Unpredictable Love

By RayaneMorais1

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Lauren Jauregui acabara de voltar para Miami depois de passar três anos em Los Angeles, onde convivia com pes... More

Previsibilidade
Atletas
Achados e Perdidos
Sueño
Campeonato (Part I)
Campeonato (Part II)
Festa
Acampamento
Ato Inesperado
O Trato
O Encontro
Não minta!
Desculpa!
Sentir-se bem
Você quer?
Mais um dia
Viagem
Diversão
Jogo
TPM?
Calma, Camila!
A Faça Sua
Planos Futuros
Exames Finais
Vida Universitária
Sem tempo
Não dá mais!
Você é minha!
Praia
Inseminação
Lembranças
Aceitação
Cuidados
Inseguranças
Tentação
Provação
Olhos
Amigos
Dentinhos
Dia de Lua
Treze Anos
Não consigo evitar...
Casamento
Cumplicidad
Ações
Alexa
Sorrisos
Medos
Crescendo
Decepção
A Verdade
Juntas
Incrivelmente Maravilhosa
Dificuldades
Surto
Milagre Natalino?
Amor Imprevisível
Bônus

Perder

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By RayaneMorais1

Sabe quando você perde algo? Um objeto, algo de que dê muito valor. Sabe quando você pede a todas as forças da natureza para tê-lo de volta e não o encontra, então trata de tentar esquecê-lo ou se acomoda porque algum dia irá achá-lo ou não? Bem, era o que eu estava sentindo agora, mas não com um objeto, com uma pessoa. E acredite, a dor era mil vezes pior. Porque diante do que aconteceu eu não sabia se a encontraria novamente, não do jeito que ela me deixou, porque eu estava errada, e também não queria me acomodar para tentar esquecê-la. Simplesmente era impossível esquecer Camila Cabello. Se estava devastada porque a perdi? Sim, estava. Mas nada se comparava ao fato de ter perdido a mim mesma. Estava naquela situação onde você só reage a estímulos, porque eu não conseguia fazer mais nada, nem chorar, porque não tinha mais lágrimas, elas se esgotaram, assim como minha vontade de fazer algo pra que essa situação mudasse.

- Lauren, vem, você vai ficar gripada se continuar aí... – Dinah disse se aproximando de mim com uma toalha aberta em mãos. Me limitei a assentir e levantar para sair da banheira, pouco me importando se estava nua na frente dela ou se parecia patética, porque eu estava e sabia disso, apenas deixei que ela me envolvesse com a toalha e me levasse para o quarto, deixando-me sentar na cama enquanto enxugava meus cabelos e me mantinha de cabeça baixa. – Quer conversar um pouco mais agora? – Perguntou assim que Vero entrou no quarto de hotel com um sanduiche em mãos. Havíamos vindo pra cá depois disso, as duas me ofereceram suas casas, mas não queria envolver mais gente nisso, não mais do que já tinha envolvido.

- Eu a traí, Dinah, o que mais você precisa saber? – Perguntei em desgosto por minha afirmação. Dinah se calou, mas apenas aceitei o sanduiche de Veronica enquanto ela me encarava de braços cruzados, encostada á porta. Depois que Camila se fora, Nina e eu nos abraçamos e ficamos assim por muito tempo, chorando, até que tivéssemos a ideia de ligar pra alguém e pedir ajuda. Logo Dinah e Vero apareceram e uma amiga sua também, a Candice, a levando e deixando que nós chorássemos nos braços delas. Depois disso tudo passou como um borrão, Vero me trouxe pra cá, depois de eu ter dito que não queria ir pra casa nem pra casa delas, e aqui estamos, deixei que elas cuidassem de mim enquanto me limitava a chorar sem saber o que fazer agora, mas precisávamos conversar e sabia que essa era a hora. Elas precisavam de detalhes, eu sabia disso. – Passei à tarde no escritório, assinei papéis, fiz telefonemas, comi brownies com a Nina, chequei os modelos antigos e novos da JT e voltamos para minha sala. – Fui contando o que me lembrava, porque extraordinariamente muita coisa estava em branco em minha mente. – Depois... Eu... E Nina, nós... – Tudo ficou confuso. – Hm... Não sei, nós... – Me esforcei para lembrar. – Bem, a Camila nos encontrou nuas em meu sofá e foi isso. – Não conseguia mais chorar por mais que relembrar tudo aquilo doesse.

- Como teve coragem de trair a Chan? – Dinah foi a primeira a questionar não importando se eu estava mal ou não. Só de me lembrar em ter visto Camila com aquele olhar tão decepcionado, sentindo-se humilhada daquele jeito, eu não conseguia nem racionar sobre minhas próximas ações, queria abraçá-la, consolá-la pelo meu erro, mas sabia que ela queria distância, porque me odiava agora, eu me odiava agora, odiava a mulher que me tornei, tudo em único dia, tudo de um único jeito torto que encontrei pra foder com a minha vida, a vida maravilhosa que eu tinha.

- Eu não... – Poderia dizer que não a traí, mas seria mentira? Pra falar a verdade eu não me lembro de ter ido pra cima de Nina, ou ela pra cima de mim. Eu dei o primeiro passo? Ou foi ela? Não acreditava que Nina poderia ter essa índole, mas eu podia, não podia? Quer dizer, eu já pensei em trair a Camila antes, com a Keana, porque não poderia fazer o mesmo com a Nina? Mas com a Nina, sei lá... Ela é como uma... Irmã! – Acredita em mim, não é Veronica? – Perguntei olhando para Vero que parecia séria demais. Ela é minha irmã, ela acredita em mim. Comecei a comer o sanduiche.

- Não sei, Lauren, tá tudo tão confuso. – Respondeu mordendo os lábios. – A Lucy tá com a Camila e não faço ideia de quando ela volta pra casa. Sua mulher está abalada demais. – Contou-me e meu coração apertou só de saber o quanto Camila podia estar despedaçada. Mas o que eu podia fazer? Estava sentindo vergonha de mim mesma nesse exato momento! – Você não nos conta como tudo aconteceu. Lucy disse que Camila mal tá falando com ela, só consegue chorar e até agora não sabemos a história toda. – Eu não fazia ideia de como era a história toda, só havia aceitado os fatos. Eu não me lembrava do que acontecera, só conseguia pensar no fato de ver Camila sofrendo, depois de todos esses anos ao meu lado. Se eu tinha a traído o que mais podia fazer? Ela me odiava, a conhecia, não queria me ver nem pintada de ouro e eu não teria coragem de olhar em seu rosto, não depois de vê-la destruída por algo que eu fiz. – Acho melhor você ir dormir, amanhã a gente pode ver o que fazer.

- Eu vou poder ver a Camz? – Perguntei sem filtrar. Dinah me encarou séria e Vero fez uma careta. Sabia que precisava da permissão delas, do jeito que eram amigas das duas, nunca deixariam que nos machucássemos. – Tudo bem. – Entendi o recado e entreguei o prato vazio para Vero. Me arrumei na cama, nua mesmo, e fechei os olhos, ainda sentindo o olhar delas em mim, Dinah me cobriu e Vero depositou um beijo em meus cabelos. Fiquei um tempão assim tentando dormir, mas o sono não vinha, apenas imagens de Camila chorando no corredor daquela empresa. Merda!

- Acha que ela já dormiu? – Vero perguntou e continuei de olhos fechados. Depois que checaram que eu não me movia, continuaram.

– A Chancho tá arrasada, eu não sei mais o que fazer. – Dinah suspirou.

- Eu não consigo acreditar que a Lauren a traiu, é, sei lá, impossível. – Vero disse e a agradeci internamente por confiar em mim mesmo quando nem eu confiava. O ponto era, se não me lembro de ter traído, então não traí, mas como explicar isso? E se Camila acreditava nisso, então... As provas estavam todas aí. Eu havia traído Camila!

- Eu não sei o que vamos fazer. – Confidenciou Dinah. – Só temos que cuidar pra que uma não machuque a outra. A Camila tá frágil, a Lauren tá tão avoada que me deixou vê-la nua, eu tô em desespero. – Disse suspirando.

- Precisamos ser fortes por elas, DJ, precisam da gente. – Vero completou.

- E nós vamos estar aqui.

[...]

Uma semana depois...

- Tudo bem, Vero, já entendi, já entendi. – Repeti falando com Vero ao celular enquanto terminava de me ajeitar para o trabalho. Alguém bateu na porta e abri já sabendo quem era. Vi a loira baixinha do outro lado, desliguei o telefonema com Veronica. Minha irmã/melhor amiga havia ficado de cuidar de todos os meus afazeres durante essa semana, deixando seu negócio com Liz um pouco de lado para me ajudar. Hoje, por exemplo, iria para a JT ajudar Nina no trabalho porque não me sentia pronta pra encará-la ainda, não depois de ter a visto nua, não depois de ter traído Camila com ela. – Oi, Allycat. – Dei espaço para que ela entrasse e ela me deu um beijo, depois de entrar, me dando a linda visão da minha bolinha parado à porta.

- MÃ! – Ele gritou ao me ver e me abaixei deixando que ele se jogasse em meus braços. O apertei forte contra meu corpo, cheirando seus cabelos e fazendo meu coração se acelerar só de vê-lo. – Que saudade! – Sorri vendo Ally me encarar com pena. Depois do acontecido, Camila não queria me ver de modo algum, tentei ir á casa dela um dia depois, dois dias, três dias, quatro, nada. Ela fechava a porta na minha cara, me xingava, gritava comigo, jogava na minha cara a cena que viu e não me deixava nem me explicar, não que tivesse uma explicação, porque não tinha, eu havia a traído, isso era fato, e nem sabia o motivo, afinal, me sentia tão feliz com minha antiga vida, por que resolvi estragar tudo? O fato era, ela tinha cortado ligações comigo, sem emails, telefonemas, cartas, pombo correio, sinal de fumaça, nada de Camila da minha vida, a entendia, ela me odiava. Então as meninas ficaram encarregadas de pegar meu filho pra que pudesse vê-lo, dia sim, dia não. Não adiantava muito, na hora de deixá-lo ir, meu coração se enchia de saudades do pequeno e ficava desconsolada durante o período todo em que ele me deixava, mas hoje, precisava voltar à rotina, mesmo que ainda destruída. Passaria no trabalho depois de ficar com Nathan a manhã inteira e resolveria algumas coisas da qual precisava.

- Onde está a Lua? – Perguntei quando o larguei e ele fez um bico.

- No quis vim. – Respondeu tristonho, suspirei. Lua por ser mais velha, sabia de toda a situação, as meninas até tentaram me ajudar quanto a isso, mas ela estava irredutível, havia ficado com raiva de mim por ter partido o coração de sua mãe e ela estava certa, eu sou um lixo de pessoa.

- Sinto muito, Lauren. – Ally disse tentando não aparentar toda aquela pena, mas estava sendo difícil, até eu estava sentindo pena de mim. Lua havia dito que eu tinha estragado o dia dela.

- Por que a sinhola no volta pra casa, mã? – Nathan perguntou pela milésima vez naquela semana. Molhei bem os lábios, sentindo minha garganta se fechar contra o nada.

- A mamãe já explicou, Nate. – Tentei ser forte. – A mamãe errou muito feio com sua mammy e não posso ficar mais lá. – Expliquei sentando-me ao chão daquele quarto de hotel e Nathan se pôs ao meu lado enquanto Ally observava, sentada na cama.

- Mas a sinhola vai voltar? – Perguntou com os olhinhos verdes brilhando em expectativa. Ally suspirou e mordi os lábios.

- Um dia, quem sabe... – Refleti. – Se sua mãe me aceitar de volta.

- Ela vai. – Disse convicto. – Vou falar pra ela dechar a sinhola voltar. – Completou parecendo bem mais velho enquanto erguia a cabeça. Baguncei seus cabelos que estavam bem mais crescidos, adoraria cortá-los, mas Camila gostava de ver os cabelos do nosso bebê assim e agora eu preferia muito mais acatar as vontades dela do que ousar contrariá-la.

- Tudo bem, hijo. – Ele encarou a TV do quarto. – Como você está, meu bebê? Alguma coisa que eu deva saber? – Perguntei interessada, afinal, não estava mais lá, qualquer coisinha sobre ele e Lua e principalmente Camila que eu pudesse saber já me deixava feliz.

- A Lu solta pum quando doime, mã. – Observou mexendo os pezinhos como se aquilo fosse muito importante. Ally e eu rimos.

- E como você sabe disso? – Perguntei sabendo que eles tinham quartos separados e não fazia muito sentido, mas Nathan colocou um bico muito fofo em seus lábios e me encarou.

- Ela tá doumindo no meu quarto agola porque diz que tá tiste. – Imediatamente me levantei, não podia lidar com isso, não agora. Corri para o banheiro e me joguei em um canto de lá. Ouvi vozes no quarto, mas não ousei sair de lá, me pus a chorar. Chorar por tudo o que estava passando. Sem Camila. Sem saber cada avanço do meu pequeno bebê de perto. Deixando minha filha triste. Nossa, eu sou uma vergonha! Uma vergonha! Logo a porta do banheiro foi aberta, Ally entrou de fininho e se sentou ao meu lado.

- O que eu fiz, Ally? – Perguntei o que nem mesmo sabia responder. Ela não respondeu, porque não sabia a resposta, nem eu sabia, e apenas me abraçou, ficando ali comigo enquanto eu chorava e chorava. Ficamos ali por alguns minutos e resolvi que devia voltar a minha pose de "hoje, eu coloco as coisas no lugar", saí do banheiro se deparando com meu pequeno assistindo ao seu desenho favorito do mesmo jeito que Camila assistia os seus. Deitado no tapete, apoiando-se dos cotovelos, totalmente vidrado. Lindo!

- Mã, vem ver Vale dos uniucónios com eu. – Nem pareceu notar minha repentina mudança ao sair de perto dele naquela hora e apenas sorri, me limitando a ficar feliz pelos poucos momentos que podia ter com ele, sem estragar. Deitei com ele do mesmo jeito que estava e meu filho ficou muito feliz em me ver tão vidrada quanto ele. Ficamos ali, com Nathan me explicando a função de cada unicórnio do vale, assentia e fazia perguntas das quais já sabia a resposta, apenas pra vê-lo empolgado respondendo cada uma. O amava e aproveitaria qualquer momento que tivesse com ele.

...

- Senhorita Jauregui? – O segurança que ficava na porta da frente logo ficou surpreso em me ver depois de uma semana, assenti pra ele, sem mostrar sorriso algum e ele me desejou uma boa tarde, lhe desejei o mesmo. Assim que cheguei ao meu andar, notei a mesa de Nina completamente bagunçada, ela parecia procurar algo em meio aquele monte de coisas, nunca a vi tão desorganizada. Notei que Nina estava com os cabelos soltos, bem desgrenhados, parecia nem ter os penteado, assim como a roupa amarrotada e a cara de sono, essa deveria ser a rotina dela a partir de agora. Vi um prendedor de cabelos no chão e o peguei, erguendo a mão para ela com o objeto porque sabia que ela estava o procurando em meio aquele caos.

- Obrigada. – Nina disse apenas olhando para a minha mão, quando seus olhos encontraram os meus, os dela se arregalaram. – LAUREN! – Gritou muito surpresa. Lhe dei um sorrisinho de canto e passei por ela indo até minha sala, encontrando Veronica, sentada em minha cadeira, com os pés na minha mesa, enquanto comia cupcakes de uma cesta, mais uma das que mandavam pra mim. – Lauren... – Nina disse de forma arrastada, Vero e eu a olhamos. – Nós... – Ela encarou Veronica e depois a mim. – Podemos conversar? – Parecia escolher bem as palavras que usava comigo ali. Sabia que desde o acontecido Nina estava sem saber o que aconteceria com ela. Me pus em seu lugar. Estava confusa com o que aconteceu, assim como eu, com medo de perder o emprego e também a amizade comigo, assim como eu estava de perder a dela, mas a vendo desse jeito, acho que ela estava bem pior.

