Contrato de Destino

By KassColim

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[LIVRO 1] Este é o primeiro livro da Série Vórtex. [Romance/Fantasia] Um contrato foi selado pelos... More

S I N O P S E
Palavras da Autora
G L O S S Á R I O
P R Ó L O G O
C A P Í T U L O 1
C A P Í T U L O 2
C A P Í T U L O 3
C A P Í T U L O 4
C A P Í T U L O 5
C A P Í T U L O 6
C A P Í T U L O 7
C A P Í T U L O 8
C A P Í T U L O 9
C A P Í T U L O 10
C A P Í T U L O 11
C A P Í T U L O 12
C A P Í T U L O 13
C A P Í T U L O 14
C A P Í T U L O 15
C A P Í T U L O 16
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C A P Í T U L O 18
C A P Í T U L O 19
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C A P Í T U L O 43
N O T A D A A U T O R A

C A P Í T U L O 42

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By KassColim

Uma noite mágica

          Anton segurou o meu braço e começou a me arrastar. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo. Ele estava com raiva? Ele iria me matar? Por que estávamos saindo da tenda? Algumas lembranças começaram a deixar a bagunça da minha mente ainda maior. A perna da vampira quebrada, todas as coisas que ela disse...

          ― Não! ― falei alto puxando o meu braço, balançando a cabeça negativamente. ― Eu não vou com você.

          Seus olhos me perfuravam quando ele parou.

          ― Avigayil está nos aguardando para o ritual, mas se está desistindo, terá de avisar a ela ― advertiu secamente indicando mais à frente onde ela nos esperava ao lado de Eleonora, Vincent e dos meus pais.

          O ritual, ele estava me levando para o ritual... Mesmo depois de todas as confusões daquela noite, Avigayil ainda o faria. Saber disso era quase como um bálsamo após a tempestade.

          Certo, nós tínhamos que fazer isso. Endireitei-me, me forçando a afugentar qualquer pensamento desagradável. Lançando um último olhar para ele, anuí e dei um passo à frente. Caminhamos um ao lado do outro, passando pelos seguranças que circundavam a tenda, até Avigayil. Eu tinha sorte por ter a leveza inerente a uma fada, caso contrário, meus saltos afundariam na grama enquanto seguíamos pela trilha demarcada por murtas e tuias.

          O céu estava perfeito apesar de não haver estrelas, a lua cheia que brilhava esplendorosamente na noite pesada e escura, deixava tudo ainda mais belo e misterioso. O ar soprava suave, porém, frio, trazendo de todos os cantos o agradável cheiro das orquídeas perfumadas daquele jardim. Abracei os braços e inspirei fundo aproveitando a excêntrica fragrância noturna, uma mistura doce e, ao mesmo tempo, selvagem.

          Já estávamos distantes da tenda em que acontecia a festa quando percebi que nos encontrávamos rodeados por altas cercas-vivas. O caminho de murtas dera lugar a outro guiado por velas, e estas, nos levavam a um grande círculo projetado pelas suas chamas fulgurantes, no qual estava montado um altar de pedra. Após nos posicionar em frente a ele, Avigayil dera a volta ficando do outro lado, enquanto meus pais, Eleonora e Vincent pararam um pouco mais atrás, a uma certa distância, cada um ao lado de seus respectivos filhos.

          Ao proferir algumas palavras mágicas, Avigayil fizera se revelar sobre a mesa de rocha, o contrato ainda enrolado, duas antigas taças de ouro e uma bainha de veludo vermelho, onde jazia em cima uma adaga de cabo trabalhado e lâmina reluzente muito fina. Ela desenrolou o contrato sobre a pedra, suspirou fundo e abriu um sorriso terno nos lábios.

          ― Preciso da sua mão direita ― pediu estendendo a mão para mim. Eu não sabia o que ela pretendia, mas só de ver aquela adaga ao lado dela, já não gostei muito da ideia. ― Confie em mim, minha linda, não há o que temer.

          Receosa e hesitante, com a mão fechada, a levei até a dela. Avigayil virou o meu pulso para cima e subiu a manga rendada, deixando minha pele exposta. Então, virou-se para o Anton com o mesmo gesto.

