Contrato de Destino

By KassColim

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[LIVRO 1] Este é o primeiro livro da Série Vórtex. [Romance/Fantasia] Um contrato foi selado pelos... More

S I N O P S E
Palavras da Autora
G L O S S Á R I O
P R Ó L O G O
C A P Í T U L O 1
C A P Í T U L O 2
C A P Í T U L O 3
C A P Í T U L O 4
C A P Í T U L O 5
C A P Í T U L O 6
C A P Í T U L O 7
C A P Í T U L O 8
C A P Í T U L O 9
C A P Í T U L O 10
C A P Í T U L O 11
C A P Í T U L O 12
C A P Í T U L O 13
C A P Í T U L O 14
C A P Í T U L O 15
C A P Í T U L O 16
C A P Í T U L O 17
C A P Í T U L O 18
C A P Í T U L O 19
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N O T A D A A U T O R A

C A P Í T U L O 28

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By KassColim

Degradação, um poder da desordem

          ― O que você está fazendo aqui? ― perguntei alto, muito assustada. ― Sai daqui! Estou me vestindo.

          Eu diria que sua expressão carregava a mesma indiferença, mas seus olhos estavam muito escuros, e a pulsação dos músculos acima de seu maxilar era visível. Será que ele estava nervoso? Mal tive tempo de processar o que acontecia, só o vi se abaixar e passar o braço ao redor das minhas pernas.

          De repente, passei a ver tudo invertido, pendurada em seu ombro.

          ― O que você está fazendo, Anton? Me solta! ― gritei.

          Quando ele saiu do provador, entrei em pânico e comecei a balançar as pernas, já que eu não podia usar os braços que ainda me cobriam os seios. Ele me segurou mais forte, e continuou andando tranquilamente pela loja, entre as atendentes e algumas clientes que nos olhavam confusas e perplexas com a cena.

          ― Estou falando sério! ― berrei. ― Me solta agora ou eu vou te morder!

          Com coisa que dada a posição em que eu estava, conseguiria essa proeza, pior, com coisa que conseguiria intimidá-lo. Mas eu precisava fazer alguma coisa!

          ― Tente repetir essa ameaça quando estivermos sozinhos, fada ― proferiu calmo e com um tom tão sombrio, que estremeci.

          O que será que ele quis dizer com isso? Não sei por que, mas subitamente meu desespero aumentou. E ver a entrada da Maison ficando para trás, com uma Ophélie apavorada olhando para nós, só piorou a situação.

          ― Socorro! Estou sendo sequestrada por esse louco! Me ajudem... ― choraminguei.

          ― Vá lá dentro e pegue as coisas dela ― falou ele para o James, que também parecia incrédulo com o que via.

          ― Me solta! ― gritei novamente.

          Como se nada demais estivesse acontecendo, e ignorando completamente os olhares horrorizados das pessoas que andavam pela calçada, Anton caminhou até um luxuoso carro esporte parado atrás do sedã de James, e abrindo a porta do passageiro, me colocou lá dento.

          ― Você é um grosso! O que pensa que está fazendo? Seu baba... ― Ele simplesmente fechou a porta na minha cara.

          Eu estava tão constrangida, e com tanto ódio que me sentia tremer da cabeça aos pés. Meu corpo queimava como se fosse o próprio fogo, e os meus olhos ardiam, mas nem lágrimas tinham porque elas pareciam evaporar antes mesmo de se formarem. O controle das minhas emoções, o qual eu havia treinado de maneira tão obstinada, tinha sido destruído e estraçalhado. As minhas inscrições já se projetavam pela minha pele, e pareciam retalhar cada pedacinho dela.

          Era doloroso, mas eu sabia bem que existiam dores piores.

          Fechei meus olhos com força contando até dez, tentando regular a minha respiração. Inspirei fundo, uma, duas, três vezes, até que a dor cessou e as inscrições sumiram. Tudo parecia ter voltado ao normal, com exceção da ira que eu ainda sentia, e do calor insuportável.