- Podemos. – Sentei-me no sofá onde tinha péssimas lembranças e tentei me concentrar em Nina. Vero continuou ali, mesmo com Nina a olhando sem saber se prosseguia. – Eu realmente não me importo em conversar com a Vero aqui, então... – Dei de ombros. Não a trataria como Keana, eu não precisava de Vero como "segurança" vendo se eu faria alguma coisa de errado com Nina, tipo voar em cima dela e foder com ela em cima da mesa, é só que eu realmente não me importava, não tinha sentimentos por Nina, não referentes a uma relação amorosa, então não via problema em não ficarmos "sozinhas" pra resolvermos isso, estava tratando esse assunto apenas como uma fatalidade. – Relaxa, Nina, a gente continua a mesma coisa, independente... – A tranquilizei e a vi suspirar em alivio, se colocando ao meu lado do sofá. – Como vão as coisas com Ian?

- Muito más. – Bufou. – Ele não acredita em mim e também nem deveria. Quando digo que não me lembro de nada, ele joga na minha cara que já tive tempo de inventar uma desculpa melhor. – Franzi o cenho.

- Então você também não se lembra de nada? – Nina negou, Veronica apenas nos observava. Passei meu braço pelo seu ombro, fazendo-a se aconchegar em meu corpo. – Eu também não! – Nina me encarou séria, seus olhos castanhos cheios de mistério. – Tudo o que me lembro é de acordar nesse sofá com você nua em cima de mim. – Relatei e ela corou. – Desculpe.

- Desde que parei de tentar convencer o Ian de que não o traí, mesmo não sabendo como... – Ela riu baixinho. Nessas horas tínhamos que rir mesmo pra não chorar. – Desde que não o vejo quase todo dia, ando tendo sonhos estranhos. E ficam cada vez mais claros quando não encontro com ele. É confuso.

- Não ando sonhando com nada ultimamente. – Toda a minha preocupação é ter a confiança de Camila novamente. – O que aconteceu conosco em?!

- O inferno na terra, só pode. – Respondeu descansando sua cabeça em meu ombro. Cheirei seus cabelos e depositei um singelo beijo em sua testa. Alguma coisa de muito errada estava acontecendo.

[...]

Duas semanas depois...

Estava em minha sala na empresa, terminando de comer, e a vi entrar pela porta. Linda! Seus cabelos castanhos voando, sua pele latina totalmente apetitosa para os meus lábios, seus lábios carnudos e seus olhos castanhos me deixavam inebriada.

- Lauren... – Sussurrou parecendo cansada, sua voz morrendo cada vez que ela se aproximava. – Oh... É você? – Ela parecia confusa, quase caiu quando chegou o mais próximo de mim, me levantei do sofá e andei ao encontro dela, cambaleando. O que aconteceu? Eu havia me machucado? Por que estava andando assim? Que sono! – Pensei que só te encontraria em casa. – Pisquei os olhos mais algumas vezes pra ter certeza de que era ela ali a minha frente. Minha visão começava a embaçar e só conseguia enxergar seus lindos olhos castanhos. – Que bom que está aqui, então... Eu amo você. – Ela sorriu e meus olhos desviaram-se para sua boca, segurei em seus ombros e me aproximei. Queria Camila o que antes, comigo, me sentindo dentro dela.

- Ca... – Tentei falar, mas nada parecia fazer mais sentido. Meu corpo demonstrava sinais de cansaço, estava exausta. Me apoiei em seus ombros pra não cair e ela segurou em minha cintura, fazendo o mesmo. Tão cansada quanto eu. Tentei beijá-la, mas tudo o que consegui fazer foi descansar minha cabeça em seu ombro, num abraço desajeitado enquanto não sentia mais as minhas pernas. Então sussurrei seu nome como um mantra... – Camila... – E tudo se apagou.

- LAUREN! – Acordei assustada escutando os gritos no corredor do hotel. Passei a mão por meus cabelos, notando que alguns fios grudavam em minha testa devido ao suor. Eu estava sonhando? Sim, eu estava. Isso estava acontecendo com frequência agora. – LAUREN! – Me limitei a levantar e abri a porta para ela. Lucy. Desde que Nina me falou sobre seus sonhos, decidi fazer o mesmo, me afastei completamente de Camila. Não ligava mais, não ia até sua casa, nem ficava mais no estacionamento para vê-la na saída do trabalho e as coisas só ficavam mais complicadas. Cada dia eu sonhava com o dia em que supostamente a traí, as coisas ficando cada vez mais confusas em minha mente, me deixando com dúvidas e mais dúvidas. Nina parara de sonhar, mas eu sempre a ligava e conversávamos sobre o que cada uma havia sonhado e tentávamos desvendar, aquilo não era normal.

- Bom dia pra você também, Lucy. – Falei para a de cabelos meio loiros quando ela passou como um furacão pela porta. Desde que Camila e eu não morávamos mais juntas, via frequentemente as meninas que pareciam se dedicar a nós como se fossemos filhas delas, mas estranhei, geralmente Lucy não vinha aqui e sim, Veronica. – O que aconteceu?

- A Camila me ligou ontem, furiosa com você, Nathan queria te ver e você não foi pegá-lo pra sair com ele, nem com Lua. – Ela disse me olhando com raiva e cruzou os braços.

