Unpredictable Love

By RayaneMorais1

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Lauren Jauregui acabara de voltar para Miami depois de passar três anos em Los Angeles, onde convivia com pes... More

Previsibilidade
Atletas
Achados e Perdidos
Sueño
Campeonato (Part I)
Campeonato (Part II)
Festa
Acampamento
Ato Inesperado
O Trato
O Encontro
Não minta!
Desculpa!
Sentir-se bem
Você quer?
Mais um dia
Viagem
Diversão
Jogo
TPM?
Calma, Camila!
A Faça Sua
Planos Futuros
Exames Finais
Vida Universitária
Sem tempo
Não dá mais!
Você é minha!
Praia
Inseminação
Lembranças
Aceitação
Cuidados
Inseguranças
Tentação
Provação
Olhos
Amigos
Dentinhos
Dia de Lua
Treze Anos
Não consigo evitar...
Casamento
Cumplicidad
Ações
Alexa
Sorrisos
Crescendo
Decepção
Perder
A Verdade
Juntas
Incrivelmente Maravilhosa
Dificuldades
Surto
Milagre Natalino?
Amor Imprevisível
Bônus

Medos

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By RayaneMorais1

Um mês depois...

- Fica em posição, Lu. – Pedi olhando para minha filha do outro lado do pequeno gramado perto da piscina que tínhamos em nosso quintal. Lua me olhou com atenção e comprimiu os lábios. – Então, você vai avançar e tentar me atacar, tá certo? – Ela assentiu. – E aí eu vou te bloquear, mas você não pode desistir, tudo bem? – Lua assentiu mais uma vez. – Ao meu sinal... – Ela cerrou os punhos e fiquei com o corpo ereto. Minha filha tinha pedido para que eu a ensinasse alguns golpes de defesa pessoal, já que um dia me vira praticando, então decidi que iríamos para o quintal e praticaríamos juntas. Aqui estamos. – Agora! – Mandei e Lua correu em minha direção. Seu movimento foi algo do qual esperava, então me adiantei em bloqueá-la. A pequena Cabello Jauregui tentou acertar meu rosto com uma tapa, talvez não tivesse pronta pra tentar socar o rosto de sua mãe, levantei o braço, bloqueando o golpe e passei minha perna por entre as suas, a derrubando com uma rasteira e a vendo bufar, frustrada.

- Onde está a mamãe? – Perguntou fazendo força para levantar e quando conseguiu fez o que pedi e veio para cima de mim novamente, dessa vez tentando me dar um chute. Segurei sua perna com facilidade e a puxei para mim, empurrando seu peito com a mão aberta e a fazendo cair no chão novamente.

- Disse que ia varrer lá na frente, então... – Dei de ombros fazendo uma careta quando Lua, que pela idade era bem mais ágil que eu apesar de ser eu quem sabia das coisas aqui, ter agarrado minhas duas pernas e as puxava para baixo. Era um movimento surpreendente, já que a maioria dos movimentos exigia que estivéssemos de pé, mas se em algum momento eu derrubasse um assaltante, por exemplo, e ele, caído no chão, tentasse me derrubar puxando as minhas pernas, eu também precisava estar pronta pra isso. Lua grunhiu com o esforço de me derrubar, fazendo forças com os braços envolta das minhas pernas para que me empurrasse e caíssemos juntas. A melhor fuga para esse tipo de coisa é fazê-la achar que tinha me derrubado, então cedi e caí no chão, Lua foi rápida e subiu em cima de mim, mas lhe lancei um sorriso travesso e a empurrei, girando meu corpo e ficando por cima dela. Puxei seus braços pra cima e sentei em sua barriga, com minhas pernas cada uma do lado do seu corpo, sem depositar todo meu peso. Ela bufou e me levantei, girando pra o lado contrário a ela, depressa. – Sua mãe anda estranha... – Comentei virando-me para ela e vendo que minha filha já havia levantado.

- É a gravidez. – Deu de ombros, antes de dar um grito e correr em minha direção. Esperei o impacto e quando ela chegou perto me abaixei, segurando em sua cintura e a puxando para cima, para as minhas costas. É claro que não deixaria um bandido em minhas costas, meu objetivo era derrubá-lo no chão, mas como era minha filha ali, apenas executei o movimento com paciência. Arqueei minhas costas para trás, fazendo-a cair com mais delicadeza do que a que usaria para esse tipo de golpe.

- Você precisa parar de gritar antes de atacar. – Deixei claro vendo-a no chão de novo. – Não que precise atacar, mas se caso for pra se defender, não grite. - Avisei antes que ela saia por aí achando que pode bater nas pessoas. – Vamos lá, mi amor, levante-se. – Falei e ela ficou de pé novamente. – Conseguiu perceber os movimentos que usei contra você? – Lua fez uma cara como se estivesse tentando se lembrar. – Em todos eles eu usei os seus movimentos contra você mesma. – Me referi a jogá-la para trás, puxar sua perna e bater em seu braço quando ela tentou me bater. Todos provocados por ela. – Quando alguém tentar te bater no rosto, você faz isso, vamos lá, tente... – Pedi e Lua parecia muito concentrada, mas com certo medo de me bater de verdade. – Vamos lá, hija, não vai me machucar. – Assegurei e ela assentiu. Logo levantou o braço, tentando ser rápida e me dar uma tapa, mas levantei meu braço como a de momentos atrás e bloqueei seu golpe. – Viu? Agora vamos lá, vou tentar fazer com você, pra ver se pegou... Tá bem? Agora! – Ergui o punho, pronta pra tentar socá-la e Lua levantou o braço, mas de forma lenta. Como não era da minha vontade socá-la de verdade, o impacto não aconteceu porque puxei meu punho para trás. – Sua mãe comentou algo com você?

- Sobre? – Ela perguntou franzindo o nariz enquanto repeti o movimento e ela fez errado de novo. Não sei, parecia concentrada demais ou muito quieta, o problema é que Lua não era de ficar quieta. Tinha alguma coisa estranha acontecendo!

