Unpredictable Love

By RayaneMorais1

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Lauren Jauregui acabara de voltar para Miami depois de passar três anos em Los Angeles, onde convivia com pes... More

Previsibilidade
Atletas
Achados e Perdidos
Sueño
Campeonato (Part I)
Campeonato (Part II)
Festa
Acampamento
Ato Inesperado
O Trato
O Encontro
Não minta!
Desculpa!
Sentir-se bem
Você quer?
Mais um dia
Viagem
Diversão
Jogo
TPM?
Calma, Camila!
A Faça Sua
Planos Futuros
Exames Finais
Vida Universitária
Sem tempo
Não dá mais!
Você é minha!
Praia
Inseminação
Lembranças
Aceitação
Cuidados
Inseguranças
Provação
Olhos
Amigos
Dentinhos
Dia de Lua
Treze Anos
Não consigo evitar...
Casamento
Cumplicidad
Ações
Alexa
Sorrisos
Medos
Crescendo
Decepção
Perder
A Verdade
Juntas
Incrivelmente Maravilhosa
Dificuldades
Surto
Milagre Natalino?
Amor Imprevisível
Bônus

Tentação

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By RayaneMorais1

Um mês depois...

Acordo sentindo certo incômodo já conhecido por mim abaixo do ventre. Droga de ereção matinal! Ainda meio sonolenta, passo a mão pela cabeceira da cama em busca do meu celular, o achando e passando a outra mão por meus cabelos, os tirando do rosto, vejo a hora. Merda! 9h15.

Levanto rápido da cama com o intuito de correr para me arrumar. Estava atrasada! Precisava ter chegado à JT há 15 minutos e ainda estou em casa. Sei que como vice-presidente posso ter minhas regalias, chegar tarde pode não ser um problema, porém não gosto de tornar isso costume, muito menos quando a JT está crescendo de uma forma surpreendente. Tínhamos construído uma filial na Espanha e agora há planos de fazer o mesmo no Brasil, ou seja, a empresa fica movimentadíssima e papéis e mais papéis chegam á minha mesa e a de meu pai para serem assinados, com ideias, cobranças, custos de materiais, tudo para ser aprovado, ou seja, é preciso estar lá no horário, se não, não conseguirei resolver tudo a tempo. Mas Camila não havia me acordado. Como sei?

- Droga, Camila! – Murmurei notando que ela não estava no quarto. Olhei para meus trajes e dei de ombros. Usava uma cueca branca que mostrava o quanto estava dura logo pela manhã e um top da mesma cor. Antes que pudesse chegar à porta, tropecei em algo no tapete preto felpudo que tínhamos ali e quase caí. – Argh! – Revirei os olhos ao ver que era um livro. Quem deixa livros jogados no tapete do quarto? Resposta: Camila. Saí do quarto passando pelo corredor e descendo as escadas, ouvi sons na sala de TV, mas deveria ser só Camila assistindo desenho. Passei por lá sabendo que ela me viria passar por ali, mas não a olhando, pois estava atrasada e precisava cuidar de me arrumar logo. Fui direto para a cozinha, preparei um chá de camomila daqueles que vem no saquinho, coloquei água quente na xícara que eu tinha de unicórnios enquanto a de Camila era de dragões, e com a xícara não mão dei meia volta para subir as escadas em direção ao quarto novamente, foi quando meus olhos se arregalaram ao ver Mani, Dinah e Camila me encarando no pé da escada. – O que estão fazendo aqui?

- Você já foi mais receptiva, Jauregui! – Dinah comentou me analisando de cima a baixo. Corei ao sentir seus olhos pararem bem em meu membro ainda duro por ser de manhã cedo e seu sorrisinho malicioso se estampar em seu rosto. – Olha isso, Mani! – Ela indiscretamente apontou pra minhas partes baixas quando por reflexo coloquei a xícara na frente tentando esconder o que havia ali.

- Respondendo sua pergunta... – Mani disse desviando o olhar do meu membro já que Dinah havia apontando e tentando começar uma conversa civilizada enquanto me encontrava apenas de roupas intimas na frente delas e no momento... Com uma ereção. – Viemos chamar vocês pra ir ao cinema hoje à noite, mais um filme da Lucy. – Explicou com uma expressão orgulhosa.

- Pensarei nisso, ok?! – Falei subindo as escadas.

- Bela bunda, palmita. – Ouvi Dinah gritar quando cheguei ao topo. Logo escutei passos atrás de mim quando cheguei ao quarto. Camila.

- Bom dia pra você também. – Ela disse me alfinetando, mas deixando um leve beijo em meus lábios.

- Por que não me acordou? Sabe que preciso trabalhar e no momento, estou atrasada! – Perguntei deixando a xícara de chá na nossa mesinha de cabeceira e notando que meu celular estava ali, mas as chaves do meu carro não. – Aliás, você viu minhas chaves?

- Nossa, que mau humor! – Ela comentou e revirei os olhos. Não era hora pra joguinhos, Camila! – Não avisei porque achei que estava dormindo e não te acordei porque achei que quisesse dormir mais um pouco. – Me limitei apenas a escutá-la enquanto ia para o banheiro. Retirei toda minha roupa, logo entrando embaixo do chuveiro e deixando meu corpo ser banhado.