- Lua não quer me ver mesmo. E ontem meu celular descarregou e como estava no bar não podia colocar pra carregar, peça desculpas a ela por mim. – Me joguei na cama. – Eu posso pegar o Nathan hoje se ela deixar, estou com saudades do pequeno. – Falei sinceramente, me deixando levar pela dor de cabeça que estava sentindo.

- E pelo visto trouxe o bar pra casa em?! – Lucy saiu catando as roupas no chão do quarto de hotel e algumas garrafas de bebida que deixei por ali de ontem à noite. – Sobre Lua... Bem, Camila me contou que ela já não está mais com tanta raiva de você.

- Que bom. – Disse contente, pelo menos Ally tinha razão nessa, afinal, me disse pra ter paciência porque Lua não era como Camila, ela estava dividida entre as duas mães e por mais que eu fosse culpada, mesmo assim, eu também era mãe dela. – Então posso levá-la pra passear também? – Perguntei sorrindo lembrando-me da minha doce Lua.

- Tenta a sorte. – Disse jogando o celular dela pra mim já que o meu continuava descarregado. Disquei o número de Camila, que já sabia decorado, de tantas vezes que liguei pra ela. No primeiro toque ela atendeu.

- Oi Lu. – Disse parecendo feliz. Olhei a hora, de manhã, ela ainda estava em casa, ok, não estava com ninguém, provavelmente estava feliz por estar com nossos filhos.

- Estou com saudades. – Falei sem me controlar, sempre que ligava pra ela, quando atendia, Camila era grossa, se limitava a responder coisas sobre nossos filhos e só. Não queria conversar mais sobre aquilo, pra ela já estava tudo esclarecido e meio que pra mim também, eu a traí não foi? Então eu merecia isso!

- LUA! – A ouvi gritar mesmo quando afastou o celular da boca. – Ela já está vindo.

- Camila. – Tentei chamá-la.

- Não, Jauregui. – Ouvi-la falando meu sobrenome com tanto rancor me fez ficar em silêncio e esperar, absorvendo o impacto do seu tom. – Sua mama está no telefone. – Explicou a alguém que provavelmente era Lua e suspirei.

- Oi mama. – Não tive tempo de me despedir da latina, apenas bufei frustrada e resolvi me concentrar em minha filha. – Como à senhora está? – A ouvi-la dessa forma, preocupada, me deixava feliz, afinal, nas ultimas três semanas Lua estava agindo como a mãe e me ignorando de todas as formas.

- Estou bem. – Menti e sabia que Lua também sabia disso. – Mas eu quero saber de você, quero muito te abraçar, hija, mama está com saudades, cariño... – A ouvi suspirar do outro lado. – Podemos sair hoje? Eu você e o Nate?

- Hm... Hoje vou sair com o pessoal. – Ela suspirou outra vez. Sabia que ela podia desmarcar com eles, como sempre fazia quando eu lhe oferecia programas mais divertidos e claro com suas mães, mas essa era a forma que Lua encontrara pra me castigar, uma hora ela cairia em si e lidaria com isso como adultos fariam, separando as coisas, as culpas, a minha culpa, mas por enquanto ela estava apenas sendo ela, uma adolescente de 16 anos extremamente magoada com a mãe por tudo o que causei a ela. Eu estava do seu lado. – Eu vi a mamãe chorando. – Ela completou como se soubesse que eu estava refletindo sobre tudo isso. – Nathan não tem idade suficiente pra entender essas coias, mas eu tenho, eu sei o que eu vi... – Sua voz ficando cada vez mais baixa, ela queria chorar. – E vi a mamãe despedaçada.

- Eu te entendo. – Foi tudo o que falei sentindo as lágrimas escorrerem por meu rosto. Droga. Eu sou uma merda! – Leve todo tempo que precisar, princesa. – A assegurei. – A mama está aqui e sempre estará aqui pra você, para os três... – Segurei o choro. – Eu te amo.

- Também te amo, mama. – Disse chorando do outro lado, limpei minhas lágrimas. Lucy observava tudo. – Venha pegar o Nate pela tarde, estarei em casa e a mamãe já deve ter saído. – Queria proteger sua mãe de olhar na minha cara e desmoronar novamente. – Chao! – Se despediu e desligou o telefone. Entreguei o aparelho a Lucy e me joguei na cama. Essa estava sendo minha vida agora!

- Eu quero que desista. – Lucy disse firme. Sentei na cama, a encarando, confusa. – Você me ouviu... Desista da Camila. – Lucy cruzou os braços. – Eu não aguento mais vê-la desse jeito, Lauren. – Sua voz parecia dolorosa. – Ela chora toda vez que mencionamos seu nome, chora quando você inventava de aparecer na casa dela, chora quando você leva o Nathan pra passear, ela estava despedaçada ainda e não quero ver minha melhor amiga assim.

- Lucy... – Tentei, já chorando novamente.

- Não! – Ela foi firme. – Na escola eu dei uma chance pra você, Ally ficava com medo e tudo mais e estava ciente de qualquer coisa que falávamos da Camila pra você, você descobriria tudo que aconteceu com ela e Austin e seria mais um passo pra conhecê-la de verdade, de passar pela camada de proteção que ela criou para qualquer um, e eu estava lá, te dando todas as dicas, eu confiei em você e o que você fez? Traiu minha amiga depois de tantos anos juntas, tantos anos. – Funguei, abraçando minhas próprias pernas, queria fazê-la parar, mas ela estava certa. Eu tinha estragado tudo! – Eu não aguento mais ver você tentar voltar com ela, ela gosta de você, ela te ama, ama muito, mas quanto mais você insiste, mas ela se quebra, então, por favor...

- Lucy, não me peça pra fazer isso. – Negava com a cabeça repetidas vezes, mas não podia tirar esse direito dela.

- Veronica e eu brigamos quase todos os dias, ela te defende, diz que não acredita que você traiu a Camila, o pior era que eu acreditava nisso também, mas tudo se encaixa, Lauren, nem você se defende.

- EU NÃO ME LEMBRO! – Gritei para ela sem saber com me defender porque era verdade.

- Isso ai! Esse tipo de coisa não convence, estou tentando ao máximo não te chamar de mentirosa nem nada, mas eu acredito em Camila, acredito na mulher que se dedicou a você, que te deu tudo e quando menos esperava te encontrou nua com sua secretária... – As lágrimas praticavam encharcavam meu rosto agora. – Veronica tenta achar explicações pra tudo que aconteceu, mas que saber? Ela também não consegue! E eu não consigo mais ver minha amiga sofrer, então, por favor, não me leve a mal, mas... Se afaste dela. – Lucy foi até a porta. – Se afaste da Camila. – Pediu me encarando uma ultima vez e saindo do quarto de hotel.

[...] [PLAY] [ARIANA GRANDE - THINKING BOUT YOU (ACOUSTIC)]

Quinze dias depois... 

- I've been thinking 'bout you

(Eu estive pensando em você)

Yeah, I been missing you

(Yeah, eu estou sentindo sua falta)

Where the hell are you, oh

(Onde está você, oh)

When I need you?

(Quando eu preciso de você?)

I can still hear your voice

(Eu ainda posso ouvir sua voz)

I ain't got no choice

(Não tenho escolha)

Cause I'm here all alone

(Porque estou aqui sozinha)

I know I can't wait 'til you get home

(Eu sei que mal posso esperar você chegar em casa)... – Estava mais uma vez deitada em meu "novo" quarto enquanto escutava Thinking Bout You da Ariana e a cada verso me lembrava de Camila. Quando eu não pensava nela? Quando eu não sentia sua falta? Nunca! Mal podia esperar pra que ela chegasse em casa de mais um dia de trabalho, me dando aquele sorriso que me fazia sentir-se a mulher mais feliz do mundo por tê-la, por poder aproveitar cada segundo dela, ou seu sorriso de manhã quando eu a acordava a "cutucando", quando nossos filhos aprontavam e eu sempre era a mãe que reclamava com eles ou aquele sorriso de quando ela se juntava a eles só pra fazer coisas que me deixariam brava, mas no final nunca conseguia ficar com raiva dela.

- Oh, I don't have you here with me

(Oh, eu não te tenho aqui comigo)

But at least I have the memory

(Mas pelo menos tenho uma memória)

I tried to make it through the night

(Tentei passar a noite sozinha)

But I can't control my mind

(Mas não consigo controlar minha mente)

I'm just thinkin' bout you

(Eu só penso em você)

I'm thinkin' bout you, I'm thinkin' bout you

(Estou pensando em você, estou pensando em você)

I'm just thinkin' bout you

(Eu só penso em você)

I'm thinkin' bout you, I'm thinkin' bout you

(Estou pensando em você, estou pensando em você)... – A voz melodiosa da diva da minha filha tocava ainda mais meu coração. Era verdade. Não tinha Camila aqui comigo como queria, mas a tinha em lembranças, podia passar a noite aqui sozinha, mas sonhava com ela, sempre sonhava com ela. Ela era dona do meu corpo, da minha alma, da minha mente, de mim por inteira, tudo em mim a pertencia e eu não conseguia parar de pensar nela. Será que ela também estava pensando em mim da mesma forma?

- Got these thoughts in my head

(Tenho esses pensamentos na minha cabeça)

Ain't no way to forget

(Não tem jeito de esquecer)

Got me losing my breath

(Me faz perder o fôlego)

Nobody got me the way that you did

(Ninguém me pegou do jeito que você pegou)

Had my eyes rolling back

(Fez meus olhos virarem)

Had me arching my back

(Fez minha coluna doer)

Now you love me so good

(Agora você ama tão bem)

I wish you would hurry up and come back

(Eu queria que você se apressasse e voltasse)... – Eu poderia fazer de tudo, nunca conseguiria esquecer Camila, porque ela é parte de mim e não se pode tirar uma parte de alguém sem lhe causar dor. Lembrava-me das nossas noites juntas, do nosso sexo, das nossas fodas, dos nossos momentos apenas de carinho, de como assistíamos filmes agarradinhas e de como ela comentava cada parte me fazendo sorrir por ela não conseguir ficar quieta. Eu queria que ela voltasse... Que voltasse pra mim. Ariana estava pra cantar o próximo verso quando algo aconteceu...

- Já chega! – Ouvi a voz de Dinah e me sentei na cama a observando desligar o som e encarar o quarto que pra variar, estava uma bagunça. – Que bad, palmita, nada disso, queremos você animada. – Notei que Vero entrou logo atrás dela.

- Eu nunca mais vou ser feliz. – Falei sendo dramática sim porque essa era a minha especialidade. Vero se aproximou me fazendo sentar enquanto Dinah saía catando os pacotes de guloseimas, garrafas de bebidas e minhas cuecas por ali.

- Viver nesse chiqueiro pra sempre é que você não vai. – Dinah disse desistindo de arrumar aquilo ali e jogando tudo para o alto. – Você vai sair com a gente.