- Hm... Nada... – Deixei pra lá, afinal, era mais do que certo, Camila estava estranha. E meu palpite era que a culpa é... O tal do Shawn Mendes. Ficamos repetindo o movimento até que Lua pudesse pegá-lo. Desde nosso aniversário, quando o conheci, fiquei chateada por toda atenção que Camila dera a ele. Não fizemos muito aquele dia, fomos ao estádio que havia perto do nosso antigo apartamento, onde nunca havíamos ido, foi legal e tudo mais, porém uma coisa havia ficado na cabeça. O sorriso daquele cara denunciava que ele gostava de Camila... Gostava mesmo.

- Vai Mama! – Lua me disse me tirando dos meus devaneios e não tive tempo de bloquear o que veio a seguir. Como apenas eu estava tentando atingi-la, não esperei que Lua fechasse o punho e trouxesse-o para perto do meu rosto, não levantei o braço e... Fui atingida.

- Porra! – Caí no chão no mesmo instante sentindo meu olho doer como o inferno. E eu achando que ela não tinha coragem de me socar. – Por que fez isso? – Perguntei grunhindo, irritada, com a mão em meu rosto. Lua arregalou os olhos e se jogou no chão ao meu lado.

- MAMA, PELO AMOR DE DEUS! – Gritou tentando puxar minha mão que ainda estava em meu rosto. Puta merda! – Mama, me desculpa, por favor... – Retirei a mão do meu olho esquerdo, sentindo-o lacrimejar. Caramba, que soco! – Eu tinha dito que já havia aprendido e perguntei se podia tentar fazer com a senhora pra que me bloqueasse e a senhora respondeu que sim, então... – Ela me ajudou a sentar enquanto tentava fazer alguma coisa para ajudar, completamente agitada. Percebi que devia mesmo ter respondido com um "aham" ou "hm" que usava pra assentir quando Camila vivia reclamando comigo sobre deixar as roupas jogadas no sofá quando chego do trabalho ou a toalha no corrimão da escada, fazia apenas pra que ela soubesse que eu estava prestando atenção mesmo sem estar. E a culpa disso tudo de quem era? Shawn. Aquele maldito! Fui tirada dos meus devaneios outra vez quando Lua começou a chorar.

- Ei, ei, ei, por que esta chorando? – Perguntei ignorando a dor em meu olho e a encarando. Vendo-a cerrar o punho, ele estava um pouco vermelho, ela provavelmente sentiu dor em socar meu rosto, já que não sabia como fazer do jeito certo e nunca fizera isso alguma vez. Pelo menos fizera bem feito. Ai! – Seu punho está doendo? – Perguntei preocupada, mas mais e mais lágrimas saíam de seus olhos enquanto ela chorava horrores. O que deu nela? – Hey, a mama está bem. Qual é o problema?

- Eu não... Sou boa pra você. – Falou abraçando os joelhos e chorando mais alto.

- O que? Como assim? Dá onde tirou essa ideia? – Perguntei alarmada tentando entendê-la, mas Lua só fazia chorar ainda mais. Ver seu filho chorar e não saber o que fazer era uma sensação indescritível.

- Eu não sou uma boa filha... – Ela se ergueu me deixando ainda no chão, sem saber o que pensar. – Você vai ter outro filho e ele vai ser melhor... – Ela completou fungando. Meus olhos estavam arregalados em surpresa. O que diabos estava acontecendo com Lua? – Eu até soquei seu rosto. A senhora me odeia. – E então ela correu, entrando em casa.

- LUA, LUA! – Tentei chamar, mas em vão já que ela provavelmente já estava no meio do caminho até seu quarto. Mas que droga! Que ideia era aquela? Desde quando ela pensava assim? Eu não vou deixá-la de amar por causa do bebê. Santo Deus! Me levantei dali, indo até a cozinha e procurando um copo de água gelada, rapidamente o coloquei em cima do meu olho, gemendo por ter aliviado um pouco. Precisava falar com Lua sobre isso. Ia para o andar de cima, mas escutei uma risada do lado de fora. Era a risada de Camila. Estranho! – Camila? – Chamei colocando a cabeça pra fora da porta e a vendo parada enquanto mexia a boca. Hm. Saí totalmente da casa e a vi conversando com um rapaz. Ah, eu conhecia esse rapaz. – Shawn? – Tenho certeza que minha cara não era das melhores.

- Oh, bom dia, Lauren. – Ele disse simpático passando a mão pelos cabelos arrepiados que estavam desgrenhados graças à corrida. Corrida? Sim, ele estava com calções de corrida e uma regata cinza grudada ao corpo que confirmava minhas suspeitas, ele tinha um corpo incrível. Merda! – Estava por perto fazendo uma corrida e pensei que poderia vir buscar a Aaren na casa de uma amiga que mora por aqui. Aí vi a Camila. – Ele explicou apontando para uma rua no final do quarteirão. – Na verdade, ela que me "buscaria" já que está com o carro porque dormiu fora. Haha! – Ele riu sem humor nenhum e observei Camila sorrir para ele. – O que aconteceu com o seu rosto? Bateram em você? – Ele perguntou encarando meu olho esquerdo que incharia caso eu não cuidasse, mas não sairia daqui enquanto aquele maldito adulto com cara de moleque saísse de perto da minha mulher.

- Lua me socou no rosto. – Expliquei não dando importância e Camila arregalou os olhos. – Estávamos treinando, foi um acidente. – Ela pareceu relaxar e Shawn nos olhou, fazendo uma careta meio estranha. – Por que estava com o cortador de grama ligado? – Perguntei arqueando as sobrancelhas pra ela. – Você disse que varreria a frente de casa. Não pode fazer isso! Está grávida, Camila. – Reclamei.

- Foi o que eu disse pra ela. – Shawn avisou sorridente demais. – Deveria ficar de olho nela, Jauregui. – Brincou como se eu não tomasse conta da minha esposa grávida. – Mas sei que estava ocupada... Treinando. – Deu ênfase. – Particularmente acho que violência nunca é a solução. – Ok. Agora ele estava me irritando! Abri a boca pra dizer que eu também achava o mesmo, exatamente por isso que fiz aulas de defesa pessoal, para me defender, porque era agredida quando criança, então aquele babaca intrometido não tinha direito nenhum de falar aquilo. – Bem, preciso ir... – Fechei a boca, contente por ele finalmente estar indo embora. – Prometi ir com a Aaren para um protesto que vai ter no centro da cidade a favor dos direitos trabalhistas LGBT, pode parecer bobagem, mas muita gente não contrata por aí por causa da orientação sexual. – Explicou e estreitei os olhos para ele. Mas uma coisa perpassou pelo meu olhar, era Camila, inacreditavelmente por uma fração de segundos ela o encarou de cima a baixo, sorrido tímida. Não sei se pelo ótimo físico dele, que era dez mil vezes melhor que o meu ou pelo babaca ter todo aquele papo de não à violência e direitos LGBT, mas uma coisa eu percebi naquele olhar. Ela o desejava, disso eu tinha certeza. – Bem, até mais então... Tchau, Mila... – Mila? Ele se aproximou e deixou um beijo na bochecha dela. – Tchau, Lauren. – Acenou pra mim e se afastou correndo. Camila acompanhou-o com o olhar enquanto ele corria até o fim do quarteirão até a tal casa da amiga da sua filha.

- Certo... – Pigarreei chamando sua atenção, Camila piscou diversas vezes como se tivesse esquecido que eu estava ao seu lado. – Podemos conversar? Lá dentro? – Perguntei pacientemente e ela corou parecendo saber bem sobre o que eu queria conversar. Assentiu e fomos em silêncio até entrarmos em casa. Suspirei, sabendo que teria que começar o assunto. – Ok. Você o deseja. – Falei tudo de uma vez e fui até a cozinha, Camila me seguiu.

- O que? O Shawn? – Perguntou surpresa. – Não, Lauren, claro que não! – Negou desviando o olhar do meu. Certo! Busquei umagarrafa de uísque no fim do armário, a peguei e coloquei uma dose para mim, jogando dois cubos de gelo no copo. – O que? Vai beber? Mas ainda é de manhã!

- Preciso beber se vamos conversar sobre isso. – Decretei firme tomando um grande gole da bebida e sentindo-a queimar por dentro. Ok. – Voltemos à questão... – Ela me olhou chocada. – Não precisa mentir pra mim, Camila, somos casadas... – Apontei para a distância entre mim e ela, Camila ficou calada. – Também não precisa se envergonhar, você sabe que já senti isso antes... – Comentei muito despreocupada. Não sentia raiva dela ou coisa do tipo, na verdade, de algum jeito muito estranho, me identificava com Camila nessa. Me sentei.

- Keana? – Perguntou baixo como se não tivesse coragem. Assenti em silêncio e ela deslizou para perto de mim, sentando-se numa das cadeiras dali. – Bem, talvez, eu sinta o mesmo... – Confirmei, querendo que ela continuasse. – Tem certeza que isso não é estranho pra você? – Neguei sendo sincera. Era bom conversar com ela sobre sentimentos, apenas um pouco curioso por não ser sobre nós. – Ele é legal e me atraí de um jeito estranho. – Assenti. – Você sabe muito que não me atraio por físico, digo, claro, todo mundo se atraí por físico, mas eu busco algo a mais e...

- Você busca olhar a mente das pessoas. – Completei sabendo bem como ela pensava.

- Você me atrai por bem, ser você... – Sorri. – Linda, gentil, com uma mente brilhante e um coração tão puro quanto qualquer ser da face da terra. – Tomei mais um gole. – Ele só desperta algo em mim, algo diferente, digo, ele é bonito... – Certo. Sabemos que é verdade. – E é muito gentil e preocupado com coisas que costumo me preocupar. Gosta de fazer os outros rirem e se certifica de que todos estejam bem... – Sabia que eles já tinham tido bastante contato, por isso Camila podia dizer que enxergava tudo isso nele.

- Shawn teria sido o tipo de cara por quem você se apaixonaria. – Camila ficou calada e sabia que era verdade. De repente um medo enorme se apossou do meu ser.

- Foi assim com Keana também? – Ela perguntou interessada.

- Talvez. – Respondi sincera. – Mas com um tempo percebi que ela não era a mulher certa pra mim, apesar de sim, ter qualidades que se fossem, em outra ocasião eu a notaria, sem dúvida. – Ela assentiu. – Eu só... Tenho medo... Ele é bem mais... Interessante que eu.

- Como se isso foi verdade! – Camila revirou os olhos. – Nunca ninguém vai ser tão interessante quanto você, Lauren. – Ela disse olhando bem no fundo dos meus olhos. Tomei o último gole do uísque. – É você quem amo...

- Mas você também diz que ama dias de sol, pra que possa olhar as nuvens, mas quando está muito quente, usa boné pra se proteger. – Comecei. – Você diz que ama os dias de chuva, mas quando chove, fica em casa tomando chocolate quente e assistindo séries. Você diz que ama quando bate aquele vento forte, mas quando venta muito, você pega o edredom mais grosso pra se cobrir. É por isso que tenho medo, Camila. – Ela me encara com atenção. – Você também diz que me ama...

- Por mais que eu faça todas essas coisas... – Ela admitiu. – Eu nunca me protegeria das emoções que sinto ao seu lado... – Camila segurou minha mão. – Ou me impediria de sair e viver o mundo com você. Nem me esconderia de todo amor que você me oferece, Lolo... – Disse firme fazendo um carinho em minha mão. – Eu jamais fecharia as portas do meu coração pra você. O Shawn é só um...

- Talvez. – Completei e ela assentiu. Sabia que ela pensava em um "se" não estivesse comigo e o que aconteceria "se" estivesse com ele. Eu já havia pensando assim. Não podia mentir, não pra ela, não quando estava sendo tão verdadeira comigo. – Espero que eu valha mais do que seu talvez.

- E sempre irá valer. – Soltei sua mão para levantar da cadeira e colocar mais uma dose de uísque para mim. Camila não reclamou. – Você... Você... – Ficou nervosa. – Já beijou a Keana? – E aqui estava a pergunta. Algo que ela sempre quis perguntar, mas nunca tocou no assunto, por medo que eu tivesse feito. Medo. Talvez Camila não conseguisse me deixar ir mesmo sabendo dos erros que eu tinha feito. Isso era amor. Sem julgamentos de quem estivesse de fora, porque aqui, tudo isso não valia.

- Não. – Respondi sincera. – Mas passou perto. – Não mentiria pra ela. Nunca! – Você também já quis beijar o Shawn, certo? – Ela suspirou e não precisei que respondesse. – Você sabe que precisa afastá-lo, não sabe? – Camila me encarou enquanto tomei um gole pequeno de uísque. – Não por mim. Não quero que se afaste porque pedi, não por minha causa. – Ela me encarava com atenção. – Quero que se afaste porque percebeu que a presença dele perto de você só vai lhe fazer mal, digo, ficar tentada e não poder fazer nada, não é bom, e se fizer, vai se arrepender depois. Foi o que mais passava pela minha cabeça. – Ela assentiu. – Então... Estamos bem? – Dei-lhe tempo para pensar e Camila abriu um grande sorriso, fazendo todo medo e aquele peso enorme ser retirado do meu peito. Aproximei-me dela e beije-lhe na sobrancelha, ela suspirou com o contato.

- Aonde vai com mais essa dose? – Perguntou curiosa quando me viu indo a caminho da escada.

- Preciso conversar sério com a Lua. – Respondi entortando a boca. – Se vou tomar mais esse tiro... – Me referi à conversa séria que tivemos. – Melhor que seja com a mente um pouco mais aberta. – Ela assentiu e com uma sensação de missão cumprida, subi as escadas. De repente as coisas ficam tão simples que assusta. A gente vai perdendo as necessidades, reduzindo as bagagens. Se Camila realmente desejava outra pessoa. Quem ligava? Eu não! As opiniões dos outros, são realmente dos outros, e mesmo que sejam sobre nós; não tem importância. Tanto podia estar casada amanhã como não estar, agora minhas expectativas dependem de Camila, mas já dependeram de mim. Se ela não me quisesse mais, o que eu podia fazer? Nada, era decisão dela e não tenho controle, assim como não tenho controle do destino. Vamos abrindo mão das certezas, pois já não temos certezas de nada. E, isso não faz a menor falta. Paramos de julgar, pois já não existe certo ou errado e sim a vida que cada um escolheu para experimentar. – Lua? – Bati na porta do quarto de Lua e escutei um "entra" baixinho. Fiz o que ela pediu e me sentei na cadeira do seu computador a trazendo pra perto enquanto minha filha se sentava na cama, para me olhar. Seus olhos verdes inchados denunciando o choro e seus cabelos estavam um pouco assanhados, mesmo assim ela continuava tão linda, tão minha. – Quer conversar agora sobre o que aconteceu?

- Mama, me desculpe. Eu não devia ter te batido, foi sem querer. – Ela disse baixinho, sentindo-se muito culpada pelo visto. Tomei um grande gole da bebida, vendo apenas um restinho no copo, Lua franziu o cenho pelo fato de eu estar bebendo àquela hora, mas apenas fungou esperando pela minha sentença.

- É claro que te desculpo... Foi um acidente, sabemos disso. – Ela ficou calada. – Pergunto se quer conversar sobre o bebê... Tudo o que me falou... Quer falar sobre isso? – Silêncio. Suspirei e esperei. Lua se levantou da cama e procurou algo em seu conjunto de livros no canto do quarto, logo pegou um dicionário e o folheou. Esperei, ansiosa. Ela pareceu achar o que procurava e me entregou, apontando para uma palavra específica. – Atelofobia... – Li em voz alta. – Medo da imperfeição. Medo de não ser suficientemente bom. – Terminei, fechando o dicionário e o colocando com cuidado na cama. Estávamos de frente uma para a outra então segurei em suas mãos e as coloquei em meu colo. – Então você tem medo de não ser boa o bastante comparada ao bebê que está chegando? – Ela continuou em silêncio. – Sabe que isso não vai acontecer, não sabe? – Mais silêncio. – Lu, ninguém é perfeito. – Ela me encarou. Seus olhos brilhando como os meus. Tomei o ultimo gole da minha bebida e deixei o copo no chão, passando uma mecha do seu cabelo para trás da orelha. – Sua mãe não é... – Lembrei-me do incidente com Shawn. – E olhe pra mim, estou bebendo e ainda é de manhã. – A sombra de um sorriso perpassou por seus lábios. – E você é ruim em português e rebelde o bastante pra dar porrada na sua mãe. – Lua entortou a boca e contive a risada, logo a fazendo desmanchar a careta. – Ninguém é mais perfeito que ninguém, Lu. E esse bebê será do mesmo jeito, sua mãe e eu vamos amá-lo da mesma forma que amamos você ou tão mais quanto. Me entende? – Ela assentiu mordendo os lábios. Abri meus braços e ela pulou, como a garotinha de 5 anos que vivia fazendo isso quando me via ao buscá-la na escola. – Nós te amamos muito e isso nunca vai mudar, talvez até aumente. – Ela me apertou e correspondi. – Só, por favor, pare de me bater, isso pega mal. – Ela gargalhou, tão alto que meu peito se encheu de amor por aquela linda garotinha. E... Por fim, entendemos que tudo que importa é ter paz e sossego, é viver sem medo, é fazer o que alegra e ter o coração naquele momento. E Só.

[...]

Quinze dias depois...

- Camila, você tá ai? – Perguntei chegando ao quarto e não encontrando minha esposa. Bufei. Lua já dormia e Camila me disse que ia pegar algo no guarda-roupa, mas não dei muita atenção, continuei lavando a louça, mas agora que queria achá-la, ela tinha sumido. – Camila? – Chamei outra vez quando desci as escadas. Fui para o quintal, mesmo sabendo que ela não poderia estar lá e me surpreendi vendo Camila perto da piscina, apenas de biquíni. Mas o que?! – Camila, pelo amor de Deus, você tá grávida e tá frio. – Sinalizei para o ar em volta. Já era de noite. O que ela estava fazendo ali?

- Preciso de alguém pra me ajudar... Quero tomar banho. – Sinalizou para as escadas da piscina e revirei os olhos. Mulher teimosa! – Se você não me ajudar vai ser pior, porque vou entrar querendo ou não. – Ela me olhou esperando por meu pronunciamento e cruzei os braços. – Ok então... – Deu de ombros e foi para a escada. Ai Deus! Corri o mais rápido que pude e a auxiliei a descer as escadas com cuidado. O que essa mulher pede que eu não faço? - Você vai vir ou não? – Perguntou me encarando com um sorriso sapeca quando já tinha lhe ajudado a entrar na piscina com segurança. Abri a boca pra protestar, mas ela me chamou com o dedo. – A água tá uma delícia, Lo. – Ela piscou jogando água pra cima e molhando um pouco da camisa grande que eu usava, apenas com uma cueca por baixo. Bufei frustrada sabendo que ela não me deixaria em paz caso não entrasse na piscina com ela. Fui na direção das escadas, mas Camila me interrompeu. – Não, não... Não... – A olhei em confusão. Ela sinalizou para as minhas roupas. – Se for entrar tem que entrar nua... – Ela mordeu os lábios fazendo aquela cara travessa dela. Idiota!

