Grávida?
Katherine estava grávida?
Meu coração pulsava violentamente contra meu peito. Minhas mãos estavam trêmulas e sentia gotículas de suor formando-se em minhas costas. A imagem do quarto de Katherine sumiu e em segundos estava de volta à cozinha de Andrew, sentada próxima à bancada com Jacob ainda ali, fitando-me com atenção.
— E então? — ele perguntou.
Engoli em seco. Minha boca estava aberta, já que no momento estava difícil respirar normalmente.
— Por favor — implorei, tentando regular minha respiração novamente, aparentando ser um ato em vão — me fale o que realmente aconteceu.
Jacob respirou fundo e olhou atentamente para mim pela última vez antes de finalmente abrir a boca:
— Você morreu em Outubro de 1837 — começou — na clareira de um bosque próximo à sua casa, em Castle Combe. Logan contou ao clero sobre o seu romance um dia antes de sua morte. Gabriel, Miguel e todos os outros arcanjos mandaram os anjos da morte à sua procura, e quando acharam-na, souberam de imediato que você estava grávida. Grávida de um anjo.
Respirei fundo ao ver uma imagem difusa, porém relativamente clara invadir a minha mente: dois homens vestidos em túnicas brancas, seguravam lanças reluzentes e, com um movimento rápido e preciso, cravaram ambas as armas em meu peito. Senti uma dor aguda e breve, e levei os dedos institivamente ao peito, no mesmo lugar onde há uma pinta razoavelmente pequena. Fora ali que as lanças haviam sido enterradas.
— Você sabe o quanto aquilo foi grave? — continuou Jacob — uma humana grávida de um anjo! Se você não estivesse esperando um filho, talvez as consequências não seriam tão graves. Talvez tivesse apenas suas memórias em relação à Andrew arrancadas de você. Talvez não estaria agora presa em um carma.
Dessa vez foi Jacob que engoliu em seco antes de prosseguir:
— Eu não podia intervir, então apenas fiquei assistindo tudo como um mísero espectador. Agonizando. Nós, anjos da guarda, realmente criamos um vínculo com quem protegemos. E vi você crescer, Amy. Cuidei de você, mesmo de longe. Não conformava-me que o clero faria aquilo; tirar a sua vida tão subitamente. Foi a gravidez.
— E o que há realmente de errado em um humano engravidar de um anjo?
O punho de Jacob pousou sob a bancada, juntamente com seus olhos. Após alguns segundos, virou novamente o rosto para encarar-me. Dessa vez, uma expressão sombria tomou conta do semblante de Jacob.
— Andrew não contou nada a você? — perguntou.
Meneei a cabeça em negativa.
— Bem — respirou fundo, passando a fitar o teto — quando os anjos engravidam as mulheres, seus filhos chamam-se nephilins — "isso eu sei", pensei — Ou pode simplesmente chamá-los de gigantes. Os nephilins foram uma raça nojenta que habitou a Terra por um curto período de tempo. Eles eram simplesmente repugnantes. Lembro-me que chegaram ao ponto de comer os humanos, quando as comidas na Terra não os satisfaziam. Por isso, o clero convocou os melhores anjos para uma pequena guerra com um único objetivo: exterminar os nephilins. Por sorte foram todos mortos.
— Quase todos. — murmurei.
— O que quer dizer?
— Há um nephilim trabalhando para Andrew, no castelo.
— Não oferece nenhum risco. — disse Jacob, mais para si próprio do que para mim — mas você entende agora? — perguntou, com os olhos em mim novamente — você não podia ter aquele filho. Por isso o carma, a sua morte, a caída de Andrew... foi um castigo, para lembrarem-se sempre do pecado que cometeram.
— Andrew sabia? — perguntei hesitante — ele sabia do filho que a Kathe... eu. Que eu estava esperando?
— Não. — respondeu Jacob prontamente, como se estivesse a espera da pergunta — E não sabe disso até hoje.
— E quanto a Marie? Oráculo?
Jacob respirou fundo mais uma vez e sorriu.
