At first I was afraid, I was petrified... - ouvi alguns aplausos isolados e risos. - Vamos lá, cantem comigo. Kept thinkin' I could never live without you by my side... - eu também ria entre os versos. - But then I spent so many nights, thinkin' how you did me wrong... - vi o cliente de antes fazendo fazendo sinal de positivo com a mão lá do fundo e cantar junto. - And I grew strong, and I learned how to get along...

Eu não podia acreditar no que acontecia diante dos meus olhos. Todos se juntaram a mim e até Mary, a chorosa, cantou alguns versos. As pessoas se divertiam com a música e com o momento, me acompanhavam cantando e batendo palmas, e cantavam alto apontando para Mary no trecho de "I will survive". Era mágico.

E assim, de repente, eu estava sorrindo de novo. Eu também ia sobreviver.

Já era mais de uma da manhã quando o último cliente foi embora, justamente aquele que disse que só me aplaudiria se eu cantasse mais. Outros apareceram, mas não chegaram a lotar o lugar, porém mesmo assim encheram o lugar e ficamos um tempão cantando, como um coral de escola. Éramos apenas um grupo de pessoas numa lanchonete numa sexta à noite cantando e se divertindo. Eu consegui me divertir por algumas horas e era quase inacreditável.

Steve também se saiu muito bem tocando e até cantando junto algumas vezes. O repertório foi extremamente eclético, foi desde I will survive, passando por Britney Spears, Beatles, La bamba - Doran começou a cantar de lá do balcão, bem alto, parecendo um bêbado, fazendo todo mundo rir -, entre músicas que nem eu sabia cantar, mas que as outras pessoas sabiam e todo mundo se divertiu cantando junto. Foi uma noite absolutamente fantástica.

- Walker, que noite! Que noite! - Doran veio me parabenizando enquanto eu me despedia de sua esposa, que limpava o balcão. - Não sabia que cantava tão bem.

Meu chefe maluco me elogiando? Realmente, que noite.

- Obrigada. Se tudo der certo e atrair mais clientes, acho que posso fazer isso mais vezes. - sorri contida.

- Claro que vai dar certo. Já deu certo. - foi Steve quem falou, quando chegou e parou ao meu lado segurando o violão no ombro. - Eles te adoraram.

Eu sorri e teria respondido se não fosse Doran me interromper:

- Você também foi muito bem, garoto. Quero os dois aqui de novo na próxima quarta.

- Eu?

- Sim. Vocês dois são ótimos juntos. - Doran olhou de Steve para mim e continuou. - Olha Walker, estou com esperança de que esse lugar encha de gente de novo. - ele parou por alguns segundos, calado e pensativo. - Bom, agora chega, adeus para vocês. Depois de tanta cantoria, preciso descansar.

Dei de ombros e levantei as mãos em rendição. Eu também estava cansada, mas tinha uma forte sensação de leveza no peito, conseguia respirar fundo e soltar o ar mais tranquila, sem sentir aquele nó esquisito na garganta. Steve e eu saímos e acenamos para a Sra. Doran, que trancou a porta logo em seguida. Andamos em silêncio por algum tempo e eu nem notei que sorria sozinha até ele falar comigo:

- Era isso que eu queria ver. Acho que eu estava certo desde o início, não é?

Olhei-o com uma sobrancelha arqueada em dúvida e ele apontou meu rosto. Meu sorriso.

- Ah, isso. - rimos. - É, foi uma noite realmente incrível. Bem imprevisível.

- Eu sabia que seria. - ele sorria feito um bobo. Tinha com o violão apoiado no ombro direito, sem capa. Imaginei como iria embora daquele jeito.

- Você veio de moto com o violão assim?

- Não, eu vim do campus. Na verdade nem é meu, é do Josh, mas ele nem estava lá. Foi à Califórnia.

- No meio das aulas?

- Ele está mal por causa da Wendy, e rico como é, tirou uns dias para tomar sol e surfar. Josh é cabeça-de-vento, mas acho que ele gosta mesmo da sua colega de quarto.

- Eu também digo isso a ela, mas Wendy é maluca, cheia de neuras e complexos. Mas quem sabe eles não se acertam, não é?

- É, tudo leva tempo. Quem sabe até eu e Natalie não damos certo com o tempo? - nossos passos eram curtos e lentos.

Eu nem sabia para onde estávamos indo.

- Pois é, nem me contou sobre seu encontro com ela. Preciso cumprir com a minha parte do acordo depois de tudo o que fez por mim essa semana, não acha? - forcei um sorriso, mas ele não sorriu de volta. Nem tentou.

