UM AMOR PARA ETERNIDADE

By Jaqueline_Carvalho69

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Um passado. Um medo. Uma vida. Mariana Assunção viveu essas palavras com tanta intensidade, que só ela sabe a... More

PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31

CAPÍTULO 3

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By Jaqueline_Carvalho69

              MARIANA ASSUNÇÃO

O almoço estava uma delícia. Minha mãe sempre teve uma ótima mão para temperos, seja ele qual for. Tudo ocorreu na mais perfeita paz, quase não acreditei, mas dizem que milagres acontecem. Talvez fosse isso. Um milagre.

Melissa não parava de falar sobre as aulas de dança. Nem parece que essa baixinha tem cinco anos, ela é sim uma tagarelinha. Muito fofa, mas é.

Tirei os pratos da mesa enquanto todos estavam na sala jogando conversa fora. Lavei toda a louça e sequei em seguida.

Fiquei observando meu pai brincar com a neta. Desde sua chegada mais cedo as únicas palavras que trocamos foi "boa tarde". Não conseguia sequer olhar na minha cara. Preferi não provocar também.

— Mãe, vem brincar com a gente. – Mel grita da sala.

— Já estou indo querida. – sorriso na cara e vamos lá.

Sentei-me no tapete junto a eles que brincavam com um maldito quebra cabeças. Esse joguinho é de tirar a paciência, nem sei como a Mel consegue.

Separamos as peças conforme a numeração e começamos a montar. Minha mãe trocava olhares com o marido que retribuía da mesma forma. Já estava ficando incomodada.

— Mãe, vamos brincar na praia?

— Tudo bem. Na mala tem roupa de banho, vamos lá vestir.

Levantei-me do tapete e segui para o meu antigo quarto. Tudo ainda permanecia igual, até os lençois na cor lilás com preto.

Coloquei um maiô azul na minha filha e prendi seu cabelo em um rabo de cavalo.

— Prontinho, agora passa o protetor enquanto eu me troco.

Procurei o meu biquíni na cor preto e o vesti. A parte de cima é toda trabalhada no crochê, a de baixo é toda lisa. Terminei de passar o protetor na Mel e fiz o mesmo.

— Vamos mamãe. – pula empolgada. Eufórica.

— Calma criatura, de quantos meses você nasceu? – pergunto a mim mesma.

— Não sei. Foi de dez?

— Nove.

[...]

Coloquei a bolsa na mesinha e sentei na cadeira. O dia estava lindo e a praia não tinha tanto movimento de pessoas.

Melissa brincava ao meu lado, ela enterrava as conchinhas e ficava procurando logo em seguida.

O mar com toda sua glória e magnitude dava o seu show em ondas calmas e claras. O vento fazia meu corpo ficar mais leve, Fechei os olhos por longos segundos me permitindo vagar pelos vestígios do passado. Passado que um dia foi lindo.

Tão lindo e másculo. Seus cabelos brilhavam com a luz do sol naquele dia. Aparência de anjo e mãos de demônio. Aquelas mãos eram a minha perdição, com um simples toque em minha pele e eu já estava derretida em seus braços.

Olhos profundos, com um azul infinito. As vezes sombrio, mas sempre exalando desejo. Como eu amava sentir aquelas sensações proibidas proporcionada por ele.

Era um misto de amor e loucura.

Respirei fundo sentindo uma certa saudade me atingir. A saudade é tanta que por longos segundos eu senti o cheiro amadeirado da fragrância que ele usava. Nunca esqueci a sua essência.

O cheiro estava tão forte que podia jurar que Dominic estava ao meu lado.

— Mãe. – assustei-me com o chamado de Melissa. Voltei a realidade.

— Oi filha. – olhei em volta e não tinha ninguém dos meus pensamentos. Ótimo!

— Estou com fome. – conte-me uma novidade.

— Fica sentadinha aqui tá, mamãe vai bem ali comprar um lanche e já volta. – aponto pra uma lanchonete bem atrás de nós.

Peguei a carteira e saí em direção da lanchonete à poucos metros da nossa mesinha. O meu coração ainda estava acelerado.

— Boa tarde. – diz a garçonete com um sorriso estampado.

— Boa tarde. – sorri gentilmente, peguei o cardápio e procurei por algo saudável.

O menu é bem variado, os sucos são todos feitos de forma natural. Minha barriga até roncou agora.

— Já escolheu o seu pedido?

— Já sim.

Fiquei esperando os lanches que já dava pra sentir o cheirinho delicioso. A paisagem daqui é deslumbrante. Já tinha esquecido como é bom viver sem pressão, sem ter alguém comendo o teu juízo.

Meus olhos correram por todo lugar. Mel brincava toda animada com sua bola que ganhou do avô. Observei mais adiante, entre as ondas calmas especificamente.

Aquele cabelo levemente dourado me fez pensar bem mais alto.

— Prontinho, moça? – virei-me para olhar a pessoa alegre.

— Obrigada. – voltei a olhar para o mar, mas não tinha ninguém.