— Você vai acordar agora, há uma visita esperando-a em seu quarto. — Jacob disse.
Antes que eu pudesse indagar sobre o que ele estava falando, Jacob sumiu.
***
Acordei subtamente, com mãos frias segurando fortemente meus braços expostos. Sentei-me rapidamente sob a cama, esperando minha visão focar em algo brilhante na escuridão. Tive que conter um grito no fundo da minha garganta ao ver que era apenas Beth sorrindo para mim. Mas o que ela estava fazendo no submundo? E o mais importante: por que ela está brilhando?
— Beth? — indaguei com a voz falha e rouca — o que você está fazendo aqui?
— Eu morri! — exclamou ela, ainda com um sorriso no rosto.
Engasguei por um momento tentando conter uma risada.
— Ainda estou sonhando, certo?
— Claro que não! — esbravejou Beth — agora sou uma criatura ectoplasmática que estará aqui todas as noites para puxar o seu pé.
Fiquei séria de repente.
— Estou brincando! — bradou — Devia ter visto a cara que fez! Mas a parte de que estou morta, é verdade.
— Claro que estou sonhando! — eu disse para mim mesma — Beth com certeza não aparentaria estar feliz se estivesse morta.
— Bom, estou mesmo feliz. Estava cansada de pagar a merda daquele aluguel.
Deixei uma risada escapar em seguida.
— Beth não soltaria um palavrão.
— Eu estou morta, tenho o direito de dizer o que quiser.
— Uau. É, estou sonhando. Com licença, preciso acordar.
— Amy, precisamos conversar. Aquele anjo simpático, Jacob, me deu apenas um pouco de tempo para esclarecer algumas coisas a você. Depois vou diretamente ao limbo.
De repente, minhas memórias vieram à tona. Oráculo. Marie. Beth.
— Então? — eu disse, como se estivesse pedindo para que ela prosseguisse.
— Eu também estou presa ao seu carma — ela começou — Ou pelo menos estava — deu um breve suspiro — tudo começou em... — fechou os olhos e passou a contar os dedos em silêncio.
— Em 1837. É, eu sei. Continue.
— Isso. Eu trabalhava para a família Johnson. A família era dona de várias casas em Londres, as quais serviam como prédios comerciais. Ou seja, a pequena fortuna da família era resumida em aluguéis dessas casas. E eles viviam bem. Muito bem. — respirou fundo — na casa, moravam o sr. Johnson, chamado apenas de Richard por sua esposa. Sua esposa, a sra. Carlota era espanhola. Bonita, muito bonita. Tinha vezes que misturava palavras em espanhol com as inglesas — Beth sorriu brevemente — com o casal, morava ainda a sobrinha Molly, a órfã. E por fim, Katherine, a única filha do casal. Sr. Johnson afundou-se em dívidas, por isso o casamento arranjado de Katherine com Logan Peters, o jovem rico que surgiu "magicamente" na cidade. A educação de Katherine era minha obrigação, por isso éramos muito unidas. Após o baile de noivado de Katherine, onde o noivo não compareceu, percebi o quanto estava diferente. Mais feliz, com um brilho quase imperceptível no olhar. Após algumas semanas, resolvi perguntar o que estava acontecendo que estava deixando-a mais animada. Por um momento, imaginei que fosse o sumiço repentino do noivo, que desde o fracasso do baile, não havia dado as caras. Mas ela contou-me que havia conhecido outra pessoa.
— Andrew. — murmurei sorrindo.
Beth assentiu, acompanhando-me no sorriso:
— Percebi que ele estava fazendo bem a ela, e resolvi contar sobre meu dom, e que se ela quisesse, poderia dizer-lhe algo sobre o seu futuro. Quando ela disse o nome do rapaz o qual estava apaixonada, eu soube no mesmo instante sobre a gravidez. E eu sabia os riscos que ela estava correndo. Ela estava carregando a verdadeira essência do mal no ventre. Não demorou muito para que ela fosse morta. Os anjos mataram-me em seguida, pois eu sabia demais ou algo assim. A verdade é que os arcanjos não gostam muito dos oráculos, cartomantes, adivinhas... consideram-nos como bruxas. Eu até gosto. — disse devagar e pausadamente — Bru. Xa. Soa bem.