- Não posso ficar dormindo o dia todo, Camila, sabe disso, deveria ter me acordado. – Reclamei depois de acabar meu banho minutos depois e saindo do banheiro com a toalha enrolada em meu corpo. Camila apenas me observava enquanto vestia uma cueca preta e um sutiã da mesma cor. Ela usava apenas um vestidinho soltinho que deixava sua barriga de maneira mais confortável por causa do tamanho. Sete meses.

- Por que não colocou o alarme no celular em vez de ficar me culpando por seus atrasos?! – Rebateu cruzando os braços abaixo dos seios.

- Agora é assim? Quer dizer que quando acordo de manhã bem cedo pra fazer exercícios e te deixo dormindo, mas te acordo antes de sair pra trabalhar pra que não perca o horário da faculdade mais tarde eu deveria te dizer pra colocar um alarme em seu celular?! – Ela revira os olhos enquanto termino de me vestir. Coloquei uma calça preta justa e uma blusa da mesma cor com detalhes transparentes na parte de cima e uma jaqueta preta por cima. Não estava muito a fim de ir formal hoje. (1)

- Não foi isso que eu disse Lauren. – Ela retrucou parecendo se arrepender do que disse. – Só queria que dormisse mais por conta dos sonhos ruins que ainda tendo. – Em qualquer outro momento eu poderia deixar isso passar, mas estava estressada demais por muito motivos pra apenas deixar isso pra lá.

- Tanto faz. – Murmurei a contragosto depois de me maquiar. Peguei minha xícara e tomei meu chá, Camila continuava me observando. Antes de sair do quarto tropecei em minhas chaves no tapete e quase caí derrubando um pouco do chá no chão. Meus olhos semicerram-se para Camila. – Mas que droga! Por que tem que deixar essas coisas jogadas por ai?! Você não sabe deixar nada arrumado?! – A questionei saindo do quarto e sendo seguida por ela a passos lentos.

Camila nunca deixava as coisas arrumadas. Nosso quarto ás vezes se tornava um campo de guerra, minhas coisas arrumadas em determinadas áreas que usava mais enquanto as de Camila viviam jogadas por aí. Me perguntava se quando nosso bebê nascesse ela deixaria as coisas dele assim ao relento.

- Não vai tomar café da manhã? – Perguntou me vendo lavar rapidamente a xícara que havia tomado chá. Mani e Dinah estavam sentadas nas cadeiras perto da mesa, até havia me esquecido da presença delas ali.

- Não, preciso ir pra empresa, já que estou atrasada e ninguém me acordou. – Cutuquei deixando a xícara no escorredor de pratos.

- Ah, Lauren, não enche! – Murmurou raivosa. – Eu fiz seu café. Se não fizesse seria uma namorada ruim, não é? Mas ai você prefere tomar a droga desse chá que você toma direto. Argh!

- Camila, eu não estou com fome. – Rebati frustrada.

- Nossa! Quando achei que vê-las morando juntas seria interessante, não imaginava isso não... Parece uma guerra. – Murmurou Mani baixinho apenas para que Dinah escutasse, mas falhando.

- Sobre o filme... – Olhei-as. – Talvez se conseguir sair cedo de lá, eu vá e encontro com vocês no cinema ou algo assim... – Expliquei vendo-as assentir.

- Precisamos apoiar nossa amiga. – Mani disse orgulhosa. – Dessa vez ela nos disse que tem uma cena de morte. – Assenti já sabendo daquela história de trás pra frente. – A Vero me contou que ela está toda contente porque Vero disse que nos chamaria para vê-la. Viemos do trabalho dela agora pouco, ela estava arrumando as caixas com os últimos produtos. – Lucy havia seguido a carreira de artes cênicas, o que fazia com que atuasse em peças e coisas do tipo. Ano passado ela conseguiu aparecer em um filme, como figurante. Há seis meses apareceu em outro onde era uma garçonete e tinha apenas uma fala, mas agora seria uma das vítimas de um serial killer em um novo filme de uma franquia. Ou seja, sua participação era maior e como boas amigas que somos sempre combinávamos de ir ao cinema assistir o filme na estreia com ela.

- Aliás... Vocês precisam ir lá. Tem cada coisa magnífica pra se usar nas horas de dar trepadas violentas, sabem o que digo. – Dinah murmurou pensativa.

- DINAH! – Mani e Camila gritaram ao mesmo tempo vendo minha amiga se referir ao novo trabalho de Veronica.

Minha amiga Vero havia acabado a faculdade de psicologia, mas emendara logo com o que ela tanto queria, sua especialização em sexóloga. E como adorava tudo que se refere a isso, tinha planos de abrir um sexy shop, porém precisava de uma sócia e a encontrou semana passada em um café. Vero reencontrou a amiga de Ariana no ensino médio, Liz, que falou a ela que gostaria de investir em algo pra que se ocupasse já que estava desempregada, mas queria se aventurar quanto a empregos, então, minha amiga teve a brilhante ideia de juntas abrirem esse tipo de comércio. Lucy não gostou muito, mas ao ver que Liz continuava a ser inofensiva quanto a "roubar" sua namorada, já que a garota nunca demonstrara estar afim de nenhuma de nós mesmo sendo bissexual, a Vives permitiu e agora as duas tinham um negócio de vender produtos sexuais.

- O que?!... Até parece que elas não fazem esse tipo de coisa. – Dinah retrucou dando de ombros e comendo um pedaço de bolo que havia ali em cima da mesa feito por Camila. O silêncio se instalou quando Camila olhou para a própria barriga, suas bochechas corando e logo depois olhando pra mim. Ela mordeu os lábios e fiz uma careta relembrando que ao contrário do que Dinah falou, não, não estávamos fazendo esse tipo de coisa há mais ou menos... Um mês.

