DNA - Um lar para Karolyne

By LauraFisher433

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Presente de dia dos namorados. More

Prólogo
Capítulo 2
Capítulo Três
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e dois
Epílogo

Capítulo 1

15.5K 1.8K 140
By LauraFisher433

Amanhã postarei o Desembargador. Estava sem notebook e acabei perdendo todos os meus arquivos mais recentes. Quanto os dias de postagens... Sexta-Feira.

Espero que estejam gostando. Caso sim... Me ajudem a divulgar. Bjs!!!



Um

Santa Clara da Fé, Minas Gerais, 2008

Gael,

Minhas mãos percorriam cada centímetro de seu corpo, e seus gemidos arranhavam o meu ego. – Mais Gael. Mais forte. – Nem era preciso que ela pedisse. Meu corpo tinha necessidades que nem eu mesmo entendia. Era como um vício. Onde eu sempre buscava mais e mais. Até que o telefone tocou. Mas eu não pararia agora... não naquele momento.

Ouvi a garota gritar e seu corpo estremecer. E assim que o meu corpo cessou eu me virei de lado e apanhei o celular, saindo da cama e me dirigindo ao banheiro.

A necessidade agora era tirar o cheiro da garota do meu corpo.

- Chefe, é melhor que o senhor venha até Sant'Ana. E urgente.

Sant'Ana. Sant'Ana.

Há quanto tempo eu não retornava àquela fazenda? Um ano? Dois?

- Se for algo com a criança, a responsabilidade é da Joana, não há necessidade de minha presença. O que ela decidir está decidido. – Durante esse tempo de minha ausência Joana era a responsável legal pela menina. Eu não levava jeito para ser pai.

- Não senhor. É a própria Joana.

Joana.

Enquanto eu me dirigia ao aeroporto me lembrava de sua figura. Sempre disposta a correr comigo pelos campos. Ela sempre dizia que era forma de exercitar o corpo. Mas mal sabia ela que era uma forma, de mesmo na infância ou adolescência de exercitar meus sentimentos.

Joana sabia que a falta de meus pais, principalmente em datas importantes, com aniversário, reunião escolar, ou até mesmo natal e ano novo, era aterrorizante para mim. E me lembro de dizer que foi seu nome o primeiro a sair de meus lábios quando criança.

Quando o avião pousou em Santa Clara da Fé, duas horas depois, o cheiro de lar tomou conta de mim. Eu não era mais aquele empresário de terno e gravata. Eu era.... Eu.

- Tarde patrão. – Retribui o aperto de mão caloroso do gerente da Sant'Ana. Pedro Augusto estava comigo há muito tempo. Desde a época de meu pai. Na verdade, para todos ali, era só Pedro.

- Boa tarde Pedro. Quer me explicar melhor a situação?

- Ah "Sô" Gael, há uns dois meses a Joana começou a reclamar de uma dor aí, e todo mundo começou a arrumar uns ramos que ela pedia para chá. Até tentaram levar ela no médico, mas o senhor sabe como é a Joana. – Eu sabia.

A Joana havia chegado à Sant'Ana com pouco mais de seus vinte anos para cuidar de meu irmão mais velho e ficado até... até o fatídico acidente. Depois sem achando não precisar mais de seus serviços, porque não havia mais uma criança, a dispensaram, trazendo-a de volta quando nasci. E assim, ela permanecia no lugar, não só como uma babá, mas uma governanta. Mais que isso... A mãe que eu conheci.

Eu tinha que mãe para mim, não era somente aquela que trazia ao mundo, mas muito mais aquela que criava. Que participava do seu dia-a-dia. Aquela que curava suas feridas quando caía e ralava o joelho. Ou que ouvia as broncas da professora. Mãe era a que ouvia seus desabafos e ajudava a curar seus porres.

Durante todo o caminho, eu recordava cada momento em que passamos juntos. Decidi ligar para um amigo meu, médico, e pedir que ele nos encontrasse na fazenda. Embora eu soubesse que ela se recusaria, como havia até mesmo se recusado a usar os recursos da medicina, até mesmo comigo. Foram raras as vezes em que a ouvi pedir que alguém me acompanhasse até a cidade para visitar o antigo médico da família.

E nessas poucas vezes presenciei calorosas discursões entre ela e doutor Bruno França, que vinha acompanhar nosso reestabelecimento, sobre a melhor forma de cuidar do paciente. O velho médico viera a óbito a anos atrás e desde então, a Joana achava que os médicos de hoje não eram mais capacitados.

Cada degrau daquela casa fazia com que meu coração acelerasse.

Não que não tivesse notícias do que se passava por ali, mas minha última estada no lugar não fora dos mais felizes.

- Vou tentar transferir sua funcionária para o hospital local, mas adianto que a infecção está instalada nos pulmões. – Assim que encontrou comigo no corredor meu amigo, já me deixara a par da situação. O motivo de ter se adiantado a nós, devia-se a pouca distância entre nossas divisas ao leste.

Vendo que eu não entendia do que ele dizia, esclareceu: - Pneumonia. – E assim se afastou falando ao telefone.

Entrei no quarto, escuro da fazenda, com suas janelas antigas e pesadas, em suas pinturas em branco e azul, que começavam a descascar.

Certifiquei-me que não havia mais ninguém no quarto. Ela estava sozinha.

- Joana? – Chamei seu nome, ao sentar-me aos pés da cama.

Sua respiração era fraca e entrecortada.

A Mulher que eu via ali deitada, em nada se parecia com a Joana que conhecíamos tanto. Sempre disposta e alegre. E agora, mal conseguia abrir os olhos.