Respirei fundo.
— Então você é mesmo a Marie?
Beth sorriu fazendo uma breve reverência, como se fosse satisfatório ouvir aquele nome.
— Sim, sou. — respondeu.
— Se tudo isso não for mesmo um sonho então você...
— É, estou mortinha.
— Meu Deus, Beth...
— Ei, calma — ela disse, pousando a mão fria em meu ombro, fazendo-me sentir mais triste o possível — eu estou bem. Eu já estava velha mesmo. — Percebi que seu olhar estava agora no colar que a mesma havia me dado há um tempo atrás e sorriu mais uma vez — continue usando esse colar, independente do queaconteça.
— Por que? — perguntei — na minha última visita, não explicou o por quê.
— Ele protege você. É como um disfarce para que os anjos da morte não achem sua localização. Achei alguns grimórios e consegui realmente conjurá-lo. Por isso ainda está viva.
— Beth... — minha voz já soava embargada. "Merda merda merda merda não chore não chore."
— Por favor, não chore. — retirou a mão do meu ombro e passou a abanar a mão em frente ao rosto — bem, gostaria de ficar aqui papeando e contando mais sobre o passado, mas meu tempo acabou. Sinto muito. Preciso agora seguir a luz.
Consegui rir, mesmo sabendo que não deveria.
— Obrigada. — eu disse enfim — Obrigada por tudo.
Mas Beth já não estava mais ali.
Ouvi batidas na porta e senti meu corpo enrijercer-se no mesmo momento.
— Sou eu. — gritou Charlotte do outro lado — estou entrando!
— Oi. — consegui dizer quando Charlotte adentrou o quarto, indo em direção às cortinas, abrindo todas, deixando a claridade do dia nublado lá fora entrar também.
— Espero não ter acordado você. Sr. Andrew pediu para eu fazer as limpezas nos quartos cedo, falta apenas o seu. — virou corpo e parou os passos abruptamente ao encarar-me — Amy? Está tudo bem?
Passei os dedos por minhas bochechas. Não havia percebido até então que meu rosto já estava encharcado pelas lágrimas, que atreveram-se a cair.
— Sim, está — consegui mostrar um sorriso — só estou com saudades de uma amiga.
***
As horas passaram-se depressa. Resolvi continuar trancada no quarto, recusando descer e ir para o almoço. Precisa ficar ali, sozinha, pensando um pouco em tudo. Tentando organizar meus pensamentos confusos e aleatórios, que gritavam ao meu ouvido e giravam incansavelmente na minha cabeça.
Passava do meio-dia quando Charlotte voltou ao meu quarto, segurando em uma das mãos um pote enorme de sorvete de chocolate e na outra, duas colheres.
— Não tenho certeza se precisa mesmo de companhia — disse ela, um tanto hesitante — de qualquer forma, estou acompanhada. — levantou o pote para dar ênfase.
Sorri enquanto pegava uma das colheres. Não queria expulsar Charlie do quarto. Ela é sempre tão querida e adorável, e sua companhia é a melhor, sem dúvida.
Nos sentamos sob a cama. Esperei pacientemente para tirar a primeira colherada de sorvete do pote, enquanto Charlotte retirava a tampa com o maior cuidado, de forma até mesmo exagerada.
— Estou aqui por um motivo. — disse Charlie de repente.
Enchi minha colher com uma quantia considerável de sorvete.
— E qual é o motivo?
— Garotos. — respondeu prontamente, fazendo-me bufar em resposta — o quê? Achava que era isso que meninas faziam. Compravam sorvete e ficavam falando sobre garotos.
— Margot e eu não fazemos isso — eu disse, meio soando melancólica, lembrando-me da companhia de Margot — bom, fizemos isso uma vez. Foi estranho. Me senti em uma daquelas séries adolescentes.