- Preciso ir. Até mais, meninas! – Falei dando-lhes um sorriso amigável, um beijo na bochecha de cada uma e saindo de perto delas, principalmente de Camila. Peguei o carro, dirigindo por uns vinte minutos e consegui chegar à empresa alguns minutinhos antes das 10h. – Oi, Nina. – Dei-lhe um aceno ao passar por sua mesa no corredor do penúltimo andar da JT depois de estacionar o carro e caminhar até o elevador, como faço quase todos os dias.

- Hey, Laur! – Ela disse animada se levantando e me seguindo. – Olha o que chegou pra gente. – Ela mostrou-me umas cestas pequenas com cookies e tipos de chocolates. – Cortesia dos Lancaster... – Completou olhando quem havia escrito o bilhete.

Entramos em minha sala e ela depositou a cesta em minha mesa, sentando-se na cadeira em frente a minha e colocando seus pés em cima da mesa enquanto retirava um cookie da cesta e o comia. Seus saltos altos ficando expostos enquanto ela parecia muito à vontade. Apenas me joguei na cadeira em frente a ela e comecei a comer os cookies também.

- Acho que estamos num grau muito forte de intimidade. – Sorri vendo-a gemer em prazer por aqueles cookies maravilhosos derretendo-se em sua boca. Comigo não acontecia de forma diferente. Estavam maravilhosos!

- Você deveria ter cortado isso enquanto teve tempo. – Rebateu comendo agora os chocolates, apenas assenti em concordância, fazendo o mesmo.

Como Nina e eu havíamos estudado juntas e ela já trabalhava comigo a um bom tempo, havíamos criado um grau muito forte de intimidade, até mesmo na empresa. E era um ritual nosso comermos juntas os presentinhos, que alguns clientes muito satisfeitos com os carros, nos mandavam. Os Lancaster, por exemplo, havia sido um casal que comprara um van personalizada pela JT que eu mesma os vendi por fazer compras pra Camila quando ela estava com desejos na sua loja de chocolates aqui perto, como os conhecia, os atendi pessoalmente mesmo não sendo minha função, eles eram legais, legais de mais pra me mandarem chocolates e cookies maravilhosos para adoçar meu dia que não começou tão doce assim.

- Mas então... O que temos pra hoje? – Perguntei sabendo que mais trabalho viria pela frente.

- Por enquanto nada... – Nina disse e franzi o cenho. – Quando seu pai chegou e não te viu aqui, pediu que mandasse os papéis que precisavam da assinatura da presidência ou da vice pra sua sala e assim o fiz... – Explicou pacientemente. – Então só resta, uma visita à fábrica mais próxima pra vermos se tudo está funcionando bem depois da reforma e... – Ela fez uma cara pensativa. – Um contrato que vai chegar a minha mesa depois do almoço, precisa ser lido e ter sua assinatura e depois... Apenas temos que dar uma olhada nas fotos enviadas da construção da filial no Canadá e dar um telefonema com instruções ao empreiteiro de lá. – Assenti relaxando em minha cadeira. Nina se levantou, indo até a máquina de café em minha sala e preparando dois. – Agora vai me dizer o porquê dessas olheiras horríveis em seu rosto? – Arregalei meus olhos, abrindo à gavetinha mais próxima e tirando de lá um espelho para encarar meu reflexo. E de fato havia olheiras ali, olheiras essas que não consegui cobrir com a maquiagem. Pus o espelho de volta no lugar dele. – A Camila ainda anda pegando pesado com você de madrugada? – Perguntou com uma expressão maliciosa enquanto deixava um café na minha frente e voltava a se sentar, tomando agora o seu.

- Quem dera se fosse. – Murmurei a contra gosto.

No quinto e sexto mês de gestação de Camila, ela havia praticamente se tornado uma ninfomaníaca, não sei dizer muito bem os motivos, mas ela queria e gostava de fazer sexo comigo muito mais vezes do que costumava fazer antes. Ás vezes minha namorada parecia uma máquina. Nina e eu tínhamos proximidade o suficiente para contar a ela porque aparecia com olheiras e sinais de cansaço pra trabalhar, pois tinha vezes que minha namorada me acordava no meio da noite com um oral maravilhoso ou apenas rebolando em meu pau pra iniciarmos mais uma madrugada de sexo intenso. Nina achava que era por conta da gravidez, mas eu realmente estava acabada. Veronica reforçara a ideia, dizendo que eu tinha sorte, pois algumas mulheres enjoam dos seus parceiros durante a gravidez e com Camila tinha sido o contrário, bem o contrário aliás.

Porém, essa coisa de fazer sexo o tempo todo tem parado. E não, minha namorada não enjoou de mim, ela me assegurou quanto a isso. Mas ela estava irredutível quanto a fazermos sexo, não queria e pronto. Pergunta: O por quê? Camila tinha adquirido certa insegurança quanto ao seu corpo durante a gravidez. Por estar com sete meses sua barriga estava bem avantajada, ás vezes tinha medo de machucá-la até mesmo quando dormíamos, mas a vontade de transar com ela era grande e superava isso.

