O Pomar do Passaredo

By AntonioLuizMCCosta

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Novela erótica de fantasia: exilado em Atlântida, um mercador de vinhos acaio explora a misteriosa sensualida... More

Prólogo: Os mercadores de vinho
Capítulo 1: Nas portas do Pomar
Capítulo 2: Preliminares
Capítulo 3: Aquecimentos
Capítulo 4: Finalmentes
Capítulo 5: Vamos nos conhecer melhor?
Capítulo 6: As honras da casa
Capítulo 7: Cinzas da esperança
Capítulo 8: Proposta indecente
Capítulo 9: Almoço em família
Capítulo 10: A garota do prazer luminoso
Capítulo 11: Amarras do desejo
Capítulo 12: Troca de papéis
Capítulo 13: O espelho de obsidiana
Capítulo 14: A mestra tantrista
Capítulo 15: Na beira do abismo
Capítulo 16: Pontos de vista
Capítulo 17: O Livro dos Uivos dos Gênios
Capítulo 18: A Asa da Noite e a Asa do Dia
Capítulo 19: O Menino das Vacas
Capítulo 20: A Pérola e o Abricó
Capítulo 21: Tragédia Acaia
Capítulo 22: O feitiço do rega-pimenteira

Capítulo 23: Intimidades

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By AntonioLuizMCCosta

Para Phaidros, parecia cedo demais quando Thana o chamou.

– Pica-pau-xin... – Sussurrou. – Phaidros-xin... Acorda. Hoje é o dia da mudança, lembras-te? Lonsau bateu à porta, está à tua espera.

Ah, ele esquecera. O contrato de aluguel de seu apartamento no Purokheion estava para vencer e combinara trazer suas coisas com o gondoleiro amigo de Thana nesse dia. Vestiu-se às pressas e encontrou um senzar sacudido e amigável, do clã Us, "Urso", a julgar pelas roupas castanhas-escuras e cabelo curto. Saudaram-se, embarcaram numa gôndola grande, atracada perto de onde haviam tomado banho durante a madrugada e puseram-se em movimento.

– Então hoje te mudas. – Comentou o barqueiro enquanto remava, para puxar conversa.

– De uma vez por todas. – Sorriu Phaidros.

– És um homem de sorte e de coragem. – Cumprimentou Lonsau.

– Por quê?

O gondoleiro fez um breve silêncio, em busca das palavras certas.

– Eu conheço Thana há algum tempo, desde uma vez em que eu a levei para casa de gôndola e ela me convidou a entrar. Ela me fez conhecer um êxtase como eu nunca imaginara possível. Ficamos amigos e voltei a visitá-la algumas vezes, mas eu não me atreveria a ser seu companheiro. Não me sinto à altura de sensações tão fortes com frequência, mesmo sem falar dessa história de magia, que pouco compreendo e me assusta. Minha esposa é amorosa, me dá companhia, alegria, prazer, filhos e tudo o mais e estou contente com minha vida. Mas eu te admiro, palavra.

A confissão surpreendeu Phaidros, mas ele conhecia Thana o suficiente para não ficar chocado. E entendia o que Lonsau queria dizer.

– Tudo isso também me assusta, a sério. Mas depois de a conhecer, não me perdoaria se eu deixasse escapar a oportunidade de estar junto dela. Ser querido por Thana, sentir-me capaz de lhe dar mais vida e alegria me faz sentir poderoso, quase tão especial quanto ela. Não é bem felicidade, é outra coisa. Eu a acompanho mesmo se for para sofrer ou morrer, porque essa vida me dá sentido.

O barqueiro refletiu sobre o assunto. Talvez não fosse um homem culto ou audacioso, mas não era um sujeito superficial. Não devia ser só pelo físico que Thana o julgara atraente.

