Contrato de Destino

By KassColim

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[LIVRO 1] Este é o primeiro livro da Série Vórtex. [Romance/Fantasia] Um contrato foi selado pelos... More

S I N O P S E
Palavras da Autora
G L O S S Á R I O
P R Ó L O G O
C A P Í T U L O 1
C A P Í T U L O 2
C A P Í T U L O 3
C A P Í T U L O 4
C A P Í T U L O 5
C A P Í T U L O 6
C A P Í T U L O 7
C A P Í T U L O 8
C A P Í T U L O 9
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N O T A D A A U T O R A

C A P Í T U L O 17

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By KassColim

Um mergulho no abismo

          O colchão se afundou ao meu lado e dedos delicados retiraram meus cabelos grudados na face, para então limpar as trilhas deixadas pelas minhas lágrimas. O cheiro suave de tulipas cítricas me envolveu, fazendo com que eu soubesse quem estava ali sem precisar abrir os olhos.

          ― Sei que quer ficar sozinha, mas poxa, já faz três dias que você só sai desse quarto pra ir trabalhar. ― Relutante, abri meus olhos devagar, minhas têmporas latejando uma dor irritante. ― Estamos preocupados com você. A vó Ise está quase enlouquecendo tentando fazer suas comidas prediletas pra tentar te tirar desse jejum, fora Ava e Petre que ligam de hora em hora procurando saber de você.

          ― Não quero deixá-los preocupados, mas não sinto fome ― respondi rouca, minha voz pouco usada naqueles dias, arranhando a minha garganta.

          Ela suspirou fundo.

          ― Sabe que a conheço o suficiente para compreender o quão difícil está sendo lidar com tudo isso. Mas minha amiga, ficar assim não vai aliviar a situação. Você já chorou tudo que tinha pra chorar, agora é hora de olhar o lado positivo das coisas. ― Olhei bem para Sophi, para me certificar se ela falava sério mesmo. Apesar de sorrir, ela não parecia estar brincando.

          ― Que lado positivo, Sophi? Não há nada de positivo nessa situação. ― Me sentei meio sem jeito, arrumando a alça do meu pijama.

          ― Estive pensando. No contrato diz que vocês precisam conviver um com o outro? Se não diz, vocês não precisam ter um casamento tradicional, cada um pode seguir a sua vida independente, sem precisarem se relacionar. ― Entreabri meus lábios, surpresa.

          Ela tinha razão. Como eu não havia pensado nisso?

          Passei os últimos dias absorta no sofrimento das fadas presas em Aiden. Durante a noite tinha pesadelos e acordava ouvindo o grito daquelas crianças repetidas vezes. A angústia se tornara tão forte, que cheguei a pensar que estava morrendo junto com elas.

          De fato, eu estava. Me sentia morrer por dentro, aos poucos. O meu mundo se desfizera da noite para o dia, e a vida que eu possuía já não fazia mais sentido, pois, por mais que me negasse a cumprir aquele contrato, jamais poderia conviver com a culpa por abandonar aquelas fadas. No fundo, sabia que teria de me casar, e essa situação era tão desesperadora que não pensei em mais nada além da minha desolação.

          ― No contrato realmente não fala que precisamos conviver. Se eu me casar, vou conseguir salvar aquelas fadas, depois é só me separar. ― Sophi abriu um sorriso, ajeitando meus cabelos para trás.

          ― Viu só! Vamos pensar em coisas positivas. E se esse vampiro for um gato de tirar o fôlego? Você mesmo disse que a tal Eleonora e o esposo são lindos, agora imagina o filho deles, uma mistura de ambos. ― Apoiando os dedos sobre o queixo fez uma pose pensativa. ― Muito provável que ele seja um cavalheiro, tão educado e gentil quanto à mãe. Não vai ser difícil se apaixonar.

          ― Às vezes eu acho que você vive em um livro de romance, Sophi. Não tem lógica. ― Ela soltou uma gargalhada, e eu até consegui esboçar um sorriso.

          ― Vai saber, minha amiga. Mas não vou mentir, essa foi exatamente a primeira coisa que me veio à cabeça quando vó Ise me contou toda a história. ― Ela levantou os ombros fazendo uma cara inocente.

          Um riso espontâneo me escapou.

          ― Você é louca.

          ― Pelo menos consegui te fazer rir ― falou orgulhosa ao se levantar. ― Agora vamos jantar. Você precisa comer, e eu estou com fome por nós duas.

