Meu Carma

By Lyvthechaos

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Andrew apaixonou-se por uma humana, o que logo custou-lhe muito caro, já que esse amor é meramente proibido p... More

Prólogo
1. Karma Meum
2. Solstício de Inverno
3. Charlotte
4. Olhos Vendados
5. O Castelo
6. Demônios
7. Homens das Sombras
8. Estufa
10. Sessão Profana
11. Projeção
12. Primos
13. Irmão
14. O Quadro
15. Explicações
16. Crime
17. Diretrizes
18. Ceia
19. Desafio
20. Conversa
21. Resquícios de Memória
22. Abraço
23. Viagem
24. Hotel
25. Castas
26. A Praia
27. Meia-noite
28. Reencontro
29. Confissões
30. Bagunça
31. Caos
32. Futuro
33. Meu
34. Troca
35. Retorno
36. Início
Notas Finais
Capítulo especial: Dia dos Namorados

9. Memórias

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By Lyvthechaos

- Posso fazer outras perguntas? - indaguei com certa cautela.

- Claro Amy. Quantas você quiser! - respondeu Charlotte sorridente.

- Só que dessa vez, é sobre você. - sabia que estava entrando em solo perigoso, mas eu sabia que Charlotte era minha amiga e queria saber sua história.

- O que exatamente quer saber? - perguntou ela, claramente desconfortável.

- Bom, que tal uma troca de informações? Você me conta sua vida e eu conto a minha. Afinal, somos amigas, certo?

Charlotte assentiu em silêncio.

- Tudo bem - continuei - primeiro você. Que tal me falar sobre sua infância ou de como veio trabalhar aqui no castelo? Andrew contou-me que você não é como os outros empregados. Você não está morta.

- Não sei se irá acreditar. - murmurou ela.

- Charlie, eu estou trabalhando para um demônio.

- É - concordou ela - tem razão. Tudo bem. - respirou fundo antes de prosseguir - tem razão, eu não estou morta. Bom, minha mãe chama-se Lilith.

- Acho que já li a respeito dela em algum livro. - eu disse, pensativa.

- Ela já foi adorada como uma deusa na Mesopotâmia. - explicou Charlotte - não vou entrar em detalhes sobre sua história. Quando os anjos caíram, ela juntou-se a eles, portanto, ela mora aqui. Enfim, Lilith foi vista como a deusa do sexo e ela dá jus a sua reputação. E não seria diferente com seus filhos. Quando nascem meninos, são chamados de íncubos; e quando meninas, súcubos. Desde que nascemos, fomos criados a saber exatamente o nosso propósito: entrar nos sonhos dos homens ou das mulheres, ter relações sexuais e tirar suas energias vitais, pois é isso que nos alimenta.

- Isso é bizarro. - murmurei sem perceber.

- Concordo - disse Charlotte - mas eu sempre fui diferente de meus irmãos e irmãs. Eu sonho em encontrar o amor verdadeiro. Quero apenas entregar o meu corpo para quem eu possa confiar. Mas minha mãe nunca aceitou isso, então mandou-me para cá. Vou lhe contar um segredo: minha mãe é apaixonada pelo o sr. Andrew. Ela sempre nega quando perguntam isso a ela, mas é evidente em seu rosto... continuando. Minha mãe sempre tentou seduzir o sr. Andrew, mas falhou em todas as tentativas. Ela me mandou para cá na esperança que eu conseguisse o levar para cama, mas eu não queria nada daquilo. E nem o sr. Andrew. Eu fiquei por um tempo aqui no castelo, pois não queria voltar aos meus irmãos e irmãs. Eles são repugnantes! Foi então que ofereci meus serviços como governanta. Sr. Andrew aceitou. Ele ajudou a escolher um nome para mim, me deu roupas e um ótimo quarto! E bom, estou aqui desde os 100 anos de idade.

- Nossa. E quantos anos tem agora?

- 115. Mas continuo uma adolescente. Com força de vontade de uma idosa, claro.

- Eu não entendo...

- As súcubos vivem em média 750 anos. - explicou.