- Por que entro nua e você de biquíni? – Perguntei apenas pra implicar com ela, afinal, sabíamos que não faríamos nada demais. Não ali, não com Lua em casa e ainda perto de onde ficava a janela do seu quarto, já que a piscina ficava exatamente embaixo, depois do telhado. Fora que Camila e eu não transávamos desde que ela estava com seis meses de gravidez porque achei que todo aquele papo de que a mulher algumas vezes enjoa da parceira fosse mentira já que na gravidez da Lua parecíamos coelhas, graças a Camila, mas dessa vez, ela apenas não sentia vontade ou não queria e eu respeitava. Agora que estava com 8 meses, quase 9, não iria fazer nada, lógico. Me surpreendendo totalmente Camila fez algum movimento, deixando a água agitada e logo estava com a parte de baixo do biquíni girando nos dedos. Uau! Ela passou a língua pelos lábios e puxou a parte de cima, ficando nua naquela piscina e jogando os trajes de banho pra fora daquele retângulo cheio de água.

- Agora vamos estar quites. – Disse baixinho e grunhi por não ver muito já que as luzes de fora da piscina estavam apagadas e Camila estava com água até o pescoço. A luz da lua iluminava seus lindos olhos castanhos. – Precisa de um convite formal? – Perguntou me tirando do transe e sem esperar mais apenas puxei minha camisa pra cima, deixando meus seios livres e logo me desfiz da cueca, me atrapalhando um pouco pra passá-la por minhas pernas já que estava apressada. Camila riu da minha agitação e me joguei na piscina com tudo. Puta merda!

- Caralho! – Reclamei assim que cheguei à superfície. – Não achei que estivesse tão gelada. Puta que pariu, que frio! – Me aproximei dela, tremendo, mas Camila não parecia ligar pra temperatura da água.

- Deixa que eu te esquento, amor. – Ela disse próxima o bastante pra sussurrar em meu ouvido, me fazendo arrepiar. – É bom darmos um jeito no Laurenzo... – Me fez rir e grunhir ao mesmo tempo quando passou sua mão por minha barriga e alcançou meu membro, ainda flácido. – Está com saudades disso, Laur? – Perguntou provocativa enquanto me puxava para perto da borda, fazendo uma massagem gostosa em meu membro. Aquela água já começara a esquentar. Beijei seu pescoço, dando leves chupões ali enquanto Camila me masturbava e aos poucos... Eu já estava pronta.

- E se Lua acordar e olhar pela janela? – Perguntei quando nossos corpos estavam grudados, quando consegui encostar Camila na borda.

- Ela não vai, amor. Aproveita! – Ela arranhou acima do meu quadril e mordiscou minha orelha. Gemi baixinho.

- Rapidinha? – Perguntei vendo desejo em seus olhos.

- Rapidinha. – Confirmou e não esperei mais nada. Com um pouco de esforço a ergui e deixei-a sentada na borda da piscina, com suas pernas envolta do meu quadril, me apertando e fazendo minha ereção encostar em sua barriga. As mãos começaram a passear pelo corpo uma da outra, os beijos aumentaram o ritmo e a intensidade, o calor começou a se fazer presente, nossos corpos já unidos estavam ainda mais unidos e agora entregues. Gemidos e suspiros sendo abafados a cada beijo envolvente. – Lolo, vai logo! – Camila disse apressada depois que as masturbei por alguns minutos, esfregando suas dobras molhadas e seu clitóris inchado que já pedia por atenção, mas naquele momento ambas estávamos apenas buscando chegar ao ápice juntas o mais rápido possível. Camila continuava com os beijos carinhosos por toda região do meu pescoço, ombros, seios, queixo. De uns dias pra cá ela me dava bem mais atenção, com apelidos carinhosos, beijos fofos aqui e ali e nada de Shawn. Nada de rosas, cartões, histórias. Pelo visto ela tinha finalmente percebido que não valia a pena e que eu estava aqui com ela para sempre e talvez com Shawn isso nem sequer podia existir ou durar. – Hm... – Gemeu baixinho em meus lábios quando posicionei meu membro em sua entrada e o afundei dentro dela, fazendo nossos corpos sentirem o contato e estremecerem juntos. – Assim... Amor. – Comandava quando comecei a me movimentar mais rápido dentro dela. Queríamos apenas ter um orgasmo o quanto antes possível.

- Mexe... Isso... C-Camz... – Aumentei os movimentos descendo minha mão por entre nossos corpos e esfregando o ponto sensível de Camila, sua cabeça indo para trás enquanto ela tentava gemer baixo.

- Que bunda gostosa, Lo... – Falou e senti suas unhas se afundando na carne macia em minha bunda. Saí e entrei rápido, indo cada vez mais fundo, me fazendo revirar os olhos de prazer. – U-Um dia... – Falava agora mordiscando meu pescoço, deixando suas marcas. – Adoraria foder essa... S-sua... B-bundinha gostosa... – Arregalei os olhos não parando com os movimentos enquanto Camila apertava ainda mais aquela região.

- Foder como, Camila? – Perguntei alarmada rebolando meu quadril de forma circular para que se chocasse contra o dela, sua barriga ali me impedindo um pouco de fazer mais pressão contra seu corpo, mas sendo gostoso do mesmo jeito. Camila é um espetáculo de mulher e sempre me deixaria louca até mesmo com um sexo rápido como o que estávamos fazendo agora.

- Um dia... Eu gostaria de... Hm... Isso! Ai! – Murmurava enquanto gemia e tentava me trazer mais pra perto. – Fazer algo com o seu... Buraquinho daí de trás... – Arquejou, as gotas de suor descendo pela minha testa. – Como você fez com o meu... – Mordi os lábios, me concentrando e tentando deixar aquela ideia pra depois. Já sentia um aperto em minhas bolas e estava perto.