          ― Estou receosa ― confessei. Sophi se virou para mim, seus olhos sutilmente estreitos, me analisando. ― Não o conheço, não sei o que ele pensa disso tudo.

          ― Você só vai saber se conversar com ele. Por isso acho que deve conhecê-lo, trocar uma ideia antes de tomar qualquer decisão ― aconselhou entrelaçando seu braço no meu, me puxando para fora da cama.

          ― É, acho que preciso fazer isso.

          ― Vocês podem marcar um jantarzinho romântico, em um desses restaurantes à luz de velas. ― Dei uma cotovelada nela.

          ― Não começa! ― Ela riu alto.

          ― Tá, desculpa, não resisti.

          Naquela noite consegui dormir relativamente bem, sem nenhum pesadelo, mas ao acordar ainda me sentia exausta pelos dias anteriores. Minha conversa com a Sophi acalmara a minha alma. Ela tinha razão, chorar não resolveria os meus problemas, e já estava passando da hora de me decidir. À tarde eu me encontraria com Eleonora.

          ― Vai dar tudo certo ― sussurrei determinada, me encarando no espelho.

          Minha aparência estava horrível, olhos um pouco inchados, olheiras profundas, e minhas maçãs do rosto mais protuberantes evidenciando o quanto eu havia emagrecido. Mas esses detalhes não eram nada se comparados ao tormento em que eu me encontrava.

          Apliquei mais um pouco de corretivo nas marcas roxas abaixo dos meus olhos, já que após uma manhã de trabalho, tudo o que eu havia aplicado antes, desaparecera. Quanto ao resto, não tinha muito o que fazer, então só ajeitei meus cabelos.

          Respirei fundo, e assim saí do banheiro feminino em direção à recepção. Melissa já deveria estar me esperando para irmos almoçar. Ao chegar lá, encontrei ela toda sorridente conversando com o Alex. Me aproximei cautelosa, não querendo parecer intrometida.

          ― Liz! Advinha só quem vai almoçar com a gente? ― Mel abriu um sorrisão, e olhou para o Alex. ― Vamos?

          Ele iria. Naquele momento tudo o que eu menos precisava era me sentir desconcertada com o Mister Sorriso Perfeito. Mas o que eu podia fazer? Se voltasse atrás, ia parecer desesperada.

          ― Vamos ― falei retribuindo o sorriso deles.

          Alex fez um gesto para Mel e eu seguirmos na frente. Apertei minha bolsa em meu ombro, e então passei com ela. Nós três caminhamos até o restaurante que costumávamos almoçar, e ao adentrá-lo, escolhemos uma mesa próxima a uma grande janela aberta para um jardim de inverno. Os dois se sentaram um ao lado do outro, enquanto me sentei de frente para eles.

          O ambiente ainda estava calmo, mas eu sabia que dali a poucos minutos ficaria lotado e barulhento. Não demorou muito para o garçom passar com os cardápios, e fui a primeira a me decidir. Uma salada simples era mais que o suficiente para o tamanho da minha fome. Alex pediu algo com filé grelhado, já a Mel, pediu macarronada com almôndegas.

          Ela começou a contar um episódio de sua infância, relacionado à sua preferência pelo prato. E como tudo relativo a Melissa Hierro era extremamente engraçado, Alex e eu ouvíamos sua história em meio a várias crises de risos.

          Era bom rir novamente, sem preocupação alguma, como se nada estivesse acontecendo. Nos dias anteriores, havia conseguido escapar dos almoços alegando que tinha muito trabalho a fazer, mas a verdade era que na primeira oportunidade, eu corria até o banheiro para chorar. Mel até percebera a minha tristeza, mas consegui evitar maiores questionamentos argumentando que só estava cansada e com dor de cabeça.

          ― Srta. Hierro, nunca mais irei olhar para uma almôndega sem lembrar de você ― garantiu Alex ainda rindo.

          ― Sei que não. ― Mel deu uma piscadinha jogando o cabelo para trás de maneira brincalhona. ― E olha que fofo, ele me chama de Srta. Hierro, até me sinto importante.

          Naquele instante nossos pratos chegaram, e não pude deixar de reparar os olhares dos dois para o meu.

          ― O que é isso? Não vai me dizer que você está de dieta ― indagou Mel com a testa franzida.

          ― Claro que não, só estou sem fome.