          E que calor!

          O suor brotava em meu pescoço fazendo algumas gotinhas descerem pelos meus seios, e o mormaço proveniente da minha pele, exalava o perfume dele. Era uma imensa droga. Um simples contado fez o cheiro dele grudar em mim. Na verdade, estava espalhado por todo o carro, mas na minha pele era muito mais intenso.

          Anton entrou no carro, e imediatamente virei meu rosto para a janela, pois não queria nem olhar na cara dele. Minha bolsa fora colocada no meu colo, seguida da minha blusa e por fim, do meu sutiã. Neste último gesto minha face voltou a arder. Era humilhante uma peça tão íntima do meu vestuário, ter passado pelas mãos do motorista que acabara de conhecer e depois pelas mãos daquele babaca.

          Eu estava morta. Morta de vergonha, de raiva, e de calor.

          Ele não falou nada, e era melhor assim, eu não estava disposta a voltar a gritar. O único barulho que se fez foi o ressoar profundo do ronco do motor, antes que ele arrancasse com o carro. Pelo menos o ar-condicionado estava ligado, e em fração de segundos, o ambiente foi ficando fresco.

          Minutos tinham se passado, e ainda não havíamos trocado nenhuma palavra. Arrisquei uma olhada de relance para ele, que parecia distante, submerso em pensamentos ou apenas concentrado na direção. Reparei o quanto os traços do seu perfil eram perfeitos e harmoniosos. Observei suas mãos firmes ao volante, e os seus antebraços descobertos pela manga da camisa preta que estava dobrada até o início deles. Eu nunca os tinha visto descobertos. Eram grossos, seus pelos finos e discretos em uma pele clara, e que parecia ser tão macia.

          Balancei minha cabeça negativamente. Droga, eu não deveria ficar tão perturbada perto dele.

          Aproveitando que ele estava abstraído na direção, tentei movimentar meus braços para pegar meu sutiã, de modo que eu não mostrasse nada. Só vi sua cabeça se virando discretamente, e aqueles olhos claríssimos com seu ar superior sobre mim.

          ― Não me olha ― falei séria.

          ― Não adianta mais esconder, eu já os vi.

          ― Qual é o seu problema? ― indaguei alto. ― Por que você fez isso?

          ― Pensou mesmo que poderia me deixar esperando, fada?

          ― Não te deixei esperando. ― Me fiz de inocente. ― Eu disse que não iria, e se você ficou esperando foi por que quis!

          ― Sim, claro. Então você resolve usar o meu motorista para levá-la até o seu compromisso. Ou melhor, levá-la para deixar um remédio para a sua avó enferma. Que comovente.

          Eu não devia, mas não consegui evitar, soltei uma risada.

          Anton se concentrou em mim, varrendo com seu olhar frio cada traço do meu rosto. Senti vontade de rir mais, e tive de morder meu lábio inferior para conseguir me segurar. Toda sua atenção se voltou para a minha boca, e por lá permaneceu alguns segundos antes dele se virar de vez para frente.

          ― Só para esclarecer, eu não usei ninguém. Estava disposta a ir te encontrar depois.

          Ele freou o carro bruscamente. O meu corpo e todas as minhas coisas se projetaram para frente. Elas caíram no chão, enquanto eu, voltei para trás com tudo, batendo minha cabeça no encosto do banco.

          ― Você ficou maluco? ― gritei levando uma das mãos até a cabeça. O outro braço continuava firme o quanto podia, sobre os meus seios. ― Que droga!

          Anton começou a se aproximar devagar. Seu semblante não revelava nada, nenhuma emoção, e a ausência delas tornavam tudo ainda mais preocupante, o que me fez ir escorregando para o lado. Quando senti minhas costas grudadas na porta, percebi que não tinha mais saída, então comecei a me encolher, acuada, como uma presa na jaula de um leão.