Chegaram ao canal do Purokheion onde Phaidros alugara seu apartamento. O lugar onde trabalhara fora reconstruído depois do incêndio, mas não era mais a sede do negócio de Képhalos, que arrendara um armazém maior a dois quarteirões dali. Melhor assim. Preferia não o ver.

Havia pouco para levar: os leitos do triclínio, uma mesinha, três escabelos, algumas ânforas de vinho, alguma louça, uma arca de roupas e acessórios e era tudo. Phaidros e Lonsau trataram de descer as coisas pela escadaria e levá-las até a gôndola, grande o bastante para carregar tudo numa só viagem. Estavam terminando quando uma ruiva surgiu, furiosa. Era Rodógune, a irmã de Phaidros.

– Phaidros! Que fazes? Estás louco? É assim que nos trata? – Gritou ela em acaio.

– Rodó, não... – Ergueu as mãos, tentando pacificá-la.

– Não pensas em mim? Não pensas em teus sobrinhos? – Gesticulou ela, desesperada.

– Rodó, é teu marido quem não me quer em vossa casa.

– Porque se preocupa com nossas crianças! Tu fostes enfeitiçado por uma bruxa horrorosa, filha de uma puta! Não vês com quem andas? Não tens vergonha? – Cerrou os punhos, como para socá-lo.

– Que bobagem, Rodó, ela é minha companheira e acabou-se! Se vieste para insultá-la, basta! Não sou obrigado a ouvir teus absurdos! – Ergueu a voz.

– Absurdo é o que fazes! Olha com quem andas! Bruxas e putas! Meu irmãozinho que já peguei no colo, que troquei os cueiros...

– Para com isso! – E voltou-se para o barqueiro, em senzar. – Lonsau-bin, vamos!

– Não! –Rodógune mudou de atitude de repente, pôs-se de joelhos e implorou – Pensa no que fazes! Não vês que sem ti, Képhalos vai à falência? Queres nos ver todos a ferros?

– Que tolice! O negócio nunca esteve melhor. Basta não falhar com a Casa Imperial.

– Ele não é bom de vendas, tu sabes...

– Aprenderá, ou arranjará quem o faça. Se tu e Képhalos retirardes os insultos a minha companheira, não me custa retomar os laços de família e visitá-los, mas não quero mais saber de vinhos.

Deu-lhe as costas, entrou na gôndola e pediu de novo a Lonsau para se pôr a caminho, enquanto Rodógune lhe lançava impropérios. Quando se afastavam, o barqueiro, que não entendia acaio e só percebera o teor acalorado da discussão, perguntou:

– Quem era? Uma ex-esposa? Namorada?

– Não! É minha irmã mais velha. Ela não se conforma com eu romper a sociedade com o marido dela para ficar com Thana. Foi ele quem criou caso ao querer me forçar a me casar com a filha de um negociante rico para o bem da firma, mas mesmo que mudasse de ideia, não me interessa mais. Sinto mais pelos meus sobrinhos, porque gosto deles e não têm culpa dessa situação.

Lonsau fez um breve silêncio pensativo, enquanto manejava o remo.

– Acho que entendo. Irmãs e tios maternos às vezes querem mandar demais na gente. Felizmente minha família dá-se bem com minha esposa, mas alguns primos meus têm dificuldades.

Phaidros duvidava que o gondoleiro realmente entendesse. Os complicados clãs matrilineares dos senzares eram bem diferentes das famílias patriarcais dos acaios. Problemas com parentes provavelmente existiam em todas as culturas, mas não tinham sempre o mesmo caráter.

Thana os recebeu e pediu desculpas por seu braço fraco não poder ajudá-los com os móveis escada acima, mas deu uma ajuda simbólica com as coisas mais leves e com uma substanciosa caldeirada de peixes e ovos para restaurar as energias. Quando Lonsau recebeu o pagamento e os deixou a sós, ela perguntou a Phaidros, ao sentarem-se na rede:

– Aconteceu algo de ruim? Estás tenso e sinto algo errado...