          ― Bem que eu queria não estar com fome ― disse fazendo uma carinha triste olhando para seu prato farto ―, mas estou sempre com fome. ― Ela riu e, com os olhos brilhantes, espetou uma almôndega com o garfo.

          Não era só o seu bom humor inigualável que chamava a atenção. Minha amiga tinha uma beleza natural, exuberante, e apesar de gostar de se vestir bem, não se preocupava com padrões estéticos, portanto, não se privava de comer nada, e era muito feliz assim. Ela não era tão alta, porém, seu corpo tinha curvas suficientemente harmônicas para sua estatura de quase um metro e sessenta, e os seus longos cabelos escuros eram lindos, mas, não mais que seus olhos vivos e sorriso meigo.

          ― E então, Alex, já se adaptou à Wedo? ― perguntou Mel.

          ― Estou tentando. Ainda fico meio perdido com os departamentos, são muitos. ― Seus olhos se fixam em mim, tão logo, ele abriu aquele sorriso provocador. ― Tive uma guia muito boa no primeiro dia, mas ela sumiu e agora estou tendo que me virar.

          Até parecia que ele não tinha um assistente, mas resolvi ignorar esse detalhe.

          ― Se está com problemas para se adaptar, por que não me procurou? ― perguntei, tentando soar prestativa.

          Uma leve ruga se formou em sua testa.

          ― Achei melhor não, o seu namorado não iria gostar ― murmurou ele como se fosse algo óbvio. Mel quase se engasgou com a comida, tossiu algumas vezes e bebeu um tanto de suco para ajudar.

          ― Namorado? ― questionou ela, revezando seus olhares entre nós dois, tão espantada quanto eu. Não consegui nem falar, só fiquei pensando de onde ele tirara tal suposição.

          ― Adam Landon ― respondeu Alex, ainda me fitando.

          Essa não.

          ― O Adam não é o meu namorado ― contestei com o tom um pouco ríspido. Será que ele pensara isso por causa do comportamento do Adam, ou o próprio tinha ido falar alguma coisa para ele? ― De onde você tirou isso?

          ― Ele foi bem possessivo com você aquele dia, por isso pensei que seriam namorados. ― Só de me lembrar daquele dia, eu começava a sentir a raiva borbulhar dentro de mim.

          ― Não somos namorados, ele é apenas o irmão do meu chefe.

          ― A verdade é que o Adam gosta dela, mas a Liz não quer nada com ele, aí já sabe como é...

          ― Mel! ― adverti alto, interrompendo-a. ― Não acredito que você disse uma coisa dessas! ― A minha vontade era de dar um chute nela por debaixo da mesa, mas me contive. Ela simplesmente não tinha nenhum filtro!

          Alex soltou um riso breve, visivelmente surpreso e contente pela língua solta da Mel.

          ― Eu só disse a verdade. A propósito, você tem namorada, Alex? ― Algo me dizia que ela não iria parar por aí. Em algumas situações, eu até gostaria de ser como a Mel, desinibida, simples e clara, mas aquela ocasião em especial não era uma delas.

          ― Não, estou solteiro, e vocês? ― Mais uma vez, senti o olhar dele pesar sobre mim, tão direto e firme. Desviei minha atenção para o copo de suco em minhas mãos.

          ― Eu tenho namorado, mas a Liz não, está solteiríssima na pista. ― No mesmo segundo elevei meus olhos furiosos para Mel que me lançava uma piscadinha. Eu ia matá-la!

          ― É mesmo? ― Alex arqueou uma sobrancelha e contorceu os lábios em um sorrisinho satisfeito, enquanto se curvava para frente apoiando os cotovelos sobre a mesa.

          ― Não tenho namorado, mas isso não quer dizer que estou na pista. ― Larguei o meu copo sobre a mesa um tanto irritada com aquele assunto.

          ― Nunca pensei que estivesse. ― A voz dele soou melodiosa. ― Pelo contrário, desde que te vi pela primeira vez, tive certeza de que você não era uma mulher fácil de ser conquistada. ― Aonde ele queria chegar com aquilo? Mel, que estava boquiaberta, se preparava para falar algo, mas me adiantei antes que ela quisesse voltar a bancar a cupido.

          ― Sim, não sou.

          ― Estar solteira é o suficiente. Gosto de um desafio, para mim, uma das partes mais prazerosas é a conquista.

          Minhas bochechas começaram a arder, e eu não consegui mais sustentar seu olhar. Por acaso aquilo tinha sido algum tipo de indireta? Eu nunca soube me comportar diante de situações como aquela. Na verdade, eu não era muito experiente com relacionamentos ou paqueras, uma vez que, eu só tivera um namorado.