- A gente fala... Hm... Disso... Depois... – Camila chupou forte meu pescoço enquanto apertei mais suas cochas com ela com o corpo todo de fora da piscina. – A-amor... T-tô perto... – Confessei sentindo meu pau atingir algo esponjoso, Camila mordeu o lábio com força e aumentei os movimentos, mais firme. Minha mão capturou um de seus seios enquanto mordi seu ombro, Camila segurou firme meus cabelos e grunhi, indo mais freneticamente contra ela, ouvindo o som de nossos corpos se chocarem, ainda com um barulho da água se agitando graças mim.

- Eu também t-tô. – Confessou arranhando minhas costas. – LAAAU... – A impedi de gritar, capturando seus lábios em um beijo desajeitado, mas envolvente, sentindo minhas bolas finalmente se libertarem daquela sensação. O corpo de Camila tremeu e me libertei em quatro jatos dentro dela, continuando com os movimentos e fechando os olhos para aproveitar melhor nosso orgasmo. – A-amor? – Chamou-me quando parei de me movimentar dentro dela e finalmente retirei meu pau dali, grudando meu corpo ao seu e afundando meu rosto em seu pescoço. – Precisamos mandar limpar a piscina amanhã... – Ela disse e observei seu rosto, Camila olhava pra baixo, segui seu olhar e vi que assim como sua intimidade estava melada com meu gozo, havia resíduos na água da piscina. Argh!

- Nada de deixar a Lua tomar banho amanhã... – Completei séria e Camila gargalhou. – O que foi? – Perguntei confusa enquanto ela jogava a cabeça pra trás rindo.

- Nós somos loucas... Lo... – Disse entre risos, então comecei a rir também e ela voltou a gargalhar. Logo estávamos como duas loucas rindo na piscina. – E se a Lua acordasse e nos visse pela janela?

- Não me olha assim não... – Reclamei quando ela parou de rir, limpando as lágrimas dos seus olhos. – Foi você quem me seduziu.

- Ah então a culpa é minha é? – Brincou beijando meus lábios suavemente.

- É claro que é! – Acusei despreocupada e Camila riu. - E também... Se ela colocasse a cabeça na janela, nos escondíamos e eu imitava um lobo.

- Um lobo? – Ela riu mais alto e a calei com a mão. – E porque um lobo, Lauren? Tá doida? – Riu mais, seus olhos castanhos brilhando em felicidade.

- Ué. Aí ela acharia que foi um bicho que tava fazendo essa zoada toda. – Expliquei mesmo sabendo que aqui não havia nenhum lobo. Camila tentava rir mais baixo.

- Como seria esse lobo em? – Perguntou me abraçando.

- Assim... AAAAAAUUUUUUUU! – Uivei bem alto e Camila arregalou os olhos me batendo, mas não me preocupava com mais nada a não ser ela.

- Lauren sua doida, a Lua... – Camila se afastou de mim, girando na piscina e como estava fora apenas fez um grande esforço e conseguiu se levantar, totalmente nua.

-Vai lá, Camz, tenta... – Incentivei quando a vi catando nossos trajes perto da piscina. Fiz força com os braços para subir ali e deixei que aquela água escorresse por meu corpo. Camila me observou risonha. – Vai lá...

- AAAUUUUUUU! – Camila me imitou e gargalhamos em seguida.

- Tem alguém aí? – Ouvimos uma voz de cima da casa e corri, a luz do quarto de Lua foi acesa e não fiquei pra ver se ela colocara a cabeça pra fora da janela, apenas puxei Camila pela mão e como tudo estava escuro seria difícil nos ver então entramos pela cozinha. Olhos arregalados, respirações ofegantes, somos mesmos muito idiotas.

- Viu o que você fez?! – Camila voltou aos velhos tempos onde ela me batia por tudo e me estapeou nos ombros.

- Valeu a pena... – Comentei segurando seus braços e lhe dando um selinho demorado mesmo contra sua vontade. Logo começamos a nos vestir antes que Lua insistisse com aquilo e descesse pra ver do que se tratava e aí encontrasse suas duas mães nuas na cozinha. Podemos ter sido bastante idiotas, mas valeu a pena, porque ver Camila Cabello uivando era meu fim.

[...]

No mês de maio...

- LAUREN! – Acordei com um grito de Camila e sentei na cama com os olhos arregalados. Antes que pudesse sequer pensar em protestar por ela ter me acordado, franzi o cenho ao sentir a cama ensopada. E antes que pudesse perguntar "Camila, você fez xixi?" porque era o mais viável pra mim enquanto ainda estava com sono, ela me interrompeu. – A bolsa estourou. – Parece que todo caos instalado no parto de Lua havia voltado, mas o máximo que consegui fazer foi levantar da cama, até que muito tranquilamente, ascendi à luz, abri o guarda-roupa, tirei de lá uma pequena bolsa com todos os pertences do nosso bebê e roupas para mim e Camila.

- Você quer se trocar? Tomar um banho antes? – Perguntei sabendo que apesar do que muita gente acha, o parto não vai começar assim que a bolsa estourar, a grávida ainda tem um longo tempo depois disso e por isso seria melhor que Camila fosse completamente relaxada até o hospital, mas claro, se ela quisesse.

- Não, Lauren, pelo amor de Deus, só me leve logo para o hospital. – Ela disse alarmada e suspirei. Ok, respira, Lauren, você não pode surtar. – Eu s-sinto que... Tem... A-algo de errado... – Ela conseguiu dizer conforme se sentou na cama e respirou fundo fazendo caretas pelas poucas contrações. E naquele momento tudo que eu menos fiquei foi calma. Apressei o passo e atravessei o corredor correndo, bati na porta do quarto de Lua e ela abriu com uma cara de sono que em outra hora poderia achar adorável.

- A bolsa da sua mãe estourou. – Disse alarmada e Lua não se moveu. Era de madrugada e era compreensível que ainda estivesse dormindo. Mas mesmo com Camila sendo uma pessoa agitada como foi no parto de Lua, ela estava estranha, algo estava muito errado. – Ela acha que tem algo acontecendo com o bebê, anda, vamos logo! – Lua pareceu acordar e correu pra dentro do quarto, provavelmente pra vestir alguma roupa. Voltei para o quarto vendo que Camila já parecia pronta pra irmos, então o mais rápido possível que consegui, vesti um short folgado e troquei a blusa e a segurei pelos ombros. Logo Lua apareceu e com sua ajuda conseguimos levar Camila até o carro depois de certificar que pegamos tudo.

- O que você tá sentindo? A senhora tá bem? Tá sentindo dor? – Lua desatou a perguntar enquanto dirigia. Mas estranhamente Camila estava muito calma, sempre com o nariz franzido e entortando a boca, algumas respirações irregulares aqui ou ali, mas era estranho. Ela grunhiu por uma contração mais forte e Lua parecia estar prestes a entrar em estado de alerta. Camila parecia não estar escutando nada a sua volta, muito concentrada e Lua com todas aquelas perguntas não estava ajudando.

- Filha, toma aqui o celular... – Entreguei o meu aparelho de telefone e ela o pegou sem saber o que fazer. – Ligue para todas as meninas e avise que estamos indo com sua mãe para o hospital... – Lua me olhou incerta enquanto trocava a marcha. – Agora, Lu. – Ela assentiu começando a ligar e se esqueceu de fazer tantas perguntas num mesmo momento.

- Vocês vão ficar bem, Camz. – A assegurei pegando sua mão e fazendo um carinho, ela apenas assentiu sem dizer nada e aquilo estava me assustando demais. – A bolsa da minha mulher estourou. – Falei assim que chegamos ao hospital e tive que sair do carro para avisar a recepção, deixando Lua com Camila. Logo dois enfermeiros apareceram com uma cadeira de rodas e me seguiram para que mostrasse onde ela estava. Levaram Camila na cadeira de rodas enquanto Lua e eu os seguíamos e ficamos em um corredor, quando Camila foi levada para uma sala para que o médico a examinasse e visse com quanto de dilatação ela estava. – Se acalme, Lu, sua mãe vai ficar bem. – Tentei ser forte por minha filha que estava ao meu lado, com lágrimas nos olhos enquanto batia o pé no chão, ansiosa.

- Lauren Jauregui? – O médico chamou assim que saiu da sala, vi uma agitação atrás dele, logo algumas enfermeiras entraram no quarto onde Camila estava. – A senhora é esposa da paciente? – Perguntou e assenti me levantando, assim como Lua, todo meu corpo tremendo. – Bem, estou aqui pra informar que felizmente ela está com dilatação suficiente para o parto, mas que há um problema... – Lua estremeceu ao meu lado e apertei sua mão. – O bebê está passando pela famosa circular de cordão... – Franzi o cenho. – É quando o cordão umbilical passa pelo corpo do bebê e se prende a algum de seus órgãos, é completamente normal e não costuma ser preocupante na maioria dos casos, porém... Nesse caso... – Arquejei. – O que quero dizer é que precisamos fazer o parto o mais rápido possível, pois o cordão é considerado curto e infelizmente está preso em algum órgão até agora, tememos que ele possa ficar apertado e seu bebê... Bem... – Arregalei meus olhos e Lua gritou fino ao meu lado. – Não sou eu quem vai operá-la... – De repente Camila saiu do quarto numa maca com algumas enfermeiras a levando pelo corredor. Parecia mais pálida do que nunca e meu coração se apertou por tempo indeterminado. – O cirurgião vai operá-la fazendo uma cardiotocografia que consiste num exame onde ele faz o parto monitorando a frequência cardíaca do bebê. Podemos autorizá-la a acompanhar sua mulher, mas sugiro que não faça isso se tiver chances de desmaio ou coisa parecida, pois pelo que examinei até agora, o fluxo sanguíneo do bebê não está bom e a cirurgia pode ser de risco. – Não conseguia mais ouvir nada, segurei nos ombros do médico e o apertei ali.

- Minha mulher vai ficar viva, certo? – Ele contorceu os lábios. – O bebê também, não é? Diga que eles vão ficar bem. – Ele ficou calado. – Lua, fique aqui, eu vou com a sua mãe. – Lua arregalou os olhos.

- Mas mãe, eu... – Não queria deixá-la sozinha e com medo, mas Camila precisava de mim.

– Fique com... A NORMANI! – Gritei assim que vi negra maravilhosa no final do corredor. – Fique com ela. – Foi à última coisa que disse antes de correr para a porta por onde Camila foi levada. Me impediram para que eu pudesse receber os cuidados pré-operatórios, ganhar luvas, toucas, lavar bem as mãos, essas coisas, mas quando finalmente entrei na sala de cirurgia me pus ao lado de Camila e não sairia de lá por nada. – Eu tô aqui, Camz, tudo vai ficar bem. – Apertei sua mão dando um sorriso discreto mesmo com a máscara no rosto e Camila, ainda muito pálida, assentiu discretamente. Sabia que tinha risco de desmaiar a qualquer momento, mas não poderia deixá-la aqui. Quando o médico finalmente disse que podíamos começar, depois de checar todos os aparelhos para a checagem da frequência cardíaca do bebê e de Camila e de dizer a ela todo aquele lance que ela já sabia sobre empurrar quando sentir uma contração e respirar firme e por etapas, pude ouvir os grunhidos de Camila sabendo que tudo havia iniciado. Um medo enorme se apossou do meu ser. Não o medo como o de Lua de decepcionar, de não ser o bastante. Não o medo de que Camila me trocasse por outra pessoa. Mas o medo de perder. Esse sim parecia ser o maior de todos os medos.

- Queda abrupta nos batimentos cardíacos do bebê... – Informou um dos auxiliares do cirurgião. Camila apertou mais minha mão, fazendo força como pedido. – Identificamos o cordão, está preso ao pescoço. - Já suava frio. Pedia a todas as forças do universo que fizessem com que minha mulher meu filho saíssem bem dessa. Não sei se pedi a um Deus específico, ou a vários deles, ou quem sabe a apenas uma força superior ou tentei ter pensamentos positivos, mas algo lá em cima ou seja lá onde for, estava me atendendo.