— Para tudo há uma segunda vez. — disse Charlotte, acompanhada de um risinho breve. — comece você. Aconteceu algo entre você e sr. Andrew depois que foi ao quarto dele? — acho que senti certa malícia em suas palavras, porém tentei ignorar.
"Bom...", pensei "tenho que falar. É agora."
— Ele me beijou. — eu disse baixo demais.
— O quê?
— Ele me beijou. — repeti, dessa vez um pouco mais alto. Foquei na minha colher ainda repleta de sorvete e esperei pela reação de Charlie.
— Ele fez o quê?! — gritou Charlotte — Eu sabia! Sabia que isso ia acontecer!
— Não exagera.
— Vocês vão finalmente ficar juntos?
Engoli o sorvete que ainda estava na minha boca e tornei a encarar o pote. Não sabia o que responder. Iríamos ficar juntos? Eu ao menos gostava dele a esse ponto?
— Eu não sei — admiti — ainda é confuso. Não sei o que realmente sinto por ele... e ele também não alívia! Andrew se declarou para mim na cozinha, ou pelo menos acho que foi uma declaração. — suspirei — tem vezes que ele se aproxima, mas de repente, ele se... afasta.
— Na cozinha? Achei que sr. Andrew fosse mais romântico...
— Charlie...
— Desculpe! — Charlotte colocou as mãos em frente ao corpo, mostrando um sorriso forçado em seguida — ok, acho que sei exatamente por que ele é assim.
Voltei a encarar Charlotte, esperando que ela prosseguisse.
— Bom — continuou — você sabe, vocês nunca ficaram juntos realmente. Quando se conheceram, você morreu. Na segunda vez que se encontraram, morreu de novo. E na terceira...
— Morri. Eu sei.
— Então — encheu mais uma colher com o sorvete — Ele não sabe como agir quando está com você. Acho que sr. Andrew tem um pouco de medo. Mas por favor, não conte isso a ele.
— Medo?
— Medo de perdê-la novamente. É tão óbvio, Amy. Ambos apenas precisam sentar e conversar. Se conhecerem. E dizer a ele "não se afaste, seu covarde."
Abri e fechei a boca, mas não consegui dizer algo. Fiz isso mais algumas vezes, mas continuei em silêncio. Charlotte estava certa, precisávamos conversar.
— E então — disse ela, largando a colher — será que Joseph é gay?
***
Durante a tarde, Margot e Lucy mandaram-me inúmeras mensagens de parabéns. Tentei responder todas, porém minha mente não estava ali. Minha mente estava em Andrew, enquanto o mesmo retirava tralhas de dentro da estufa.
Na verdade, era a segunda vez que via-o na estufa retirando coisas e martelando. Eu ainda estava no quarto, na varanda, observando-o de longe.
A imagem de Andrew sem camisa carregando coisas estava distraindo-me completamente. Tentei imaginá-lo por um momento sem todas aquelas tatuagens nos braços, porém simplesmente não consegui. Combinavam tanto com ele. O piercing no lábio inferior também combinava. De longe, não conseguia capturar com os olhos todos os detalhes, mas ainda assim era único vê-lo carregar todas aquelas coisas, parar um pouco, respirar fundo e entornar a garrafa de água, que vez ou outra jogava um pouco do líquido pelo o próprio corpo.
Saí da varanda quando por um curto momento, Andrew levantou o olhar. Como se estivesse sentindo que eu estava fitando-o de forma nada discreta.
Para tentar esconder minha vergonha por ser quase pega no flagra, decidi ir à biblioteca. "Ler um livro seria melhor", pensei.
***
Uma cópia gasta de Hamlet foi a primeira coisa que achei em meio aos livros empoeirados. Havia lido o livro e inclusive, encenado uma fracassada peça no ano passado, fazendo-me enjoar de cada palavra escrita ali.
Corri os dedos pelos livros novamente, lendo-os com rapidez, pois estava ansiosa para que finalmente eu começasse a ler.
