C A P Í T U L O 7

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No coração culpado, a esperança se torna palpável

          Para onde quer que eu olhasse, só via o desespero

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          Para onde quer que eu olhasse, só via o desespero. Morte após morte, só me conservaram as lembranças dos tristes gritos de dor, e de uma imagem que marcou o prelúdio do meu verdadeiro fim.

          Nos olhos daquelas vítimas, enquanto o brilho da vida se esvaía, eu via o monstro que lhes roubava o último suspiro. Tão desprezível, que almejava estar no lugar daquele que usurpara a vida, tão amaldiçoado, que teria que conviver com a culpa por toda eternidade.

          Um ser que não era digno do perdão, mas que por alguma razão maior, os Deuses permitiram que tivesse uma segunda chance. Uma segunda chance. Um Contrato de Destino para provar que na escuridão existia luz.

          ― Posso imaginar o que está pensando, também estou surpreso. No mais, não pense em demasia e nem crie expectativas, Carissimi. Vamos confirmar tudo primeiro. ― Vincent depositou um beijo suave sobre minha mão.

          ― Estou apenas curiosa. E se deveras for ela, Vince? Será que aceitará o seu destino? Os tempos são outros, os jovens estão cada vez mais egoístas e distantes das crenças sagradas.

          ― Se ela for a rainha, estou certo de que agirá como uma, independente da condição atual. No entanto, se ainda assim, ela não aquiescer, precisaremos mostrar-lhe a verdade. ― O canto de seus lábios se elevou em um sorriso enviesado. ― Ademais, a minha única preocupação é o Anton. Creio que ele não irá apreciar saber que chegou a hora.

          ― Ele pode não ansiar, mas consentiu com os termos do Contrato ofertando seu próprio sangue, portanto, atesto que cumprirá com a parte dele. ― Apesar da clara convicção presente em minhas palavras, esta era uma certeza que eu não possuía.

          Dado os últimos séculos, a distância inflexível que Anton se mantinha e a cólera evidente contida em seu comportamento, me atemorizava. Me tocava profundamente a obscura sensação de não o compreender mais, restando apenas a esperança de que ele ainda cumpria fielmente suas promessas.

          Nossa conversa foi interrompida pela porta do carro que fora aberta à soleira de casa. Ao sair do Conselho de Ordem, e após um longo voo de doze horas, estávamos de volta. A vívida dubiedade que nos oprimira durante a viagem, não permitia que esperássemos mais para descobrir a verdade, por essa razão, nos dirigimos instantaneamente ao escritório.

          Vincent, tão ávido quanto eu, arrastou uma das poltronas para o lado e puxou o tapete que cobria o pesado alçapão. Ao pressionar sua digital sobre o painel tecnológico, o abriu; o azul de seus olhos, tão escuro quanto os inóspitos de um oceano, encontrando o meu.

          ― Preparada? ― indagou em um tom espirituoso, um sorriso airoso moldando-se em seus lábios.

          ― Certamente.

Contrato de DestinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora