Contrato de Destino

By KassColim

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[LIVRO 1] Este é o primeiro livro da Série Vórtex. [Romance/Fantasia] Um contrato foi selado pelos... More

S I N O P S E
Palavras da Autora
G L O S S Á R I O
P R Ó L O G O
C A P Í T U L O 1
C A P Í T U L O 2
C A P Í T U L O 3
C A P Í T U L O 4
C A P Í T U L O 5
C A P Í T U L O 6
C A P Í T U L O 7
C A P Í T U L O 8
C A P Í T U L O 9
C A P Í T U L O 10
C A P Í T U L O 11
C A P Í T U L O 12
C A P Í T U L O 13
C A P Í T U L O 15
C A P Í T U L O 16
C A P Í T U L O 17
C A P Í T U L O 18
C A P Í T U L O 19
C A P Í T U L O 20
C A P Í T U L O 21
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C A P Í T U L O 43
N O T A D A A U T O R A

C A P Í T U L O 14

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By KassColim

A consciência da verdade

          ― Vamos, Liz, vamos brincar!

          ― Eu não quero, Erwan!

          Erwan era um bobo mesmo, será que ele não estava vendo o quanto a vovó Ise estava triste? Ela estava chorando porque o vovô Jeremy tinha ido repousar junto da Deusa Aine, e toda a família estava ali para se despedir dele. Algumas outras pessoas também choravam, até mesmo a mamãe estava chorando.

          ― Princesinha, vamos dar um passeio pelo jardim do palácio? ― Vovó Johan estendeu a mão pra mim.

          ― Agora não posso, vovô, preciso fazer companhia para a vovó Ise, ela deve estar se sentindo sozinha ― falei determinada, indo em direção à vovó sentada em uma das poltronas ao lado da caixa de mármore.

          Vovô me segurou pelos ombros, e então se agachou devagar até ficar da minha altura.

          ― Há momentos que precisamos e queremos ficar sozinhos, e este é um dos momentos para sua avó. Ela está triste, e ficará ainda mais se perceber que também está te deixando triste. ― Ele se levantou e estendeu a mão para mim outra vez.

          ― Tudo bem, mas podemos andar pelo labirinto de arbustos? ― Vovô sorriu concordando, e eu o deixei me levar em direção às árvores frutíferas até chegarmos no coração da Ilha, onde ficava labirinto. 

          Seguimos por entre as altas paredes vivas, minha mão estendida sobre uma delas, passando com cuidado por cima das folhas. Vovô Jeremy sempre fazia o mesmo quando caminhávamos por lá, e como se o vovô Johan adivinhasse meus pensamentos, correu a mão aberta sobre a parede, junto dela, sua luz azul-escura fazia com que pequenas flores na cor rosa brotassem instantaneamente.

          Fiquei tão feliz. Era como se o vovô Jeremy também estivesse ali, e a partir daquele momento, passei a desejar com todas as minhas forças, ser uma fada para poder fazer o mesmo e me lembrar da sua presença. Assim a vovó Ise, a mamãe e eu nunca sentiríamos saudades dele.

          ― Seu avô era um bom fada-homem, princesinha. ― Vovô sorriu, mas ele também parecia um pouco triste.

          ― Vovô, foi um vampiro que matou ele? ― Se agachando ao meu lado, vovô Johan me olhou parecendo confuso.

          ― Não, minha pequena. Nem sempre quando uma fada descansa, é porque um vampiro a matou. Jeremy apenas dormiu quando não podia, ele estava dirigindo e acabou perdendo o controle do carro.

          ― Vampiros são perigosos de qualquer forma ― falei pensativa.

          ― Sim, a maioria deles são.

          ― Você já conheceu algum? ― Vovô sorriu se levantando.

          ― Oh sim, já conheci. Sempre me encontro com o rei e a rainha deles quando vou ao Conselho de Ordem. 

          Parei levando as mãos à boca.

          ― E eles nunca te atacaram? ― Desta vez, ele riu alto.

          ― Não, pequena. Nunca me atacaram.

          As lembranças continuavam a me perseguir. Detalhes que na época pareciam tão triviais, eram, na verdade, uma parte importante do que me tornei. Eu sentia saudades da simplicidade dos fatos. Mesmo que estes fossem tão dolorosos e tristes, eram bem mais compreensíveis.

          Nem parecia que já havia se passado doze anos desde o falecimento do meu avô. Nunca uma visita ao Palácio de Aiden fora tão angustiante, mas me recordo que saí de lá acreditando que Jeremy se tornara parte daquela ilha, e me senti feliz por isso.

          Crianças realmente são especiais.

          Quase desabei na porta tamanho era o meu cansaço após o dia tumultuado na Wedo. Ao entrar em casa, fui tomada por um delicioso aroma de molho de tomate com ervas. Uma sensação reconfortante me preencheu a alma, trazendo muitas outras recordações da minha infância. Era uma combinação tão singular, que só poderia ser feita por Louise.

          Me deixei guiar pelo cheiro até a cozinha, minha avó terminava de escorrer o nhoque, o qual eu tinha certeza de que ela mesmo havia preparado caprichosamente para que tivessem o mesmo tamanho e formato.

          ― Espero que esteja com fome, princesa ― falou se virando para mim, enquanto enxugava as mãos no avental.

          ― Morrendo! ― Larguei as minhas coisas no balcão ao lado, e então corri para seus braços que me esperavam abertos.

          Minha avó me abraçou forte, tão forte que parecia transbordar desespero e medo de me perder. Mal nos afastamos e ela já havia se virado para a pia novamente, mas percebi que seus olhos brilhavam, na verdade, brilhavam até demais, como se estivessem inundados em lágrimas.

          ― Vá tomar banho, o jantar está pronto ― disse terminando de despejar a massa em uma travessa de vidro. Louise estava estranha, não havia me olhado nos olhos, um simples, mas profundo hábito que ela tinha para se conectar às pessoas.

          ― Vó, está tudo bem? ― perguntei me aproximando dela.

          ― Claro que sim, princesa. Só não quero que a comida esfrie, você sabe que nhoque frio não é nada bom. ― Estiquei minha mão para pegar um, e acabei levando um tapa na mesma.

          ― Ai, vó! Eu só queria experimentar! ― Ela soltou um riso divertido.

          ― Com essas mãos sujas? Nem pensar, mocinha. Vá tomar banho, agora!

          Sussurrei um "Chata!" sabendo que ela ia ouvir. Quando a mesma se virou com os olhos estreitos, fingindo estar brava, eu já saía correndo da cozinha rindo igual a uma criança. Era muito provável que eu nunca deixaria de me comportar como uma perto dela.

          Uma hora mais tarde eu já tinha me fartado com a comida maravilhosa feita pela minha avó. Reparei que durante todo o jantar, ela parecia estar em outro mundo, e quando eu perguntava se estava tudo bem, sua expressão se enrijecia de tal forma que mal conseguia sorrir. Preferi não perguntar mais nada, ambas sabíamos respeitar o espaço uma da outra, e sempre esperávamos o conforto manifestar-se para falar.

          ― É uma pena que a Sophi esteja em uma reunião assistencial logo hoje, ela vai enlouquecer quando souber que a senhora fez nhoque para o jantar ― comentei ao guardar a última vasilha limpa.

          ― Eu sei que ela enlouqueceria, por isso guardei um pouco de massa e molho na geladeira. ― Olhei para minha avó indignada.

          ― E essa história de que "nhoque frio não é nada bom"?

          ― Ela não vai comer ele frio, meu amor. É só esquentar. ― Dito isso, minha avó começou a rir, claramente satisfeita por sua piadinha, o que me deixou ainda mais abismada. Dona Louise estava me zoando!

          Soltei uma risada.

          ― Ai, vó, a senhora não existe! ― Ela deu um último sorriso, então se aproximou e me beijou a bochecha.

          ― Sabe, estive pensando. Precisamos treinar os seus poderes e quanto antes fizemos, melhor. ― Suas mãos ajeitaram os meus cabelos com carinho. ― Vou ficar essa semana aqui para fazermos isso.

          ― Vou adorar ter a senhora aqui. ― Beijei a sua mão.

          ― Semana passada Eva e Erwan estiveram no palácio. Eles ficaram muito felizes quando falei sobre a mais incrível e linda fada da nossa família. Seu primo até se dispôs a te ajudar com o treinamento...

          ― Espera aí ― a interrompi ―, até onde sei são os mais velhos que treinam os mais novos, e o Erwan não é tão mais velho do que eu. Ele tem o quê, uns vinte e dois anos? ― Louise deu um sorriso travesso.

          Não... não era possível...

          ― Vó, não se atreva!

          ― Princesa, ele sempre gostou muito de você. Antes a sua tia ficava receosa, mas agora ela o está incentivando, e eles estão em êxtase com a possibilidade de um casam...

          ― Não ouse terminar essa frase! Que bonito, heim, vó? Você ainda concorda com isso? Eu mal consegui meus poderes e vocês já querem me casar! Pois pode avisar à tia Eva, para que não se atreva a planejar nada, porque eu não vou me casar com aquela criatura mimada que ela chama de filho. Eu nem sei se algum dia vou me casar com uma fada, muito menos com um Aileen ou com um Irwin, então não vamos mais tocar nesse assunto. E nada dele me treinar, quem tem que fazer isso é a senhora.

          Eu estava enfurecida. Se a tia Eva estivesse ali, teria escutado muitas coisas. Como ela se atrevia? Na minha adolescência, quando o Erwan ficava no meu pé, ela sempre tentava afastá-lo de mim. Até parecia que era eu quem ficava atrás dele, uma vez que, eu não o suportava, o achava bobo e inconveniente na maioria das vezes. Isso tudo para manter a linhagem pura dos Aileen. Como até então, eu não era considerada uma fada, não podia me casar com o filho dela.

          Já há muitos séculos era uma tradição os membros reais dos Aileen ou Irwin promover o casamento entre as famílias para perpetuar o sangue puro de ambas. E se eles pensavam que eu seguiria o mesmo caminho por obrigação, estavam muito enganados.

          Minha vó respirou fundo, com aquela mesma expressão rígida que não conseguia sustentar nenhum sorriso. Ela estava sem graça, seus olhos se nublando com uma tristeza profunda. Será que o seu comportamento estranho tinha a ver com essa história de casamento com o Erwan? Louise não podia fazer isso comigo, não tinha o direito de usar chantagem emocional para me fazer cogitar essa ideia.

          Eu ainda estava irritada quando saí da cozinha em direção à sala. Estava chateada demais para falar qualquer outra coisa. Minha avó não me seguiu de imediato, esperou alguns minutos para me dar o espaço que tanto prezávamos, só então foi para a sala e se sentou ao meu lado no sofá. Seu corpo parecia mais tenso do que o normal, e sua mão estava fria quando segurou a minha.

          ― Ninguém vai obrigá-la a fazer algo que não queira, meu amor. Lembre-se disso, sempre. Estou aqui por você, para apoiá-la em qualquer decisão. ― Ela me envolveu em um abraço enternecido. ― Quanto ao seu primo, eu só comentei porque sua tia praticamente me implorou.

          ― Então você não está triste por isso? ― Nos afastamos, minha avó já tinha voltado a sorrir.

          ― Oh, por Aine, não! Não por causa disso. ― Então o motivo era outro. Antes que eu pudesse perguntar, ela se levantou e saiu em direção aos quartos. Alguns segundos depois, estava de volta ao meu lado.

          ― Pode me dizer onde conseguiu isto? ― indagou levantando o livro de Avigayil em uma das mãos.

          Eu o havia esquecido por completo. O jantar, a presença da minha avó e os últimos assuntos me fizeram esquecer aquela história e todas as descobertas. Me fez esquecer até mesmo do meu encontro com Eleonora que acontecera naquela tarde.

          ― Eu só estava esperando a senhora chegar para contar tudo. Semana passada, descobri que uma de suas amigas é cliente do Sr. Landon. E minha nossa, vó, nunca conheci mulher tão elegante e inteligente. Foi ela quem me deu esse livro, eu já o li e reli algumas vezes. Fiquei bem confusa, depois maravilhada, depois confusa de novo...

           À medida que eu falava sobre o livro, fui me empolgando. Nem mesmo o evidente desconforto da minha avó me fez perder a vontade de contar tudo a ela. Era uma necessidade incontrolável, queria que ela ficasse tão surpresa quanto eu, desejava fazê-la ver que as coisas podiam ser diferentes.