Phaidros contou-lhe sobre o encontro desagradável com a irmã. Thana propôs:

– Precisas relaxar. Deixa-me massagear-te!

Ele adorou a proposta, despiu-se e deitou-se no tapete. Ela também ficou nua e massageou-o depois de passar óleo de coco nos pés descalços, como de outras vezes. Ora usava um banquinho para se apoiar, ora pisava nele apoiando-se num cajado.

– Sabe o que mais gosto? – Perguntou Phaidros. – É ser uma maneira tão única de dar e receber uma massagem. Só nossa.

– Desculpa-me se isso te desaponta, mas não é tão única assim, já fiz para outras pessoas. – Respondeu ela, matreira. – Mas entendo o que queres dizer. Compartilhar gostos e experiências singulares cria uma cumplicidade toda especial. Aquela nossa lambança de ontem, por exemplo.

– Arre! Tens certeza de que queres lembrar isso?

Ela riu e sapateou com os pés descalços na bunda dele, sentada no banquinho.

– Quero sim! Doeu e deu um trabalhão para limpar, mas foi gozado em todos os sentidos e mudou meu humor. Não era para eu estar tão leve depois de ter mergulhado naquele horror. Eu me lembraria da noite de ontem com carinho mesmo que nos separássemos hoje!

– Nem fala nisso!

– Não tem perigo. Por falar nisso, a Gargi conseguiu marcar para amanhã teu teste na Guilda. Se tudo correr bem, podemos fazer depois de amanhã o pacto de regente e virtuoso? – Massageou-lhe os ombros.

– Claro. Mas no que consiste o teste?

– Sinceramente, não sei. Para quem nunca participou, é segredo, mas não receies, tu passarás. Depois do pacto, podíamos fazer uma festinha entre amigos para comemorar. Queres convidar alguém?

– O Tlazin... Qual é mesmo o nome dele no Pomar? Cuco! De resto, todos os amigos que ainda tenho também são teus.

– Por mim, convidaria Gargi e seu pessoal, Cacau, Kasmin, Sessi, mamãe, papai, Metli, Mimi e Moeytsé, a nossa Caqui-xin. Por falar nela, sabes a dona da loja daqui de baixo? Ela vai se mudar para uma loja maior, do outro lado do Glicínia. – Puxou o banquinho para trabalhar-lhe as pernas.

– E daí?

– Eu pensei em alugar a loja em sociedade com a Moeytsé. Ela não tem dinheiro, mas disponho de uns quatrocentos ases. Acho que dá para pagar o ponto, o estoque e a filiação à Guilda. Metade seria a minha parte e metade eu emprestaria a ela até que possa me pagar.

– Confias que ela vai devolver?

– Eu a amo muito, Phaidros-xin!

Ele percebeu ter dito algo errado. Embora não tivesse interrompido a massagem, Thana só o chamava assim e nesse tom quando estava zangada.

– Desculpa, eu não quis dizer... quero dizer, só estou preocupado com tu perderes tuas economias.

– Eu entendo. Mas ter a nós e a ela debaixo do mesmo teto me faz feliz e pouco me importaria se ela não devolvesse o dinheiro. Mas acho que vai, ela é esperta, simpática e gosta de comércio. Não teve sorte, nem capital, mas agora estou em condições de ajudá-la, graças ao pagamento do teu cunhado.

– Bom, se não te faz falta...

– Espero que não. Tu me ajudas a negociar com a dona da loja e o senhorio?

– Claro que podes contar comigo – Apressou-se a responder. – Como a Caqui vive hoje?

– Ela vende gazetas, gravuras e revistas ilustradas na entrada do parque do Beira-Canal, faz biscates e divide um quarto de cortiço.

– Ela não poderia morar no Glicínia?

– Não. Depois da maioridade, só fica quem trabalha lá. Não necessariamente como prostituta, poderia ser servente, massagista ou coisa assim, mas ela não quis.

– Como tu.

– Sim, mas recebi da mamãe um apoio que ela não teve. Mimi sempre ganhou bem e a carreira ainda lhe rende bastante, mas gasta muito e cada vez mais para permanecer jovem. Ela tem pavor de ficar velha e feia, sabes? E quanto mais tempo passa, mais difícil fica combater o envelhecimento e mais caro cobram as bruxas para isso.

– Que coisa!

– Entendes? Quero dar à Moeytsé uma oportunidade como eu tive e ela não. Sempre fomos inseparáveis, para o que der e vier.

– Para transar, também?

– Ultimamente não tanto. Estamos mais interessadas em homens. Mas já nos comemos muito. Lembro-me do meu primeiro orgasmo ser com ela e isso quando ainda éramos bem pequenas, nem íamos para a escola ainda. Estávamos brincando de namorar e de repente era verdade e a mãozinha dela estava no lugar certo... Vira-te, Pica-pau-xin, agora quero te massagear de frente.

A mudança de tom e tratamento o tranquilizou e a confissão lhe despertou lembranças.

– Minha primeira vez foi com uma vizinha chamada Arisbe, quando meus pentelhos e meu pinto mal começavam a crescer. O marido tinha ido fechar um negócio em outra cidade e ela me convidou a entrar para comer pão de mel. Já tínhamos brincado assim antes de ela ter o bebê, tirávamos a roupa e eu comia primeiro na mão dela, depois no peito, na barriga, até chegar na buceta. Aí ela viu meu pau mais crescido e me pediu para tentar penetrá-la. Gozei e levei um susto, não esperava aquilo. "Acho que fiz besteira", falei todo envergonhado. Ela riu e me cobriu de beijos.

– Aqui isso é raro. Os senzares têm sacerdotisas e sacerdotes para iniciar adolescentes, mas fora disso adultos dificilmente se metem com menores livres. E antes da puberdade é proibido, mesmo com crianças escravas.

– E a aprendiz da Gargi?

– Nós somos exceções. O momento certo de começar a aprender magia é a puberdade e no caso da escola tantrista, nos exige trepar com mestres e mestras mais velhos. Os pais têm de autorizar.

Os pés de Thana eram macios e habilidosos como mãos. Ela passou deliciosamente pelo peito quando lhe massagearam o rosto, ele os beijou e mordiscou os dedinhos com gosto de óleo de coco. Ela mordeu o lábio.

– Fode meus pés, Pica-pau-xin. Vais gostar.

– Que prazer tem para ti?

– Aquele de uma intimidade diferente. Fica quietinho, só aproveita.

Ela se pôs entre as pernas dele e lhe massageou o caralho, a virilha e o cu usando só os pés. O prazer, preparado pela longa massagem e espicaçado pela visão das pernas de Thana em ação, veio fervente como uma erupção e lançou gotas peroladas sobre seu próprio peito. Ela deitou-se, usando-as para se colar a ele enquanto relaxava.

– Agora, se te agrada retribuir o gozo, chupa-me aqui mesmo

Agachou-se sobre sua boca e ele a sorveu com a experiência trazida dos bosques da Acaia. Sem pressa. Até ela estremecer.

– Agora é minha vez de te massagear.

– Sou toda tua – Deitou-se ela, de bruços. Ele não tinha nenhum treinamento naquilo e agia por intuição e imitação, mas ela não reclamava.

– Talvez eu devesse aprender a fazer melhor? – Perguntou ele, quando achou que terminava.

– Não está mal, mas podes te aperfeiçoar. Sabes quem te ensinaria bem? Os virtuosos da Gargi. Eles e a Riohen vão se divertir. – Recomendou ela, ao se levantar. – Vamos dormir?

– Já?

– É melhor. Não sei exatamente o que nos espera amanhã, mas é melhor irmos descansados.

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