          Ele estava perto demais, praticamente em cima de mim. Seus olhos nos meus refletiam um nada perturbador, enquanto suas pálpebras desciam e subiam com uma calma absurda. Nossas respirações se misturavam, o seu cheiro e o seu calor me cobriam como uma névoa perigosa, e a sua camisa acariciava a minha pele nos lugares em que tocava.

          O que ele iria fazer?

          A ponta do seu nariz encostou brevemente no meu me fazendo estremecer ainda mais. Era a quarta vez que nossas peles se encontravam uma com a outra. Fora o toque das nossas mãos no primeiro encontro, dos seus dedos em meu braço quando ele fingiu que ia me morder, depois na troca de alianças e, por fim, naquele momento, não houve nenhum outro, e em todas às vezes me assustava o efeito devastador que isso causava em mim.

          Fechei os meus olhos entremeio à vibração ofegante do meu peito, esperando pelo pior, ou pelo melhor. Àquela altura, eu estava tão confusa e tão incapaz de pensar em qualquer coisa, que não saberia definir o bom ou ruim, o que eu queria ou deixava de querer. Eu estava abalada, mas me apeguei às sensações, e elas me deixaram ansiando por mais.

          Anton poderia me tocar facilmente... com os dedos... com a boca..., mas não o fez.

          ― Ninguém me deixa esperando, fada ― proferiu com a voz baixa e mais rouca do que o normal, seu hálito morno sendo lançado sobre a minha boca. Tão breve senti seu calor me abandonar, e ao abrir os olhos, constatei que ele já havia voltado à sua posição. ― Lembre-se disso, da próxima vez que tentar jogar comigo. Posso querer deixar as coisas mais dolorosas, e menos seguras.

          Ele voltou a pôr o carro em movimento, e as buzinas enlouquecidas dos carros atrás de nós, as quais eu nem havia percebido antes, pararam de tocar. Ainda abalada, me endireitei no banco, esforçando para respirar direito, e para tentar parar de tremer.

          ― Não tenho medo de você ― murmurei uma quase mentira.

          No fundo, Anton me assustava. Havia algo muito obscuro e feroz por trás da sua conduta insensível, o que o tornava perigoso, mas eu não tinha noção do quanto. Só que de alguma forma, os conflitos de emoções que ele me provocava, excluía parcialmente o medo. Perto dele, tudo se tornava mais intenso, desde a raiva até as sensações antes desconhecidas por mim. Eu perdia a razão, me tornava impulsiva, e tirava coragem de não sei onde, para enfrentá-lo.

          Me abaixei para pegar minhas coisas. Encontrei minha bolsa, e minha blusa, mas o bendito do sutiã não parecia estar lá embaixo ou em nenhum outro lugar ao alcance dos meus olhos. Tentei apalpar o assoalho debaixo do banco, mas minha mão não ia muito fundo.

          Droga!

          Coloquei minhas coisas de lado, então, com muito cuidado, dobrei as pernas apoiando os joelhos sobre o assento. Me virei para frente enfiando a cabeça entre o painel do carro e o banco, de modo que eu pudesse enxergar o que havia debaixo dele.

          ― Que merda você está fazendo, fada? ― indagou ele com seu singular tom autoritário, diria que estava até mais ríspido do que o normal.

          Eu só o ignorei, porque tinha acabado de ver a pontinha de algo bem lá no fundo, o que deduzi ser o meu sutiã, mas como eu o alcançaria se uma mão estava apoiada no chão enquanto a outra me cobria os seios?

          Ouvi um murmúrio ríspido quase ininteligível que parecia ser um xingamento bem pesado. Só podia ser coisa da minha cabeça, uma palavra como aquela era um atestado de exasperação e, por vezes, apenas escapava quando a pessoa era levada aos limites de sua resistência, algo que jamais devia acontecer com aquele ser ao meu lado.