          ― Sua mão esquerda, Anton. ― Em vez de levar a mão até a dela, ele rapidamente subiu a manga do paletó, e abriu o punho da camisa, dobrando-o para cima. Avigayil soltou uma risada, e ainda olhando para ele, continuou: ― Você fará a abertura do contrato com o seu sangue, e você ― voltou-se para mim ―, com a sua luz. Coloque a sua mão sobre ele, e projete a sua energia.

          Eu já havia feito isso, então não foi difícil. Fiz o que me fora pedido, já o Anton, mordeu o pulso e o colocou por cima do Contrato permitindo que algumas gotas de sangue caíssem sobre ele. No mesmo instante, um vento tempestuoso soprou e envolveu nossos corpos, nos tornando o centro de um vórtice enquanto letras negras, sólidas, começaram a se revelar no pergaminho, e acima delas, flutuando no ar, letras douradas passaram a cintilar o igual inscrito.

          ― Virem-se um para o outro, e deem as mãos ― ordenou ela.

          Nos viramos, ele, sério demais, e eu, me condenando por não conseguir abandonar seus olhos álgidos. Anton levantou as duas mãos e eu levei as minhas de encontro as dele. No instante em que nos tocamos, a lua sumiu, e o céu escureceu. O redemoinho à nossa volta se expandiu, e todas as velas foram apagadas antes que ele cessasse.

          O silêncio, o vazio, e a escuridão nos abraçou.

          Por um segundo senti um medo inexplicável de ficar sozinha, medo de que ele soltasse a minha mão. Creio que até cheguei a tremer por isso, mas ao contrário dos meus medos, Anton me segurou mais forte, e à medida que eu o agarrava com a mesma intensidade, pequenos raios surgiam no horizonte, e logo se tornaram tão grandes que passaram a cortar o céu inteiro, de um lado a outro, até que em poucos segundos se concentraram sobre nós.

          O vento voltou ainda mais impetuoso, nos cercou e me empurrou para cima do Anton. Quando a tempestade que vinha do céu, se juntou à terra, fazendo-a tremer, segui o meu instinto e passei o meu braço ao seu redor, e ele não demorou para me abraçar firme contra o seu corpo.

          Os raios nos circundavam entremeio a um redemoinho revolto, em uma dança que trouxera a chuva em sua forma mais violenta. Comecei a sentir algo apertando as minhas pernas por cima do vestido, que logo passou a rastejar pelo meu corpo, subindo e se espalhando aos poucos para os meus quadris, costas e cabeça. Eram tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, que só quando esse algo chegou aos ombros do Anton, que percebi ser ramificações, as quais subiam da terra nos enlaçando e nos unindo.

          Aumentando a pressão dos meus braços à sua volta, fechei os olhos e apoiei minha cabeça em seu peito, enquanto ele encostava a sua na minha, ao passo que sentíamos os ramos nos cobrirem. Apesar de saber que o céu estava desabando e o chão se abrindo, eu nunca me senti tão segura. Afundei o meu nariz nele, inspirando o seu perfume, aproveitando cada contato e cada sensação que ele me provocava.

          Não tinha ideia de quanto tempo permanecemos daquele jeito, mas somente quando senti o aperto de nossos corpos se desfazer, que ousei abrir os olhos e encarar o que restava à nossa volta. Para a minha surpresa, estávamos embalados em uma enorme bolha de luz dourada, que se expandia através do meu corpo.

          Aos poucos a luz foi diminuindo até desaparecer. Não havia mais raios, não havia vento ou chuva. No céu negro a lua reapareceu, e no chão as velas se reacenderam. Não havia nenhum sinal do caos que passara por ali, nem roupas molhadas, nem terra revirada.

          Só quando Avigayil soltou uma risada sucinta, que percebi que ainda estava agarrada ao Anton como se a minha vida dependesse disso. Mais do que depressa o soltei sem ter a mínima coragem de olhá-lo. Foi então que a minha atenção fora diretamente para o Contrato. As palavras brilhantes que pairavam sobre ele, se fundiam às palavras escuras no pergaminho, fazendo com que todas elas se tingissem de vermelho.

          Pegando as duas taças de ouro, Avigayil colocou uma na frente de cada um de nós, então novamente pediu o pulso esquerdo do Anton. Ao estendê-lo, ela o segurou com uma mão e com a outra, pegou a adaga. Apesar da cena aflitiva que se seguiu, ele continuava incrivelmente imperturbável, enquanto eu, estava quase desmaiando só de olhar.

          O corte que ela fizera nele foi profundo, e logo o seu sangue passou a jorrar para dentro da taça. Avigayil pegou um tipo de bracelete com algumas garras internas e o encaixou no pulso dele, como se para manter a ferida aberta, então, se voltou para mim, pedindo o meu pulso direito.

          Não mesmo que eu ia fazer aquilo, neguei com a cabeça freneticamente.

          ― Agora, mais do que nunca, preciso que confie em mim ― falou ela me olhando nos olhos.

          Mas que droga! Já não bastava tudo aquilo ser perturbador, também seria doloroso.

          Eu não tinha saída, já havia ido muito longe para voltar atrás. Exalei fundo, começando a tremer antecipadamente pela dor, mas fiz o que ela me pediu. Quando senti a fina lâmina cortar a minha carne e atingir a minha veia, só me restou morder o lábio tentando segurar ao máximo o choro e o grito de dor que eu queria soltar. Ela posicionou o meu pulso em cima da taça, para onde o meu sangue também passou a escorrer. Eu queria fechar os olhos para evitar aquela cena, mas a dor e o desespero eram tão grandes, que eu tinha receio do que poderia acontecer caso não ficasse vigilante.

          Ao voltar-se para o Anton, ela retirou o bracelete de seu pulso, e então, segurando-o por cima da manga da camisa dobrada, o elevou para mim. Não entendi aquilo, eu já estava ficando zonza de tanta dor, e esta não me permitia pensar em nada. O que eu devia fazer?

          ― Só uma gota, e a dor passa ― declarou Avigayil com um sorriso indulgente.

          Era para eu beber o sangue dele?

          Sem ponderar aquela ideia absurda, fui guiada pelo instinto do desespero e acabei passando a língua pelo pulso do Anton, o olhando de lado, um tanto apreensiva. Ouvi seu suspiro exasperado, enquanto o gosto levemente salgado me preenchia a boca, e tão logo, como mágica, a dor foi diminuindo até se extinguir de vez, à medida que o corte na minha carne se fechava inteiramente.

          Apesar de ser um pouco nojento, aquilo realmente foi incrível.

          Avigayil estendeu sua própria mão para cima do Contrato e passou a adaga em sua palma antes de colocá-la sobre ele. Então fechou os olhos, e com a mão livre, agarrou a pedra de seu colar começando assim, uma prece sussurrada.

          Uma brisa gélida passou por nós, mas fora tênue e fugaz.

          Presa a um clamor fervoroso, Avigayil pegou as duas taças e as elevou para o céu.

          ― Ac Aine Chraos et potestas data est mihi, ut essem vobis in perpetuum unio fetus ― enunciou em tom alto, e depois em um tom mais baixo, inúmeras vezes.

          Ela abriu os olhos e estes estavam completamente brancos. Sem abandonar as palavras, Avigayil posicionou a taça com o sangue do Anton à minha frente, e a com meu sangue na frente dele. Sua cabeça pendera para trás e ela ficou em silêncio, quando voltou, seus olhos tinham voltado ao normal, mas ela ainda parecia estar em uma espécie de transe.

          ― Bebam ― ordenou ela.

          O quê? Eu tinha de beber o sangue dele de novo?

          Experimentar uma gota era uma coisa, agora virar tudo aquilo já era demais. O sabor e a textura não eram ruins, difícil era a consciência do que eu estava ingerindo. Olhei para o Anton, que já terminava de beber o meu sangue e parecia ter dificuldades para larga a taça.

          Aquilo... era realmente esquisito.

          Hesitei, mas logo me veio a voz da consciência me lembrar que seria muito estúpido da minha parte cancelar tudo aquilo só por não ter coragem de virar uma taça de sangue. Eu até já tinha permitido que me cortassem. Então, exalei fundo e rapidamente tomei todo o sangue dele, me permitindo sentir o gosto apenas no final.

