C A P Í T U L O 17

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Um mergulho no abismo

          O colchão se afundou ao meu lado e dedos delicados retiraram meus cabelos grudados na face, para então limpar as trilhas deixadas pelas minhas lágrimas

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          O colchão se afundou ao meu lado e dedos delicados retiraram meus cabelos grudados na face, para então limpar as trilhas deixadas pelas minhas lágrimas. O cheiro suave de tulipas cítricas me envolveu, fazendo com que eu soubesse quem estava ali sem precisar abrir os olhos.

          ― Sei que quer ficar sozinha, mas poxa, já faz três dias que você só sai desse quarto pra ir trabalhar. ― Relutante, abri meus olhos devagar, minhas têmporas latejando uma dor irritante. ― Estamos preocupados com você. A vó Ise está quase enlouquecendo tentando fazer suas comidas prediletas pra tentar te tirar desse jejum, fora Ava e Petre que ligam de hora em hora procurando saber de você.

          ― Não quero deixá-los preocupados, mas não sinto fome ― respondi rouca, minha voz pouco usada naqueles dias, arranhando a minha garganta.

          Ela suspirou fundo.

          ― Sabe que a conheço o suficiente para compreender o quão difícil está sendo lidar com tudo isso. Mas minha amiga, ficar assim não vai aliviar a situação. Você já chorou tudo que tinha pra chorar, agora é hora de olhar o lado positivo das coisas. ― Olhei bem para Sophi, para me certificar se ela falava sério mesmo. Apesar de sorrir, ela não parecia estar brincando.

          ― Que lado positivo, Sophi? Não há nada de positivo nessa situação. ― Me sentei meio sem jeito, arrumando a alça do meu pijama.

          ― Estive pensando. No contrato diz que vocês precisam conviver um com o outro? Se não diz, vocês não precisam ter um casamento tradicional, cada um pode seguir a sua vida independente, sem precisarem se relacionar. ― Entreabri meus lábios, surpresa.

          Ela tinha razão. Como eu não havia pensado nisso?

          Passei os últimos dias absorta no sofrimento das fadas presas em Aiden. Durante a noite tinha pesadelos e acordava ouvindo o grito daquelas crianças repetidas vezes. A angústia se tornara tão forte, que cheguei a pensar que estava morrendo junto com elas.

          De fato, eu estava. Me sentia morrer por dentro, aos poucos. O meu mundo se desfizera da noite para o dia, e a vida que eu possuía já não fazia mais sentido, pois, por mais que me negasse a cumprir aquele contrato, jamais poderia conviver com a culpa por abandonar aquelas fadas. No fundo, sabia que teria de me casar, e essa situação era tão desesperadora que não pensei em mais nada além da minha desolação.

          ― No contrato realmente não fala que precisamos conviver. Se eu me casar, vou conseguir salvar aquelas fadas, depois é só me separar. ― Sophi abriu um sorriso, ajeitando meus cabelos para trás.

          ― Viu só! Vamos pensar em coisas positivas. E se esse vampiro for um gato de tirar o fôlego? Você mesmo disse que a tal Eleonora e o esposo são lindos, agora imagina o filho deles, uma mistura de ambos. ― Apoiando os dedos sobre o queixo fez uma pose pensativa. ― Muito provável que ele seja um cavalheiro, tão educado e gentil quanto à mãe. Não vai ser difícil se apaixonar.

Contrato de DestinoWhere stories live. Discover now