- Ah não, não mesmo. – Resmunguei irritada, mas Vero já havia me puxado pelas pernas e me fazendo cair no chão, agora tinha que me levantar.

- Vamos a uma boate gay, então levanta daí e vá se arrumar. – Vero incentivou me impedindo de deitar novamente na cama.

- Ela tem duas escolhas. – Olhei Dinah e a vi segurando um isqueiro em uma mão e minha cueca na outra, logo ela tacou fogo na minha peça íntima. Arregalei os olhos. – Ou escolhe vir com a gente por bem... – Minha cueca quase completamente em chamas agora. – Nem preciso dizer que vai acontecer à mesma coisa com seu palmito o que aconteceu com sua cueca né?! Eu só to começando. – Ela sorriu debochada e abri a boca em choque. – Ah, isso caso você escolher por vir por mal é claro... – Me apressei em ir ao banheiro, tomar um banho e me arrumar pra ir com elas, nem morta que veria se Dinah estava blefando ou não.

...

Aqui estava eu, vestindo uma espécie de terninho/vestido da cor branca, com meus cabelos presos, brincos grandes, maquiagem nos olhos e batom escuro, em um lugar grande, escuro, com gente entrando e saindo e muito, muito barulho. Talvez Deus quisesse me dizer que eu não tinha mais idade pra isso porque tudo me incomodava, mas já estava aqui e conhecendo Vero e Dinah só sairia daqui quando elas estivessem bêbadas, então... Foda-se!

- Toma, pra você, trate logo de encher a cara. – Vero me entregou uma bebida colorida e nem esperei, apenas virei o copo e fiz uma careta deixando-me contagiar pela música presente no local.

- Onde a Camila está hoje? – Perguntei apenas por saber mesmo, não imaginava ela no mesmo local que eu, não a queria em locais assim, sozinha.

- Lucy e Ally a levaram ao cinema. – Relaxei mais quando Dinah respondeu. – Agora, beba todas, pegue todas e se divirta. – Ela praticamente empurrou mais uma bebida em minha boca e me deixei levar. Foda-se! Eu ficaria bêbada, faria merda, mas quem liga? Eu sou uma merda mesmo.

- QUEM EU VOU BEIJAR TODAS AQUI HOJE? – Gritei virando meu terceiro copo, acho que de tequila, nem estava distinguindo as bebidas mais.

- YEAAAH! – Dinah e Vero gritaram juntas quando me distanciei dela e fui "caçar".

...

- Mas então, meninas... – Falei sem saber muito bem do que estava falando enquanto tinhas duas moças muito bonitas sentadas cada uma em meu colo. – Sobre o que eu tava falando mesmo?

- Camila. – Uma delas disse revirando os olhos. Não me importei.

- Pois então... Eu que deveria estar lá com ela, sabe? Dar muito carinho e tudo mais, como a gente fazia quando íamos ao cinema juntas e ela tagarelava sem parar... - Bati na coxa de uma. – É serio, era sem parar mesmo. – Continuei falando da mulher da minha vida sem querer saber se ela estava me vendo aqui ou não. O álcool já eternizado em meu corpo. Será que ela conseguia me ver seja lá de onde ela estava?

- Te achamos. – Vero disse logo fazendo uma careta ao me ver. – Ok, acho que é hora de irmos.

- Não, não. – Neguei com o dedo. – Eu estava aqui contando as minhas novas amigas. – Apontei para as meninas. – O quanto eu amo a Camila, não é meninas?

- Anda, Lauren, vem! – Dinah me puxou pela mão e as garotas saíram de cima de mim.

- Obrigada por isso. – Uma falou pra outra e saíram dali. Eu em?!

- Acho que nosso plano não deu muito certo. – Vero falou fazendo uma careta.

- Vamos pra casa. – Dinah completou.

- Ver a Camzzzzzz? – Perguntei esperançosa, queria o meu benzinho comigo. Mas elas praticamente ignoraram minha pergunta e me arrastaram dali. São péssimas amigas elas, eu só queria ficar com minha ursinha, Camila, o amor da minha vida, tão linda. Haha!

[...]

Duas semanas depois...

- E agora se vocês olharem por aqui... Vão ver os tubarões. – A mulher que nos guiava disse enquanto a seguíamos junto com a multidão.

- Tubarões? – Nathan perguntou, curioso, quando chegamos a parte indicada e ele se aproximou do vidro, enquanto andava mais atrás com meus braços pendurados no ombro de Lua. Minha mocinha finalmente me deu uma chance de sair com ela e aproveitar momentos como esse enquanto visitávamos um simples aquário. Logo jogaram alguns peixes no tanque e o tubarão começou a devorá-los, chegando até perto do vidro. – AAAAAAAAHHHHH! MÃ! MÃ! MÃ! – Nathan fez escândalo quando o tubarão ficou perto dele e com suas perninhas curtas correu em minha direção, morrendo de medo. Foi inevitável não me lembrar de Camila quando éramos mais novas e fez escândalo num aquário também por causa de um tubarão, até fazendo uma criança chorar.

- Tudo bem, pequeno. – Soltei Lua para pegá-lo no braço, ele afundou a cara no meu pescoço, tremendo de medo. – Ele não pode te pegar, olha... – Apontei para o vidro e ele olhou com relutância. – Podemos ir lá novamente pra você...

- No, no, no, no, no mã, por favor, Nate no quer. – Disse fazendo um biquinho e voltando a esconder o rosto em meu pescoço. Lua sorriu dando meia volta, sabíamos que nosso passeio havia acabado ali. Suspirei. Como os amava!

- Podemos comer batata-frita? – A mocinha perguntou ajeitando os cabelos negros que caiam por suas costas.

- Claro, mi amor. – Respondi e ela me sorriu. Amém! Era ótimo vê-la sorrir pra mim novamente e ver que as coisas estavam voltando ao normal, menos é claro, por... Camila.

- Nate no quer mais ver tubarão... – Nathan disse assim que fomos para a praça de alimentação do local. – Mã, podemos ver dinochaulos? – Sorri.

- Mas ainda não fizeram um parque de dinossauros, hijo. – Respondi instantes depois sabendo que não poderia vir com aquele papo de novo de "não existe isso, filho".

- É que ontem mamãe, ele e eu fizemos maratona de Jurassic Park, por isso está tão impressionado. – Lua explicou depois de voltar com nossos pedidos, pois resolvi que ficaria na mesa com Nathan, a esperando. – A senhora sabe como se chama um dinossauro cego? – Perguntou com um sorrisinho de canto. Franzi o cenho.

- Não. – Respondi sinceramente.

- Vênadassauro. – Ela disse rindo e quase cuspindo o refrigerante que tomava por ter visto minha cara de confusão. – E o cachorro de um dinossauro cego? – Neguei com a cabeça. – Vênadassuro Rex. – Nathan desatou a rir mesmo sem entender muito bem e bastou apenas isso pra que eu gargalhasse. Deus, ela era tão ruim quanto Camila.

...

- Amo vocês, meus amores. – Falei assim que os deixei na frente de casa, não vendo Camila ali em nenhum momento, me evitava sempre que podia. Lua foi a primeira a beijar minha bochecha e depois Nathan, logo os dois saíram e entraram em casa. Dei a volta com o carro e meu celular tocou, atendi e era Mani. – Oi Manibear.

- Uh! Alguém está de bom humor? – Perguntou contente.

- Nem tanto, só porque acabei de ver meus filhos. – Suspirei. Era sempre bom vê-los, ainda mais agora que Lua voltara a sair comigo. – Queria poder vê-los todos os dias, acompanhar cada coisinha que eles fazem, todo o tempo. – Bufei frustrada. Mani suspirou do outro lado.

- Por que você não volta e fala com a Camila de novo? – Mani incentivou, mas neguei com a cabeça mesmo sabendo que ela não podia me ver. – Faz tempo que vocês não se falam, vai saber se ela não te perdoa ou sei lá. – Respirei fundo.

- Lucy pediu pra que eu me afastasse dela. – Soltei todo ar. – Por que está me incentivando a correr atrás?

- Porque eu não sou a Lucy. – Mani respondeu firme. Parei em um sinal vermelho. – E você sabe, quando ela ficou sem a Vero por todo aquele tempo, ela ficou morrendo de raiva da Veronica, mas falávamos dela e Lucy suspirava. Ela sentiu falta, Lauren. A Camila também sente sua falta.

- Não sei, Mani, e se ela me odiar? Não me quiser de volta? Me bater ou sei lá? – Estava com tanto medo que nem sabia mais o que fazer.

- A Lucy só quer proteger a amiga, mas eu também quero proteger as minhas. – Completou. – Sei o quanto está frágil com isso e Camila não está diferente, vocês duas se amam, é claro que ela não te esqueceu, então volte lá e tente conversar com ela novamente. – Incentivou e meu peito se encheu de coragem por as palavras daquela mulher negra e maravilhosamente sábia.

- Eu vou fazer isso mesmo, Mani. – Ela soltou um grito fino. – Obrigada, muito obrigada. – Sorri afastando toda a covardia que tive durante todo esse tempo e desliguei a ligação, fazendo o retorno. Eu conversaria com Camila, a faria acreditar que ainda me amava e que não podíamos viver uma sem a outra. Assim que estacionei o carro em frente à casa de Camila, um pouco mais longe pra que ela não visse meu carro ali e trancasse logo a porta, sem me dar a chance de me explicar, a vi encostada em um carro branco em frente a sua casa. Cabelos castanhos jogados de lado, óculos escuros, blusa preta de mangas que deixava sua barriga a mostra, uma saia que ia ate metade das suas coxas e com um flash grande na frente, meias três quartos e botas. Linda, maravilhosa, magnífica e... Minha! 

Fiz menção de abrir a porta do carro pra sair, mas arregalei os olhos quando vi um sujeito se aproximar. Eu conhecia aquele cara! Oh Deus, era Shawn, Shawn Mendes.

Camila conversava com ele e sorria. Meu coração se apertando em ver aquele sorriso direcionado a ele enquanto ele colocava a mão no ombro dela. Tire suas mãos daí! Já ia sair do carro praticamente soltando fumaça pelas narinas, mas algo inusitado aconteceu. Algo que eu não esperava nem em mil anos. Uma facada direta em meu coração.

Camila se aproximou de Shawn e o beijou. Eu não poderia mais ficar ali. Apenas entrei no carro e acelerei. Ela o beijou. CAMILA BEIJOU O MENDES.

Ela não me amava mais. Ela... Ela... Havia me esquecido.

E foi ali que eu percebi que assim como eu havia me perdido em toda aquela história, eu também tinha perdido a coisa mais importante da minha vida.

Eu havia perdido Camila Cabello.


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