Capítulo 13: O espelho de obsidiana

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Quando chegaram à morada de Thana, ela e Phaidros caíram na cama como duas pedras. Mas dormir mais que saciado e completamente esgotado não impediu Phaidros de acordar com tesão e ao ver a companheira nua e despenteada sobre os lençóis, empolgou-se. Depois de admirá-la por algum tempo, começou a despertá-la com lambidas na xoxota. Ainda meio inconsciente, ela abriu as pernas e ele sentiu-se convidado a entrar. A trepada calma e suave o satisfez como uma doce e refrescante sobremesa após um banquete farto e apimentado ao extremo. Gozou depois dela e a cobriu de beijos.

– Adorei despertar assim. – Sussurrou Thana. – Mas não faças com qualquer uma, pelo amor de Chiuknawat!

– Pensei que não eras ciumenta...

– Não sou. É que pode ser perigoso para ti. Muitas mulheres dormem com o pekenan e a coisa não pensa, pune quem parece tentar forçar a dona. Basta um homem se encostar nele quando ela sente medo ou raiva. Quem dorme e sonha pode tomar um gesto como esse por uma violência, reagir mal e babau! Dependendo do pekenan, o coitado morre na hora. Mesmo se não for o caso, às vezes é difícil curá-la, até para uma tantrista como eu.

Phaidros arrepiou-se. Andar com Thana e suas amigas podia deixá-lo mal acostumado.

– Entendo. Não farei mais isso.

– Faz sim, mas comigo ou com uma mulher com quem tenhas um acordo e durma sem pekenan. O meu é potente, mas sei torná-lo seletivo. Eu o desativei para ti desde quando dormimos juntos pela primeira vez. Ser respeitoso com as mulheres atlantes pode ser questão de vida ou morte, mas como costumamos dizer, vé sad mion bun seb, "sempre tem um peixe que escapa da rede", toda regra tem exceção. Não precisas me respeitar tanto assim.

Após matarem os demais apetites, Thana voltou ao Glicínia Suspensa ao lado de Phaidros, carregando uma bolsa. Ao chegar, pediu ao porteiro para falar com a diretora.

– A Quar-sió disse-me para te pedir que subisses ao escritório sem demora quando chegasses – respondeu o homem-lobo, fazendo soar um sino.

O escritório da diretora, ao qual se chegava por uma escada e um corredor, era bem mais simples e sóbrio do que Phaidros imaginara, principalmente se comparado com qualquer dos quartos de atendimento. Um mural e vasos pintados com temas de erotismo leve, uma mesa grande de mármore negro e bancos estofados. A mulher à cabeceira, uma phaiassa magra de cabelo curto e rosto bonito, com dupla corrente de prata, devia ser a diretora. Estavam também Tita, Pallas, Mithaey, Jolau – apesar de as roupas civis e expressão tensa a fazerem parecer outra pessoa – e uma maura que ele não conhecia, negra como uma noite sem luar.

Ele julgou que lhe cabia apresentar-se à chefa.

– Ça benvan, Quar-sió.

– Zihn van! Não precisas ser formal, estamos entre amigos. Chama-me Kimpar-bã. Esta é Kozamalot, nossa bruxa e curandeira de confiança há muitos anos, as demais já conheces. Kozamalot-bã, este é Phaidros, namorado de Thana. Nesta sala estão todas as pessoas a par do problema. A bem da verdade, não era para Mimi estar aqui, mas...

– ... eu me escondi para ouvir a conversa de Tita e Kimpar. – Confessou a baixinha. – Sou intrometida, sim. Se minhas amigas estão aflitas e fazem mistério, preciso saber o motivo.

Ele e Thana tomaram assento. Kozamalot, constrangida, tomou a palavra:

– Não sei como pude deixar passar. Estive preocupada com uma idosa doente, mas não é desculpa, eu deveria ter percebido. Quando a Marmi-bã nos avisou, fiquei estarrecida.

– Marmi...? Ah, Jolau, claro. – Thana sorriu para a jovem, que conhecera na véspera pelo nome profissional e voltou a dirigir-se para a curandeira. – Kozamalot-bã, descobriste alguma coisa?

O Pomar do PassaredoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora