Contrato de Destino

By KassColim

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[LIVRO 1] Este é o primeiro livro da Série Vórtex. [Romance/Fantasia] Um contrato foi selado pelos... More

S I N O P S E
Palavras da Autora
G L O S S Á R I O
P R Ó L O G O
C A P Í T U L O 1
C A P Í T U L O 2
C A P Í T U L O 3
C A P Í T U L O 4
C A P Í T U L O 5
C A P Í T U L O 6
C A P Í T U L O 7
C A P Í T U L O 8
C A P Í T U L O 9
C A P Í T U L O 10
C A P Í T U L O 11
C A P Í T U L O 12
C A P Í T U L O 13
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N O T A D A A U T O R A

C A P Í T U L O 29

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By KassColim

Sensação dissonante

          Não... aquilo não estava acontecendo comigo.

          A minha cabeça girava e dava um nó entre o limite da realidade e fantasia. A situação era tão absurda que parecia surreal, mas realmente estava acontecendo, o infeliz havia me largado naquele lugar que eu mal conhecia, praticamente nua, sem celular ou qualquer dinheiro.

          À medida que fui me dando conta do horror daquelas circunstâncias, comecei a tremer em desespero. O que eu iria fazer? Estava completamente desorientada, apavorada, não conseguia dar um passo sequer, e o ar se tornara praticamente inexistente diante da fúria, do medo, da humilhação.

          Eu nunca havia sido tão humilhada.

          Lágrimas já inundavam meus olhos, e desciam copiosamente pela minha face. "Chorar não diminui suas dores, sua raiva, ou o seu desespero, Liz". As palavras que viraram um mantra aos meus doze anos, voltaram à minha mente para consolar a garotinha sozinha e aflita que eu me sentia naquele momento.

          Pressionei os braços ainda mais forte contra meus seios, como se eles pudessem me proteger do restante do mundo. O que eu iria fazer, o que eu iria fazer, o que eu iria fazer... Olhei para os lados, a rua estava quase deserta, apenas um casal caminhava pela calçada do outro lado, mas ainda não tinham me visto. Talvez eles pudessem me ajudar.

           Eu tentava criar coragem para me mover, quando um carro parou à minha frente me fazendo dar um pulo em um total estado de pânico. Estava tão aturdida, que só percebi ser o carro de James, depois que ele saiu do automóvel e caminhou até mim.

          ― Sinto muito, Srta. Aileen ― falou me lançando um olhar triste enquanto retirava o paletó. ― Posso? ― pediu abrindo o mesmo.

           Concordei com um aceno breve, e a peça fora delicadamente colocada sobre os meus ombros. Não consegui sustentar seu olhar, tamanha era a minha vergonha. Eu mal o conhecia, e James já havia me visto dos piores jeitos e em um dos piores momentos da minha vida. Ainda assim, o mais cruel e triste disso tudo, era admitir que ele me tratava melhor, e que possuía mais compaixão do que o vampiro cujo qual me casaria.

          James não demorou a abrir a porta do carro para que eu entrasse. Já lá dentro, me apressei em passar os meus braços pelas mangas do paletó, e logo após, transpus um lado sobre o outro, cruzando os braços fortemente sobre o meu abdômen.

          ― Como você me encontrou, James? ― indaguei enxugando os vestígios das minhas lágrimas. Ele havia acabado de dar a partida no carro.

          ― O Sr. Skarsgard pediu para que eu viesse buscá-la.

          ― Maldito infeliz ― murmurei sem me importar que James pudesse ouvir.

          Eu não queria ver aquele crápula tão cedo na minha frente.

          ― Pode me levar para casa, por favor? ― pedi, e pela segunda vez naquele dia, o vi titubear.

          ― O Sr. Skarsgard pediu para eu levá-la até o condomínio onde o corretor os aguarda.

          ― Não, James, por favor, eu não quero ir ― choraminguei, fazendo um grande esforço para evitar mais lágrimas. E como se eu vivenciasse um déjà vu, o vi enrijecer o maxilar, e apertar os olhos como se estivesse em um grande conflito interno.

           ― Perdoe-me, mas o Sr. Skarsgard não gosta de ser contrariado, e o seu limite de aborrecimentos já se excedeu por hoje. Eu, como seu funcionário, e como uma pessoa sensata, não devo desobedecê-lo mais.

          Que espécie de lavagem-cerebral aquele babaca fazia com seus empregados? Senti pena deles. Devia ser difícil ter de aguentar tanta arrogância e loucura.

          ― Me desculpa pelo que inventei sobre a minha avó, sinto muito mesmo, mas eu precisava ir àquele lugar. ― James fez um gesto breve, como se me entendesse. Ele não parecia chateado comigo, menos mal, porque eu iria pedir outro favor. ― Você viu o que aquele louco fez comigo, olha o meu estado, eu só quero ir embora. Por favor, diz pra ele que você não me encontrou naquele lugar, ou fala que eu fugi.

           ― Sinto muito, Srta. Aileen, o carro possui rastreador.

          Droga! Ele não ia ceder desta vez.

          Meus olhos voltaram a arder, mas eu não podia fraquejar. Jamais permitiria aquele imbecil prepotente perceber que havia me feito chorar. Tratei de engolir meu choro e pensar no próximo passo, já que eu teria de encarar aquela cara cínica dele de qualquer jeito. Eu poderia dar um chute entre suas pernas, mas vampiros tem reflexos bons. Talvez, se eu amassasse a lataria do carro dele com o meu sapato...

          O que ele faria comigo? Se um simples atraso o levou a fazer o que fizera, o que mais me restava? A morte? Não, eu não podia fazer nada disso.

          Maldito.

          O restante do percurso tentei me distrair conversando com o James. Ele não falava muito, ainda mais quando eu fazia perguntas sobre o Anton. Ele simplesmente não me respondeu nenhuma delas, alegando gentilmente que a vida de seu chefe não lhe dizia respeito. Tudo bem que eu só queria reunir informações para usar contra ele futuramente, mas poxa, aquele vampiro louco seria o meu marido em um mês e eu não sabia nada sobre ele.

          Apesar de não ter as minhas questões respondidas, acabei descobrindo que o sobrenome de James era Franklin, e que fora transformado quando tinha cinquenta anos, a mil cento e cinquenta anos atrás por um tal de Lothair Franklin, uma das crias diretas de Nicolae. Também descobri que ser motorista era apenas a sua mais recente função, e que ele trabalhava para o Anton há oitocentos anos. Foi então que compreendi o quão profunda era a relação de confiança e lealdade entre eles.

          Minha atenção se exteriorizou quando James parou em uma portaria onde, após se identificar, adentrou o condomínio horizontal. Não tinha como não ficar maravilhada com a beleza do lugar extremamente arborizado, e principalmente com o luxo ostentado pelas casas que existiam ali.

          Elas eram afastadas umas das outras, cada uma com seu estilo próprio, tão suntuosas que pareciam competir entre si. Algumas eram modernas, compostas por linhas retas e formatos mais quadrados, enquanto outras eram mais monumentais lembrando construções antigas, e ainda tinham aquelas que possuíam um estilo rústico e acolhedor.

          Meu corpo se enrijeceu como um cubo de gelo quando vi aquela silhueta imponente parada na calçada de uma das casas conversando com outro homem. James parou o carro um pouco mais atrás, mas suficientemente visível para que aquele ser percebesse a nossa chegada.

          O motorista se apressou em descer e ir em direção a ele. Vi o Anton entregar uma chave ao James para então se aproximar do carro onde eu ainda estava muito bem acomodada. Eu não sairia de lá de modo algum. Apertei ainda mais meus braços ao redor do corpo e continuei olhando para frente quando ele abriu a porta.

          ― Saia ― ordenou ele com toda sua arrogância.

          ― Eu não vou sair daqui ― respondi tentando não falhar a voz.

          ― Não me desobedeça, fada. A não ser que... ― ele parou de falar, o que me fez olhá-lo de lado. ― Você gostou, não é mesmo? De ser largada em um lugar qualquer, quase nua.

          Não... eu não estava ouvindo aquilo! Simplesmente não aguentei. Era demais para o meu psicológico, aceitar a ironia maldosa daquelas palavras. Saltei do carro e fui para cima dele dando socos em seu tórax.

