C A P Í T U L O 37

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A consciência da dor e a dor da razão

          Acordei pela manhã com as pálpebras inchadas pelo choro da noite anterior

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          Acordei pela manhã com as pálpebras inchadas pelo choro da noite anterior. Eu tivera mais um pesadelo com as fadas no Jardim de Aiden, a mesma cena das crianças gritando por suas vidas e, como da primeira vez, me desesperei. Acordei angustiada entremeio a um pranto que rapidamente se transformara numa dor emocional tão profunda que beirava à dor física. Aquelas imagens eram como uma recordação dolorosa, atroz, para caso a desistência do casamento passasse pela minha cabeça.

          Mas eu não iria desistir.

         Era tarde demais para isso, e embora eu não desejasse aquela vida, a escolha fora consciente e integralmente minha. Estava convencida de que para a minha sanidade mental, o certo era deixar os porquês e as lamentações de lado, e aceitar. Me apeguei a ideia de que este era o desejo dos Deuses, e se o meu suplício significava salvar àquelas fadas e acabar com o sofrimento delas, eu ficaria feliz de alguma forma.

          Entendi que a minha sina era aquela, e que não podia condenar Aine por ter me dado a vida, ou ao menos culpar os Skarsgard por um erro exânime pelo qual se afundavam em remorso durante os dois mil e seiscentos anos que se passara. Eu nem podia culpar o Anton, pois mesmo que ele nunca tivesse demonstrado qualquer arrependimento, seus atos foram tão inconscientes quanto os dos pais.

          Anton.

         O meu destino e a minha fatalidade.

          Meu estômago se comprimiu com a lembrança dele. Muitos dos meus pensamentos recentes sempre acabavam sobre sua figura prepotente e isso me deixava cada vez mais furiosa, e o que mais me irritava eram as sensações que estes me provocavam. Exalei fundo e endireitei os ombros, me obrigando a pará-los antes que migrassem para uma certa imagem em que ele só usava uma toalha preta enrolada nos quadris...

          ― Não! ― Balancei a cabeça dando leves batidas nas bochechas para dissipar a ardência delas. Foi então que percebi, através dos olhares indagadores de Mel e Sophi, que minha palavra saíra em voz alta.

          Para a minha sorte, antes que começassem com as perguntas, um rapaz de altura mediana, olhos castanhos e longa franja loira jogada na testa, havia entrado na sala privativa cuja qual havíamos sido colocadas.

          ― Bom dia, lindas. Meu nome é Milos, serei o responsável pela nossa noivinha de hoje. Qual de vocês é ela? ― perguntou ele cheio de trejeitos espalhafatosos lançando olhares para nós três.

          ― Sou eu ― respondi me levantando da poltrona.

          Ele me analisou de cima a baixo parecendo um pouco indignado com a minha roupa, um conjunto de moletom na cor rosa-claro. Eu estava longe de estar bem-vestida, ainda mais para um salão de beleza tão luxuoso quanto aquele. Mas, de verdade, eu não estava nem um pouco preocupada com isso.

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