— Eu realmente sou muito parecida com a senhora - murmuro, após um momento de silêncio.
— Olha, a nossa conversa está muito boa mas estou com muita fome - falou Sam se levantando - Então vamos almoçar.
— Vamos senhor guloso - diz Calissa se levantando em seguida.
Caminhamos para a sala de jantar e noto um verdadeiro exagero de comida na mesa.
Nos sentamos e nos servimos. Preciso admitir que me senti realmente em família, só faltou minha filha.
Sorrio ao lembrar dela.
— Você tem fotos da nossa neta? Não deu pra vermos ela ontem...
Pego meu celular e mostro uma foto dela para eles.
Juan me olha e coça a sua cabeça.
— O que foi?
— Já vi que vou ficar de cabelo branco logo. Você é linda e ela também.
— Ela já tem um admirador - falo e vejo o sangue se esvair do rosto dele e do Sam por alguns momentos.
Dou uma risada e vejo Sam fechar a cara.
— Anne... Ela é filha do Carlos?
— Sim. Mas ele não sabe disso e se depender de mim ele jamais saberá.
— Eu sempre perguntava como você era, então nossos pais diziam que você era linda e eu emburrava.
— Por quê?
— Porque quando eu falava que ia te trancar no quarto e não deixar nenhum menino chegar perto de você eles riam. E agora, quando te conheço já é mãe! - fala, o que me faz balançar minha cabeça em negação.
— Mesmo assim, ela está solteira - Juan para de falar por um momento, pensa um pouco e me olha - Não está?
— Podem ir parando com isso. Assim vão assustar a minha filha. Ela é jovem, tem o direito de namorar com alguém e não serão vocês a impedir que isso aconteça.
— Desde que não seja o Carlos - Sam resmunga.
— Pelo que vi ontem, vocês não se dão bem. Por quê? Ele não é o pai da Rosalie?
— Ele me machucou e não vou correr o risco dele machucar ela também. Eu gostaria muito de manter distância dele, mas isso será praticamente impossível agora.
— Por qual motivo filha?
— Estou trabalhando no projeto EPD e ele também.
— Entendo. Irei marcar o exame e te aviso quando será. Não quero que tenha dúvidas sobre ser nossa filha.
— Está bem. Agora tenho que ir, irei dar uma arrumada em casa e depois pegar a Rosalie na creche - falo me levantando.
— Posso ir com você? - Sam procura e faz cara de cachorro sem dono.
— Pode sim.
Observo ele tirar algumas chaves do seu bolso e arqueio minha sobrancelha.
— Eu estou de carro.
— Mulher dirigindo é perigo - Calissa o encara com a cara feia e ele dá uma risada — Com todo respeito, claro.
— Posso te dar um abraço?
Assinto e ela me abraça, seguida pelo Juan.
— Vão com Deus.
Saimos da casa e entramos no meu carro. Meu celular apita e vi que era uma mensagem de um número desconhecido. Havia uma foto minha deixando a Rosalie com a senhora da creche seguida da mensagem "Ela é tão linda não é? Sonho de qualquer família."
Guardo meu celular antes que Sam visse, ligo o carro e espero ele se "acomodar". Ele coloca o cinto e me olha.
— Você tem carteira?
— Sim.
— Estou com medo.
Gargalho e acelero o carro, fazendo com que ele me olhe feio.
— Você está namorando? - pergunto, curiosa.
— Pegando algumas amigas, para ser mais exato.
— Trabalha?
— Sou um advogado formado, querida. Quem era no telefone?
— Uma amiga - respondo rapidamente, um pouco tensa.
— Eu sei que você está escondendo algo e a mamãe também sabe. O que é?
— Não é nada.
— Fala agora, Anne Hildegard!
— Ainda é Anne Fonseca e eu já falei que não é nada. Chegamos.
Estaciono o carro e saio do mesmo. Espero ele sair do carro para abrir a porta de casa e entrarmos.
Ele se senta no sofá, me puxando junto com ele. Segura minhas pernas que estavam no colo dele e me olha.
— Você vai ficar aqui - disse quando eu tentei levantar e falhei miseravelmente - E só vai sair quando me contar o que está acontecendo.
— Eu já falei que não é nada!
— Você não sabe mentir. Fale logo Anne.
— Me solta - exijo.
Ele não faz nada então mordo o braço dele fazendo com que ele me solte de imediato e saio correndo em direção a cozinha.
Paraliso ao ver a caixa em cima da mesa com as fotos e me arrependo de ter corrido para a cozinha ao imaginar quantas perguntas Sam irá fazer até que consiga a real resposta sobre elas.