          Ainda curvada para frente, virei minha cabeça pro lado. Anton estava realmente olhando para a minha bunda? Como das outras vezes, não havia expressão nenhuma em seu rosto, mas o seu olhar estava tão preso em mim, que nada mais parecia existir ali, nem mesmo a direção cuja qual ele tinha que se preocupar.

          Eu deveria me sentir constrangida e ter vontade de acertar a mão na cara dele, da mesma maneira que sentia quando pegava outros homens me olhando. Mas, de alguma forma, por se tratar daquele insensível, sempre tão desinteressado e indiferente comigo, não me senti incomodada. Pelo contrário, algo dentro de mim, bem lá no fundo, se sentiu feliz com isso. Gostei da sensação incomum que se espalhou pelo meu corpo...

          Espera aí, o que eu estava pensando? Eu não o suportava, não devia ficar feliz ou gostar das sensações que ele me provocava! O excesso de raiva que havia passado naquele dia, devia ter me deixado estúpida, ou eu só podia estar enlouquecendo mesmo, era a única explicação.

           Toda desajeitada, elevei o meu tronco e me apoiei no painel do carro, tentando ajeitar o meu cabelo caído sobre o rosto e, com uma certa dificuldade, consegui voltar a me sentar direito no banco. Talvez eu tenha esbarrado um pouquinho nele, mas foi rápido, e só um pouquinho.

          ― Além de não ter o mínimo senso de civilidade, você também não tem modos ― proferiu irônico.

          ― Modos? ― Me virei para ele soltando um riso nervoso. ― Quem é você pra me falar de modos? A por favor, Anton, foi você que me tirou da loja pendurada no seu ombro!

          Ele não falou nada, só me lançou um olhar arrogante, antes de parar o carro no acostamento de uma rua qualquer, a qual eu não tinha a menor ideia de onde ficava. Já tínhamos chegado? O lugar era um pouco esquisito, e não parecia ter casas à venda, o que achei estranho.

          Pegando o celular, ele digitou algo rapidamente, antes de largá-lo sobre o painel. Cada traço dele tão inerte ao nada, não me permitia ter a mínima noção do que estava acontecendo. Nunca tinha desejado tanto saber ou ter a mínima ideia do que ele estava pensando.

          Nem mesmo seus olhos me impeliam algo além de um breu. Como era possível existir escuridão em uma cor tão cristalina? O leve abrir de suas narinas me chamou a atenção. Ele inspirou tão profundo e calmo, que eu não sabia dizer se foi um suspiro entediado, ou se foi para absorver algum cheiro.

          O silêncio foi ficando embaraçoso e as circunstâncias cada vez mais estranhas.

          ― O que estamos fazendo? ― perguntei tentando esconder o meu nervosismo.

          Ele não respondeu.

          Eu precisava fazer alguma coisa, não estava aguentando mais ficar tão próxima a ele, sem saber o que estava acontecendo ou o que iria acontecer. A atmosfera estava tão densa que parecia se cortar todas às vezes em que eu me mexia.

          ― Não encontrei o meu sutiã, acho que escorregou lá pra trás. Melhor eu passar pra lá.

          ― Fica quieta aí ― ordenou ríspido.

          Ah, mas eu não ia mesmo. Ainda mais por que suas palavras soaram como uma ordem, e eu precisava pôr a droga do sutiã. Já estava me ajeitando para passar para trás, quando ele saiu do carro. Não demorou nem cinco segundos para a porta do meu lado se abrir, e mãos grandes me puxar pelo quadril. Em um segundo, eu já estava fora do carro me debatendo contra o corpo dele.

          ― Me solta! ― gritei e, curiosamente, ele me soltou.

          Depois foi tudo muito rápido. Em sua velocidade vampírica, Anton entrou no carro e saiu. Ele saiu. No carro. Me largou ali. Sozinha.

          Sem bolsa, sem blusa, e sem sutiã. 




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