          ― Uau. ― Mel caiu na gargalhada, e Alex continuava sorrindo.

          Aquele sorriso perfeito que fazia com que covinhas se formassem próximas à sua boca. Por que ele precisava continuar sorrindo daquele jeito? Não estava ajudando a sumir com a geleira que se instalara na minha barriga. O melhor que eu tinha a fazer era voltar para a Wedo.

          ― Preciso ir, prometi ao Sr. Landon que não ia demorar ― falei pegando a minha bolsa.

          ― Bom, eu já terminei, e você, Srta. Hierro?

          ― Também, vamos todos juntos.

          Eles, definitivamente, não precisavam ir comigo, mas seguimos juntos para a Wedo, e por sorte, o assunto havia mudado. Mel fora o caminho contando outra de suas maluquices fazendo com que o clima voltasse a ficar descontraído.

          A primeira parte da tarde havia passado rápido. Me dediquei a fazer a revisão dos pré-projetos que o Sr. Landon apresentaria para a Eleonora, enquanto tentava desviar dos olhares do Alex quando ele passava pelo corredor. Às vezes eu não conseguia evitar, e acabava arriscando uma olhada rápida, só para receber aquele sorriso em troca.

          Eu terminava de organizar as propostas nas pastas quando o telefone tocou indicando o número da recepção. Ao olhar no relógio constatei que já eram dezesseis em ponto, portanto, Eleonora já devia ter chegado. Atendi rapidamente avisando que estava a caminho.

           Após avisar ao Sr. Landon, segui para a recepção, onde me deparei com a Mel praticamente hipnotizada, observando a vampira. Quando passei perto do balcão, ela me deu um puxão tão forte que quase caí em cima dela.

          ― Olha aqueles scarpins! ― sussurrou em meu ouvido.

          Tive vontade de rir, mal sabia ela que Eleonora era uma vampira e que tinha ouvido tudo. Me endireitei, e então voltei para o meu caminho em direção à vampira que estava de costas observando o jardim. E é claro, não pude deixar de reparar os scarpins. Só então entendi o porquê do alvoroço da Mel.

          Com toda certeza eram os sapatos mais excêntricos que eu vira em toda a minha vida. Sua lateral era comum, camurçada e preta, o diferencial estava atrás. Seus saltos imitavam fielmente uma coluna vertebral em um metal prateado. Por mais estranhos e sombrios que fossem aqueles itens, ficavam extremamente elegantes nela.

          Antes mesmo que eu pudesse me aproximar totalmente, ela já havia se virado. Olhos brilhantes, e sorriso gentil. Desta vez a cumprimentei com um abraço, sem qualquer receio. Não que eu confiasse nela, mas conseguia me sentir confortável o suficiente para permitir tal gesto.

          ― Como tem passado, querida? ― indagou enquanto eu a guiava para a sala de reuniões.

          ― Não vou mentir, não tem sido fácil aceitar tudo isso, mas ficarei bem.

          ― Oh, certamente que irá.

          Acabávamos de chegar à sala que ainda estava vazia. Eleonora parou ao meu lado, bem próxima, apoiou brevemente sua mão em meu ombro, e então, olhando em meus olhos, continuou a falar com tom calmo e preciso:

          ― É de seu conhecimento o quanto já vivi, e posso dizer que uma das mais gloriosas sabedorias que o tempo me trouxe, foi a compreensão dos seres. A pureza, a generosidade e o amor verdadeiro embelezam de uma maneira muito particular a fisionomia do ser. E devo evidenciar que a doçura que os seus olhos espelham, a leveza do seu sorriso, e a singular expressão das emoções que você transmite, fazem do seu coração um dos mais incríveis que já conheci. A candura dos seus sentimentos, tornará qualquer situação, por mais desagradável que seja, a mais adorável e especial. Compreenda que você é muito mais forte e corajosa do que acredita, por isso, possuo absoluta certeza de que não só fará a escolha certa, mas como também ficará bem diante de qualquer que seja.

          ― Boa tarde ― cumprimentou o Sr. Landon entrando na sala.

          Eleonora me lançou um último sorriso, só então se virou para cumprimentá-lo. Durante a reunião me mantive submersa em suas palavras, a convicção de sua voz e o olhar sincero, denotavam sentimentos verdadeiros, e isso me lembrou a sensação reconfortante que eu tinha com a minha avó. Se a intenção dela era me deixa tranquila em relação ao que me aguardava, definitivamente, havia conseguido.