          ― A senhora precisa ler esse livro, é sério! Não precisamos mais viver com tanto medo. Sua amiga me explicou sabiamente tantas coisas! E ainda me perguntou se eu queria conhecer Avigayil Na'amah, acredita nisso? Disse que ela vai estar em sua casa no próximo sábado, e nós estamos convidadas para ir almoçar lá. Eu realmente gostaria de conhecer Avigayil...

          ― Liz... ― Louise interrompeu minha fala frenética. ― Qual o nome dessa amiga?

          ― Eleonora Skarsgard. ― Minha avó engoliu seco, depois respirou lenta e profundamente até estremecer. O engraçado é que ela não parecia surpresa ou feliz com a coincidência, apenas angustiada. ― Vó, de onde você a conhece?

          ― Do Conselho de Ordem. ― Como a própria Eleonora havia me falado, no entanto, eu não imaginava que seria este Conselho, pois segundo a minha avó, ele era rigorosamente restrito aos representantes reais das espécies.

          ― Isso quer dizer que ela é um membro real? ― Louise anuiu com um gesto simples. ― Nossa! Ela é a representante dos humanos?

          Um silêncio desconfortável e confuso se instalou por alguns segundos antes de sua resposta.

          ― Não. Eleonora e Vincent Skarsgard são os soberanos dos vampiros.

          Primeiro, eu ri.

          Ri de modo descontrolado, até me dar conta do olhar pesaroso da minha avó. Não tinha graça nele, ela não estava fazendo nenhuma piadinha infame. Foi então que paralisei. A voz dela começou a se repetir em minha mente: "Eleonora e Vincent Skarsgard são os soberanos dos vampiros.".

          Mas aquilo não fazia sentido.

          ― Como? Como eles podem representar uma espécie, se nem a ela pertencem? Eles são humanos, não são? Andam de dia, e a energia deles é quase inexistente. ― Louise me fitou intrigada.

          ― Não imagino como você não tenha sentido a energia deles, pois é a mais intensa que já senti. Quanto a andar de dia, não sei por que, mas alguns deles podem. E Eleonora não é uma vampira qualquer, Liz, é a vampira imortal que está neste livro, juntamente com o marido Vincent, e o filho Anton. É a história deles que você leu.

          Estremeci, e em seguida, me vi petrificada de novo. Quando as recordações dos últimos dias começaram a irromper a minha mente, me levantei. Minhas mãos foram parar entre meus cabelos, enquanto eu andava de um lado para o outro. As peças estavam se encaixando.

          Casa peculiar na colina; comportamento refinado que parecia ser de outra época; um sotaque irreconhecível; ela não comeu nada naquele café; filhos que eram uma parte diferente dela; branca demais; misteriosa demais; uma legítima protetora dos vampiros; e a fundadora do Hospital Saint Hoshi'a se chamava E. Skarsgard, no qual o E. só podia ser de Eleonora.

          ― Ela é uma vampira... e ela mentiu, vó... ela deve ter mentido sobre esse livro, e sobre toda essa história...

          ― Não, filha. Essa história não é mentira. Eu também não tinha conhecimento sobre ela, mas estive com Avigayil no início da semana. Ela me contou tudo e me mostrou parte do que está escrito aqui... eu vi.

          Caí sentada no sofá. Meus músculos se encolhendo, me fazendo apertar minhas pernas contra o peito. Eleonora não parecia ser uma pessoa ruim, mas como pude me deixar enganar de tal forma? Era estranho, sentia como se uma grande amiga tivesse me traído. Ela teve inúmeras oportunidades de me matar, e por que não o fez? O que queria comigo? Será que fora por causa do vampiro que matei?

          ― Será que foram atrás de mim por causa do vampiro que matei? Ela teve a oportunidade, mas não tentou me matar ― murmurei estarrecida.

          ― Morta você não tem valor para eles ― Louise sussurrou.

          ― Como? ― A olhei confusa, seus olhos estavam cobertos por lágrimas.

          ― Não tem nada a ver com aquele vampiro, e nenhum deles vai te matar, minha princesa. ― Seus braços protetores se acomodaram à minha volta. ― Vamos neste almoço. Avigayil quer conhecê-la.

          Aquilo estava errado, confuso, muitas coisas pareciam estar fora do lugar, e a minha avó não podia estar falando sério. 



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