Acabei por achar o livro Lolita, cujo o qual ouvi comentários maravilhosos vindos da minha professora de inglês. Sempre achei ela meio doida, mas vou dar uma chance para a obra.
Sentei-me à uma das mesas vazias que ali estavam e comecei minha leitura silenciosa.
"Entre os seus romances publicados ao longo do século XX, sem dúvida que o mais célebre é Lolita, no qual se descreve a relação amorosa entre um intelectual de meia-idade e uma jovem de 12 anos." Ok, isso é bizarro.
— Por que está lendo isso? — indagou alguém próximo de mim. Levantei um pouco os olhos para deparar-me com um Andrew ainda vermelho e suado.
— Meu Deus, Andrew! — esbravejei — não me assuste assim! Nem vi você chegar.
Andrew olhou para mim enquanto eu via uma de suas sobrancelhas arquear.
— Claro. Está lendo essa bizarrice. — resmungou.
— Bom, eu gostei um pouco do título — defendi-me — e a capa também chamou-me a atenção.
— Julgando um livro pela capa? — estalou a língua enquanto afastava-se, recostando os quadris na mesa do lado aposto em seguida — isso é tão errado, Amy.
— Não acho que seja errado. Mas então, já leu esse livro?
— Sim. Duas vezes. E não recomendo a outra pessoa.
— E o motivo seria...?
— É simplesmente... bizarro. Acho que recomendaria caso você fosse ler vendo sempre o lado psicológico da história — cruzou os braços — e não romantizar. De qualquer forma, Lolita é considerado um clássico. Se tem mesmo coragem, continue a leitura.
Suspirei.
— Acho que esse seria um livro ideal para Margot. — eu disse lembrando-me mais uma vez da presença da minha melhor amiga.
Andrew pousou os dedos no queixo, como se estivesse pensativo.
— Por que? — indagou — ela é algum tipo de pervertida?
— O quê? Claro que não. Mas você disse sobre o lado psicológico da coisa. Margot não gosta de ler, mas provavelmente, este seria um livro ideal para prender a atenção dela. — pousei o queixo na palma relativamente suada de minha mão — Beth concordaria comigo quanto a isso.
Beth... a ficha não queria cair. Aquela visita no meu quarto de manhã, foi a última vez que nos vimos. Última vez. Senti um aperto no coração e logo em seguida, sabia que as lágrimas mais uma vez iriam vir à tona. Mas eu não podia chorar na frente de Andrew.
— Beth? — indagou, ainda atento ao meu rosto.
— Uma amiga — consegui sorrir, mudando o tom da voz novamente; dessa vez ligeiramente tristonha demais e embargada demais. A quem eu quero enganar? Eu precisava chorar, gritar, espernear... — o oráculo.
De relance, vi a boca de Andrew formar-se em um pequeno "o" perfeito, meneando a cabeça em seguida. Olhei para minha mão esquerda repousada sob o livro e simplesmente deixei que as lágrimas caíssem. Uma a uma, encharcando minhas bochechas. Meu ombros tremiam, devido aos soluços que estavam começando a ficarem audíveis.
Percebi quando um corpo ajoelhou-se ao meu lado, pousando a mão grande e pesada em meu ombro, como se tentasse em vão fazer com que os soluços diminuíssem, até finalmente sumirem.
— O oráculo... bem, ela...?
— Sim. — concordei, adivinhando que Andrew perguntaria aquilo que eu definitivamente não queria ouvir.
— Eu sei que o momento é inoportuno — Andrew disse calmamente — mas vim convidá-la para estar na estufa hoje, às oito. Ok?
— Ok. — consegui responder, sabendo que de qualquer forma, eu não poderia dizer não.
Andrew pegou em minha mão e beijou cada nó dos meus dedos; direcionou a boca ao meu braço, depositando beijinhos breves e indiscutivelmente carinhosos.
— Eu vou ficar aqui. — sussurrou.
E ainda desfazendo-me em lágrimas, virei o corpo para abraçá-lo. Envolvi os braços em sua nuca e deixei que os soluços fossem abafados na pele relativamente quente de Andrew.