No começo achei que minha mulher estivesse apenas com uma insegurançazinha boba, que elogios e presentes resolveria, afinal, eu a amava e queria que ela estivesse bem consigo mesmo e dizer a verdade, que ela estava maravilhosamente linda com aquela barriga carregando nosso filho, não seria nada demais. Porém, Camila simplesmente não desistia da ideia de que estava feia e que não deveríamos fazer isso por enquanto. O que eu pude fazer? Nada! Apenas aceitar. Mas é claro que não contei a Nina sobre a tal "greve".

- Continua tendo pesadelos? – Perguntou vendo minha expressão triste. Assenti. Isso não deixava de ser mentira. Tinha pesadelos quase todas as noites. Pesadelos esses sobre meu bebê. Coisas como, a criança me odiando quando nascesse, ou não me reconhecendo como mãe, não se importando em me ter por perto, e o mais fundamental... Nascendo intersexual e me odiando por conta disso. – Como a Camila está lidando com isso?

- Não estamos falando muito sobre isso. – Dei de ombros sabendo que era verdade. – No começo do mês ela acordava por estar sensível a qualquer coisa durante a gravidez, qualquer barulhinho ou suspiro a acordava, então mesmo cansada ela ficava comigo, me dizia palavras que me faziam deixar de pensar tantas besteiras... – Confessei divagando. – Mas agora ela está bem menos receptiva... – Franzi o cenho para as minhas palavras. – Ela ainda sabe que tenho sonhos ruins... – Lembrei-me de suas palavras há pouco tempo. – Mas não acorda mais a noite pra me ajudar e não quero acordá-la, então fico na cama até conseguir dormir. Não a culpo, Camila anda bastante cansada esses dias. Mal deita na cama e já dorme, está dormindo bem mais que eu, ás vezes até o café da manhã chega a perder se não acordá-la antes de ir trabalhar e depois acaba me confessando que mesmo comigo fazendo isso, ela volta a dormir porque se sente cansada, por mais que brigue com ela por não estar se alimentando direito. De todo jeito, não é culpa dela. Eu só preciso parar de ficar pensando besteiras.

- Já pensou em procurar um terapeuta? Tem a Dra. Michigan que mora aqui perto. – Disse com um sorrisinho brincalhão em seus lábios.

- Ah, vai à merda, Nina. – Mandei mostrando-lhe o dedo. – Vamos, precisamos visitar a fábrica, certo? – Ela assentiu enquanto nos levantamos dali, terminando o café e saindo da sala.

- Quem sabe não poderíamos dar uma pequena carona a Dra. Michigan... Ai! – Murmurou quando bati em seu braço. Ambas rimos.

Dra. Michigan era uma terapeuta que tinha dado em cima de mim quando me viu no estacionamento da JT quando estava dando uma carona para Nina há alguns dias, pois seu carro estava quebrado. Ela tem um consultório aqui perto e me deu seu cartão claramente depois de dar em cima de mim, principalmente depois de se referir a entrevista que dei a Érica e Mary sobre ser intersexual, segundo a doutora, ela havia se interessado pelo "caso". A entrevista havia ficado bem "famosa", saíra até uma página sobre mim no jornal. "Vice-presidente da JT assume ser intersexual", coisa pouca, logo ninguém mais comentava, mas agora se tornara meio que público e algumas mulheres mais informadas sobre esse meio, como uma certa terapeuta, ficava interessada pela minha condição e me dava mole sempre que podia.

Nina gostava de me zoar porque apesar da Dra. Michigan ser uma mulher muito bonita, ela tinha um leve problema nos olhos, que pareciam meio desviados. Daí, minha querida amiga da faculdade, a imitava enquanto fingia dar em cima de mim como ela fazia. Poderia reclamar com ela por estar rindo de uma pessoa com uma leve "deficiência", mas a Dra. Michigan era um ser completamente desprezível. Sério! Ela estava na minha lista de mulheres mais chatas do mundo. Odiava crianças, o que já era um ponto ruim já que eu teria um bebê e a ver falando com nojo por pessosinhas assim, me irritava. Odiava animais. Odiava séries e filmes, só assistia coisas da década de 20 ou sei lá quantos anos os filmes que ela mencionou faziam parte e por ultimo e não menos importante: Estava tentando me tirar de Camila. Isso bastava!

...

Meu celular vibrou diversas vezes depois do meu horário de almoço, mas estava ocupada resolvendo algumas coisas com meu pai sobre a filial no Canadá, por isso peguei agora enquanto estava checando os progressos da montadora no andar abaixo do térreo do nosso prédio, Nina ao meu lado anotando tudo enquanto o principal chefe de manutenção nos passava algumas informações. Eram mensagens.

Peguei seu número com a Normani já que você não me responde nas redes sociais. :P – Keana

Cheguei á Miami hoje de madrugada, descansei um pouco, mas estava pensando em sair hoje á noite, topa?

Meneei na cabeça as minhas opções. Keana Marie estava em Miami e gostaria de sair comigo. O que responder quando você é uma mulher casada e com um futuro filho vindo ai? O melhor pra se manter longe de encrenca...

[Lauren] - Não sei se é uma boa ideia, Ke, mas, hm... Aproveite Miami, quem sabe algum outro dia.

[Keana] - Vou ficar em Miami por um mês, Laur. Tenho jogos aqui. Não pense que vai ficar fugindo de mim sempre, mas não vou ficar muito pra lazer, então não posso em outro dia, por enquanto... Rsrs. E se eu te disser que tenho uma proposta pra você?... De trabalho?