- Recuperamos... – Suspirei. – Se houver outra queda dessas... – Dizia o médico. – Interrompemos o parto normal e faremos uma cesárea... – Funguei. O medo de perder muitas vezes torna-se maior do que o desejo de ganhar. Ganhar o nosso bebê. Quando isso acontece, os sonhos morrem, o brilho nos olhos é substituído pela desconfiança e a nova percepção estabelecida sobre o que é vitória, passa a estar limitada simplesmente a não decepcionar... – Força, isso! – Camila urrou alto e meus dedos pareciam se quebrar, mas finalmente escutei algo... Algo que sabia que significava minha vitória. – ISSO AI! – Ele comemorou animado. – É um lindo menino e nasceu com saúde! – Soltei todo o ar que nem sabia que guardava. Mas quando o desejo de ganhar, de crescer, de vencer desafios e o desejo de desbravar o desconhecido falam mais alto, sonhamos acordados, as janelas de nossa alma, nossos olhos, hipnotizam os que se atrevem a se aproximarem e cada vitória é intensamente comemorada até o nascimento de uma nova meta. Minha nova meta havia nascido. Dessa vez não desmaiei, só quando checasse se todos estariam bem, porque estava exausta, assim como Camila.

-Você fez um ótimo trabalho, amor. – Suspirei vendo Camila tentar normalizar a respiração depois que finalmente tudo havia acabado.

– Eu amo você! – Encheu meu coração de alegria conforme alisava suavemente sua mão e via as enfermeiras limparem nosso bebê para que depois pudéssemos finalmente segurá-lo.

...

- MÃE! – Lua gritou assim que sua entrada no quarto foi autorizada. Camila e eu fizemos um "shi" no mesmo instante, mas ela ignorou apenas correndo para os braços de Camila enquanto eu segurava meu filho. Ela apertou, beijou, alisou o rosto de Camila, tudo de uma vez só conforme checava se ela estava bem. – Eu fiquei tão doida achando que a senhora ia acabar não voltando pra mim. – Lua chorou facilmente deixando que as lágrimas escorressem por seus lindos olhos. – Mãe, parecia um filme de terror quando ele veio falar com a gente no corredor. - Explicou o incidente com o médico enquanto Camz enxugava suas lágrimas com um sorriso compreensivo no rosto. – Eu amo você, mamãe, por favor, nunca mais faça isso de novo. – Ela dizia depositando mais beijos pelo rosto de Camila, a fazendo rir e eu sorrir só de poder presenciar a cena. Encarei meu filho enquanto Camila e Lua estavam absortas a tudo, aproveitando os braços uma da outra em silêncio. Dei a elas o tempo que precisavam. – E então, eu posso ver meu irmãozinho? – Sorri vendo que ela já estava mais relaxada do susto. Como era de manhã por passarmos a madrugada inteira no hospital, a pouca luz do sol das 6h entrava pela janela, iluminando boa parte do quarto, consequentemente iluminando meu filho em meus braços e o fazendo abrir os olhinhos, fazendo com que eu sorrisse novamente. Seus olhos? Não podia ser diferente. Verdes com leves tons de azul. Pele bem branquinha e com pintinhas vermelhas, bem diferente de Lua quando nasceu. E bastante cabeludo, com fios castanhos quase puxando pra o lado meio loiro. Lindo! Fui em direção á cama e sentei ao lado de Camila, Lua se aproximou já com um sorriso bobo no rosto. – Nate, é você? – Ela segurou no pequeno dedinho do nosso filho e ele abriu a boca, parecendo com sono.

- Nate? – Perguntei confusa fazendo Lua morder internamente a bochecha, nervosa.

- De um tempo pra cá quando você não estava, a Lu começou a chamar o nosso bebê de Nate, disse que era apelido, que quando nascesse e soubesse o sexo dele ou dela, seria Nat se fosse menina e Nate se fosse menino e que podíamos escolher o nome a partir daí. – Camila explicou e vi Lua enrolar os cabelos, me olhando como se pedisse aprovação. Diferente de quando ela nasceu, Camila e eu não sabíamos nada. Mas tudo era diferente agora. Eu não desmaiara no parto, tivemos um baita susto com Camila e Nate e nossa filha já pensara em nomes. Nate? Ué, já soava comum pra mim.

- Eu gostei! – Ela suspirou em alivio e Nate nos encarou com aqueles olhos verdes magníficos. – É claro que você tem um nome a partir disso, não é? – Perguntei já sabendo a resposta e Lua me olhou travessa.

- Sim... – Sussurrou e Camz e eu nos entreolhamos. – Seria Natalie se fosse menina, significa nascida no Natal, mas como não é Natal nem nada... – Ela deu de ombros parecendo bem mais adulta do que uma garota de 14 anos. – E é menino... Bem... Pensei em Nathan. – Esperamos. – Significa dádiva, presente, ou dom. – Ela completou orgulhosa. – Eu li que pode ser considerado como talentoso, abençoado, recompensado. – Parece que minha pequena garota fez uma grande pesquisa sobre isso então. – Ou no geral como... Presente de Deus. – Suspirei lembrando-me da hora que pedi a seja lá quem fosse que mantivesse meus dois amores vivos e aqui estão eles, mais uma, contando com Lua agora, o caso era que... Tudo havia dado certo.

- Então será Nathan C... – Camila pigarreou. Engraçado! Achei que ela já tivesse concordado já que estava por dentro dos planos de Lua.

- Se me permitir, quero fazer apenas uma observação... – Lua e eu prestamos atenção. – Sei que não gosta muito do nome Michelle, assim como eu não gosto do Karla... – Sorri enquanto Camila falava. – Mas queria que ele tivesse um pedaço de você, isso eu já meio que decidi antes de ver que ele é a sua cara, Lauren... – Camila resmungou e olhei para o pequeno Nate que abriu a boca, com sono, novamente, realmente ele é a minha cara. – Então se concordar... Gostaria de acrescentar Michel no nome dele. – Sorri carinhosamente para aquela mulher abençoada ao meu lado. O meu presente maior era ele. Só ela pôde me dar uma família tão maravilhosa como essa.

- Você ouviu, hijo? – Perguntei tomando a atenção do pequeno que pareceu reconhecer minha voz enquanto brincava com sua outra mãozinha, a que não estava sendo segurada por Lua. – Você já tem nome, meu bebê. – Nosso filho abriu a boca, mas foi pra sorrir, mesmo sem dentes, o que deixou aquilo ali mais lindo ainda. – Seja bem-vindo a família... Nathan Michel Cabello Jauregui.


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