Murmurei um breve "ah" enquanto pensava um pouco na história de Charlotte e no tanto que sua mãe era horrível. Aliás, todo aquele lugar em si era horrível.

- Bom, sua vez! - exclamou ela enquanto abria mais um de seus sorrisos.

- Ok - comecei - bem, eu moro com minha irmã mais velha, como já disse antes a você, no dia da biblioteca. Ela se chama Lucy e moramos com nossa mãe, que se chama Sally Mayhew. Minha mãe ainda usa o sobrenome de solteira pois ela abandonou meu pai assim que nasci. O velho Philip Rogers sempre teve problemas com a bebida. Minha mãe disse que passou quase os 9 meses comigo ainda na própria barriga trabalhando em um café nojento de beira de estrada. Juntou as gorjetas que recebia e conseguiu sair de casa comigo e com Lucy. Certa vez, vi Philip em um supermercado bem afastado do meu bairro. Soube que era ele porque Lucy estava comigo e o reconheceu. Ele tinha cabelo aparado e barba bem feita. Estava vestido em um terno preto. Não ousamos chegar perto e talvez foi melhor assim. Há essa altura da vida, ele nem sequer deve lembrar que já teve uma família.

As mãos de Charlotte estavam sob seu peito enquanto ouvia minha história apreensiva.

- Acho que consigo entendê-la - disse Charlotte - em relação ao fato de ter crescido sem um pai.

Sorri quase sem jeito e permanecemos em silêncio por alguns segundos.

- Acho que tenho mais algumas perguntas. Na verdade... - eu disse calmamente - gostaria de saber mais uma coisa.

- Diz aí. - disse Charlotte em um tom brincalhão.

- Você sabe... - comecei receosa - Eu não estou satisfeita em ter que servir Andrew. Eu nem sou sua empregada! Estou mais para uma escrava e você sabe bem o que venho passando. O que eu quero saber mesmo é se... se há alguma brecha. Se há um jeito de convencer Andrew em me libertar. Eu não pertenço a este lugar, Charlotte.

A expressão de Charlotte mudou. Parecia estar tensa.

- Eu apenas o obedeço por medo - continuei - afinal ele é um demônio! Não sei do que ele realmente é capaz de fazer.

Percebi que Charlotte respirou fundo.

- Eu não sei, Amy... - disse Charlotte com a voz um tanto falha - eu não sei se há uma forma ou... sei lá. Confie no sr. Andrew. Se você está aqui, tenha certeza que há uma razão para isso. E não se preocupe, sr. Andrew nunca faria mal a você. Tem a minha pala...

Antes que Charlotte terminasse de falar, a porta foi aberta. Andrew apareceu com um sorriso despreocupado no rosto. O ar que pairava o local estava pesado e nem percebi que eu havia prendido a respiração por um momento.

Ele pediu desculpas por atrapalhar a conversa. Charlotte levantou-se rapidamente, fazendo uma breve reverência em seguida. Charlie estava prestes a sair quando Andrew interrompeu-a. Disse para que ela ficasse, pois falaria algo para mim e seria melhor que ela ficasse. Meu coração acelerou e imaginei que Andrew tivesse ouvido nossa conversa, mesmo que pouca parte dela. Engoli em seco.

- Amy - disse ele enquanto cruzava os braços a altura do peito - Você está dispensada do seu trabalho. Em outras palavras: você está demitida. Enfim, você entendeu.

Aquelas palavras me atingiram de certa forma, mas no momento, a única que aparentava estar chateada ou com raiva, era Charlotte.

- Sr. Andrew, eu não entendo! Amy fez algo de errado? Por que está mandando-a embora? - esbravejou Charlotte.

- Amy não fez nada, Charlotte. - respondeu Andrew enquanto suspirava - os serviços de Amy em um local como esse são obsoletos. Todos do castelo sabem disso. Se quiserem, posso deixá-las a sós por um minuto, para se despedirem.

Eu não disse nada, Charlie também não. Quando Charlotte virou o rosto para me olhar, sabia que choraria a qualquer momento. Estendi os braços em sua direção e nos abraçamos. Sussurrei em seu ouvido que tudo ficaria bem. Charlotte saiu do escritório sem manifestar-se.