          ― Você é um cínico, um estúpido! Devia estar preso em um manicômio, e não solto por aí como uma pessoa normal! Cretino maldito! ― esbravejei tentando atingi-lo com toda a força que possuía, mas ele não se movia um milímetro ao menos, como se eu fosse uma mera pluma encostando nele.

          Uma de suas sobrancelhas se elevou parcialmente, e então, em um movimento rápido, ele segurou os meus pulsos por cima das mangas do paletó, e os levou para detrás das minhas costas, os segurando lá. De repente, me vi presa entre o aperto firme de suas mãos em meus braços, e os meus seios pressionados logo abaixo de seu tórax.

          Aqueles olhos perigosos em mim, aquela calidez, e aquele cheiro dele...

          Algo ficou estranho.

          Uma sensação diferente me fez esquecer a raiva por alguns segundos. Meu coração pulsava frenético, enquanto meu olhar descia lentamente traçando seu nariz bem afilado, seus lábios moderadamente finos e fechados em uma linha reta, depois o seu queixo, pescoço, até o nosso primeiro ponto de contato.

           Vi meus seios descobertos em um arfar ofegante, se esfregando na textura macia da camisa dele. Era como se todos os meus nervos mais sensíveis tivessem algo a dizer, na verdade, eles queriam gritar. A sensação ia aumentando e espalhando uma coisa prazerosa que provocava algumas pontadas que desciam e desciam...

          Não! Aquilo tinha que parar.

          ― Me solta! ― gritei tentando me livrar do seu aperto, mas ele não me soltou. Seus olhos fixos nos meus, imperturbáveis.

          ― Responda a minha pergunta, fada ― entoou ele no seu melhor tom provocador.

          Parei de me debater olhando bem no fundo de suas íris.

          ― Prefiro ser largada em uma rua qualquer, prefiro o pior lugar do mundo, prefiro o purgatório dos Deuses, do que ficar perto de você ― murmurei entredentes.

           Anton estreitou os olhos, e algo muito próximo à satisfação e divertimento, cintilou por eles.

          ― Você já está em um purgatório. Mas se estiver com dificuldades para perceber isso, talvez eu possa ajudá-la ― declarou me soltando e eu me apressei em fechar o paletó novamente. ― Ainda dá tempo de desistir. Uma ligação para Avigayil é o suficiente para dizer que você não quer mais o casamento, e que não quer ter de conviver comigo.

          Ele era um desgraçado mesmo. Eu estava bem próxima a sucumbir a todas as minhas emoções e desistir de tudo. Era o que eu mais queria naquele momento. "Chorar não resolve os seus problemas, Liz." Os meus problemas nem se quer me abandonariam se eu desistisse de tudo.

          Eu não podia ceder. Aquelas fadas precisavam de mim, e o que significava a minha vida em relação às centenas delas? Nada. Absolutamente nada. Era preciso ser forte, e eu conseguiria. Tinha nascido para aquilo, certo? Não deixaria Anton me afetar, e ele estava enganado se pensava que podia me manipular ou mandar em mim.

          Me aproximei dele elevando meu queixo, olhos nos olhos.

          ― Eu já disse que não tenho medo de você. Se quer acabar com esse casamento, não pense que vai conseguir me manipular para que eu o faça. Quer desistir, vampiro? Ligue você mesmo para Avigayil, e acabe com isso ― proferi determinada.

           Aquele brilho irritante de divertimento continuou lá, naquelas íris gélidas.

          Ao me afastar dele, vi que James estava parado próximo, com as minhas coisas nas mãos, e com os olhos saltados como se tivesse visto o pior dos horrores. Por que todos tinham tanto medo do Anton? Até a própria família tinha receio das loucuras dele.

          Após agradecer ao James, peguei as minhas coisas e voltei para dentro do carro. Acredito que nunca ficara tão aliviada em pôr um sutiã em toda a minha vida. Já pronta, resolvi sair do veículo e ir atrás do maldito, que tinha voltado para perto do outro homem o qual deduzi ser o corretor. Eu já estava ali mesmo, só me restava ir olhar aquelas casas e tentar diminuir aquela irritação que estava sentindo.

          Aproximei-me com cautela, um pouco sem graça. Será que aquele homem tinha ouvido a nossa discussão? Para começar, nem sabia como deveria me apresentar, e se tratando das reações imprevisíveis do Anton, eu tinha certeza de que deveria manter um pé atrás.

          O homem me olhou, e abriu um sorriso enorme. Ele devia ter por volta de uns trinta anos, tinha os cabelos levemente dourados, e estava todo bem-vestido em um terno azul-marinho perfeitamente alinhado ao seu corpo delgado.

          ― Olá, muito prazer, sou Harve Reed ― se apresentou entusiasmado. Eu devia estar muito pra baixo mesmo, fiquei meio perdida no meio de tanta animação.

          ― Igualmente, Liz Aileen. ― Segurei sua mão, tentando abrir um sorriso.

          Logo, ele começou um discurso falando sobre a excelente segurança e localização do condomínio. Depois passou a falar sobre as casas, e quais nos mostraria. Começamos pela que estava à nossa frente, uma linda mansão de arquitetura moderna.

          Assisti a toda apresentação calada, apenas observando o luxo e a beleza por onde passávamos, da mesma forma, o Anton. Um ignorando o outro, como se não nos conhecêssemos. O corretor não pareceu notar e nem se importar com a falta de diálogo, ele gostava de falar, não se calou nem por um segundo. E assim fizemos o tour por três casas enormes, tão lindas que eu não saberia dizer qual era mais.

          ― Como puderam ver, esta é excelente para uma família grande. Dez quartos os deixariam confortáveis com até nove filhos, o que é maravilhoso, pois poderão ampliar a família sem se preocuparem com espaço. Vocês pretendem ter filhos?

          Engoli seco. Um tapa em meu rosto não teria deixado a ardência das minhas bochechas mais intensa do que essa pergunta. Fiquei tão atônita que não sabia para onde olhar. Céus, por que uma pergunta tão insignificante me deixou com tanta vergonha? Eu não tinha e nem teria nada com o Anton. Além do mais, certa vez ouvi minha avó dizer que vampiros não podiam se reproduzir. Será que era verdade? De qualquer modo, não importava, era algo que eu não queria saber e que, com certeza, não iria testar.

          ― Oh, me desculpe, Sr. Skarsgard, às vezes me esqueço que vamp...

          ― Não teremos filhos ― Anton o interrompeu. ― Nem adotivos, ou de qualquer outra forma.

          ― Okay... ― O corretor abriu um sorriso casto, visivelmente sem graça pelas palavras bruscas daquele ser sem educação. Para o alívio dele, seu celular tocou, e após pedir licença, se afastou para atender.

          Cruzei meus braços, me virando para o jardim frontal da casa. Não queria cair na tentação de olhar para aquele vampiro. Apesar de tudo o que acontecera, e de toda a fúria que me causara, ele ainda mexia com os meus sentidos de um jeito que eu não gostava, e muito menos controlava.

          O fato é que não o olhar não diminuía em nada aquelas sensações, e o seu efeito catastrófico em meu psicológico. Bastava estar perto dele para me sentir desestabilizada. De costas, eu podia sentir seu olhar pesando sobre mim, com todo seu desprezo, presunção e, provavelmente, com satisfação por sempre conseguir me atingir tão facilmente. Eu era uma tola mesmo.

          ― Em qual das três você quer morar? ― indagou ele, me fazendo virar para encará-lo.

          Anton estava me perguntando aquilo mesmo? Ele consideraria a minha opinião, ou era só para escolher a que eu menos tinha gostado para me provocar?

          ― Por que tenho que escolher? ― perguntei desconfiada.

          ― Não dificulte as coisas com as suas insolências, fada. Responda a minha pergunta.

          ― Só quero saber por que tenho que escolher, sendo que não é somente eu que morarei nela.

          Um suspiro calmo lhe escapou, ao mesmo tempo que ele levava as mãos para dentro dos bolsos da calça preta.

          ― Porque não dou a mínima pra isso, e será você que passará mais tempo dentro dessa casa.

          Então ele levaria em conta a minha opinião? Não sabia se me sentia aliviada com o fato de saber que não íamos passar tanto tempo juntos, ou se me sentia incomodada. Mas incomodada com o que? Eu deveria me preocupar com alguma coisa?