Hm... Pensei bem. Se envolvia trabalho não havia porque temer esse encontro, não? Sim, eu sei que Camila tinha bastante ciúmes de Keana, mas ela tinha uma proposta pra mim, não podia negá-la sem ao menos escutá-la. Além disso, minha curiosidade ficara aflorada. Mesmo que nos falássemos em alguns dias, principalmente sobre suas conquistas como uma importante jogadora de vôlei, não havíamos nos encontrado desde a escola, e muita coisa podia ter mudado, não havia porque temer.

[Lauren] - Se é de trabalho, tudo bem, acho que posso abrir uma exceção pra você. Haha! :P

[Keana] – Ótimo. Me encontre no Vita ás 20h30min, não aceito um não como resposta. Até mais, beijos.

Respirei fundo. Agora o problema seria contar á Camila que iria sair com Keana, mas ela tinha que entender que era um jantar de negócios, não era?

- Lauren? Você está prestando atenção? – Nina me perguntou e só então notei que estava parada no meio da garagem de um dos novos modelos com ela e o chefe da manutenção me encarando como se eu fosse uma espécie de zumbi. Ok, hora de focar no trabalho primeiro!

...

Quando cheguei em casa, Camila estava sentada no sofá e já eram 19h45min, tinha poucos minutos para me arrumar e uma longa estrada pra pegar até Miami Beach, o restaurante escolhido por Keana era lá, o Vita.

- Amor... Trouxe o jantar... – Falei assim que pus o meu pé em casa. Não deu outra, Camila já me encarou com olhos semicerrados enquanto desligava a TV sem olhar para o aparelho. Seus pés calçados com uma linda sapatilha laranja clara enquanto ela usava um vestido branco básico, deixando sua barriga livre, e um gloss em seus lábios. Franzi o cenho. Por que ela estava tão arrumada?

- Sabia que se atrasaria... – Soltou bufando. Abri a boca para explicar enquanto fechava a porta da casa. – E pra sua informação eu já jantei. – Droga! – Sabíamos que chegaria a essa hora então as meninas resolveram pegar a seção das 20h15min. Você tem 15 minutos pra se arrumar.

- Mas... – Abri a boca tentando entender do que ela falava, deixando a comida em cima do balcão da cozinha. – Meninas? Eu... Merda! – Bati em minha testa já subindo as escadas, Camila me seguia.

- Você esqueceu! – Ela afirmou quando assenti olhando meu guarda-roupa á procura de algum vestido legal para a ocasião. Sim, agora eu era fã de vestidos, me deixavam mais livres... Lá embaixo. – Vai de preto ao cinema? Pensei que esse vestido fosse pra jantares... – Ela disse já me conhecendo... Merda! – Por que trouxe jantar? – Perguntou desconfiada referindo-se á comida que trouxe do restaurante que ela gostava. – Você nunca faz isso! Só quando quer alguma coisa...

- Amor... Hm... – Comecei tentando fazê-la ficar calma.

- Você não vai ao cinema com a gente! – Camila cruzou os braços embaixo dos seios e bateu com o pé no tapete do quarto. Seu nariz franzido e os olhos castanhos em brasa por saber que meus planos não correspondiam as suas expectativas. – Aonde vai? – Abri minha boca novamente para tentar acalmá-la, mas... – Ou melhor... Hm... Com quem vai? – Ela deixou que um sorrisinho falso estampasse seus lábios e engoli em seco. Droga!

- Hm... Keana... – Falei tão baixo que quase não me escutei, achei que Camila não tivesse escutado, quando...

- MAS O QUE? – Só pude ouvir os gritos e meus olhos se fecharam instantaneamente. Droga! Quando os abri, Camila andava de um lado para o outro no quarto, comecei a retirar minhas roupas e praticamente correr até o banheiro, tentando evitá-la, mas lógico que ela me seguiu. – AH, ENTÃO VOCÊ PODE MANTER CONTATO COM ELA, NÃO É? PENSEI QUE JÁ TINHAMOS RESOLVIDO ISSO! – Ela gritou enquanto deixava a água percorrer todo meu corpo. Seus olhos apesar de bravos apenas passeavam pelo meu corpo lidando com minha nudez que nunca seria algo normal pra ela, comigo acontecia o mesmo.

- Camila, o Gregg é outra história... – Tentei fazê-la ver meu ponto de vista.

- Não me venha com Camila. Ah, Já parou de me chamar de amor com aquela voz calma que você usa quando quer alguma coisa? Vá à merda, Lauren! – Esbravejou furiosa e fechei os olhos enquanto passeava com o sabonete por meu corpo em busca de paciência.

Depois do incidente que tivemos com o Gregg, o garoto da água, Camila cortou relações com ele e disse que eu deveria fazer o mesmo com pessoas que achava que davam em cima de mim, mas Keana nunca chegou a dar literalmente em cima de mim depois da escola, na verdade, nem na escola ela chegou a fazer um terço do que aquele garoto mal encarado fez com Camila na minha frente, então... Esse era o assunto do qual Camila estava falando.