          ― Nunc ― continuou Avigayil ―, non convenire in unum, uno animo, una vita.

          Eu não sabia ao certo o motivo, mas apesar de não entender suas palavras, meu peito estremeceu ao ouvi-las. Com um gesto ela nos indicou que deveríamos nos virar um para o outro mais uma vez, e assim fizemos. Olhar para o Anton nunca havia sido tão difícil, tão confuso. O meu coração que já estava abalado demais, praticamente morreu, para em seguida, ressurgir das cinzas como uma fênix.

          Os olhos dele estavam vermelhos e pareciam ainda mais vívidos através do cintilar das chamas das velas, os seus lábios ainda possuíam vestígios de sangue, e por mais absurdo ou estranho que fosse, eu nunca o vi tão lindo. Aquela era a verdadeira face do vampiro que se tornara o meu marido, e eu não conseguia sentir nada além de fascínio e atração pelo ser tão primitivo, tão sombrio que ele era.

          Uma voz ínfima dentro de mim, me pedia para fugir, enquanto outra, mais forte e determinada, me reascendia a compaixão. Ela me instigava a querer com todo o ardor da minha alma, acalentá-lo, tocá-lo, e beijá-lo, mesmo que isso fosse o meu último ato em vida.

          ― Agora, vocês pertencem um ao outro para sempre, uma única alma, uma única vida ― ressoou a voz de Avigayil.

          Mesmo não querendo desviar meus olhos dele, fui obrigada a olhar para ela. O Contrato à sua frente começara a flutuar, e em instantes pegou fogo até se desfazer em pó.

          ― Este casamento é eterno, e jamais poderá ser desfeito ― finalizou ela sorrindo.

          Virei-me para frente e quase caí, acometida por uma súbita tontura que fizera o ambiente rodar, e seguidamente, ficar nítido, nítido demais. Era quase inacreditável a precisão de detalhes que eu conseguia ver mesmo no escuro, e de longe. As chamas das velas pareciam tão nervosas e intensas quanto o sol em seu ponto máximo.

          Algo de muito estranho estava acontecendo comigo.

          Eu ouvia vozes distantes, e elas se misturavam a todos os sons do jardim, desde o chirriar da coruja até o leve raspar de uma folha na outra. Corações batiam, o sangue corria nas veias, e as respirações eram absurdamente altas. Os cheiros eram enlouquecedores, se misturavam as fragrâncias naturais, fisiológicas, às essências sintéticas, mas ao mesmo tempo, eu sabia definir cada um deles.

          Era como se o meu corpo tivesse se transformado em um radar de sensações e emoções, porque eu também passei a sentir raiva, mágoa, desprezo e indiferença.



Ac Aine Chraos et potestas data est mihi, ut essem vobis in perpetuum unio fetus –  Aine e Chraos, com o poder concedido a mim, vos trago suas crias para a união perpétua.

Nunc , non convenire in unum, uno animo, una vita – Agora, eles pertencem um ao outro, a uma só alma, a uma só vida.




+ 💬 = 💓




Queridas leitoras,

É com uma dorzinha no coração e com um certo desespero que venho lhes informar que este é o penúltimo capítulo do Contrato de Destino

Sim, o próximo capítulo é o último, e será narrado pelo nosso problemático e tão louquíssimo Anton. E devo avisar que este capítulo está bem diferente, vocês irão estranhar, mas também vão entender o porquê dele estar assim. E como é o capítulo final... podem esperar... como vou dizer... algo inesperado. 

E não se preocupem, terá um capítulo depois do capítulo final explicando como será a continuação da história e, principalmente, sobre a minha rotina de reescrita do Aliança do Destino. Desde já aviso que o meu compromisso com essa história é muito sério, não a escrevo de qualquer jeito, e não irei abandoná-la até que ela esteja reescrita e finalizada da melhor maneira possível.

Então é isso, vou tentar soltar o capítulo final ainda hoje, ou então, no mais tardar, amanhã!

😘


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