          ― O que você quer dizer com isso? Por acaso nós não vamos... morar juntos? ― questionei tentando não soar estranha, o que não devo ter conseguido, pois seus olhos se apertaram ligeiramente.

          ― Acabei de descobrir que tem outra casa à venda, aqui neste condomínio ― falou Harve ao se aproximar. ― Querem conhecer?

          ― Não tenho tempo ― Anton respondeu olhando o relógio preto preso ao seu pulso.

          ― Quinze minutos, é só isso que vamos demorar. Garanto a vocês que não é igual a nenhuma das anteriores. Depois que a conhecerem ficarão muito tentados a ficarem com ela, tenho certeza.

          ― Não posso. Ela vai escolher uma das casas que vimos, e eu irei comprá-la. Entre em contato com o Francis para enviar o contrato e fechar o negócio ― falou ele contornando o carro, em direção à porta do motorista.

          ― Eu quero conhecer essa casa ― declarei em um impulso. Juro que não fora para desafiá-lo, eu realmente tinha ficado curiosa.

          Se o Anton tivesse o poder de me matar à distância, eu teria morrido naquele segundo. Da mesma forma rápida que vi transparecer irritação em seus olhos, a vi desaparecer como mágica. A sua capacidade de retomar o controle em milésimos de segundos era inacreditável.

          ― Essa casa é a mais afastada deste condomínio, Sr. Skarsgard. E pelas características básicas que me exigiu, posso dizer que ela é a única que atende a todas perfeitamente, e muito mais. ― Características básicas? O que será que o Anton teria exigido?

          ― Dez minutos ― concordou ele, e eu quase não acreditei. Anton sendo flexível?

          Harve deu um largo sorriso, e então saiu andando rapidamente em direção a um sedã cinza parado do outro lado da rua. Comecei a ir em direção ao carro do James, parado mais abaixo, até que fui interrompida por aquele timbre grave e imperativo.

          ― Entre no carro, fada.

          Era só o que me faltava, eu teria de entrar no carro dele de novo? Estava tão farta de tantas discussões que preferi não me opor, pelo menos desta vez eu estava devidamente vestida. Só voltei até o automóvel luxuoso, de linhas suaves e design moderno. Até o maldito carro parecia se encaixar perfeitamente a ele. Selvagem e imponente.

          Entrei calada e tão breve, seguimos o corretor pelas ruas do condomínio. A casa era mesmo afastada, entramos em uma estrada estreita, muito arborizada, até chegarmos a um portão alto, preso por muros também altos, cobertos por trepadeiras. As primeiras diferenças entre ela e as outras casas, já podiam ser notadas logo na entrada.

           Além de possuir um portão, ela era recuada, e dispunha de uma pequena cabine no lado de dentro à margem da estrada, na qual se encontrava um segurança. Perguntei-me por que teria um, dentro de uma casa em um condomínio como aquele.

          Harve e ele trocaram algumas palavras antes do portão ser aberto, então assim, seguimos pela estrada que continuava adentro. Me lembrei da casa de Eleonora, o que me fez abrir a janela do carro, e colocar a minha cabeça para fora. O conjunto de árvores sombreavam o caminho, e traziam um cheiro fresco, limpo. O ar leve tocava o meu rosto me fomentando uma paz que há muito tempo eu não sentia.

          Cortamos outra estrada perpendicular à que estávamos, o que achei singular. Logo à frente começara se estender um gramado baixo, muito bem cuidado, até chegar na casa. E que casa, ela realmente era diferente. Toda a sua frente era composta por vidro, de cima a baixo. Talvez, por não ser tão exposta quanto as outras, era possível ser assim. Ela também era mais alta, como se possuísse mais de dois andares.

          Anton parou o carro em um dos recuos da grama, e então descemos. A frente da casa era tomada por um lago artificial, onde havia somente uma ponte de granito preto que levava diretamente para a porta de vidro, e se não fosse por alguns reflexos da claridade do dia projetados por toda aquela fachada deste material, era possível ver com perfeição todo o interior.

          Harve digitou algo em um pequeno painel ao lado da moderna maçaneta metálica, e com um clic, abriu a porta nos dando passagem. Eu não sabia direito o porquê, mas algo me dizia que aquela casa seria o meu novo lar. 




Harve Reed




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