- Estava... Eu estava. – Em um esforço tremendo ela segurou minha mão e devia estar com mais de trinta e nove graus pelo calor que emanava.

- Não precisa falar Joana. Não agora. Deixa para quando estiver melhor. O médico está aqui e irão te levar e depois poderemos conversar.

- Filho... – Era tão fraca sua voz que um aperto tomou conta do meu coração.

A palavra filho, para mim, vindo de seus lábios tinham grande significado e importância. Joana era de fato minha mãe. Não me gerara no ventre, mas acolheu-me em seu coração.

- Mãe! – Era a primeira vez na vida que eu pronunciava essa palavra a me dirigir à alguém. Por diversas vezes a pronunciei para jogar na cara de Irina, e de meu pai, que minha verdadeira mãe era Joana

Uma lagrima correu pelos olhos de Joana e eu não suportei.

- Pro...mete....

- Não Joana! – Era desesperador ouvi-la falar, como se estivesse desistindo da vida. Desistindo de mim. Ela nunca havia desistido de mim.

- Pro... – Apertou minha mão como se aquilo completasse a frase não terminada.

- Claro Joana. Eu prometo. Prometo que levaremos você até o hospital e...

- Karolyne.

Eu gelei!

Não havia dado esse nome à criança. Não quisera me envolver desde seu nascimento. E agora dois anos haviam se passado e eu não esperava por essa reação.

- Não Joana... A menina precisa de você. Não pode abandoná-la agora. Ainda é um bebê.

- Cuida... Gael. Cuida... Karo.... – Eu não podia fazer aquilo com a Joana, tinha que prometer o que quer que fosse.

- Cuido enquanto você estiver se tratando.

- Gael... – Levei suas mãos até meu rosto e beijei a palma. Se alguém tivesse me ensinado a ser amado algum dia, era Joana e ela precisava saber o quanto eu a amava, mesmo que tivesse que prometer o impossível. – Cuida da Karol pra mim filho... Promete.

- Eu prometo Joana! Eu prometo. – As lágrimas não cabiam mais em mim, então explodiram, me fazendo soluçar ali ao lado daquela que foi a pessoa que abriu mão de sua vida para me manter vivo. E havia feito também pela criança que eu havia gerado e não fora capaz de cuidar até o momento.

Nesse momento a porta se abriu vagarosamente e um ser minúsculo atravessou puxando um pequeno cobertor rosa e o outro dedo trazia na boca.

- Jojô. – Passou por mim como se minha presença fosse desnecessária e subiu na cama, ignorando completamente o estado de saúde da pessoa mais próxima que tinha de si até o momento. – Jojô. – Eu queria pegá-la e coloca-la no chão, mas não tive coragem de afastá-la naquele momento.

- Meu amor! – Joana tocou o rosto da criança que apoiou a cabeça em seu peito cansado. Se havia alguém sofrendo mais que todos ali, naquela hora seria Joana. Conhecendo-a como conhecia, devia estar pensando na vida da criança sem sua presença.

Uma vez havia sido picada por um animal peçonhento e enquanto era cuidada só procurava por mim. Eu tinha por volta de oito anos, e me lembro de ter passado a maior parte de sua convalescência em seu quarto, para que tivesse certeza de que estava tudo bem.

- Gael...

- Vou cuidar Joana.

- Amar... – Sussurrou. Eu prometeria qualquer coisa à ela, mas amar, não simplesmente dizer que vai e acontece.

Mesmo assim eu prometi. Prometi cuidar e amar, assim com ela cuidara e amara a mim mesmo.

- A ambulância chegou doutor... – E nem foi preciso anúncio. Os paramédicos entraram com meu amigo ao lado e dois minutos depois levavam a Joana pelo corredor. Só me dei conta de que minha promessa seria em vão quando ouvi os gritos da menina correndo atrás da maca.

- Jojô... Jojô. – Agora ela chorava, mas com máscara de oxigênio e outras parafernálias a Joana mal devia ouvi-la.

O Pedro foi quem a tomou nos braços e acalentou dizendo que a Jojô voltaria logo. E do alto da escada vi a ambulância partir.

- Preciso ir Pedro. Você fica com a garota.

- Óh "Seu" Gael, a Joana não permitia a gente ficar sozinho com a menina não. Dizia que a gente não sabia diferencia um potrinho de um bezerro.

- Mas não deve ser difícil não é homem? Dá um leite e um biscoito... – Quando eu pensei em dar mais algumas instruções, ouvimos um único soar da sirene da Ambulância, e o carro do meu amigo médico voltar, enquanto a ambulância parava. Ele deu a volta no velho lago e desceu do carro. – Sinto Muito Gael! – A única certeza que eu tinha, é que a Joana devia estar realizando seu maior desejo. Ela sempre dizia. "Eu quero morrer aqui". E não havia saído dos limites de Sant'Ana.

E eu decidi naquele instante. Ela seria velada ali e enterrada no cemitério da família. Ela sempre fora minha família mais próxima.

- Pê... Cadê Jojô? - Mesmo na ignorância da realidade o coração da criança não se enganava. Havia alguma coisa errada. Ela sabia, mesmo sem saber dizer o que era.

Dois anos... Dois benditos anos, em que elas só tinham uma à outra. E de repente...

Estendi meus braços e a tomei para mim.

- Vem aqui. A Jojô foi morar lá no céu. – Ela me olhava como se perguntasse o que é céu ou morar? Mas não disse nada apenas estendeu os braços novamente para o Pedro e chamando-o de "Pê" voltou a questionar...

- Cadê Jojô?

Mal sabia ela, que mais uma vez o destino havia nos pregado uma peça.


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