- Não foi como eu imaginei. Claro que ela estava perfeita, linda como uma rainha do Egito, mas ficou um pouco abaixo das minhas expectativas.

- Rainha do Egito?

Ele respirou fundo e soltou o ar pela boca.

- Longa história. Um dia te conto.

Dei de ombros e então paramos de andar, percebi que estávamos num ponto de táxi, mesmo podendo caminhar até chegar ao alojamento. Eu me sentia tão leve de novo que podia andar em Nova York depois da meia-noite tranquilamente por uns quarenta minutos até chegar ao meu destino.

- Bom, Steve, você pode ficar que eu vou andando. Sabe, estou me sentindo disposta a isso. - sorri e estava prestes a continuar quando ele respondeu.

- Uma hora dessas? Tudo bem que já passou da meia-noite e minha cota de gentileza com você já passou dos limites. - ele riu e segurou o violão ao lado do corpo. - Eu te pago um táxi. Sou rico, lembra?

- Pode jogar na minha cara, tudo bem. - sorri de volta e de repente me dei conta de que, mesmo com a morte do meu pai, a discussão com a minha mãe, tudo de ruim que me aconteceu no começo da semana, havia um cara incrível ali na minha frente, um cara que agora eu chamava de melhor amigo, que me ajudou demais e que eu jamais imaginaria ser amiga.

Steve era um cara legal demais para Natalie. Talvez a convivência com ele melhorasse um pouco o comportamento dela, porém a única certeza do mundo, agora mais clara do que tudo, era a sorte que essa garota tinha em ter um cara como ele apaixonado por ela.

- Lá vem um táxi, você vai primeiro. - ele ia sinalizar, mas eu comecei a falar.

- Steven Adams, se autointitulou meu melhor amigo e realmente é. - sorri ao falar e ele franziu o cenho.

- Steven? Quem é esse? - ele me interrompeu com uma ironia que não era natural dele.

- Achei que gostasse do N no final do seu nome. - continuei rindo, ele estava sendo extremamente legal.

- Eu gostava mais, agora não ligo. É que te ouvir falar meu nome corretamente soa estranho, já me acostumei com seu jeitinho caipira de dizer Steve.

- Certo, Steve. - dei ênfase em seu nome e ele comprimiu os lábios, mas riu. - Eu só queria agradecer por tudo que tem feito por mim. Achei que você tinha vindo do inferno para me perseguir com essa história de acordo, Natalie e dinheiro, mas parece que veio do céu em forma de melhor amigo. - senti os olhos lacrimejarem. - Obrigada.

- Ah, não vai chorar agora, vai? - havia um tom divertido em sua voz.

- Acho que não. - respirei fundo afastando as lágrimas que queriam estragar a noite incrível. - Posso bancar a meiga e gentil e te dar um abraço de agradecimento?

Steve apoiou o violão no chão e depois no poste de ferro onde ficava a placa do ponto de táxi. Em seguida abriu os braços mais do que o necessário e riu com aquela cara de idiota que só ele tinha. Apesar de rir junto, parei um pouco pensando na minha semana cheia de altos e baixos quando o abracei. E o que esses momentos tinham em comum era o fato de Steve estar em todos eles. Nos altos e nos baixos.

Eu tentei me soltar dele depois de um tempo, mas ele me apertou de propósito e riu.

- Eu realmente não consigo e acho que, no fundo, nem quero imaginar como seria se você não tivesse sido insistente e ido comigo até Mullins. E também se não tivesse ficado e mandado o babaca do Doug embora.

Ele me soltou e me olhou com o cenho franzido.

- Doug?

- Jack me disse que você o expulsou. - dei um soco bem de leve em seu ombro, brincando. - Valeu.

Steve apenas sorriu chacoalhando a cabeça e então sinalizou para o táxi que eu mal vi.

- De nada.

Acho que estávamos sorrindo demais, então entrei no carro amarelo e vi quando ele estendeu a mão com alguns dólares para o taxista e eu lhe disse o endereço. Logo que o carro partiu deixando Steve para trás, me virei para olhá-lo uma última vez. E lá estava ele com o violão apoiado no ombro de novo e uma pose... despretensiosa. É, talvez eu gostasse mesmo dessa palavra.

Daquele jeito, e exatamente daquele jeito, ele tinha o perfil físico de alguém que Natalie poderia ter ao lado. E de repente, como numa fração de segundo, senti inveja dela.

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