— Está tudo bem? – não, estou ficando maluca e vendo coisas.

— Ah, claro. Obrigada. – menti.

— Volte sempre.

Andei até a mesa pensativa, olhando para os lados. Calma Mariana, foi coisa sua cabeça, ele não está aqui. Ele sumiu no mundo e te abandonou com uma filha no ventre.

— Filha, mamãe comprou um doce muito... Filha? Melissa? – olhei ao meu redor e não a vi.

O desespero já estava me consumindo e as lágrimas já queriam escorrer por minha face. Ela sumiu.

Corri por alguns lugares próximos e não havia nenhum sinal dela. Perguntei a alguns banhistas e nenhum deles tinha a informação que me dará alívio.

Pensei então que ela poderia ter voltado para casa já que é bem pertinho.

Voltei até a mesinha e recolhi os pertences, com os passos largos, quase metros andei para casa. Ela tinha de estar lá ou eu de fato iria enlouquecer.

Invadi a casa procurando por ela. Meus pais apenas me encarava sem saber ou entender os meus atos de desespero.

— Aconteceu alguma coisa Mariana? – pergunta minha mãe andando até mim. Respirei com calma tentando controlar o nervosismo.

— A Mel... Ela não esta está aqui? – falei quase gagueijando.

— Não, ela deveria estar na praia com você. – responde se levantando do sofá.

— Mas...

— Onde está a minha neta? – pergunta meu pai com sua arrogância de sempre.

— Eu tinha ido comprar um lanche e quando voltei ela não estava mais lá. – coloquei as mãos na cabeça e sentei numa cadeira. Minhas pernas tremiam intensamente.

— Você deixou ela sozinha? – sua voz sobresaltou com arrogância extrema como fez no dia em que me expulsou de casa, deixando-me ainda mais nervosa.

— Eu estava perto dela, eram poucos metros de distância. – tentei argumentar.

— Quanta irresponsabilidade Mariana, ela é uma criança. Uma criança. – ele gritou, com olhos furiosos.

— Eu não preciso de lição de moral agora, tá legal?!

— Claro que precisa, você é uma mãe irresponsável. Minha neta sumiu por culpa sua, se ela tiver um arranhão sequer quando encontra-la eu a tiro de você.

— Você não seria louco o suficiente pra fazer isso.

— Parem com essa briga pelo amor de Deus, nós precisamos acha-la antes que anoiteça. – diz minha mãe. Nos encaramos, ambos irritados. Mas ela tinha razão.

Fui para o quarto e peguei um casaco, estava apenas de biquíni e o frio estava me congelando. Enxuguei as lágrimas do rosto, porém não adiantava.

Minha menina estava perdida e tudo por culpa minha.

[...]

Já se passaram duas horas de buscas e não tínhamos nenhum sinal dela. Nem o grupo de salva vidas conseguiram algo.

Cada segundo era uma imensa tortura, meu coração doia só de imaginar Melissa perdida nessa praia deserta a mercê dos perigos.

O sol já dava adeus no céu e junto com ele as minhas forças. Dos meus olhos não saiam mais lágrimas, me sentia fraca, sem forças até para respirar.

Eu estava desnorteada, prestes a desmoronar num buraco sem saída.

Será que ela está bem? Machucada? Com frio ou fome?

Caí de joelhos em frente ao mar e chorei com todas as minhas forças restantes. Isso não devia ter acontecido. Foi culpa minha.

— Minha pequena... Onde está você? – o vazio era enorme.

Meu corpo tremia de frio e de angustia. Não seria possível que ninguém soubesse de algo. Eu queria correr, gritar.

Como faz falta um apoio materno nesses momentos de aflição. Eu quero encontrar a minha filha, será que é pedir muito?

Eu não suportaria outra perda assim, do dia pra noite.

— Mariana, alguma informação? – ouço a voz chorosa da minha mãe.

— Ainda não.

— Nós vamos encontra-la filha, tenha fé.

— Eu tenho, mas está difícil suportar a dor.

— Seja forte Mariana, ela vai aparecer.

Levantei-me do chão e saí em disparada, sem rumo. Queria fugir pra longe, sentir minhas dores da forma certa, sozinha.

Gritei por seu nome, mas não adiantava. O vento fazia a minha voz se decipar no ar. As pessoas que ainda estavam ali me olhava de forma estranha, como se eu fosse uma louca.

De longe, avistei uma silhueta masculina entre a penumbra da praia. Um pouco receosa eu me afastei na direção oposta, poderia ser um assaltante ou algo do tipo...

Mas não era. Aos poucos o rosto foi surgindo na luz da lua. E mais uma vez o meu mundo dispencou num buraco negro.

Olhei para seus braços e vi minha menina toda encolhida, coberta por um terno. Sendo protegida. Minhas pernas tremeram e a voz sumiu.

Melissa estava ali, pela primeira vez em cinco anos sentindo finalmente o colo do pai.

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Boa leitura!
Beijos, Jaqueline Carvalho.

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