Um encontro com Sr. Darcy

By MayaQuaresma

24.5K 2K 1.3K

"Senhor Fitz me fita com uma expressão que não consigo decifrar. Ele se aproxima de mim a ponto de ficar milí... More

PRÓLOGO
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Bônus - Um encontro com Sr Darcy
Capítulo 14
Capítulo 16
Capítulo 17
CAPÍTULO 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24

Capítulo 15

634 59 42
By MayaQuaresma


Consegui me safar por três semanas de ver o Senhor Fitz. Quando estou prestes a ter uma viagem de um final de semana, esse ser humano em forma de assombração retorna. Irônico! Extremamente irônico.

Não tem como, passo a manhã toda pensando nele. Em seus olhos quase cinza. Em seu cabelo negro como carvão. Em como eu adoraria passar minhas mãos em seus fios... acariciando e...

Foco, foco Lizzie. Foco.

Para completar, Senhor Fitz me chamar de Lizzie só dificulta ainda mais eu voltar para o plano da realidade e me desprender dos meus devaneios.

Senhor Fitz raramente me chamou de Lizzie. Acho até que em minha casa foi a única vez. Dou um fora nele, passa semanas sem me ver, quando nos reencontramos, vira o Senhor Amável?

Esse cara tem problemas de personalidade. Sério!

Volto para casa com os meus pensamentos nele. Que saco, Lizzie. Será que dá para parar? Alguns minutos pelo menos?

Por que eu tenho que pensar nele? Por que ele apareceu? Por que tinham que cancelar a minha entrevista? Se não tivessem cancelado eu não o teria visto. Nossa, seria muito melhor, de verdade.

Vê-lo só fez minha mente ficar ainda mais confusa. Não sei ao certo ainda o que sinto pelo Senhor Fitz. Não faço a droga de ideia dos meus sentimentos em relação a ele.

É óbvio que há uma atração física. Ele é um gato afinal de contas. Mas será que vai além disso? E será que vale à pena decifrar? Que confusão!

Que saco!

Eu odeio o Senhor Fitz e o que ele é capaz de fazer com minha mente, mesmo a milhas e milhas de distância de mim.

Vamos arrumar as malas que é!

Preciso de um final de semana só para mim. Sombra, água de coco, praia, uma corzinha na pele porque já chega de ser branca cor de tapioquinha. E paz. Pura e genuinamente.

Nada do Senhor Fitz. Oh pelos céus. Por favor.

Guarujá, me aguarde! Vem me amar!

***

São nove e meia da noite. Ou como algumas pessoas gostam de corrigir, vinte e uma horas e meia. Cheguei ao hotel faz uns quinze minutos. Fiz meu check-in, peguei a chave do meu quarto, minha mala e cá estou agora, deitada em uma cama Queen size, um pouco menor que uma King, mas tão confortável quanto. De colcha branca e aconchegante. Detalhe, por que tudo em hotel tem que ser branco? Normas de limpeza? Enfim, só curiosidade mesmo.

Liguei a TV quando entrei. Sei lá, foi a primeira coisa que fiz. Me sinto meio solitária em locais que não são a minha casa então preciso de um barulho de vozes de gente. Isso diminui minha ansiedade e neura. Mesmo que eu nem esteja assistindo algo.

Agora estou deitada, zapeando. Passei pela Fox que está com um episódio de The Walking Dead. A nova temporada acabou de começar. A Universal passa um filme que está pela metade. Tem Vin Diesel mas não faço ideia sobre o que seja. Passo. Na Warner tem The Big Bang Theory. Deixo nela. Rir um pouco com o Sheldon vai me relaxar para dormir melhor.

Não sei, mas estou estranha. Não aquele "estranha" de "estou com um pressentimento ruim". Não. Mas é que, sei lá. Será tudo isso por ter visto Senhor Fitz esta manhã?

Se eu fiquei assim em relação a ele pegando o elevador, como seria se nos encontrássemos todos os dias como antigamente? Antes de toda a famigerada confusão entre nós dois?

Ah raios! Chega. Chega de Senhor Fitz em minha vida. Por favor. Por favor! Esse homem vai me enlouquecer.

Olho para o lado. Ainda nem desfiz minha mala. Nem sei se irei desfazer. É uma viagem de um final de semana. Domingo já retorno para casa.

Desfazer só me faz pensar que terei trabalho em dobro colocando tudo no lugar outra vez quando voltar.

O quarto é pequeno. Tem um guarda-roupa de cor de madeira marrom claro – não faço ideia se é mogno ou coisa assim – e tem um frigobar embutido nele. Dentro do frigobar encontrei água, coca-cola, uma cerveja e chocolate. Melhor que nada. Já durmo feliz com a barra de Alpino.

Deixei minha mala do lado do guarda roupa, na parte esquerda do quarto pela visão de quem está deitado na cama. Vulgo eu. De frente para mim fica a televisão, presa na parede. Uma LG tela plana de pelo menos umas 24 polegadas. Tem uma porta do banheiro e apenas isso nessa parte da parede. No lado direito tem a sacada. Ainda não fui lá, então a porta de vidro por trás da cortina azul Royal continua trancada.

Nos cantos da cama tem criados-mudo, um com telefone e panfletos de restaurantes e pizzarias, o outro com meu celular, relógio e uns anéis de falange que costumo usar.

Ia pedir uma pizza, mas a preguiça é tão grande que apenas me viro na cama, desligo as luzes e tento dormir.

Me rolo para o lado e para o outro umas dez vezes. Dou um cochilo. Acordo. Outro cochilo, acordo. Fico nisso uma boa parte da minha extenuante noite. Olá insônia, tudo bem com você?

Ok Lizzie, tenha paciência. Uma hora o sono vem. É só manter os olhos fechados, fazer o mínimo de movimento com o corpo e respirar pausadamente.

Tento fazer isso. Sinto os meus batimentos cardíacos desacelerarem. Continuo respirando relaxadamente. Suavemente. Os olhos fechados.

E assim é minha primeira noite no Guarujá.

***

Fui cedo para a tenda do festival de rock e entrevistar a banda que me deu bolo ontem. Pronto. Cumpri a minha missão, tenho todo o material que preciso para a minha matéria, posso me dar o direito de me divertir um pouco agora. Ou voltar para o hotel e dormir.

A última opção me parece mais atraente. Nossa, que velha alma eu sou.

Quer saber, não, não vou voltar para o hotel, me enfiar naquela cama embaixo do edredom e assistir Netflix como faço todas as vezes na minha vida.

Saio da tenda e dou uma caminhada pela praia da Enseada. No palco principal está tocando uma banda que acredito se chamar Móveis Coloniais de Acaju, de Brasília. Li uma matéria sobre eles uma vez em algum site.

Nos cantos perto do palco tem um aglomerado de pessoas dançando ao som de um Dj em uma cabine. Não paro para ouvir nenhum dos dois. Apenas resolvo caminhar um pouco pela praia e aproveitar que o clima cooperou e faz um sol lindo de início de primavera.

Afinal, definitivamente, não é todo dia que tenho uma vista dessas perto de casa. Alguns surfistas que estão com suas pranchas passam correndo perto de mim e se perdem de vista rumo a praia.

Umas meninas de chapéu bonito e corpo escultural passam bronzeador em suas peles e se deitam no tecido delicadamente colocado em cima da areia.

Deve ser demais morar em um lugar assim. Fico me perguntando se os donos dos apartamentos aqui em frente sabem que são sortudos e se dão valor a isso. Não é qualquer um que possui a oportunidade de abrir a janela de sua casa e se deparar com uma paisagem dessas todos os dias. Será que eles se estressam? Se eu morasse aqui, longe daquele cinza e daquela frieza e daquela agitação e daquele concreto todo, duvidaria me estressar rotineiramente.

Decido que, praia e calor combinam com água de coco. Compro uma e me sento em um banquinho, apreciando essa paisagem que me faz querer me mudar para cá urgente. Como eu gostaria. Como eu realmente gostaria.

Mas lembro que não posso. Nem que eu desejasse com todas as forças do meu ser essa realidade não me pertence. O que pertence é uma mesa rodeada de papeis e um computador com uma tela em branco do Word e um número específico de palavras para digitar.

Recordo que antes queria ser escritora de mistérios. Sei lá, acho que culpa da Agatha Christie, Harlan Coben e inúmeros seriados de investigação criminal assistidos na TV.

Queria poder escrever sobre assassinatos. Investigação policial. Suspense. Deixar o leitor com uma adrenalina e aquela euforia de querer desvendar logo o mistério. As viradas abruptas a cada folha lida, salivando curiosidade, em busca de respostas no final da trama.

Viajar o mundo e escrever por onde eu passasse nos meus livros, recheando as histórias de novos cenários.

Será que ainda dava para fazer isso? Se recostar em um banco, como agora, apreciando a praia e tendo por companhia um bloco de anotações e uma caneta? Eu bem queria. Uma realidade com a qual eu conseguiria viver tranquilamente. Mesmo se eu não recebesse tão bem assim para isso.

Mas, isso fica apenas no plano das ideias. Quem sabe um dia, hein? Pego meu coco já seco e caminho em direção ao lixeiro mais próximo. Um casal pedalando, com roupa de ginástica passa por mim quando o jogo no lixo.

Faz um vento aconchegante na praia, mesmo sendo um dia de calor. Caminho em direção ao hotel onde estou hospedada. Chega de divagar por hoje.

***

Tá, o que eu estou fazendo com a minha vida? Saio da agitação da cidade grande, que só faz eu me sentir cada dia mais solitária, para vir ao Guarujá me divertir um pouco. E o que eu faço? Fico deitada o dia inteiro na minha cama de hotel, com o computador no meu colo vendo episódios antigos de Pretty Little Liars.

Tudo bem que essa série é uma das melhores e absurdamente viciante, mas eu estou em uma cidade litorânea, com um final de semana inteiro para mim e para completar, com entradas Vips para um festival de rock. VIP! Como é bom ser jornalista.

Eu deveria começar a aprender a usufruir dos benefícios que essa carreira anda me proporcionando.

Acho que já está na hora de começar a fazer isso.

Olho a programação no site, às vinte horas está na lista do palco principal CPM22 e nossa, como eu amo essa banda. Suas músicas casam completamente com todas as fases que passei na adolescência.

São sete horas no meu relógio de pulso, que deixei em cima do criado mudo ao lado da cama, quando voltei para o hotel mais cedo. Dá tempo, não é?

Levanto abruptamente da cama, só para não me dar qualquer vontade de pensar em desistir. Caminho rumo ao banheiro. Tiro o short jeans e a regata branca escrito "It's not a t-shirt" que estou vestindo e entro no chuveiro.

A água está um pouco fria, não gelada. Para o clima de hoje é uma combinação adequada. Decido que vou lavar o cabelo, mas bem rápido. Para fazer uma escova e chapinha de última hora. Tem que dar tempo. E se por acaso não der, procuro outro lugar para me divertir com outra coisa, mas hoje, definitivamente, não ficarei presa na cama.

Fecho o chuveiro e me seco com a toalha branca e macia demais do hotel. Queria que as minhas de casa tivessem essa maciez também. Onde será que eles compram?

Depois de me secar enrolo a toalha no meu corpo e pego o spray térmico de cabelo, escova, secador e chapinha de dentro da minha mala e já deixo na bancada da pia do banheiro. Visto um sutiã rendado com detalhes em V nas costas e uma calcinha preta rendada combinando. Amarro a toalha que estava cobrindo o meu corpo agora no cabelo ainda molhado, para ver se assim ajuda a secar um pouco mais rápido.

Retiro a necessarie com maquiagem da minha mala e levo tudo para o banheiro.

Rímel, curvex, sombra marrom para acertar as sobrancelhas, sombra marrom para o côncavo, sombra preta para esfumar, delineador preto em gel, base cobertura alta, corretivo para disfarçar imperfeições, sombra branca para iluminar embaixo da sobrancelha, sombra perolada compacta para o canto interno da pálpebra móvel. Lápis preto para a linha d'água inferior dos olhos, pó compacto da cor da minha pele, blush rosado, pó compacto bronzeador para contorno. Pincéis para usar todos os produtos. Ufa!

Retiro tudo isso do meu estojo de maquiagem e deposito em cima da bancada da pia do banheiro, de frente ao espelho.

Passo tudo meticulosamente no meu rosto. Levo uns quarenta minutos para finalizar. Escovo os cabelos e uso a chapinha. Quero ele liso com umas leves ondulações nas pontas. Uso a chapinha para esse efeito.

No quarto, já de make up feita e cabelo, escolho uma calça legging preta cintura extremamente alta, que imita couro ou látex, não sei ao certo o nome do tecido, uma cropped preta, um sapato de salto, laranja que muito provavelmente me fará me arrepender depois de ter escolhido, mas pelo horário e a minha demora, CPM22 não será mais visto por mim esta noite.

Procuro no Google um pub legal para curtir, pego minha bolsa, coloco o celular dentro, abro e fecho a porta do meu quarto. Caminho até o elevador e clico para que venha até o meu andar.

Na rua pego o táxi que está estacionado na entrada já a minha espera – liguei para a recepção minutos antes pedindo que chamassem um para mim, - e saio.

Sim, eu viajei com o meu carro para cá, mas, não quero correr o risco de acabar bebendo e tendo de deixar o carro estacionado em qualquer lugar por aí. Mesmo eu tendo proibido para mim mesma que eu nunca mais beberia.

Eu não vou beber, mentalizo, como um mantra, enquanto o taxista dirige até o endereço que dei para ele.

Eu definitivamente não vou beber.



--------------

Nota da autora:

Hey genteeeee, tudo bom com vocês? O que estão achando da história ~momento tenso ~ hahaha. Escrevi "Um encontro com Sr Darcy" com muito amor e carinho. E com muita honra, porque escrever uma adaptação de uma história da sua escritora favorita, nossa, é uma mistura de sentimentos. Ansiedade, nervosismo, apreensão. Fica aquela sensação de "será que tô indo no caminho certo? Será que não estou estragando essa obra que é tão pura?". É uma honra colocar um pouco de mim em algo que uma mulher como Jane Austen criou. Sinto como se Lizzie, Darcy e tudo o mais também fosse uma parte minha, sabe? Humildemente falando. 

Quando comecei a escrever fiquei com muito medo, principalmente do que vocês leitores iriam achar, afinal de contas, escrevemos para vocês e não para a gente. É por esse motivo que faço essa nota aqui. Quero ouvir ~aká ler~ vocês. Só escrevi mais um capítulo para essa história, mas isso não significa dizer que ela está chegando ao fim. Pode ser que sim, pode ser que não. O que vocês acham?

O que vocês ainda querem ler por aqui? O que vocês ainda querem de Lizzie e do Senhor Fitz? Que pontos vocês acham que estão faltando, que precisa melhorar, dar enfoque, acrescentar? Vamos fazer essa história um pouco de cada um de nós <3


Um beijo no coração.

M.

Continue Reading

You'll Also Like

207K 31.5K 61
Eu fui o arqueira, eu fui a presa Gritando, quem poderia me deixar, querido Mas quem poderia ficar? (Eu vejo através de mim, vejo através de mim) Por...
52.4K 3K 49
• Onde Luíza Wiser acaba se envolvendo com os jogadores do seu time do coração. • Onde Richard Ríos se apaixona pela menina que acabou esbarrando e...
419K 21.6K 91
𝑬𝒍𝒂 𝒑𝒓𝒊𝒏𝒄𝒆𝒔𝒂 𝒆 𝒆𝒖 𝒇𝒂𝒗𝒆𝒍𝒂𝒅𝒐, 𝑨 𝒄𝒂𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒍𝒖𝒙𝒐 𝒆 𝒆𝒖 𝒂 𝒄𝒂𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒆𝒏𝒒𝒖𝒂𝒏𝒅𝒓𝒐...
746K 45.4K 144
Julia, uma menina que mora na barra acostumada a sempre ter as coisas do bom e do melhor se apaixonada por Ret, dono do morro da rocinha que sempre...