E eu? Bom, o que eu devia fazer? Estava procurando por essa liberdade desde que o demônio a minha frente havia pisado em meu quarto e, agora ele estava aqui, dizendo que eu estava dispensada. Só havia motivos para que eu pudesse comemorar.

Por outro lado, minha mente estava confundindo-me. Algo em mim sofria um pouco ao imaginar que Andrew afastaria-me de mim. Não posso deixar de falar que o meu peito doeu. E mais uma vez senti que um pedacinho meu havia sido retirado, e que agora, estava em um local inalcançável. Mais precisamente, nas mãos de Andrew. Eu só não podia e não queria confessar isso à mim mesma.

Minha mente já não estava mais ali, apenas o meu corpo, pois nem senti as mãos de Andrew tocando os meus ombros suavemente, fazendo-me deitar novamente no divã. Ouvia sua voz cada vez mais longe, mas pude obedecer quando disse para eu fechar os olhos e relaxar, pois voltaria para casa. Quando abri os olhos novamente, deparei-me com o teto de meu quarto.

Sentei-me na cama confusa ao sentir que algumas lágrimas tomavam conta do meu rosto. Levei as mãos instintivamente ao peito e tentei controlar os soluços. Olhei para a minha mesinha de cabeceira, a fim de olhar as horas no relógio e foi quando vi ali, próximo a um retrato da minha mãe, várias notas de dinheiro. Várias.

Não cheguei a contar as notas, mas sabia que passava de 200 libras. Respirei fundo e observei mais uma coisa. Ao lado, estava um pequeno papel rabiscado. Nele dizia "me desculpe, Amy. Espero que esta quantia seja o suficiente. Assinado: Andrew Biersack". Foi então que eu percebi que não podia ficar com o dinheiro, eu precisava procurar uma forma de me comunicar com Andrew. E eu sabia muito bem como fazer isso.

***

Fiquei andando em meu quarto de um lado para o outro por um bom tempo. Besliquei-me algumas vezes, pois não conformava-me de que era apenas isso. Eu havia trabalhado para um demônio por um período minúsculo e só. Ele devolveu-me para a minha vida monótona como se nada tivesse acontecido. Sei que era isso o que eu mais queria: voltar para a minha vidinha. Mas ele nem sequer apagou a minha memória ou coisa assim. Será que ele não pensou que talvez eu saia por aí e diga ao mundo que o inferno é real?

É, todos iam achar que eu pirei.

Mas não podia acabar assim. Até porque, Charlotte era minha amiga. Ele não podia separar uma amizade assim, certo?

Eu prometi a Logan que iria vê-lo na biblioteca, mas antes eu deveria ir a uma loja que fica apenas um quarteirão de distância da minha casa.

Arrumei-me depressa. Vesti apenas um vestido preto e amarrei meu cabelo rebelde em um rabo-de-cavalo. Quando estava descendo as escadas, dei de cara com Lucy que subia os degraus vagarosamente.

- Até que enfim vejo minha irmã - disse ela abrindo um sorriso largo - onde vai assim com tanta pressa?

- Vou à biblioteca. - respondi rapidamente. Estava pronta para descer os degraus o mais rápido possível, mas Lucy estava impedindo minha passagem.

- Eu estava conversando com a vizinha, a sra. Harrison e ela me contou que Beth está doente. Você já soube?

- Sim. - respondi - é apenas uma virose.

- Amy, antes de ir, quero lhe contar sobre um sonho estranho que tive - disse Lucy de repente. "E lá vamos nós", pensei - nele eu estava em um lugar muito estranho. Uma casa, ou talvez uma cabana abandonada. O lugar estava destruído. A minha frente surgiu um homem. Ele era alto e loiro, olhos azuis cortantes e sorria de forma serena. Irradiava uma luz que quase deixou-me cega. Ele disse o seu nome. Ele disse para...

- Para...? - perguntei confusa.

- Ele disse para você buscar suas memórias - continuou Lucy - por que a verdade que você tanto deseja está nelas.

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