- Camila... – Tentei novamente, depois de sair do banho, ela continuava me encarando de cima a baixo, seus olhos demonstrando fúria. – Ela chegou a Miami há pouco tempo e quer ter um jantar de negócios comigo... – Ela soltou um murmúrio de quem não acreditava. – Juro, ela disse negócios... – Camila continuou entrouxando a cara. – Então sairemos para jantar hoje à noite... – Ela abriu a boca para retrucar, mas não deixei. – E teremos um jantar de negócios e pronto, é só isso. – Tentei acalmá-la enquanto vestia uma cueca vermelha e passava o vestido escolhido pela cabeça, sem sutiã, deixando meus seios ficarem um pouco marcados pela renda ali presente enquanto o vestido marcava minhas curvas. Pude ver Camila morder os lábios ao me analisar de cima a baixo e logo depois revirar os olhos, parecendo se repreender por tal fato já que queria se concentrar em estar com raiva de mim.

- Tenho certeza que não será só isso. – Murmurou a contra gosto pegando seu celular na bolsinha que carregava consigo. Arrumei meus cabelos sob meus ombros e passei uma maquiagem leve, logo depois calçando os saltos. – Mandei mensagem para as meninas, Lucy vai passar aqui pra me pegar daqui a pouco.

- Ótimo! – Sorri sem mostrar os dentes enquanto ela tinha uma cara fechada pra mim. – Bom filme! – Desejei-lhe tentando lhe dar um beijo na bochecha que ela desviou.

- Idiota! – Murmurou quando lhe dei um aceno e saí do quarto.

...

Tinha chegado ao Vita há uns 15 minutos, passando 5 minutos do horário estipulado por Keana, porém, ela nem estava lá então não poderia reclamar do meu pequeno atraso. Observei o lugar, encarando as luzes roxas no teto, as velas espalhadas por todo o local, a adega que havia bem no centro do restaurante e me acomodei melhor no grande banco de couro enquanto esperava por ela. Como já havia observado, a música que soava era uma calma, deixando o clima ambiente e as luzes iam diminuindo de acordo com o tempo. Já havia ouvido sobre esse lugar, como Keana havia conseguido uma reserva em apenas um dia em Miami, não sei, mas sua experiência como jogadora deveria servir pra algo assim. Meus olhos se arregalaram assim que encarei a porta de entrada do lugar, minha boca literalmente se abrindo. 

- Uau! – Murmurei baixo vendo a mulher caminhar lentamente até minha direção.

Sabe quando você avista uma mulher, sim, mulher, andando a passos lentos com os olhos compenetrados em você e você não sabe o que fazer? Um corpo magnífico, de dar inveja a qualquer um, surpreendentemente em um vestido da mesma cor que o meu, que destacava todas as suas curvas e a apertava, mostrando os lugares certos. Havia uma abertura abaixo do joelho, mostrando os saltos pretos. Suas mãos foram até seus cabelos, os jogando pra trás e deixando evidente seus lindos olhos verdes e sua boca marcada por um batom vermelho fogo.

Consegue imaginar esse tipo de coisa acontecendo com você? Sabe... Quando você sente que aquela mulher se arrumou inteiramente pra você? Pra te testar? Pra fazer você literalmente babar por ela? Keana poderia ter se arrumado pra ela mesma, poderia ter um encontro depois desse jantar de negócios, poderia até ir a uma balada ou algum evento mais importante, ou simplesmente pra aparecer bem nas câmeras de paparazzi que poderiam segui-la, mas lá no fundo eu conseguia sentir que ela estava vestida assim pra mim. Consegue imaginar? Não? Pois é, eu também não, até alguns momentos atrás. Até minha antiga colega de time da escola, uma garota, uma linda garota que já chamava atenção antes, mas agora, era uma mulher e chamava atenção o dobro de vezes. Até essa mulher entrar pela porta do restaurante e desferir um sorriso sedutor pra mim enquanto me olhava de cima a baixo, me analisando, quando nem fazia ideia do momento que havia levantado apenas pra esperá-la. Até essa mulher fazer que com apenas um sorriso, meu corpo se ascendesse e assim como o fogo que expressava a cor do seu batom, aquela cor, vermelha, estava me tentando por inteira, era isso que acontecia. Keana Marie estava conseguindo ser uma tentação a mim, hoje.

- Lauren, como você tá linda. – Mal pude analisar o momento pelo qual havia ficado bastante prejudicada mentalmente por essa mulher e ela me puxou para perto me dando um beijo na bochecha e me abraçando, fazendo-me sentir seu cheiro que era muito bom por sinal.

- Você também está... – Murmurei por educação, mas não deixando de ser verdade. Ela se sentou e me sentei em frente a ela, observando seu lindo sorriso sincero para mim. – Então... Onde está seu empresário? Pensei que fosse um jantar de negócios. – Franzi o cenho tentando encontrar alguém que pudesse estar com ela.

- Não há empresário... – Ela sorriu baixo e a encarei. – Quer dizer, até há, mas não agora... – Ela riu mais e engoli em seco já sabendo o que estava próximo. – Tudo referente ao tal negócio que quero te propor é comigo... – Minhas mãos começaram a suar. – Mas antes podemos apenas matar a saudade... Estamos longe da outra faz tempo, me atualize sobre as novidades... Apesar de já saber de algumas. – Um garçom veio nos atender. – Uísque para ela, o seu melhor vinho pra mim. E pode nos trazer a entrada, por favor, lula dorê, mas sem o molho de alho, obrigada. – Pediu como se conhecendo o cardápio como a palma da mão e nem sequer deixando-me escolher o que comer. O garçom se retirou e Keana apenas voltou seu olhar pra mim. Era exigente, naturalmente confiante e tinha melhorado isso com o tempo pelo que pude notar, e gostava de exalar um pouco de poder, apesar de ser bem humilde quanto ao seu comportamento. Eu gostava disso! – Sobre as coisas que mencionei... Hm... Eu vi sua entrevista... – Corei. Não era sempre assim que ficava quando mencionavam isso, mas surpreendentemente para Keana eu havia corado. Estranho!

- É... Talvez tenhamos muito a conversar. – Sorri sem lhe mostrar os dentes enquanto colocava minha mão em cima da mesa, Keana acompanhou o gesto com os olhos.

- Como nos velhos tempos. – Ela sorriu e sua mão foi de encontro a minha, alisando ali como já fizera quando estudávamos juntas e depois se afastando. A comida chegou e começamos a comer em meio a conversas sobre trabalho, cotidiano, até chegar á namoro... – Eu estou bem livre, sabe, bem livre. – Falou aquilo não como se realmente estivesse dando em cima de mim, sua expressão era natural não demonstrava nenhum tipo de malícia, era o que mais gostava nela, podia flertar sem parecer que era isso. Era tão natural quanto ela, e Keana conseguia ser uma mulher naturalmente sedutora. – E quanto a você... Camila se incomodou de você ter vindo jantar comigo? – Pensei sobre o pequeno ataque de ciúmes que ela teve e os gritos. Dei um gole em meu uísque, negando com a cabeça.

- Imagina! Nem um pouco. – Falei sorrindo-lhe novamente sem mostrar os dentes e ela pareceu aceitar minha resposta. Nossos pratos principais chegaram e o apreciamos conforme escutava alguns comentários de Keana sobre a culinária de diversos tipos de lugares em que esteve. Como eu, ela gostava de apreciar tudo aquilo que ainda não provara. Isso era muito bom! Keana me falou sobre ter planos de poder ter sua imagem ligada a JT já que gostava muito de nossos carros, então usando o marketing, sugeri que um comercial com sua participação seria de muito bom grado para nós duas e ela concordou, então começamos a planejar sobre isso. Conforme nosso Fettuccine negro com frutos do mar foi acabando, meu uísque sendo reposto pelo garçom, chegando a cinco doses que me deixaram já um pouco tonta, as luzes do ambiente abaixando-se gradativamente e a música tornando-se mais alta e algumas pessoas que estavam ali até se arriscando na dança numa pista disponibilizada pelo lugar para isso, esses fatores faziam minha cabeça imaginar diversas situações que envolvessem aquela mulher linda a minha frente. Não sei se pelas luzes baixas deixando seu lindo rosto exposto a mim ou sua linda boca carnuda naquele batom vermelho a minha frente, ou a quantidade de álcool ingerida por mim, talvez apenas a falta de sexo que Camila e eu estávamos tendo ou algumas discussões que tivemos, mas tudo estava me afetando de um jeito que nunca cheguei a pensar antes. – Preciso ir ao banheiro. – Falei tentando mostrar calma e ela assentiu.

Saí dali quase às pressas e praticamente corri para o banheiro. Ele estava vazio. Ótimo! Entrei numa cabine ali antes de fazer xixi. Escutei a porta bater, mas dei de ombros. Terminei de fazer o que vim fazer ali e abri a porta para lavar minhas mãos, mas encontrei Keana encostada na porta do banheiro com os braços cruzados me encarando com curiosidade. Tentei ficar calma e lavei minhas mãos sendo apenas observada.

- Certo. Quando pretende confessar que está com a mesma vontade que eu desde que cheguei á esse restaurante? – Ela questionou pendendo a cabeça um pouco para o lado de forma analisadora e dando um sorrisinho de quem estava certa.

- Do que está falando? – Perguntei secando minhas mãos no papel toalha ali e o descartando no lixo em seguida. Keana riu baixinho e passou a mão pelos cabelos.

- Ok, se você prefere assim... – Ela sorriu e trancou a porta. Arregalei os olhos quando a vi vindo em minha direção. Mal pude impedi-la quando ela me encostou à parede e me encarou. Meus olhos foram naturalmente para seus lábios vermelhos que ela os mordia. – Lauren... Não somos mais crianças, certo? – Assenti alarmada enquanto meus olhos ainda estavam arregalados. Um sorriso envergonhado em seu rosto, mas sua pose confiante não se desfaria por qualquer coisa. – Então não precisamos esconder isso que sentimos uma pela outra, ok?

- Eu... Eu não... – Minhas mãos começaram a suar devido a nossa proximidade. Sua mão veio de encontro a minha bochecha e ela a alisou, fechando os olhos em seguida e apreciando o toque.

- Você pensa demais. – Ela falou abrindo os olhos e me encarando. – Não é como se nos amássemos, Laur, nem nada do tipo. Sentimos apenas muito desejo uma pela outra, estou enganada? – Ela me questionou parecendo insegura, mas sua mão tocando minha pele e sua respiração perto da minha boca não me deixava abrir a boca pra falar mais nada e ela deve ter entendido isso como um "sim", pois continuou. – Era assim no ensino médio... É assim agora... – Não podia negar que sentia certa atração por Keana na época da escola, seu jeito não muito oferecido, apesar de em momentos de festa ela já ter tentado me beijar ou coisa do tipo, fazia-me apenas sentir mais vontade de tentar algo do tipo com ela. Mas naquela época tinha Camila e meus olhos só se prendiam a ela, mas e agora? Eu ainda tinha Camila apesar das discussões e da falta de sexo.

- C-Cami-la... – Praguejei internamente por gaguejar, apenas demonstrava o quanto estava insegura por aquela proximidade. Keana sorriu de canto.

- Não desconsidero sua adorável, Camila. – Disse aquilo sem parecer realmente querer ser sarcástica ou algo do tipo. – Nem quero tomar o lugar dela, vocês tem uma relação legal... – Pareceu sincera. – Mas... Como disse... Você pensa demais, Laur. – Neguei com a cabeça. O álcool sendo expulso do meu corpo aos poucos conforme meus pensamentos tentavam se normalizar em minha mente. Eu não podia fazer aquilo! – É só um beijo... Admita, você também quer... – Ela se aproximou mais. Seu nariz tocando o meu, ela os roçou sorrindo de canto, nossos lábios mais próximos do que nunca, mas sabia que ela queria que eu tomasse a iniciativa apesar de não precisar de muito. O lugar inteiro exalava tensão sexual. E ela sabia que eu queria e ah, como eu queria, mas... Tudo gritava na minha mente por ela. Camila. Nossos momentos juntas, nossa história, nossos sorrisos, nosso beijos, nossas transas, nossos carinhos. Era algo muito belo pra ser desfeito por uma atitude assim. Ainda é algo muito belo e continuará sendo!

- Não posso... – Com toda força do mundo consegui respirar fundo e empurrar de leve aquela mulher de perto de mim. Queria e precisava sair de perto daquela tentação o mais rápido possível!

- Ah, qual é, Lauren?! – Keana pareceu ficar brava. – Por que não pode? Por causa da Camila? – Assenti tentando deixar minha respiração menos ofegante. – Por que ela é seu primeiro amor?

- O único! – Rebati com pouca vontade. Concentrando-me ainda no que acabara de acontecer, ou melhor, no que quase acontecera.

- Tá, tá, ela é seu amor, tudo bem, não vou competir com isso e não quero, tá legal? – Ela passou a mão pelos cabelos, frustrada. – Mas esperei por muito tempo, sabe?! Tinha vontade de você desde a escola e passando tanto tempo afastadas achei que quando voltasse você finalmente se entregaria a isso... A esse desejo, a essa vontade, a essa coisa que existe entre a gente.

- Não existe nada, Keana. – Rebati sendo firme. Seus olhos verdes me fuzilaram.

- Porque você não quer que exista, Lauren! Fica presa nessa coisa de romance perfeito com a Camila e não enxerga que existe muito mais coisa por aí. – Suas palavras começando a se tornar amargas, poderosas, intencionais. – Existe desejo, existe paixão, existe atração e momentos em que podemos nos entregar sem pensar em mais nada.

- Eu não posso! – Repeti tentando acreditar em mim mesma. Keana se aproximou, mas antes que ela fizesse alguma coisa mesmo sabendo que ela não faria, segurei seus pulsos, fitando seus olhos.

- Quantas mulheres você já teve? Quantas já beijou? Quantas já teve alguma relação? – Ela perguntou parecendo curiosa. – Duas, não é?! – Engoli em seco. Sabia que ela havia visto a entrevista. Keana sabia que já tive um relacionamento mesmo não tendo conhecimento de com quem foi. – Sua antiga namoradinha e a Camila... – Ela soltou uma risada sem humor. – Já chegou a pensar que suas experiências são quase nada? Que você ainda pode conhecer e tentar com tantas por ai porque há um milhão de possibilidades, Laur? Até mesmo a Camila já tentou isso...

- O que? – Suas palavras me deixando confusas.

- O que?! É verdade! Ela já teve uma relação com Ariana e com o Austin e agora com você... Ela é só sua namorada, Laur... – Isso era verdade. Mesmo com as garotas que beijei antes de Alexa, não havíamos tido uma relação, foi algo extremamente sem sentimentos e com Camila não, ela havia criado um vínculo com ambos. Sua proposta estava ali, ainda de pé pra mim.

Neguei com a cabeça uma ultima vez, a larguei e saí dali o mais rápido possível. Keana não veio atrás de mim. Deixei dinheiro para pagar a conta em nossa mesa e notei que Keana havia deixado seu cartão, o peguei vendo seu endereço, indicando que ela estava em um hotel praticamente ao caminho contrário a minha casa, e seu número, talvez, de trabalho. O guardei em minha bolsa e saí daquele restaurante não me importando com mais nada. Não ligava se havia bebido e não podia dirigir ou se algum guarda me multaria, apenas saí. Precisava ir pra casa!

O carro acelerando, minha mente dando voltas com milhares de pensamentos sobre o que Keana falou. Minhas discussões com Camila vindo a tona, o modo como estávamos um pouco afastadas uma da outra.

Olhei para o cartão ali na bolsa, só precisava dar meia volta e ir até lá, mas não podia, podia?

"Quanto a você, está aí parada, empacada na Camila quando até ela já teve mais experiências que você...".

Não havia como negar. Eu só tive Alexa e Camila. Isso bastava pra saber que ela seria a pessoa certa pra mim durante toda a vida?

"Você precisa se aventurar, ter a certeza de que se é mesmo com ela que quer passar o resto da vida."

Eu precisava me aventurar, saber se era Camila a pessoa certa pra minha vida. Suas palavras só me deixavam apenas com certeza de uma coisa: a tentação Keana Marie estava certa.

Pensando nisso, girei o volante para a esquerda num retorno, dando meia-volta e seguindo o caminho contrário a minha casa.

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