          Aquele foi o primeiro momento em que me permiti pensar em como seria o filho dela. Será que ele era tão complacente, atencioso e educado quanto Eleonora? Me lembrei das palavras da Sophi, se ele fosse uma mistura dela e do marido, com toda certeza seria lindo.

          ― Liz? ― Ouvi a voz do Sr. Landon me chamar. Meus olhos passaram rapidamente de Eleonora para ele, ambos me analisavam curiosos.

          Meu sorriso deu lugar a uma vergonha confusa. Espera aí, eu estava sorrindo? Cocei a garganta me livrando daqueles pensamentos.

          ― Sim?

          ― Marque a próxima reunião com a Sra. Skarsgard para daqui a duas semanas, mesmo dia e horário. ― Concordei com um gesto breve, procurando o dia na agenda.

          Quando terminei de marcar, o Sr. Landon, já em pé, se despedia atenciosamente de Eleonora, prometendo estar com a proposta escolhida pronta em quinze dias. O fato de ela ter contratado o Sr. Landon era outro detalhe que eu não tivera a oportunidade de questioná-la, por isso esperei que ele saísse para me pronunciar.

          ― Eleonora, você realmente precisava os serviços do Sr. Landon, ou isso foi só uma desculpa para se aproximar... você sabe.

          Um sorriso culpado iluminou o seu rosto.

          ― Devo ser sincera, só vim até aqui porque ansiava conhecê-la. Entretanto, tal feito não abstrai o fato de que realmente preciso realizar uma campanha para a doação de sangue em minha instituição. Esta época do ano sempre há uma baixa em consequência das férias. Ademais, hoje comprovei o quanto vocês são talentosos, e estou muito satisfeita por tê-los contratado.

          ― Menos mal. ― Sorri aliviada.

          ― Bom ― disse se levantando ―, não é a minha intenção tomar o seu tempo. Desejo, verdadeiramente, que fique bem.

          Me levantei, esfregando minhas mãos suadas na calça jeans.

          ― Eleonora... ― de repente eu não sabia como prosseguir. Um nó parecia obstruir a minha garganta, as palavras me faltaram, e tudo isso, sob a expectativa que ela transmitia pelo olhar, não ajudava. ― E... eu... eu...

          Mordi o lábio inferior. Um calor nervoso começando a brotar em meu pescoço.

          ― Bem, eu... ― sorri sem graça.

          ― Não há motivos para receios, querida. Sinta-se confortável para me revelar o que deseja, sem resguardos. Estou aqui para ouvi-la e ajudá-la, se esta for a sua vontade.

          ― Eu... eu quero conhecer o seu filho. ― Minha voz havia descido para um sussurro inseguro.

          ― Oh, deseja conhecer o Anton? ― Anton... esse nome me causava um arrepio seguido de uma onda de calor esquisita. E por que ela parecia surpresa? Era isso que ela queria, não era? Ou por acaso acreditava que eu me casaria com ele sem conhecê-lo? ― Isso é formidável! ― Seu sorriso não pareceu tão sincero, e isso me incomodou.

          ― Ainda não tomei nenhuma decisão, só acho que me sentiria mais segura para decidir se eu pudesse conhecê-lo antes... ― Um pensamento me sobreveio, eu não só não o conhecia, como nem sabia nada sobre ele. ― Eu nem sei se ele quer se casar, talvez seja comprometido.

          ― Posso lhe assegurar que ele não é comprometido, e é certo que se casará com você, se assim desejar. Contudo, compreendo em absoluto as suas reservas. Podemos marcar um jantar em família, na minha casa, assim poderá levar os seus pais e avós. ― Ela fez uma breve pausa de hesitação. ― A não ser que anseie por um jantar a sós com ele, posso providenciar também.

          ― Não! Quero dizer, um jantar em família me parece excelente. ― Ela suspirou parecendo aliviada, e então sorriu.

          Era impressão minha ou Eleonora ficara estranhamente hesitante em relação ao filho. Qual seria o problema?

          ― Perfeito. Próximo sábado, às vinte horas, em minha casa. Será um prazer imensurável recebê-los novamente.

          ― Obrigada ― agradeci um pouco incerta diante de sua reação, mas era o mais sensato a se fazer naquele momento. ― Estaremos lá.




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