Capítulo Dois

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Respiro fundo e lavo meu rosto logo em seguida

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Respiro fundo e lavo meu rosto logo em seguida.

Já se passou um mês, desde que tudo aquilo aconteceu, e eu não tive coragem de pisar novamente naquele colégio.

Odeio me sentir fraca e sensível à tudo, como estou me sentindo agora.

Saio do banheiro e caminho até minha cama. Me sento na mesma e engulo em seco.

Pego meu celular, disco o número da Cathy e no segundo toque sou atendida.

Ligação on

- Me solta cacete! - ouço alguém resmungar - Oi Anne.

- Oi. Eu estou te atrapalhando?

- Não, fica tranquila. Como você está?

- Estou bem, e você?

- Estou bem.

- Nossa, faz tanto tempo que nós duas nos falamos. Sua voz está tão diferente!

- Cathy, você sabe se seu pai está precisando de uma secretária, lá na empresa?

- Eu não sei, mas acredito que sim. Minha mãe colocou a Rebeca para correr, já que ela estava dando em cima do meu pai. Confesso que fiquei com um pouco de dó dela. Você está estudando?

- Eu... Eu estou sim - minto - Mas as coisas estão apertando um pouco aqui.

- Entendo. Olha, vem morar aqui. Tenho certeza que meu pai irá ceder a vaga à você. Falarei com ele ainda hoje.

- Está bem. Obrigada Cathy.

- Olha, vou precisar desligar agora, mas depois eu te ligo para te falar o que meu pai me disse. Beijos.

Ligação off

Espero que dê tudo certo, e que o pai dela deixe a vaga para mim.  Eu preciso sair dessa cidade, o mais rápido possível.

Eu perdi meus pais aqui, e a única coisa que me prendia à essa cidade, era o Carlos, mas agora...
Agora eu tenho a chance de ser realmente feliz e de tentar esquecer o Carlos.

Me levanto, caminho até meu guarda-roupa e pego um vestido azul claro.

Tiro a roupa que estou vestida e visto o vestido. Solto o meu cabelo, dou uma olhada no espelho e coloco um sorriso no meu rosto.

Saio de casa, e cerca de vinte minutos depois entro no colégio, em passos lentos.

Confesso que quando cheguei em frente ao mesmo, minha vontade era de dar meia volta e ir para a casa, como uma covarde... Mas eu não sou assim.

Jamais corri dos meus problemas, sempre enfrentei tudo por mais difícil que tenha sido.

Vejo algumas pessoas no corredor, e sinto o peso do olhar delas sobre mim, mas eu continuo a caminhar, sem abaixar a minha cabeça.

Bato na porta da sala da diretora Débora, e ouço a mesma mandar que eu entre.

Abro a porta, e a mesma abre um sorriso ao me ver.

- Anne, querida. Eu estava preocupada com você.

Ela se levanta de sua cadeira, caminha até mim, e me abraça.

Ela se senta e eu me sento na frente da mesma.

- Débora, eu vou me mudar de cidade e vim pegar minha transferência.

- Eu fiquei sabendo do que aconteceu e eu realmente sinto muito, mas pense melhor Anne. Sei que tudo isso que aconteceu foi ruim, mas acha mesmo que vale a pena sair daqui? Vale realmente deixar tudo para trás?

Ruim chega a ser um eufemismo em relação à tudo que aconteceu.

- Eu preciso disso. Para falar a verdade, eu não tenho nada a perder. Meus pais estão mortos e eu fui usada e machucada por quem amo e acreditei que me amava. Eu não tenho ninguém aqui, Débora.

- Você tem a mim, menina - diz e pega na minha mão, apertando a mesma logo em seguida - Você sabe que eu te ajudarei em tudo que você precisar, basta me dizer.

- E eu te agradeço muito por isso, mas eu acho que é o melhor pra mim. Eu falei com uma amiga, e ela me chamou para ir morar com ela.

- Está bem, se você quer assim, eu irei te apoiar.

Converso com ela sobre minhas faltas, como farei para pegar minha transferência e o que devo fazer para que eu volte a estudar, sem ter problema algum.

Ouço o sinal bater e estremeço.

- Eu preciso ir. Obrigada por tudo Débora.

Pego os papéis que ela me deu e me levanto.

- Te acompanho - diz se levantando logo em seguida.

Ela caminha até a porta, abre a mesma e eu saio da sala dela, sendo seguida por ela.

Tem muitas pessoas nos corredores, algumas ainda estão saindo de suas salas e posso ouvir algumas risadas baixas.

Abraço a Débora quando chegamos no portão e observo a mesma se afastar de mim.

Olho para o outro lado da rua e vejo uma cena capaz de ferir ainda mais meus sentimentos.

Carlos Hildebrand está beijando a Celeste, e parece apertar a bunda da mesma sem se importar com quem esta vendo essa cena deplorável.

Minhas pernas ficam bambas e meus olhos se enchem d'água. Um nó começa a se formar em minha garganta e eu abaixo minha cabeça. Apresso meus passos e antes de virar a esquina, levanto minha cabeça e algumas malditas lágrimas escorrem pelo meu rosto, sem que eu consiga controlar.

Olho uma última vez para o outro lado da rua e vejo que o Carlos me encara. Limpo minhas lágrimas e coloco um sorriso no rosto.

O Carlos não foi capaz de valorizar meu sorriso e nem o amor que sinto por ele. Ele não merece as minhas lágrimas...

Foi Apenas Uma ApostaWhere stories live. Discover now